terça-feira, 15 de outubro de 2013

Aventura 39: A Batalha de Terrabil: Ano 512 e 513



No final do ano 512 as cidades do norte, seguindo a rendição ao Barão Brian, caíram depois da derrota e morte do Rei Centurião Baran de Apres. As vilas e castelos foram entregues sem luta, pois temendo perder suas cabeças para o Rei Arthur, os centuriões abandonaram os seus postos deixando seus homens para trás. 

Com o passar dos meses o outono chega seguido pelo inverno, castigando todo o exército. O frio rigoroso faz com que alguns lordes e seus homens deixem as fileiras Britânicas. Mas a primavera veio em 513 e com ela mais nobres trazidos para a causa do Rei Arthur Pendragon. 

Acampamento:

Os pavilhões coloridos cobrem toda a relva ao redor da colina onde está o castelo de Stafford, domínio do Rei Leodegrance, totalizando mais de 10.000 lanças. No monte maior, ao redor do castelo, está a infantaria espalhada pela floresta. Milhares de homens andam de um lado para o outro realizando tarefas. Escudeiros trabalham cuidando dos pertences, armas e cavalos de seus senhores. Ferreiros concertam armas e armaduras. Mulheres andam por entre os homens vendendo seus corpos. Os soldados se distraem jogando e lutando. Quanto mais um exército fica acampado, mais brigas, mortes e roubos acontecem. Durante o inverno alguns guerreiros mais debilitados pela idade ou pelos ferimentos da batalha do rio Bassus, morreram de fluxo. Com a chegada do calor as doenças começam a se espalhar mais rápido.

Cormak curado de uma gripe forte no último ano, e que ficou em Londres se recuperando, se apresenta ao seu Senhor, Sir Bernard.

Sir Bernard: “Espero que esteja bem, rapaz! Quero que trabalhe direito! Digamos, que Breno, apesar de ser meu primo, é um pouco atrapalhado e mulherengo. Agora vá escovar a Bruma e cuidar das minhas armas.”

O escudeiro Breno está trocando as bandagens da cabeça do Barão Brian que está sentado à frente do seu pavilhão de campanha. O Barão tem se recuperado bem após o grave ferimento na última batalha causa por uma funda espanhola.
Barão Brian: “Sabe, garoto! Você não consegue manter as vergonhas dentro das calças. Sir Bernard me pediu para lhe controlar. O problema que é mais fácil você me arrastar para essa sua vida desregrada do que eu te levar a santidade.”

O jovem escudeiro só concorda em silêncio.

Ao anoitecer a bebida corre entre as fileiras. Nas tendas as mulheres se deitam com os homens. Bardos tocam por todos os lugares. Alguns jogos são disputados em uma área no meio da colina coberta pela floresta. Centenas de homens, iluminados pelas fogueiras, rolam dados ali na terra mesmo, trocando libras de mãos. Naquele lugar ao anoitecer títulos nobiliárquicos não valem nada. Glória, respeito e libras são perdidos e ganhados em um piscar de olhos.

Sir Bernard, seu escudeiro Irlandês Cormak e o Barão Brian vão até ali em busca de diversão. Breno, escudeiro do Barão foi convocado à presença do Rei Arthur. Diante deles quatro homens estão agachados. Mais de cinquenta se acotovelam ao redor deles esperando a vez de jogar. 

Arqueiro Robin: “Próximos! Vocês, venham! Apostas mínimas 10 dinares. Joga-se 2 dados de 10 lados. Precisa-se fazer 21 pontos, pode se solicitar mais um dado de 10 lados, se passar do valor estará eliminado. Vence quem chegar mais próximo. São 3 rodadas, amigos.”

Sir Bernard, o Barão Brian e o escudeiro Cormak perdem muitas libras. Eles desistem do jogo e caminham para outra parte do acampamento onde estão os homens mais fortes e mal encarados. São soldados da infantaria. Homens endurecidos pela batalha. Alguns saem com o braço quebrado e fraturas expostas em meio a risadas, aplausos e gritos: “Martelo!”, “Martelo!”, “Martelo!”

Um soldado romano capturado no último ano, de pele escura, com mais de dois metros de altura, vence todos os que tentam derrotá-lo. Ao seu lado, em cima da mesa, quase 100 libras aguardam um desafiante. O romano tem uma coleira lhe prendendo ao chão através de uma corrente. Cicatrizes percorrem seu rosto e braços. Um outro homem o apresenta.



Henry: “Atenção! Soldados, arqueiros, escudeiros e cavaleiros, essa é a última luta da noite! Quem vai tentar a sorte com o Martelo de Marte? O homem que mais matou Britânicos em campo de batalha quando conquistamos a Cambria. O flagelo dos celtas! Martelo Maximus! Quem será coberto de glória por derrotá-lo? Quem te bolas para enfrentá-lo?”

Sir Bernard: “Eu tenho! E lhe ofereço um desafio. Se eu derrotá-lo você lhe dará a liberdade. Nenhum homem deve ser escravizado.”

Henry: “Eu aceito o desafio. Mas, terá que escolher alguém para lutar em seu lugar.”

Sir Bernard: “Está feito! Cormak, você será meu campeão.”

Todos urram de empolgação! O chicote estala obrigando o homem a colocar a mão em posição de disputa. Ele fita o seu adversário enquanto seus olhos negros refletem as chamas da fogueira. Quando as mãos se encaixam, Cormak, com seus 15 anos, sente a força descomunal do Marreta Maximus. Ele olha o garoto nos olhos sem piscar, com os músculos contraídos, esperando a ordem para começarem. 

Henry: “Prontos? Agora!” 

Marreta Maximus começa a gritar como um louco, urrando na cara de Cormak, que sente seu hálito e as gotículas de saliva atingirem a sua face. Ele sente o tranco de seu braço e os tendões e ossos prestes a se arrebentarem. Mas o garoto dá tudo de si e consegue fazer com que o braço do romano ceda e por um instante sente que está prestes a vencê-lo. Mas o chicote estala e o homem vira o jogo. As mãos de ambos se equilibram no centro da disputa até que o garoto não aguenta mais e Martelo Maximus vence o escudeiro Irlandês em um movimento só. No final o romano tenta se levantar mas o chicote golpeia forte várias vezes o impedindo.

Sir Bernard: “Lhe pago 150 libras se o libertar!”

Henry: “Ele é todo seu!”

O romano é solto e olha com cara de ódio para todos. Sir Bernard pisa na panturrilha e derruba Henry.

Sir Bernard: “Nenhum homem deve ser escravizado. Todos são iguais perante a lei de Arthur! Cormak, leve Martelo para o pavilhão e trate os seus ferimentos.”

Salão de audiências:

Na manhã seguinte o Rei convoca todos os seus comandantes e escudeiros ao grande salão do castelo de Stafford, terra do Rei Leodegrance, o grande leão. Os senhores dos altos rankings ficam próximos ao trono do Rei Arthur Pendragon, sentado ao lado dