domingo, 21 de março de 2010

Aventura 4: Excalibur, ano 486


O ano de 486 começa preocupante. As invasões Saxões representam um perigo real para todo o reino. Há rumores de que o inimigo pode estar marchando neste momento para Salisbury. Outros acreditam que os bárbaros já estão por todo o reino. As fronteiras estão sendo reforçadas.

No grande salão do castelo de Sarum, a corte do Conde Roderick e seus Cavaleiros, recebem em um festim na hora do jantar o filho do Rei Uther, o jovem Príncipe Madoc. A música, regada a hidromel servida em taças cravejadas de pedras preciosas e pratos ornamentados oferecidos pelos cortesões como faisão, ovos de pata, queijos, pães, javali, peixe defumado, cordeiro assado, mel e frutas animou a todos os presentes. Sir Edgar e Sir Algar chamam a atenção dos nobres pelos feitos em combate na batalha de Vagon e Mearcred Creeck. Também estão presentes Sir Elad, Marshall do condado, Sir Amig, comandante da unidade onde os heróis lutaram contra os saxões e Sir Bag, um cavaleiro forte e gordo como um touro, que come quilos de comida por dia e tem um tom de voz gravíssimo que chama a atenção de todos.

O Príncipe Madoc discursa solicitando ajuda dos nobres presentes e pedindo para que cedam soldados de sua guarda pessoal. Ele partirá em uma cruzada solitária em direção à Colchester e caçará o invasor já que estão em bandos separados saqueando e pilhando. Diz que provará a todos de que é capaz de liderar e proteger o reino. Um silêncio constrangedor percorre o salão, quebrado pela notícia dada pelo Conde Roderick de que Merlim está de volta a corte do Rei Uther. Sir Amig também conta a todos os presentes, de que do outro lado do canal, o último posto romano do ocidente foi tomado por bárbaros e que o pretor pediu ajuda ao Rei que analisará a possibilidade de auxílio militar. Por fim Sir Elad designa Sir Edgar e Sir Algar para serem os comandantes de um posto avançado no extremo oeste de Logres entre Wells e Glastonbury onde durante o verão terão que patrulhar e proteger a fronteira. Sir Elad irá junto até o forte Vagon reconstruído, que fica no caminho da jornada que os heróis irão empreender, e Sir Bag os seguirá. No final do banquete o príncipe Madoc se aproxima para conversar com os jovens cavaleiros curioso de seus feitos. Como possuem a mesma idade, a empatia é recíproca.

No primeiro dia de jornada os heróis constatam que a estrada romana que vem do oeste está cheia de homens mutilados mendigando. São ex-soldados que perderam membros ou se tornaram aleijados durante os combates contra os saxões e como não tem trabalho pedem dinheiro aos viajantes. Também, camponeses que deixaram seus senhores abandonado suas terras rumam para o oeste fugindo das fronteiras de Sussex, as terras saxônicas. O grupo de cavaleiros lhes dão alguns dinares e seguem a viajem. Ao anoitecer chegam as ruínas do castelo de Grovely e todos se refugiam na antiga torre.

No segundo dia a comitiva chega ao forte Vagon. A distância os guardas vêm os cavaleiros se aproximarem e soam a trombeta de alerta. Imediatamente o portão da construção é aberta. Todos os soldados lhes prestam reverência e o sargento se aproxima e diz que é uma honra receber os heróis mais novos de Logres. Então os Cavaleiros atiram lanças em alvos acertando-os em cheio mostrando como melhoraram suas habilidades com armas, deixando Sir Elad muito satisfeito. Sir Edgar ensina os soldados táticas romanas de proteção ao forte e os soldados gostam muito do treinamento. Depois incentivam seus escudeiros a lutarem com espadas de madeira. Inexperientes até mesmo os soldados apostam e riem da disputa dos dois garotos. O escudeiro de Sir Edgar tem medo de Sir Algar mais é encorajado por seu mestre. Com duas tentativas patéticas de um escudeiro tentando acertar o outro, o escudeiro de Sir Algar desvia do golpe da espada de treinamento e acerta o traseiro do outro rapaz. Todos se divertem e riem.

Na manhã seguinte no terceiro dia de viajem Sir Algar, Edgar e Bag partem e adentram a floresta de Modron, conhecida por ser habitadas por seres mágicos e fadas. O grupo encontra dois sacerdotes druídas que conversam e abençoam Sir Algar. Sir Edgar e Sir Bag observam à distância. Com todo cuidado os heróis dormem em sua tendas de campanha e fazem o rodízio da guarda durante a madrugada.

Ao amanhecer do quarto dia, logo após tomar um café da manhã reforçado preparado pelos escudeiros, os heróis chegam a margem de um rio. Com o calor abafado e úmido do verão na floresta de Modron todos decidem se refrescar nas águas cristalinas do rio de fundo de pedras redondas. Mas após uma hora ouvem cachorros latindo no meio da mata. O som se aproxima rapidamente. Passos fortes na mata, de um animal pesado, também é ouvido. Próximo ao rio o som para totalmente. Sir Elad consegue rapidamente sair da água e com a ajuda de seu escudeiro vestir sua cota de malha e se armar rapidamente. Sir Bag desarmado, usando apenas ceroulas se protege atrás de um arbusto. Sir Algar na mesma situação decide sair da água e aguardar. Então uma fantástica criatura sai dos arbustos e começa a beber no riacho próximo aos heróis na margem oposta, fazendo um som estranho. Ela é como se fosse uma salamandra de dez metros de comprimento. Suas escamas brilham em tons dourados e furta-cor. Um brilho emana de seu corpo. Sir Edgar guarda sua espada lentamente e tenta se aproximar da bela criatura. Derrepente ela olha para trás e corre se enfiando por entre os arbustos e some. O som do tilintar da armadura e cascos de cavalo se aproximam vindo da trilha anterior da criatura. Então, do meio da mata, um cavaleiro, sem escudeiro, montado em um grande cavalo de batalha surge por entre as árvores. Ele observa os heróis: “Boa tarde Cavaleiros! Vocês viram Glatissant? Uma grande e peculiar criatura passar por aqui?” Os heróis lhe apontam a direção e tentam conversar, fechando o elmo apressadamente o cavaleiro atravessa o riacho com seu grande corcel e some pelo mesmo caminho, o som de cachorros de caça volta e parece vir de dentro da floresta.

Sir Bar sai de trás do arbusto se limpando da terra grudada e molhado sorri com sua voz grave: “Boa sorte Rei Pellinore de Galis! Minha mãe era de Wells e sempre me contava da lenda do rei pagão, que reinou no ano trinta de nosso senhor e que abandonou tudo para caçar uma criatura fantástica. Então, com a sua partida, o seu reino foi invadido e os seus inimigos destruíram sua família. Os dois, caçador e criatura estão condenados a este destino. A besta emite sons de cachorros de caça e isso sempre a trai, apesar de ser mestre em se esconder e disfarçar. Assim o Rei localiza a sua trilha, mas nunca consegue pegá-la e será sempre assim até o fim dos tempos.”

No quinto dia ao anoitecer os Cavaleiros chegam ao pequeno forte na fronteira oeste de Logres. A construção é bem simples. Somente quatro paredes de madeira formam o muro de proteção. Uma torre de guarda, um pequeno estábulo e dois alojamentos, um para soldados simples e um outro para os nobres. Esta época quente do ano na borda da floresta a vegetação está bem verde, passam correndo alguns animais como coelhos e raposas. Alguns falcões caçam. Os pássaros cantam o dia inteiro e a noite o som dos sapos e grilhos. Algumas crianças camponesas brincam no riacho próximo e poucos mercadores e agricultores sobem e descem a estrada de terra por dia. A milícia do forte é formada por doze soldados que combate à pé. Armados com espadas e escudos. Usam armaduras de couro com o brasão de Uther no peito, as três coroas amarelas empilhadas em um fundo azul. A rotina é bem entediante. Os Cavaleiros cavalgam pela fronteira todos os dias.

No décimo terceiro dia de patrulhas, acompanhados pelos seus escudeiros e cachorros, os animais começam a latir e a ficarem em alerta. Uma colina se entrepõe entre os burburinhos que os heróis ouvem do outro lado. Sir Edgar sobe silenciosamente a colina e dá de cara com uma cena assustadora. Quarenta escravos, homens, mulheres e crianças são amarrados pelo pescoço um no outro e caminham em fila com os pulsos amarrados. Eles caminham em um ritmo lento sendo chicoteados, xingados, cuspidos e mal tratados , estão em farrapos e em péssimas condições. Um grupo de quatro soldados saxões os acompanham tentando levar os escravos para suas terras. Dois deles conduzem uma carroça atrás do grupo com a carga coberta. E os outros dois escutam o som da armadura do cavaleiro, sacam suas espadas, pensando que Sir Edgar está sozinho e correm morro acima para atacá-lo. O cavaleiro imediatamente grita chamando seu irmão de armas: “Demônio!” Descendo o morro, realizando uma carga, Sir Edgar erra o primeiro inimigo que gira desviando seu corpo da lança e acerta as costas do herói abrindo um corte na altura da cintura. Puxando seu cavalo para a direita Sir Edgar acerta em cheio no pescoço do segundo saxão que também é atropelado pelo cavalo matando o inimigo imediatamente. Sir Algar chega pelo outro lado da colina, acerta o inimigo com uma carga, mas como o saxão está em uma posição mais alta acerta-o de raspão. Então Sir Edgar com a Sanctu Gladius o golpeia sem causar ferimento. Como se a lâmina sugasse a alma do inimigo o saxão cai completamente sem vida. Depois a fúria se volta para os homens da carroça que não tem tempo de se armarem e são mortos pelos dois cavaleiros um de cada lado. Sir Algar ataca com tanta fúria que atropela o homem desfigurando o saxão por inteiro tombando a carroça. Os escravos então são libertados e para o homem mais velho do grupo os heróis dão parte do saque que estava sendo levado na carroça pelos invasores. O que sobrou, os cavaleiros dividem meio a meio.

A rotina de patrulhas voltam na fronteira até que vinte dias depois cruzando uma estreita trilha por entre as árvores Sir Edgar e Sir Algar avistam uma cabana com paredes de pedra e telhado de palha. Ela está próxima a uma sebe que fica ao lado direito bloqueando a visão do quintal. O que chama à atenção é um cavalo branco que está amarrado próximo a janela. Seu dorso está coberto de sangue coagulado. Um pequeno rastro do líquido vermelho mancha a grama até o interior da casa. Uma mulher jovem de cabelos castanhos longos, de manto preto, usando um xale marrom nos ombros, com uma enxada na mão, trabalha nos canteiros. Ela se apresenta como Mãe Yarrow. E pergunta aos heróis se eles tinham vindo para ver o escudeiro que tinha sido achado ferido na floresta por um fazendeiro e o tinha trazido para a sacerdotisa lhe curar. Curiosos, os heróis entraram na cabana para ver o rapaz ferido.

Dentro da cabana, o ar tem um perfume de incensos de flores. Algumas velas iluminam o interior. Uma pequena estátua da deusa está colocada em um altar ao lado de uma pequena panela de ferro. Um atame repousa a seu lado, e uma taça de estanho cheia de água completa o cenário. Existe um pequeno quarto na parede oposta. Mãe Yarrow guia os cavaleiros até lá. Na penumbra vêm um menino deitado, suando muito, vestido com uma túnica branca. Seu rosto e mãos parecem arranhadas e hematomas roxos estão espalhados pelos braços e pernas. Sir Algar percebe os delírios do garoto que murmura algo sobre covardia, uma luta com um gigante e a morte de seu mestre. Então Yarrow trata o escudeiro e pede algumas horas para que os heróis aguardem até que lhe volte a consciência. Enquanto esperam, os Cavaleiros vão até o jardim acompanhados pela sacerdotisa e vem um poço rodeado de rosas abertas de todas as cores. Uma paz interior invade todos os presentes. Yarrow oferece a água curativa do poço para os Cavaleiros levarem em seus bornais de couro. Lá de fora todos escutam a tosse do garoto ferido e ele está acordando. Os heróis e a sacerdotisa vão até ao quarto e as lágrimas e muito traumatizado o garoto conta o que aconteceu.

Jakin: “Onde estou?” “Meu nome é Jakin e eu sou, ou melhor, eu era o escudeiro de Sir Dray. Ele está morto. Meu mestre e alguns cavaleiros foram enviados para investigar rumores de um hábito macabro que as pessoas daquela região têm. Eles descobriram que em Padstow, na época de Beltane, é escolhida a mais linda das camponesas intocadas do lugar. Então ela é levada até a fronteira da floresta Morris onde é colocada em meio a ramos de espinheiros que perfuram seu corpo inteiro. Até perder todo o seu sangue e morrer. Sir Garowin é o senhor local. E descobrimos que ele é responsável por esta prática.”

Jakin: “Então, partimos para caçar Garowin e por fim ao mal. Mas no segundo dia de viagem à tarde, próximo a Padstow, escutamos um grito de terror. Um choro triste e assustador invadiu a estrada vinda da mata próxima. Fomos investigar, apesar da recusa de alguns cavaleiros. Ao chegar próximo todos foram contagiados por aquela tristeza profunda. Sir Redigar, irmão de meu mestre, caiu de joelhos e com lágrimas nos olhos confessou suas matanças e pecados mais perversos. Todas estavam assim, pedindo perdão a Deus. Derrepente um gigante saiu de trás de uma grande pedra cheia de limo e atacou a todos nós, ele gritava algo sobre uma tesoura mágica que lhe pertencia. Pegos emocionados e de surpresa todos foram mortos. Eu fui atingido por pedras, troncos e corri como um louco por entre a mata, sangrando. Até que muito ferido desmaie e não lembro mais de nada.”

Yarrow então explica o que deve ter ocorrido: “Este é o choro de Gwrach e Rhybin. O choro do alerta. Dizem que antes de ser uma entidade ela era uma donzela bela. Seu choro sempre funciona como um aviso de morte. Acredito que é isto que eles ouviram na mata. O gigante que atacou deve ser Bolster. Ele vive nas colinas Blackdown há anos. As pessoas acreditam que ele é invulnerável e que tem essa tesoura mágica que ganhou das fadas para ajudá-lo a se acalmar cuidando dos jardins delas . Fiquem fora de seu caminho e se concentrem em quem vocês possam derrotar. Sir Algar, nossos destinos irão se cruzar novamente.”

Se despedindo e preparando-se para uma jornada até Padstow e solucionar o problema, os heróis encontram Sir Bag patrulhando a região. Ele vem cantando e distraído quando Sir Edgar lhe acerta uma pedra em seu elmo assustando-o e após, arrancando risadas do simpático cavaleiro. Ele se prontifica a comandar o forte enquanto os heróis partem em uma missão especial. Quando se despedem Sir Bag devolve a pedrada no elmo em Sir Edgar e os dois caem na risada.

Ao final da tarde ainda longe de Padstow na fronteira com a Cornualha, próximo a nascente de um rio, e cercado de bosques dos dois lados da estrada Sir Edgar percebe dois homens de cada lado escondidos na mata. Das duplas, um é arqueiro e o outro um cavaleiro. Os homens se revelam quando avistados e aos gritos tentam impedir a entrada da região pelos heróis. São homens do duque Gorlois e esgotadas as tentativas de conversa os arqueiros disparam. Sir Edgar saca a Sanctu Gladius cegando com sua luz brilhante seu atacante e levando o arqueiro a acertar a flecha em seu escudo, imediatamente o homem tem seus braços cortados pelo herói e o cavaleiro que o escoltava tem seu ventre aberto, com outro golpe, levando o homem a ficar pendurado pelos pés em seu estribo e o cavalo assustado a disparar e sumir em meio a mata arrastando o corpo. Enquanto isso Sir Algar degola com seu machado o outro arqueiro, que errou o disparo, matando-o instantaneamente e depois luta com Sir Luc, chefe da fronteira, que duela com habilidade incomum, o inimigo consegue tirar o machado das mãos de Algar, o escudeiro do Demônio do Norte lhe atira a espada que passa reto desaparecendo na mata. A luta começa a ser dramática. Um ferimento é recebido, Sir Algar luta corajosamente com apenas uma adaga. Até que Sir Edgar se aproxima e propõe a rendição do corajoso cavaleiro que joga seu escudo aceitando, entrega sua espada a Sir Algar e parte dali de cabeça erguida.

Para Padstow, perto do meio dia, na margem da nascente do rio Parret, entrando nas suaves e verdejantes colinas Blackdown, os heróis avistam uma cena assustadora. Os corpos de três cavaleiros jazem ao lado da estrada com seus membros torcidos e quebrados. Fraturas expostas e sangue seco chocam os jovens heróis. Alguns animais já se alimentaram dos restos. Moscas voam e pousam nas carcaças. Logo à frente parte de dois cavalos estão deixadas ali. Eles estão sem cabeças e somente parte do tronco e as entranhas saindo cobertas de vermes podem ser vistas. Mais quatro corpos devorados com as armaduras quebradas e lanças em pedaços jazem próximo. Mais cavalos mortos compõem a cena. À frente os corpos dos escudeiros destes cavaleiros estão pendurados, sem pele, de ponta cabeça nas árvores e são comidos por corvos.
Oito horas depois Sir Algar e Sir Edgar chegam a Padstow em meio a comemoração de Beltane. É começo da noite ao longe existem dezenas de fogueiras acesas ao longo da estrada. Em um grande descampado em frente à cidade enormes bonecos de palha de quatro metros de altura são queimados. Carroças passam cheias de pessoas que os cumprimentam animados. Crianças, velhos, jovens, celebram. Um grande poste de madeira cheio de fitas é erguido no centro da vila e as pessoas dançam ao redor dele. Alguns bebem, outros cantam. Muitas moças e rapazes riem e flertam. O som de tambores é alto e ritmado. Muitas sacerdotisas druidas caminham pelas ruas. Alguns homens jovens passeiam fantasiados de gamo rei e algumas meninas pintaram seu corpo com runas e símbolos mágicos da fertilidade. Sir Edgar fica um pouco intimidado pelas comemorações pagãs, mas acaba dançando com os camponeses que o recebem muito bem. Em barris cheio de hidromel Sir Algar se serve enquanto tenta flertar com as beldades da vila. Infelizmente com a sua falta de sutileza e com seu machado pendurado em seu cavalo ele assusta as garotas que se aproximam. Conversando com um camponês Sir Algar descobre onde fica o castelo de Sir Garowin e imediatamente partem para lá. Na fronteira da floresta Morris os heróis encontram uma barreira de espinhos com aproximadamente dez metros de altura e um grande castelo em um monte em seu interior. Entre a barreira e o castelo existe uma floresta densa. Trotando em meio a escuridão os cavaleiros acham uma estaca ritualística,igual a da vila, mas na cor negra. Quatro tochas a cercam. Amarrada na estaca está uma jovem menina. Ela está vestida de preto. Das muralhas naturais do castelo saem espinhos que envolvem a garota. O seu corpo está todo transpassado pelos enormes espinhos. Seu corpo está inçado pelos espinhos e seus pés não tocam o chão. Trilhas de sangue escorrem pelo seu corpo. E uma grande poça se forma embaixo da menina. Ajoelhados em frente ao suplício da garota está um casal de camponeses que chora. Descobrindo que são os pais da garota Sir Edgar e Algar tentam retirá-la, mas cada tentativa só agrava a saúde da menina e os espinhos se regeneram.
Então, um Cavaleiro imponente em sua armadura negra e em seu corcel da mesma cor se aproxima. Ele e sua guarda pessoal com doze cavaleiros circulam Sir Algar e Edgar por alguns instantes. Ele empina o cavalo como um desafio. Finalmente para e abre seu elmo. Um homem com o rosto marcado com dezenas de marcas encara os heróis, deve ter uns trinta e poucos anos. Ele possui olheiras e olhos castanhos fundos. Sir Edgar percebe que das marcas do rosto do homem saem pequenos espinhos. Com muita arrogância ele fala.
Sir Garowin: “Quem são vocês forasteiros?” “Deixem a garota e partam agora! É um costume local que vocês estão tentando impedir. Escolham um bastardo de um de vocês para lutar comigo em um combate justo na tradição da Cavalaria da Cornualha. Se perderem renunciarão pelo tempo de um ano, os benefícios e o título de cavaleiros. Somente eu, depois deste tempo terei poderes para restaurá-lo. E com a apresentação de uma donzela intocável que será oferecida para o sacrifício no Beltane por vocês. Se derrotado eu me disponho a soltar Lady Meredity e destruir está cerca de espinhos. A escolha das armas é sua.”

Sir Edgar aceita o duelo, todos os presentes fazem um círculo ao redor. Sir Garowin empunha uma grande espada de duas mãos. Sir Edgar tem a Sanctu Gladius em suas mãos. Derrepente, antes de a disputa ocorrer um som triste e profundo preenche o ar. Um lamento, triste, agudo e sombrio. O som enche o coração de todos com sentimentos tristes. Um arrepio que vai do alto da espinha à baixo traz solidão e mau augúrio. Sir Garowin fica pálido e transtornado com lágrimas nos olhos e fica em silêncio. Derrepente o homem, em um movimento brusco, sobe em seu cavalo e trota para o lado oposto em galope veloz para longe dali, sua guarda pessoal o segue. O pai da garota, presa nos espinhos, se aproxima.

Rikard: “Obrigado por tentar nos ajudar. Sir Garowin era um bom homem, mas quando se apaixonou pela esposa de Sir Warren Daye enlouqueceu. Então traiu Sir Daye aprisionando-o atrás desta barreira de espinhos onde existe a grande floresta. Se os nobres senhores querem ajudar Meredity e nosso povo, resgatem o homem, se ainda ele não estiver morto.”

Sir Algar então se concentra e começa a ver a barreira de espinhos pulsar magicamente. Um sussurro em seus ouvido diz: “Procure a mãe Yarrow, ela os guiará até mim.”

Quando retornam à cabana de mãe Yarrow ela está trabalhando nos canteiros do lado de fora. Os heróis contam sobre a barreira de espinhos e os rituais que ocorrem naquele lugar. Então ela diz.

Yarrow: “Meus nobres Cavaleiros. No passado se fazia a jornada para o outro lado através do poço das rosas. Podemos tentar. É muito perigoso e o espírito de vocês deve estar preparado para enfrentar fenômenos nunca antes visto por seus olhos. Esta viajem pode ser feita uma vez. Se fizerem novamente poderão ficar presos do outro lado do véu ou viajar para outros planos etéreos, nem sempre lugares bons.”

Então ela leva Sir Edgar e Algar até o posso no jardim e manda eles descerem. Após alguns metros eles são envolvidos em profunda escuridão. Somente o som da água pingando por entre as paredes e o eco das vozes é ouvido. Gradualmente atingem o fundo do poço. O topo, na boca do posso não pode ser mais visto. Somente a escuridão total permeia tudo. Uma pequena corrente de água transparente e cristalina corre por uma abertura na parede enquanto o corpo dos heróis flutuam nas águas geladas. Uma luminosidade começa a envolver os corpos vindo do seu interior e a medida que entram pelo pequeno túnel a escuridão se dispersa e uma luz os envolve e os cega. Derrepente os heróis se vêm em um córrego raso que desemboca em um lindo jardim com gramas verdejantes e árvores frutíferas. O céu é de um azul intenso sobrenatural. Pequenos animais correm para se esconder. Tudo parece permeado por uma luminosidade mágica. O aroma de flores permeia o ar. Um caminho feito de orquídeas sobe uma pequena colina. A entrada de uma clareira no meio da floresta encantada tem um arco feito de flores raras. No alto da clareira em meio a canteiros que emanam cores fortes em formatos geométricos está de pé uma mulher de beleza inigualável. Vestindo guirlandas de flores que contornam seu corpo e usando um manto com inscrições antigas ela possui uma forte presença. Ao mesmo tempo sedutora, encantadora e amedrontadora. A mulher mais bonita que aqueles homens já viram.

Bona Dea: “Bem vindos Cavaleiros! Qual a razão de virem aos jardins de Bona Dea?”
Os cavaleiros explicam os problemas em Padstow e Sir Garowin.

Sir Edgar sempre em alerta com a presença da fada fica mais distante e Sir Algar fica completamente apaixonado pela bela mulher. Então ela fala:

“O Cavaleiro a que vocês se referem é Sir Garowin, roubou uma rosa negra de meu jardim e eu o amaldiçoei. Ele veio até mim como vocês. Trouxe uma tesoura mágica roubada de gigante Bolster e cortou o caule e levou à rosa. Já que com as mãos humanas seria impossível roubá-la. Os espinhos que saem de sua pele foram obra de minha mágica. Para construir esse muro ele teve que combinar a magia dos espinhos de seu corpo combinado com um sacrifício feito com a tesoura das fadas. Ajudarei-lhes a passar pelo muro, mas vocês terão que me dar duas coisas em troca. Uma ação e a outra será a palavra.”

“Preciso que vocês me tragam novamente a rosa negra roubada. E agora a segunda tarefa. Vocês terão que me comparar a flores e me dar razões para isso.” A rainha fada, ri alto com a proposta e os olha com malícia.

Inspirado pela beleza de Bona Dea, Sir Algar compõe um lindo poema para a fada. Ela fica lisonjeada com as palavras do Cavaleiro.

Sir Edgar então diz: “A ação, deixe comigo.”

“Sigam-me” Diz a fada olhando maliciosamente. Depois de andar pelo jardim ela para em uma parreira. Existem várias estacas segurando-as. “Escolham cuidadosamente, uma delas lhes guiará por entre os espinhos. O coração de vocês lhes influenciará a escolha. Não existe uma resposta certa, somente um sentimento correto. Estas são as espadas das rosas e cortarão os espinhos que se colocarem a sua frente. Será de vocês até me devolverem à rosa roubada.”

Sir Algar escolhe uma rosa vermelha que simboliza a misericórdia, então a rosa se transforma em uma claymore de duas mãos, com uma lâmina de aço perfeita e no cabo uma grande rosa encrustada com um rubi se desenha na empunhadura. Sir Edgar escolhe a rosa azul que simboliza a coragem e o mesmo acontece, também se transformando em uma espada. Só que a rosa na empunhadura tem uma safira.

Então a fada da primavera pega um punhado de pólen retirado de uma estranha planta e sopra nos rostos dos cavaleiros. Uma entorpecência turva a visão dos heróis. Aos poucos eles se sentem caindo, tudo começa a rodar e escurecer. Então eles acordam caídos na fronteira da floresta de espinhos.

Agora é dia. Se aproximando da barreira de espinhos e da garota, os cavaleiros vêm os pais dela lhe dando água, ela está semi morta. Com as espadas os cavaleiros tentam retirá-la, mas isso pode levá-la a morte. Então Sir Edgar e Sir Algar abrem com as espadas da fada um caminho por entre a barreira. Os troncos marrons com espinhos se encolhem e finalmente os heróis adentram a floresta. Caminhando por entre as grandes árvores da floresta silenciosa nenhum animal ou pessoa é visto. Depois de algumas horas eles atingem uma trilha e chegam a uma clareira circular. Um homem muito magro está no centro sentado assando um pequeno coelho que já está carbonizado. O homem não nota a presença dos heróis e nem que sua comida está queimada. O homem parece hipnotizado. Vestindo uma armadura destruída e imunda. Sua aparência é a de um mendigo com barba e cabelos longos e imundos. Então, ajudado por Sir Edgar ele começa a falar.

Sir Warren Daye: “Eu costumava ser um Cavaleiro há quatro anos. Minha esposa Lady Eliza e eu chegamos a Cornualha. Nosso amor era cantado pelos bardos. Ela era a mais bonita das donzelas. Sua beleza era inigualável. Apresentamo-nos a Sir Garowin, já que pretendia morar nestas terras. O homem colocou seus olhos em minha esposa e ficou obcecado. E ele infelizmente conseguiu destruir o nosso amor. Desafiei-o por suas palavras ousadas tomado pela fúria. Finalmente duelamos e eu o venci com facilidade. Ainda sinto a vitória ainda em minhas veias. Sir Garowin me amaldiçoou e voltou depois de três dias com um presente, algo mágico, uma única rosa negra. Perfeita, com aromas de chuva de verão, entregou a minha esposa e tudo ruiu. Ela um belo dia me abandonou e foi embora com o desgraçado. Renunciei a cavalaria e minhas armas, fui atraído por um encontro marcado para nos conciliarmos até a floresta, então a grande barreira de espinhos se fechou e fiquei aqui. Depois, soube que Sir Garowin cansou dela e para se livrar da doce Eliza pediu uma prova de amor. Ele exigiu que se ela o amasse realmente cortaria seus pulsos com uma tesoura de ouro que ele possuía e deixaria seu sangue correr. Ela, como que por encantamento o fez, não resistiu e morreu. Seu lamento na hora da morte foi triste e solitário e pode ser ouvido ao longo da floresta. Todos de Padstow sabem que podem ouvi-la até os dias de hoje. Mas, parece que algo mudou, agora eu estou livre graças a vocês. Quero sair deste maldito lugar assombrado. Mas antes preciso nomear um campeão para que lute em meu nome e restabeleça minha honra, só assim a maldição que envolve nós três será quebrada. Estou magro e fraco e com certeza não conseguiria vencer Sir Garowin.”

Quando Sir Edgar, Algar e Warren saem da floresta, Sir Garowin cavalga próximo a fronteira da floresta de espinhos junto com sua guarda pessoal, os doze cavaleiros bem armados. Na lapela de sua armadura escura está a rosa negra.

Sir Garowin: “Então voltaram insolentes e vejo que na companhia de um perdedor. Vieram acabar nosso duelo? Ou irão correr como donzelas para Salisbury?”

Sir Edgar responde: “Foste tu que fugiste da última vez, covarde!”

Sir Daye responde: “Você terá o que merece desgraçado!”

Então os dois cavaleiros se preparam. Fecham os seus elmos e caminham em formato de círculo para a esquerda se estudando. Sir Edgar com a espada da fada e Sir Garowin com sua claymore de duas mãos. No primeiro golpe as armas se chocam e a espada de Sir Edgar se transforma em um caule que se enrola e seca em volta da claymore do inimigo. Em um segundo golpe, rapidamente Sir Edgar saca a Sanctu Gladius e corta a espada de Garowin, que tenta se defender com a espada horizontalmente, como manteiga e atinge a armadura do Cavaleiro que tem sua porção esquerda do corpo completamente dilacerada. Sir Garowin cai morto e a rosa negra rola de sua armadura para o chão. Neste momento a muralha de espinho se contorce e seca explodindo em poeira. Lady Meredity é libertada. Apesar de muito ferida ela respira, mas está inconsciente. Os pais da donzela choram abraçados com ela. O corpo do Cavaleiro se transforma em um tronco seco de cor escura. O chefe da guarda pessoal do homem acena com a cabeça para os heróis. “Atenção homens! Está tudo acabado! Retirada!”

Em meio a uma luz branca, Bona Dea surge por entre as árvores da floresta, coelhos, raposas e esquilos a seguem. Passarinhos lhes pousam nas mãos e ombros. Ela abraça a moça e seus pais. Os ferimentos da garota melhoram. A fada sorri. Sir Algar entrega a rosa ela fica muito satisfeita. Sir Edgar diz: “Aqui está o que prometemos. Afinal, todas as rosas tem espinhos, não é?” Ela concorda com um riso malicioso. Então, o espírito de Eliza aparece a distância. A fada lhe sorri e gesticula para a donzela se aproximar. Escorrem lágrimas de seus olhos e de seu ex marido. Ele diz: “Eu te perdoo!” Ela concorda com a cabeça e desaparece em meio a uma bruma densa e luz branca intensa. A fada também desaparece e a espada que estava nas mãos de Sir Algar vira uma rosa vermelha que cai na grama e germina. Cavalgando até o castelo de Garowin, que está com a ponte levadiça baixada e seus servos deixando o local com a notícia da morte de seu senhor. Os jovens Cavaleiros revistam o quarto e acham a tesoura encantada das fadas. Ela é forjada em ouro e emana um brilho mesmo à luz do sol.

Dirigindo-se as colinas Blackdown os heróis começam a procurar o gigante Bolster. Mas não acham a vil criatura. Enquanto cavalgavam, depois do almoço, um homem vestindo uma esfarrapada roupa cinza coberta por pele de cabra lhes acena a distância próximo a base de uma íngreme colina coberta de grama. Ao se aproximarem eles notam que ele é um homem de idade avançada, curvado e muito pobre. Seus cabelos longos brancos e barba longa suja demonstram que é um homem com poucas posses. Eles está acompanhado de três carneiros e duas cabras. Ele pede para que Sir Edgar e Algar subam a colina e ajudem a trazer de volta a sua cabra favorita. Como bons cavaleiros os heróis sobem o morro atrás do animal. Sir Algar sobe a pé e Sir Edgar com sua montaria. Os escudeiros e o velho ficam lá embaixo. Em uma ruína romana no topo do morro está uma cabra grande e preta. Sir Algar se aproxima e tenta pegá-la, mas ela corre para dentro da mata próxima. Ela chora dentro da grande folhagem. Afastando um enorme arbusto surge rugindo, um gigante. Uma criatura com três olhos. Possui o rosto todo disforme e é magro e muito alto. Talvez três metros de altura. Exala um cheiro de podridão e suor. Ele se aproxima carregando a cabra pelo chifre. Ela chuta o ar e grita. Quando vê vocês a criatura perde o interesse pelo animal e o deixa de lado. Imediatamente o gigante pega uma pedra gigante e atira em Sir Algar e sua montaria. O Cavaleiro consegue virar o cavalo e se abaixar de costas na sela e a rocha passa raspando pela sua cabeça derrubando três árvores atrás dele. Então o gigante fala: “Eu sou Bolster! E vocês não vão me roubar nada! Eu odeio homenzinhos de corpos brilhantes e cabeça duras de morder”

Sir Algar se aproxima mostra então a tesoura mágica. Os olhos do gigante brilham. Ele se aproxima, pega a tesoura bruscamente derrubando o herói e desaparece entre as folhagens.
Em meio a bruma densa que se forma contra a luz forte e branca uma silhueta humana se aproxima. A luz forte vai diminuindo e quando finalmente apaga Merlim está a frente dos heróis. Ele sorri. O grande mestre druida usa um manto azul escuro com runas de Avalon, com a barba e cabelos brancos compridos, pode-se notar que ele é um homem de idade avançada. Mas sua presença é imponente e cheia de energia. Ele caminha com um cajado de carvalho.

Merlim: “Passaram no teste meus jovens! Sigam-me nobres cavaleiros, venham!”

Sir Algar e Sir Edgar o seguem em passos rápidos o druida permanece calado. Merlim então faz uma série de gestos mágicos e caminha sem olhar pra trás. Sir Algar deixa seu cavalo amarrado e os heróis caminham mais um pouco mata à dentro até próximo de uma lago de águas limpas e margens de pedras pequenas quando então Merlim diz:

“Olhem, protejam-me agora bons cavaleiros, pelo amor de seu rei e de suas vidas.”

Vindo de dentro do lago cavalgando em direção a mata por entre os arbustos um cavaleiro se aproxima. O homem e seu cavalo possuem uma cor negra esverdeada Ele olha para os heróis e imediatamente duas espadas brotam de suas mãos. A agilidade dos dois é impressionante. O cavaleiro e sua montaria seguem em sua direção em locais onde até caminhar é impossível.

Merlim grita: “Façam o seu trabalho cavaleiros!”

Merlim então se dirige a um pequeno barco à margem de um lago. Ele não olha para trás. Sir Edgar e Sir Algar estão entre o cavaleiro verde e Merlim. O seu trabalho é evitar que o homem ataque o mestre druida. O cavalo deixa uma trilha de água atrás dele. Eles percebem que o cavaleiro e cavalo são somente uma criatura. A luta que se segue é rápida. Sir Algar atinge com o machado a criatura, sua mão atravessa o inimigo que jorra água. Sir Edgar com a Sanctu Gladius faz o mesmo. O Nukalevee, criatura lendária, revida, mas não acerta os cavaleiros. Com mais dois golpes se esvaindo em água, a criatura desaparece em uma poça de água verde e viscosa.
Então o druida grita:

Merlim: “Obrigado, fizeram bem o seu trabalho cavaleiros. Não irei esquecer da sua bravura. Subam, rápido”

O barco desliza calmo com os heróis até o meio do lago. Uma leve brisa sopra trazendo uma fina bruma que vai os cercando lentamente. Merlim murmura baixo na paisagem silenciosa e se levanta com os braços abertos. Tudo fica em silêncio total por alguns minutos. A água do lago fica totalmente lisa. Tudo ao redor parece emanar uma aura viva e vocês tem a sensação de que cruzaram um fino véu translúcido. Então, vindo das profundezas do lago um braço feminino se levanta da água escura empunhando uma linda espada brilhante cercada de luz. Ele se agacha no barco e pega a espada com as duas mãos. O braço imediatamente desaparece dentro da água. Merlim permanece de pé e lentamente o barco se move suavemente até a margem. Novamente o fino véu que separa os dois mundos é atravessado e tudo volta a ser o que era. Os sons dos pássaros, o vento e a água. Todos desembarcam, Merlim guarda cuidadosamente a espada dentro de seu manto. O barco volta sozinho para o meio do lago e desaparece em meio a bruma.

Merlim: “A bretanha está em dívida com vocês! Não digam nada a ninguém o que viram aqui. Vamos embora.”

No caminho de volta Merlim desaparece em meio mata. E Sir Edgar e Sir Algar decidem voltar ao forte.

Finalmente quando caem os primeiros flocos de neve os Cavaleiros recebem ordens para retornar a Sarum. A volta é tranquila. Os campos já estão congelados e as estradas cobertas pela neve. Poucos animais são vistos. É tempo de voltar para casa. Vindo do leste um homem se aproxima. Ele presta reverência:

Mensageiro: “Senhores sou mensageiro do rei Uther e levo uma mensagem a Sarum para o conde Roderick e seus cavaleiros”

“No leste os Saxões continuam a escravizar britânicos, pilhar e matar qualquer um que cruze seu caminho. O Duke Lucius atacou-os perto de Ipswish mas foi emboscado e assassinado. O rei Uther enviou Sir Brastias e ele conseguiu barrar o avanço inimigo mas o impasse na região continua e nenhum movimento significante foi obtido. Mais refugiados estão vindo para Selchester e Salisbury todos os dias. O rei aumentou a produção de armas e está muito sério e preocupado neste natal. Sua majestade manda avisar a todos os seus cavaleiros vassalos que no natal virá com sua corte para Sarum e espera recebê-los e obter todo o apoio que precisa para a guerra.”

Se aproximando de Sarum e de seus feudos um grupo formado por cinquenta homens vem na direção de Sir Algar e Sir Edgar, estão com suas famílias e são camponeses. Levam ferramentas de trabalhar nos campos. Se ajoelham quando-os vêm. Um deles fala com humildade. “Meus bons Cavaleiros.” O homem se aproxima dos cavalos e os beija as mãos. "Nossos senhores foram mortos pelos saxões em Colchester. E suas terras capturadas. Estamos, desde então, fugindo para o oeste em busca de proteção. Os camponeses souberam de seus feitos em Vagon e Mearcred Creek. Dos feitos do Demônio do Norte, com todo respeito meu senhor, contra Olaf e Swefred e que Sir Edgar, o cavaleiro de cristo, capturou a espada milagrosa que protegia o Apóstolo Paulo. E mais, soubemos que pouparam a vida dos rebeldes próximo a Silchester. Então, gostaríamos de segui-los. Prestar-lhes vassalagem e pegarmos em armas em seu nome. Seria uma honra, morreríamos pelos senhores em nome do Rei se precisássemos!”

Os heróis então pedem para que os camponeses os sigam dando lhes abrigo. Assim acaba o ano de 486. No final desse ano fica uma pergunta importante na mente dos heróis. Será que tudo que aconteceu foi real ou apenas um teste de Merlim?

domingo, 14 de março de 2010

Aventura 3: A Batalha de Mearcred Creek, ano 485

No verão de 485, após os heróis terem derrotado o feiticeiro Swered em uma luta épica na vila Sarlat, Sir Edgar, Algar e Geoffrey se apresentam a unidade de Sir Amig. Sir Edgar ainda está ferido, devido a mordida da grande serpente que enfrentou, mas já começa a recuperar a sensibilidade em seus dedos. No meio da madrugada Sir Amig entra na tenda.

Sir Amig: “Acorde rapaz! Vamos! Você está gemendo à noite toda. Trouxe Newton, o melhor físico de Salisbury. Inicialmente o Conde não queria liberá-lo já que o quer descansado para a batalha de amanhã. Mais, contei de seus serviços prestados e ele imediatamente lhe enviou o bom homem. Precisamos fazer uma cirurgia meu jovem. Então Newton, pode depenar o frango.”

O cirurgião com idade avançada, vestido com uma túnica marrom, usando uma espécie de lente rústica em um dos olhos abre sua valise de couro. O homem retira vários utensílios cirúrgicos rudimentares. Apesar da dor causada à Sir Edgar ao retirar a bandagem de linho aderida pelo pus e sangue, Newton, limpa o ferimento com ervas anticépticas e após dar um pedaço de couro para o Cavaleiro morder para suporta-la, Newton abre o ferimento com um estilete. A dor é lancinante, mas Sir Edgar continua consciente. O físico retira de um recipiente sangue sugas e coloca-as no ferimento para aliviar a hemorragia. Newton também aplica pequenos vermes que são colocados no machucado e comem o tecido necrosado. Imediatamente a pressão do músculo alivia e Sir Edgar começa a movimentar o braço novamente.

Então, os jovens cavaleiros, vêm Sir Amig pagar, discretamente, uma bagatela de prata para o homem que faz uma reverência e deixa a tenda.
Aos primeiros raios de sol do dia, os sons das trombetas ressoam por todo o acampamento. Os soldados acordam. O movimento é grande entre as barracas. A unidade de arqueiros verifica, próximo as tendas de Salisbury, suas flechas e cordas de cânhamo. Alguns padres de Silchester benzem as armaduras, armas, cavaleiros, bem como os cavalos. Todos estão sérios checando se está tudo pronto. O clima está abafado e muitas nuvens encobrem o céu.

Então, um soldado de Sir Ulfius, em cima do portão principal da muralha de Silchester, soa uma trombeta chamando a atenção de todo acampamento que fica em silêncio. Um tambor começa a soar pausadamente. Um grupo de aproximadamente noventa prisioneiros caminham lentamente, escoltados, vindo de dentro da cidade. Eles têm as mãos amarradas para trás e caminham em fila. Tem as cabeças baixas e andam em silêncio. São mulheres, homens, crianças e velhos. O duque surge no alto da antiga muralha Romana. Veste uma armadura do antigo império que deve valer muitos dinares.

Duque Ulfius: “Atenção! Ordens de nossa majestade! Os habitantes da Vila a oeste desta cidade se rebelaram há alguns dias e assassinaram seu senhor em uma emboscada. Foi enviada uma milícia por conde Roderick para capturá-los em nome de nosso bom Rei Uther que decidiu que as mulheres e crianças foram anistiadas e podem voltar para suas casas.”
Então os soldados as soltam. E fazem um círculo ao redor delas que agradecem erguendo as mãos em direção a Ulfius que as ignora pedindo silêncio.

Duque Ulfius: “Os homens participantes capturados da rebelião cumprirão uma pena de prisão, nos calabouços de Silchester, por tempo indeterminado.” Inicia-se uma comoção por parte das mulheres.

Duque Ulfius: “Silêncio! E os líderes da rebelião, Arthuodu, Gueithgen, Gwarthen, Clydno e Glyn estão condenados a morte por enforcamento. Como exemplo para que tal ato não ocorra novamente. O direito a terra e a vassalagem é um direito divino e inviolável. Não toleraremos Britânicos manchando o solo de nossa terra com o seu próprio sangue. Toda a plebe que erguer suas armas contra a nobreza responderá com a vida. Homens cumpram a pena imediatamente.”
Então diante dos olhos de todos. Os cinco homens são levados ao alto da muralha ao lado do Duque. Os camponeses de cabeça baixa, sem oferecer resistência, têm seus pescoços amarrados por cordas grossas. Neste momento o tempo encoberto do verão inglês começa a ficar carregado e trovões são ouvidos ao longe. O Duque apenas acena com a cabeça aos soldados atrás dos homens. Eles os empurram da murada. Um grande suspiro da multidão que assiste é ouvido seguido pelo choro das mulheres e crianças. A queda é brutal e os pescoços estalam quebrando, levando a vida dos líderes rebeldes que são deixados pendurados como exemplo para a plebe que passa diariamente pelos portões. Neste momento a chuva cai forte no acampamento. Rapidamente os outros prisioneiros, em número de vinte são levados para o calabouço no interior da cidade. E os rebeldes libertos são escoltados pela milícia local para a vila que viviam. Os heróis permanecem calados, apesar do cavaleiro Edgar ficar indignado com a execução dos prisioneiros. Geoffrey assiste a cena e animado apoia a decisão real. Sir Algar só observa em silêncio.

Sir Amig se aproxima com os cabelos e barba branca molhada: “Tempos difíceis esses meus jovens. Sir Dylan, meu filho, Sir Edgar, Geoffrey e Algar certifiquem-se que esteja tudo coberto e protegido, mantenha seus escudeiros cuidando de nosso equipamento e provisões longe da água. Com as estradas alagadas e os arcos impossíveis de serem disparados, nossa marcha por hoje está cancelada.”

Os heróis então, ordenam que seus cavaleiros utilizem três cabanas vazias para preservar os equipamentos de guerra e provisões.

Assim, por oito dias, o céu desabou sem interrupções. Uma chuva que não se tinha registro nos últimos cinco anos caiu sobre a ilha. A convivência nestes dias está difícil porque não existe privacidade. Os Cavaleiros convivem em um espaço pequeno no interior da tenda de campanha. Cozinhar alimentos é difícil, fazer a higiene pessoal e necessidades são quase impossível nas barracas quentes e abafadas. O acampamento está colocado em um imenso descampado ao redor de Silchester. A lama permeia tudo e vem carregada pela grande quantidade de água. Sir Algar fuma constantemente tornando o ambiente quase que insalubre. Para passar o tempo Sir Geoffrey conta estórias de seus feitos para os jovens escudeiros que admirados ouvem atentamente admirando os heróis. Sir Edgar melhora consideravelmente sua saúde e seu braço já começa a apresentar movimento. Sir Algar escreve em seu diário. Devido a falta de preparo para estar estacionado tanto tempo o exército do Rei Uther começa a apresentar problemas de disciplina.

Sir Amig entra na tenda e tosse devido a quantidade de fumaça produzida pelo fumo de Algar: “(Tosse) Por Deus Algar! Homens! Estamos com alguns problemas em nossas fileiras. Como vocês vivem por aí para cima e para baixo e fazem amizade com qualquer coisa que respire em um raio de dez dias de cavalgada. Preciso que resolvam alguns problemas. O Conde Roderick pediu para que homens de confiança caminhem entre as fileiras do batalhão de Salisbury e vejam os problemas que estamos tendo e os resolva. Quando essa maldita chuva nos der trégua temos que partir imediatamente para Mearcred Creeck e atacar os saxões antes que recebam reforços. Graças a essa tempestade nenhum barco pode atravessar o canal e reforçá-los e nem um maldito saxão burro como é poderia se arriscar marchar na chuva para nos enfrentar. Então, tudo está parado no momento! Podem ir.”

Andando pelas linhas, em meio a chuva torrencial, Sir Edgar percebe uma conversa entre os arqueiros acampados próximos e descobre que alguns lordes estão querendo deixar o exército, pois temem a presença de uma espada santa nas mãos do inimigo. Conversando com alguns soldados e pagando para que os homens espalhem rumores, dizendo que tal espada não existe, Sir Edgar tenta resolver o problema. Infelizmente os homens pegam o dinheiro e somem sem fazer o trabalho por completo. Assim, alguns lordes abandonam o exército com suas unidades.
Sir Algar percebe que os homens estão entediado por estar estacionado muito tempo. A bebida circula livremente e é consumida em grande quantidade. Problemas com brigas, roubos e estupros ocorrem por todos os lados. Sir Edgar tenta espalhar rumores de que há bebidas envenenadas circulando. Mas os homens, de tão alcoolizados, não se importam. Algar repreende alguns homens duramente, os bêbados se assustam com a presença do Demônio do Norte. O cavaleiro anda pelas linhas usando força bruta e impondo regras para evitar o abuso de álcool. Seus homens mais leais o acompanham e finalmente conseguem diminuir a incidência de violência entre os soldados e habitantes de Silchester.

No décimo primeiro dia de acampamento em meio a chuva, muitos homens apresentam sintomas de uma doença que vira epidemia. Com diarréia e fortes cólicas os soldados estão morrendo. Investigando o que está ocorrendo com o passar dos dias Sir Geoffrey, Edgar e Algar descobrem que as necessidades, devido a falta de espaço e o clima, estão sendo feitas por entre as barracas junto com os restos de comida que se acumulam por entre as trilhas do acampamento atraindo animais como ratos, pombas e corvos. Os Cavaleiros então ordenam que os homens se aliviem em um rio que corre próximo a cidade. Os restos de comida passaram a ser jogados em barris e levados para longe do assentamento. A mortalidade em três dias caiu a zero.
Depois de duas semanas chovendo intensamente, os alimentos que abasteciam o exército, mofam. As frutas secas, as carnes e grãos são perdidos. Quase trinta por cento das provisões são perdidas. Uma revolta pela fome que atinge as linhas pode ser deflagrada a qualquer momento. Sir Algar conversando com a milícia de Silchester descobre uma informação estratégica vital com o comandante das muralhas. Existe um celeiro com provisões há três quilômetros usados em épocas emergenciais, mas as estradas estão muito alagadas. Então, Sir Edgar, Geoffrey e Algar mobilizam por dois dias os soldados e aos poucos vão trazendo as provisões debaixo de chuva a pé, com lama nos joelhos. Apesar do cansaço e do trabalho duro o abastecimento do grande exército do rei Uther é normalizado.

No final destes quinze dias de muito trabalho logístico para manter a moral alta, e resolver os problemas do grande exército, a força somente perdeu entre mortos pelas doenças, homens presos por roubos, estupros, brigas, lordes que deixaram as fileiras devido aos rumores da posse da espada sagrada pelo saxões, no total duzentos integrantes.

Finalmente as chuvas cessam. E um dia de sol em duas semanas é visto. Os engenheiros reais partem e imediatamente começam a trabalhar intensamente, desobstruindo os caminhos e escoando as águas acumuladas nos últimos dias.

Ao anoitecer trombetas por todo o acampamento reúnem todos os homens próximo a tenda do Rei. Ele sai da barraca e todos se ajoelham sentindo a presença forte da personalidade de um homem que lutou para manter seu reino a vida inteira. Com quase dois metros de altura, cabelos compridos negros e cavanhaque, rei Uther usa seu manto real e por baixo sua armadura escura adornada em ouro. Na cabeça uma coroa com pedras preciosas coloridas. Anéis de seus antepassados nas mãos feitos em ouro e prata e um medalhão com runas antigas pendem de seu pescoço. No lado direito leva a sua espada com a lâmina adornada por um desenho de ramo de carvalho que sai do cabo até a ponta.

Rei Uther: “Meus súditos. Homens corajosos e honrados. Vocês cumpriram o compromisso de vir até mim para lutar em nome do reino e de seu rei. Alguns homens morrerão e não irão voltar para suas casas e perderão suas vidas pela glória da espada. Outros voltarão e viverão para contar nossos feitos e o heroísmo de quem partiu. Mas aqueles que não estão aqui, prometo que não terei piedade. Covardes como o Duque Lucius terão a sua parte de responsabilidade e outros que não apareceram terão que prestar contas a seu rei. Amanhã cedo marcharemos contra o inimigo e mostraremos toda a glória e a força de nosso exército. Orem, cantem e bebam esta noite porque amanhã o triunfo nos espera em um amanhecer onde mancharemos o sagrado solo da Britânia com sangue saxão.”

Ao amanhecer, o chifre com o toque da alvorada acorda à todos. Sir Edgar apresenta uma melhora considerável em seus ferimentos e apenas uma cicatriz que irá lhe acompanhar durante o resto da vida marca seu ombro esquerdo. O movimento é intenso no acampamento. Milhares de soldados e cavaleiros se preparam. Vestem suas armaduras, pegam suas armas e entram em forma. Os três batalhões estão prontos. A frente com seus generais e o filho Madoc cavalga o rei imponente em sua armadura de guerra. No flanco direito o batalhão do conde Roderick cavalga logo atrás, pois ele é o segundo no comando do exército e no flanco esquerdo está o conde Ulfius o terceiro na cadeia de comando e cavalga na parte de trás das fileiras. Somente o barulho dos passos e os cascos dos cavalos são ouvidos. O estandarte dos pendragon vai à frente. As bandeiras dos lordes vassalos vem atrás. O dia amanheceu encoberto. Após duas horas de marcha, para o sul, finalmente o exército entra em território inimigo. Sir Amig: “Sussex, terra amaldiçoada!” Os campos parecem desertos. Algumas vilas parecem vazias. As plantações estão destruídas. Nenhum animal é visto por ali. Passam-se três horas de marcha, então, os arautos começam a correr pelos batalhões.

Os batedores retornaram em meio a neblida e trazem notícias de que o inimigo marcha na direção do exército de Uther. Rapidamente através de bandeiras os soldados se posicionam, Sir Roderick: “Lanceiros, de Sir Amig, protejam a vanguarda. Nos flancos meus Cavaleiros, cerrem a formação, não deixem nem o pensamento passar por nós”.

Sir Amig, Sir Dylan, Sir Geoffrey, Sir Algar, Sir Edgar e o restante de sua unidade cavalgam à frente e à direita. O rei, o príncipe Madoc e sua escolta ficam na vanguarda e no centro. Finalmente ao fundo de uma planície com uma fina bruma da manhã um enorme exército marcha. Ao contato visual os dois lados recebem o comando de seus generais para pararem. Vocês vêm os estandartes de madeira e as bandeiras do inimigo, gritos de insultos e batidas no escudo preenchem o som dos dois lados. Tudo fica em silêncio por alguns instantes. O coração acelerado, o tremor nas mãos e o ódio são sentimentos comuns. Quatro mil soldados se preparam para matar ou morrer.

King Uther grita ordens de posicionamento para os arqueiros. Em um só movimento, com a sinalização do comandante da unidade, eles vão à frente e puxam a corda dos arcos até a orelha. Ao comando as flechas começam a ser lançadas em uma trajetória parabólica contra o inimigo. Um roseiral de flechas com penas brancas se espalham fincando ao chão e matando centenas de saxões. Mas a maioria se protege com os seus grandes escudos redondos de madeira que tem várias flechas fincadas. O inimigo ri e vaia do outro lado. Os saxões que tombaram flechados são arrastados para retaguarda. Todos parecem preocupados.

O Rei Uther: “Atenção Cavaleiros! Unidades dêem um passo a frente. Apresentem suas lanças.”

Logo depois toda a cavalaria dá uma passo a frente. Sir Algar, Edgar e Geoffrey se preparam, fecham seus elmos. O coração e respiração estão acelerados. Então, o grito de Uther ecoa pela planície.

King Uther: “Atenção homens! Cavalguem para a guerra. CARGA!!!”

Imediatamente todos os cavaleiros partem pelo descampado. A carga começa lenta e a medida que percorre o campo de batalha a velocidade cresce. O inimigo imediatamente se cala. O chão estremesse e o barulho é amedrontador. Os heróis vêm, ao se aproximar, os olhos do inimigo, as barbas, os dentes amarelados, o medo e o ódio em cada um.

Sir Amig: “Juntos! Como uma muralha de rocha sólida, formação apertada! Pelo Rei!”

Sir Edgar percebe então que a tropa de lanceiros na primeira fila se prepara para defender sua posição erguendo suas armas formando um espinheiro mortal para montarias e cavaleiros. A unidade inimiga está de armadura simples com elmos abertos na frente. São os Heorthgeneat. Sir Algar não consegue manter a formação apertada pois existem alguns corpos de saxões espalhados logo à sua frente obrigando o seu cavalo a desviá-los. Sir. Amig vem no centro amaldiçoando o inimigo. Quando aqueles milhares de cavaleiros se chocam de encontro aos lanceiros inimigos, o som é como de um trovão.

Imediatamente Sir Edgar tomado pela fúria por ter sido ferido seriamente na luta com o feiticeiro saxão, há duas semanas e querendo vingança, transpassa o escudo do inimigo com sua lança, atingindo o peito do saxão derrubando o homem e lhe pisoteando com o cavalo. Sir Algar atinge o pescoço do inimigo lhe arremessando por entre as fileiras inimigas. E Sir Geoffrey atinge o inimigo quebrando seu ombro. O saxão ainda de pé tenta estocar o cavalo do herói, já sem força, então o cavaleiro gira o animal para direita joga sua lança enquanto apara o golpe com o escudo, então desembainha sua espada e deixa o peso da arma degolar o lanceiro saxão que tomba sem vida. Sir Erec, componente da unidade dos heróis, tem seu cavalo perfurado pela lança inimiga e cai se debatendo. Imediatamente os Saxões sacam seus machados, que levam como arma secundária, e desmembram o cavaleiro e sua montaria.

Na segunda hora de batalha a unidade de Sir Amig está reduzida a nove cavaleiros. Alguns pontos da linha inimiga são rompidos. As outras unidades aliadas que vêm depois da primeira carga empurram a unidade dos heróis à frente, impedindo uma retirada. Os corpos dos que tombaram na primeira carga atrapalham a movimentação dos soldados. O sangue e as tripas tornam o solo escorregadio. O inimigo forma uma parede de escudos e avança com as espadas em punho, Sir Amig percebendo uma possibilidade de perigo mortal grita ordens para que todos recuem e usem seus escudos como proteção. Empurrando a linha de trás os cavaleiros de Amig o obedecem. Um saxão berserker ataca Sir Algar com um machado que com um recuo rápido consegue contra atacar e com habilidade decapitar o inimigo que cai de joelhos sem cabeça espirrando sangue na armadura do herói. Sir Geoffrey joga o cavalo em cima do inimigo desequilibrando-o para o lado direito, onde o herói empunha sua espada que o apara enterrando a arma em seu pescoço ferindo, quando Geoffrey tenta dar o golpe de misericórdia o inimigo é dividido em dois diante de seus olhos. Sir Algar com seu machado derruba o alvo de seu amigo com uma velocidade maior que a dos olhos. Sir Edgar ataca com frieza em seu olhos e perfura o peito do inimigo e atropela-o com seu corcel de guerra deixando apenas uma massa de carne e sangue disforme no chão. Outros quatro cavaleiros da unidade de Sir Amig são abatidos. Dois sumiram em meio ao caos da batalha, um deles, Sir Gaelavin, foi atingido por uma massa de batalha e derrubado de seu cavalo, imediatamente teve seu crânio esmagado no chão dentro de sua armadura. Um outro cavaleiro foi transpassado de um lado ao outro por uma lança inimiga.

Na terceira hora de combate violento restam da unidade dos heróis, Sir Amig, seu filho Sir Dylan, Sir Geoffrey, Sir Algar e Sir Edgar. Em meio a luta os Cavaleiros vêm o flanco esquerdo do exército do Rei Uther, liderado pelo conde Ulfius desabar. O inimigo avança empurrando estas unidades para o centro do combate. Cercado pelos dois lados os homens de Ulfius são abatidos como moscas. Nas mãos do comandante inimigo está a espada sagrada reluzente do apóstolo Paulo, a Sanctu Gladius. Ele é um centurião usando armadura romana, cocar e capa negra que lidera a horda de saxões, que lutam inspirados pela arma santa, e usa a espada matando às dezenas, os homens do rei Uther.

Percebendo a queda do flanco esquerdo e tentando impedir o massacre dos homens de Ulfius, os heróis cavalgam corajosamente na linha que separa os dois exércitos para tentar alcançar e ajudar o outro lado. Os soldados aliados recuam um passo abrindo passagem. Sir Algar, escuta um sussurro em seu ouvido, a voz de seu pai já falecido, dizendo para o bravo guerreiro continuar a lutar sem temer a espada santa. Então Algar cavalga do lado inimigo tentando proteger Sir Geoffrey e Edgar com seu escudo. Enquanto eles percorrem a extensão entre os dois flancos, uma chuva de machados, maças, martelos de guerra os atinge com violência danificando e amassando bastante as armaduras dos heróis que passam milagrosamente ilesos. Quando chegam próximo ao centurião empunhando a Sanctu Gladius, Sir Edgar o ofende em latim. Imediatamente o inimigo com um olhar frio, emanando uma aura negra, como um anjo da morte ataca o cavaleiro. Ele tenta dar o primeiro golpe. Sir Edgar recua e o golpeia com toda força seu pescoço. A espada do cavaleiro parece provocar pouco dano apesar de ter atingido em cheio o inimigo. Sir Algar, com apenas mais um golpe, corta o braço de outro saxão que empunhava uma espada. O homem amputado cai gritando de dor e rola pelo chão fora de combate.

Então, Sir Edgar golpeia novamente atingindo o rosto do inimigo com toda a sua força. O seu elmo cai, o nariz do homem sangra mas ele endireita seu pescoço e tenta atingir novamente Sir Edgar. Sir Geoffrey desarma outro inimigo fazendo a espada cair de suas mãos e racha o crânio do saxão com um golpe certeiro de cima abaixo. Sir Edgar se movimenta por trás do Centurião. O cavaleiro percebe uma aura emanando do homem romano. Uma forma de feitiçaria. Um rosto cadavérico parece ter sido visto por ele. Então com um golpe difícil de ser executado com seu pesado machado de guerra o herói abre as costas do inimigo quebrando armadura e abrindo a sua carne. O centurião urra de dor ajoelhando e espalhando seu sangue vermelho negro pelo chão. Então Sir Edgar em um golpe de misericórdia desce a espada com a ponta para baixo entrando pelo ombro do centurião e saindo por sua barriga.

A Sanctu Gladius cai ao chão. Como que quebrando um encanto a linha inimiga recua por um instante e Sir Edgar desce do cavalo e empunha a espada santa. Neste momento uma luz branca é emanada cegando as pessoas ao redor. Sir Edgar tem uma visão, já viu aquela espada em seus sonhos e vê seus antepassados a empunhando em batalha, vê também Sir Gaius e Sir Julius sorrindo satisfeitos. Imagens da luta épica contra o feiticeiro, do ferimento quase mortal. O herói vê seu corpo tombar no combate há duas semanas e como sua alma deixou seu corpo por alguns instantes. Palavras são sussurradas em seus ouvidos, honra, verdade e fé. Imediatamente as linhas se refazem, os homens se organizam e pressionam o inimigo, o centro se divide em dois e começa a proteger o flanco esquerdo do exército de Logre. A luta se equilibra novamente. Como que de forma milagrosa o exército começa a lutar com energia renovada. Mas, infelizmente ,Sir Dylan não é mais visto lutando ao lado. Seu pai, Sir Amig, grita: “Meu Filho! Desgraçados , morram!!!”

Na quarta hora de combate com Sir Amig dominado pelo ódio atinge também o centro do combate, mesmo com o inimigo recuando e abrindo uma brecha para a unidade composta agora somente pelo cavaleiro veterano, Sir Algar, Edgar e Geoffrey recuar, querendo vingança, Sir Amig ordena: “Avançar!!!! Avançar!!!! Vamos mandar esses desgraçados direto para o inferno!!!!” É quando os corajosos guerreiros influenciados pelo ódio e coragem de Sir Amig entram no frenesi da batalha, onde tudo fica em câmera lenta e os movimentos fluem mortalmente sem os cavaleiros precisarem pensar. O momento onde as armas cantam a canção da batalha.

No primeiro inimigo que Sir Edgar atinge com a Sanctu Gladius, que deixa uma trajetória de luz quando ataca, o saxão não parece ter recebido nenhum ferimento, mas caiu sem energia vital nenhuma. Sir Edgar nem sentiu o golpe que desferiu foi como se golpeasse uma corrente de água. Sir Algar também desce seu machado com a parte de dentro da lâmina usando a arma como um instrumento de esmagamento quebrando o nariz e ossos do rosto do soldado que tentava lhe atacar. Sir Geoffrey após cortar o braço de seu atacante degola o saxão que enfrentava Sir Algar. O homem tomba afogado em seu próprio sangue.

Os dois lados estão cansados, as armaduras estão avariadas em muitos pontos. As espadas e machados totalmente sem fio e quebrados em alguns pontos. Pouco sobrou dos escudos que já não protegem os cavaleiros. O sangue dos mortos cobre as armaduras e dentro delas um calor está insuportável. Com muita dificuldade os músculos não conseguem mais responder os golpes e atacar com facilidade. Os cavalos estão difíceis de dominar. Sir Amig com uma visão experiente no campo de batalha abre o elmo e grita: “Vamos homens em um último ataque, é possível fazer uma carga. Virar para esquerda. Juntos de mim! Cerrar formação, à frente cavaleiros do rei. Por Logres, por Uther!”

O inimigo está confuso com a coragem e assustado pela Sanctu Gladius ter caído em mãos do exército de logres. Somente quatro cavaleiros se lançando a linha inimiga em um ataque frontal parece ser um gesto insano, mas é heróico aos olhos do exército de Salisbury e também dos Saxões. No flanco esquerdo central, os homens de outras unidades, levantam suas armas e gritam incentivando os heróis quando assistem a cena. Com força e coragem os inimigos são esmagados pelos heróis que atacam com toda força que sobrou em seus músculos, usando os cavalos e causando a morte e confusão na unidade inimiga. Os saxões deste lado da batalha começam a correr apavorados em debandada.

A unidade de Sir Amig lutou com bravura mais infelizmente outras não tiveram tanto sucesso. O inimigo também está perdendo suas linhas, a vitória não pende para nenhum dos lados. As duas forças estão se aniquilando. Exaustos os homens lutam lentamente devido ao peso das suas armas e armaduras. Rei Uther e Rei Ælle sinalizam um ao outro então se olham e por um instante se encaram a distância. Um arauto atravessa a luta para o lado inimigo e leva uma mensagem ao rei saxão. Os dois reis então mandam levantar seus estandartes. Então o grito do rei Uther ecoa mais uma vez, percorrendo o campo de batalha através dos comandantes: “Retirada, retirada!”, do outro lado acontece simultaneamente o mesmo e os dois lados recuam lentamente, passo a passo deixando a planície um de frente para o outro com as poucas linhas que não tombaram. Todos permanecem em alerta desconfiados, com as armas em posição de ataque. Quando finalmente os dois lados atingem a sua retaguarda deixam o campo de batalha com uma paisagem infernal formada de pilhas de morte e sangue. Centenas se arrastam feridos pedindo ajuda em meio aos corvos. Todos parecem tristes e calados, com a cabeça baixa e sujos de terra e sangue.

Arautos correm de um lado ao outro levando mensagens de ambos os Reis. Então, prisioneiros são trocados, feridos são carregados e corpos recolhidos. Nas tendas da retaguarda os homens que conseguiram chegar até ali são atendidos. No total entre bretões e saxões: mil e quinhentos homens permaneceram de pé. Oitocentos foram mortos, mil e duzentos foram feridos e quatrocentos foram feitos prisioneiros. Então os heróis vêm Sir Dylan deitado na traseira de uma carroça e Sir Amig segurando sua mão. O filho do cavaleiro está ferido, tem cortes no rosto. A armadura quebrada em diversos pontos e alguns hematomas lhe cobrem a testa.

Sir Amig: “Não precisa falar nada, descanse. Lutou muito bem meu filho! É assim que um verdadeiro homem faz. Digno de um filho da Britânia. Teve bravura e honra. No mosteiro irão cuidá-lo adequadamente. Que a grande deusa o proteja.” E assim a carroça parte.

Sir Amig, Geoffrey e Algar se aproximam do cavaleiro corajoso e veterano. Sir Amig diz: “Ele vai ficar bem. É forte como um touro, estará andando em um mês! Foi a queda que o tirou de ação. Ainda no chão matou dois inimigos mas depois levou uma pancada no pescoço e desmaiou. A sorte foi que quando vocês capturaram a espada romana, o inimigo recuou e o deixou para trás. Provavelmente aquele Romano desgraçado deve ter feito alguma aliança para ficar com a espada e em troca lutaria ao lado do invasor. Então homens! Lhes devo a vida de meu filho e nada poderá recompensá-los. Obrigado senhores, que minha espada possa lhes servir quando precisarem. Mas chega de choramingar, somos homens ou um bando de donzelas?”

Os soldados sobreviventes, lanceiros e arqueiros. Homens da infantaria se aproximam e cumprimentam os heróis que foram uma inspiração naquela difícil manhã de verão. Logo chega a ordem para marcharem ao acampamento em Silchester.

Ao chegar no acampamento rei Uther está aguardando o exército em cima de seu cavalo.

Rei Uther: “Cavaleiros e fiéis súditos. Hoje foi um dia triste para o nosso exército. Alguns perderam o amigo, outros o irmão e outros a própria vida. Não pensem que o sangue derramado nessa batalha foi em vão. Nós não os derrotamos de uma vez por todas, mas impedimos a invasão de nossas terras. Voltem para suas casas. Curem as feridas. Porque em um futuro próximo precisaremos de toda força para acabar de vez com esses malditos Saxões. ”

A volta dos trezentos e cinquenta soldados sobreviventes de Salisbury se faz em silêncio. Carroças com corpos e feridos percorrem a estrada real totalizando cento e cinquenta entre mortos e moribundos. Os camponeses nas estradas os olham com pesar e preocupação.

Depois de alguns dias da chegada à Sarum, as defesas da cidade foram reforçadas. Logo chegou a notícia através de um mensageiro que enquanto o exército do rei combatia em Mearcred Creeck outra parte do exército Saxão liderado por Aethelswith e pelo rei Hengest atacaram perto de Meldon saqueando e pilhando até que o Duke Lucius e seu exército os atacou. O combate foi violento mais as forças do Duke perderam a luta e tiveram que recuar para Colchester. Os camponeses fugiram para a floresta de Quinqueroi mas foram alcançados e escravizados às centenas.

Com a chegada do inverno e a neve as coisas se acalmaram um pouco, mas a preocupação paira como um espada sob a cabeça de todos. Com o impasse em Mearcred Creeck e a derrota em Caercoloun Rei Uther está preocupado.

No grande salão na corte de Sarum é realizada um grande festim de natal por Conde Roderick. Os Cavaleiros, as crianças, mulheres, empregados, músicos e sacerdotes se divertem e tentam esquecer as preocupações. O lugar está decorado com motivos natalinos, a grande lareira está acesa, os cachorros correm de um lado ao outro. Todos vestem as melhores roupas de pele para protegerem-se do frio. No brinde, com as taças de vinho na mão o conde Roderic diz:
“Cavaleiros de Salisbury! Pratiquem duro a arte da guerra, nós iremos participar de eventos que mudarão a história de nosso reino. Não há mais tempo para poesia. Feliz Natal senhores!”

HOMENAGEM AO JOGADOR MARIO:

Sir Elad e o conde Roderick falam baixo. Abrindo um pergaminho e após ler atenciosamente o seu conteúdo o conde passa-o à Sir Amig que então fala:

“Sir Geoffrey aproxime-se! Este pergaminho chegou por um mensageiro de seu bom pai, Sir Vortmer. Notícias às vezes podem mudar o destino e o mundo jovem rapaz. Como sabe seu pai sempre teve boas intenções quanto ao nosso reino e sempre quis fazer o melhor, nem sempre acertando. Muito sangue tem sido derramado desde então, mas digo que o senhor tem limpado o nome de sua família e servido o nosso bom rei com honra e coragem. Chegou a hora então de servir um rei maior meu jovem. O rei dos reis! Assim você ajudará o reino na sua fé, reunindo um exército sagrado que lutará ao seu lado. Um exército que não lutará com armas e nem com escudos. Um exército que lutará sim com o coração. Chegou a hora de reunir tudo o que você aprendeu e partir. Na vida a hora para tudo. Nascemos e aprendemos. Chegou o momento de crescer meu bom cavaleiro. Partirá a pedido de seu pai em uma cruzada. Buscará o seu próprio santo graal e mudará a vida das pessoas. Sentirá medo, mas dentro de você achará a coragem de um leão. Sentirá solidão mas acharás a força em sua alma guerreira. Saiba que nos serviu muito bem jovem Cavaleiro! Então chegou a hora, ajoelhe-se.”

Sir Amig, Sir Algar e Edgar se aproximam de Geoffrey:

“Receba em nome de nós cavaleiros esta cruz. Aquela que guiará os cavaleiros santos um dia. Nas três pontas desta cruz está representado o coração de cada um de nós. Cavaleiros e irmão de armas. E na última ponta está o seu próprio coração. Que esse símbolo o proteja amigo. Agora vá e que o bom deus o siga, não importa como o chamemos. Estaremos lhe esperando quando voltar e lutaremos lado a lado mais uma vez com nossas espadas cantando a canção do aço em mais um dia de glória.”

NOTA DO CLÃ: Esta partida do jogo de RPG Pendragon é dedicado ao Mário, grande amigo participante de nosso grupo que está se mudando para Vitória, Espírito Santo, por dois anos. Valeu Mario Paladino ,estaremos aqui quando voltar!

domingo, 7 de março de 2010

Aventura 2: Sanctu Gladius, ano 485



O verão quente na Britânia só pode significar uma coisa. Invasões saxônicas vindas do sul. Após vinte dias depois da escaramuça no forte Vagon, rumores chegam a Sarum. Um grande desembarque de Saxões em Sussex trás a guerra ao reino. A convocação para o Conde Roderick reunir seu exército e encontrar com o Rei Uther na encruzilhada a leste de Sarum chega através do arauto real.

Uma comitiva composta por vinte cavaleiros bem equipados, empunhando o estandarte dos Pendragons, chega as muralhas de Sarum, onde o exército do Conde está se preparando para partir. Na vanguarda da comitiva vêm cavalgando o príncipe Madoc, o filho do Rei. Sir Algar, Sir Edgar e Sir Geoffrey e seus escudeiros estão preparando seus cavalos de batalha, suas armas e pertences para partir em campanha. Todos os presentes curvam-se com a chegada de Madoc. Sir Geoffrey perdido em seus pensamentos não vê a chegada do príncipe e falha em sua cortesia permanecendo de pé. É chamado de insolente pelo filho do rei, enquanto seus amigos riem da situação à distância. Mas, devido a urgência dos assuntos tratados, o Príncipe ignora o jovem cavaleiro e discursa ao exército de Salisbury:

Príncipe Madoc: “Nobres cavaleiros! Convoco-os a irem a guerra em nome do Rei Uther, meu pai. Após o último ataque que sofremos no Forte Vagon os bastardos Saxões desembarcaram em suas próprias terras centenas de reforços. Nossos espiões nos informaram que eles estão em Mearcred Creek aguardando para se deslocar para leste e destruírem nossos lares.”

“O nome do bastardo que desembarcou é Aethelswith e nós não sabemos de seus planos. O meu pai, ordenou que o Duque Lucius da Cornualha atacasse, mas o covarde permaneceu imóvel. Então atacaremos em outro ponto, o rei saxão Ælle, mesmo sem a ajuda da Cornualha. Essas são as ordens do rei. Marcharemos o mais cedo possível. Tenho certeza que esses vassalos, que não nos apoiaram, estão também sobe ataque. Depois de suas terras devastadas irão correr para nos pedir ajuda.” Ele os cumprimenta a todos com a cabeça e encerra: “Senhores!”

E assim o príncipe parte com a sua comitiva.

Sir Geoffrey, Edgar e Algar são designados para integrar a unidade do experiente e grande guerreiro Sir Amig. A marcha se inicia com seiscentos e setenta homens, a unidade dos heróis é composta por dez cavaleiros. Ao anoitecer do primeiro dia, próximo a estrada real, o exército de Sarum acampa. Ele é disposto em círculo para evitar um ataque em formações dispersa. Sentados ao redor da fogueira Sir Amig confessa aos heróis que está preocupado pois Merlim que sempre esteve presente e ajudou o rei está desaparecido. Outro problema que atormenta o comandante é que os homens não tem confiança no príncipe. Correm rumores nas linhas que por Madoc ser bastardo e não ter demonstrado suas habilidades em combate não vai herdar a coroa de seu pai.

Assim a noite passa e ao amanhecer o exército levanta acampamento e continua a viajem. Ao anoitecer do segundo dia Sir Edgar, Sir Geoffrey e Sir Algar tem um debate acalorado com os outros homens da unidade sobre o que é ser um grande cavaleiro. Coração, habilidades com armas e honra são discutidos. No final decidem a conversa, acendendo um caminho com tochas, realizando uma disputa de Jousta. Sir Gaelavin desafia Sir Algar. Sir Geoffrey aposta suas manoplas acreditando na vitória de seu irmão de armas, Sir Algar. Infelizmente ele perde a disputa com a lança. Depois Sir Edgar entra na disputa e derrota Sir Gaelavin. As manoplas de Sir Geoffrey voltam para ele. Então ele desafia Sir Edgar que é derrotado. Por fim, Sir Amig manda seu escudeiro e aprendiz, o rapaz chamado Winhelm desafiar Sir Geoffrey, os dois se atacam simultaneamente com as lanças, e caem de seus cavalos. Sir Geoffrey rola sob seu ombro absorvendo o impacto e se levanta em um só movimento sem se ferir. Winhelm, inexperiente, não tem a mesma sorte machucando seu braço com a queda, enchendo-se de terra nos olhos e boca. Por fim Sir Geoffrey é declarado vencedor.

No dia seguinte por volta da hora do almoço o exército de Salisbury chega a antiga cidade romana de Silchester. A visão do gigantesco acampamento composto por milhares de barracas coloridas que se espalham pela planície é impressionante. Cavalos, armaduras, armas de todos os tipos. Escudeiros afiam as espadas, preparam as lanças, massas, machados, lustram com areia as armaduras, pintam os escudos, limpam e alimentam os cavalos. Serviçais cozinham carne de coelho, gado e ovelha. Soldados e cavaleiros bebem vinho enquanto jogam cartas e dados. Poucos brigam rolando na terra. Alguns treinam suas habilidades. Ao redor do acampamento vários soldados fazem a guarda do lugar.

Sir Amig determina o sítio onde a unidade deve se estabelecer. No meio da tarde o bispo Roger, chefe da catedral de Santa Maria, da cidade de Salisbury chega ao acampamento com sua escolta de cavaleiros cristãos, junto com o grupo viaja o noviço Hanz de Duplain. Imediatamente ocorre uma audiência com o conde Roderick. Sir Edgar, Geoffrey e Algar são convocados a tenda. O bispo está preocupado com as crescentes destruições dos campos de cultivo pelos aldeões de Logre, para evitar que os invasores tenham previsões para se alimentarem e também algumas rebeliões em lugares onde os camponeses negociam suas vidas por grãos e carnes. Na primeira vila ao oeste de Salisbury os camponeses mataram o seu senhor e tem sistematicamente alimentado os invasores. Então, o conde Roderick envia os jovens heróis com mais quinze cavaleiros e cinco escudeiros armados para lutar.

Após um dia de cavalgada os homens chegam a vila guiados pelo noviço Hanz de Duplain que conhece bem a vila. O lugar tem cabanas com telhados de palha e paredes de pedra, com mais ou menos cinquenta habitações. Já anoiteceu e o lugar parece vazio. Exceto pela carroça carregada de milho e trigo e barris cheio de carnes salgadas. Então os Cavaleiros determinam que sua milícia aguarde e observe à distância. Ao adentrar no local Sir Edgar percebe que vem barulhos de uma casa próxima. Sir Algar e ele entram na cabana e na penumbra um homem tenta atacá-los com uma espada velha. Uma criança agarrada a uma mulher no canto gritam. Sir Edgar mostrando extrema habilidade contra ataca arremessando a espada do aldeão para longe de suas mãos. Os camponeses se ajoelham e imploram pela sua vida. Escoltado para fora de casa onde Geoffrey aguardava para fazer a cobertura junto com Winhelm, escudeiro designado para dar cobertura e auxiliar os cavaleiros, os homens exigem que o local denuncie onde está os saxões que visitam a aldeia regularmente e finalmente descobrem que alguns aldeões fugiram para a mata, outros estão escondidos em suas casas e um pequeno grupo de invasores está escondido na vila.

Ameaçando um ataque contra a aldeia chamando o restante de sua milícia, aproximadamente noventa camponeses se entregam entre crianças, homens e mulheres. Ao amanhecer, nas primeiras luzes do sol no horizonte, Winhelm avista um grupo de homens correndo para o norte saindo pelas portas dos fundos de uma casa. Vestindo armaduras de couro, com escudos redondos, armados e cabelos longos escuros tudo indica que são saxões. Rapidamente montando em seus cavalos os heróis partem em perseguição e com uma carga usando lanças, Sir Geoffrey e Winhelm acertam em cheio a um dos homens em fuga que voa alguns metros à frente com sua clavícula fraturada e sendo sumariamente atropelado por seus algozes. Sir Algar puxando seu machado de baixo para cima corta a armadura de couro do segundo saxão, lhe rasgando as costas de cima a baixo causando hemorragia intensa, levando o homem a cair desmaiado. Por fim Sir Edgar mata o terceiro homem com um movimento rápido e cortante fazendo o homem girar em seu próprio eixo quebrando seu pescoço e tombando já sem vida. Então, o saxão, atacado por Algar, muito ferido com pouca chance de viver é executado sem piedade. Após a luta os Cavaleiros retornam e mandam aos aldeões rebeldes colherem o que podem dos campos até ao meio dia, até que finalmente eles possam ser escoltados até a cidade de Silchester. Após, as plantações são queimadas para impedir que o invasor se utilizem delas e os camponeses tem a garantia de que suas vidas serão poupadas.

Um rapaz jovem em meio a população capturada chama a atenção dos heróis. Usando armadura romana e manto vermelho, o cavaleiro parece ter sido ferido durante a captura dos rebeldes. Na verdade o rapaz explica que estava em uma missão atrás de seu pai desaparecido, um cavaleiro romano cristão, considerado um santo por seu povo. E por acaso passava a noite na vila quando ela foi invadida pelos homens do Conde Roderick. O noviço Hanz de Duplain que ficou todo o tempo muito assustado e escondido aparece e reconhece o cavaleiro. Trata-se de Sir Gaius, filho de Sir Julius de Camelot. Pela bondade e fé demonstrada o cavaleiro romano é muito conhecido pelo Bispo, seu tutor. Então Sir Gaius explica que seu pai empunha uma espada que protegia o apóstolo Paulo chamada Sanctu Gladius e que nas mãos de um guerreiro romano cristão teria um grande poder em combate. Imediatamente retornando ao acampamento em Silchester escoltando os camponeses e na compania de Sir Gaius os cavaleiros chegam ao acampamento. Imediatamente Bispo Roger reconhece o jovem romano e lhes oferecem toda ajuda para achar o pai do garoto. Inclusive Conde Roderick redige uma carta de recomendação para os Cavaleiros poderem adentrar os salões do pretor Conde Ulfius, na cidade outrora romana de Silchester, e tentar obter alguma pista, já que tudo indica que Sir Julius passou pela cidade.

Adentrando a antiga cidade romana decadente Sir Edgar, Algar, Geoffrey e o escudeiro Winhelm, designado por Sir Amig para fiscalizar os heróis já que ele está cansado de liberar os homens para saírem para passear, segundo ele, tentam ter acesso ao Duque Ulfius, braço direito de Rei Uther. Na porta da sede do poder local, como de costume, Sir Algar derruba um imenso vaso romano quebrando-o, deixando os soldados que guardam a porta principal desconfiados. Mas Sir Edgar, declarando sua linhagem consegue adentrar os corredores de mármore decorados com obras de arte decadentes da época romana. Eles esperam horas até que conseguem serem recebidos por um arauto que convencido por seus feitos e por dois cavaleiros integrantes da comitiva virem de linhagens romanas, abre os salões de Ulfius. Sir Algar, sempre mostrando pouca intimidade em cortes e ambientes nobres, olhando curioso e mexendo em todos os objetos de valor, desequilibra Sir Geoffrey que tromba com uma armadura que enfeitava o salão desmontando-a por inteira. O Conde ultrajado com tamanha má educação já não quer receber os heróis, mas Edgar consegue controlar a situação enquanto mais uma vez Sir Algar se serve de uma maçã sem pensar duas vezes. Finalmente o Duque, mais calmo, conta que recebeu Sir Julius, pai de Gaius e seus cavaleiros e os enviou como voluntário a aldeia de Sarlat para prevenir ataques dos invasores do sul, mas o bom homem nunca mais apareceu.

Imediatamente os Cavaleiros montam em seus cavalos e partem para a vila a leste. Após apenas três horas de cavalgada o pequeno grupo chega ao local. O lugar é bem desenvolvido, com grandes extensões de terra cultivada, casas com jardins bonitos e animais bem criados. Na taverna Cornwell os Cavaleiros juntam-se a população local. Depois de muitas cervejas e demonstrações excessivas, movidas pelo álcool, de carinho. Sir Algard até tentou uma aventura amorosa com a bonita garçonete, sem conseguir nada, até que finalmente só restou o celeiro de uma casa local para passar a noite. Mas a pista contada pelos locais, de que o pai de Gaius se embrenhou na mata próxima, ao norte da vila, para caçar um líder saxão, que vestia uma pele de urso negro e usava um cajado com duas serpentes de prata curvadas na ponta, com olhos feitos de rubi vermelho, e seu secto, que tentavam invadir Sarlat os leva a ficar alerta novamente. Os inimigos foram mortos pelo cavaleiro romano e sua espada milagrosa, mas o estranho homem se esgueirou para dentro da mata. Sir Julius e seus homens foram atrás, mas nunca retornaram.

Pela manhã os Cavaleiros adentram a mata guiados por Sir Edgar. Eles encontram os corpos em avançado estado de putrefação e em estado irreconhecível de dois cavaleiros de Julius. Sir Gaius começa a ficar preocupado. Após duas horas de caminhada finalmente os Cavaleiros acham o corpo de Sir Julius. Desmembrado, coberto por moscas e somente com a parte do tronco e rosto reconhecível o cavaleiro infelizmente foi assassinado. Sir Julius se ajoelha diante do corpo do pai e grita de tristeza. Ele parece estar totalmente em choque.

Derrepente vindo do fundo da mata um homem usando uma pele de urso negro e seu cajado surge. O homem de pele morena, barba, cabelos e barbas longos negros com unhas da mesma cor começa a entoar palavras estranhas. Incrivelmente seu corpo começa a se transformar até que o homem vira uma gigantesca serpente, maior que um cavalo. Uma voz tenebrosa penetra na mente dos heróis.

“Eu sou Swefred, aquele que rasteja e vocês estão mortos como os outros que vieram. A espada sagrada está nas mãos do meu povo e nos levará a vitória contra Uther. Morram malditos!”

Rapidamente o terrível ser ataca Gaius, que leva uma mordida com dentes maiores que espadas, inutilizando o cavaleiro que rola de dor. Sir Algar recua, por saber tratar-se de magia negra do norte, enquanto Sir Edgar ataca com força, o animal mítico desvia do golpe derrubando a espada do cavaleiro e desiquilibrando-o. Sir Geoffrey consegue acertar o animal de raspão mas a criatura lança o cavaleiro por entre as árvores. Então Winhelm tenta atacar e consegue desferir alguns golpes por entre as escamas. Algar com seu machado perfura a garganta do animal que jorra sangue negro em sua armadura. O ser mágico ataca novamente Gaius, jogando-o através da floresta e arremessando o jovem romano em uma árvore quebrando-a e levando o corpo do romano a sumir entre os arbustos próximos. Sir Edgar se levanta e se aproxima corajosamente, sacando sua arma secundária, uma gladius, mas erra o golpe. Aproveitando-se da situação a imensa serpente morde o cavaleiro abocanhando seu lado esquerdo perfurando os músculos e jogando o bravo guerreiro longe, que de dor imensa desmaia. Desesperado e tremendo por ver seu amigo tombar, Geoffrey levanta-se e ataca, mas o animal recua sua cabeça, ruge como mil leões e ataca Winhelm ferindo o escudeiro que se afasta com cortes no rosto. Então, Algar crava o machado ao lado da cabeça da criatura inutilizando seu olho esquerdo, em um movimento rápido Sir Geoffrey abre com sua espada a lateral do corpo do animal que expele suas estranhas em meio à um cheiro horrível e sangue negro. O corpo do feiticeiro saxão vira humano novamente. O corpo nu está aberto pelo dorso lateral da cintura ao ombro.

Enquanto os cavaleiros ficam ao redor de Sir Edgar, ferido e delirando, Sir Algar toma o cajado do feiticeiro para si. O escudeiro de Algar administra algumas ervas levadas em um bornel e tenta costurar o ferimento estancando o sangue do cavaleiro com linha e agulha. Bem sucedido e enfaixando o braço do jovem herói, ele é sentado e obrigado a tomar uma mistura de plantas que combatem a inflamação. Aos poucos sua consciência volta. Ele se levanta com dificuldade e caminha procurando o corpo de Julius. Perto da árvore quebrada o jovem agoniza de bruços respirando com dificuldade em meio à um arbusto. Sir Edgar tenta ajudá-lo e com muita dor consegue desvirar o romano. Com a coluna provavelmente quebrada cego e com a respiração irregular Gaius diz:

“Amigo, não enxergo nada. E não sinto mais o meu corpo. Acho que estou partindo para o paraíso. Ao lado de nosso senhor Jesus. Dê minha espada para que morra em minhas mãos." Sir Edgar oferece sua própria gladiu e coloca entre as mãos do jovem romano moribundo que fala: "Você é um cristão como eu. Peço-te perdão por meus pecados. Você tem sangue romano e é digno dos antigos salões de outrora. Se resgatar a espada de meu pai quero que você a empunhe em nome da honra e da verdade e fique com ela pelo amor de nosso senhor. Sou o único herdeiro e aqui acaba minha linhagem.”

Então, ele tosse, sangue saem de seu nariz e boca e morre com os olhos abertos vidrados.

Com muito pesar os Cavaleiros retornam com os corpos de pai e filho coberto pelo pendão do anjo empunhando uma gladius, o estandarte de Sir Julius. Uma pequena comoção atinge a todos os presentes na unidade em Silchester enquanto Bispo Roger conduz os corpos para Camelot com seus Cavaleiros de escolta. Sir Amig repreende os Cavaleiros por sempre estarem fora do acampamento prestes a marcharem para a guerra e terem sido ferido gravemente, o que pode atrapalhar o combate em sua unidade. Agora só resta aos Cavaleiros de Sir Roderick aguardar para partir à terras saxônicas e destruir o inimigo em seu próprio reino, antes que atinjam a boa terra de Logres, mesmo que o inimigo tenha vantagem e empunhe a espada milagrosa romana.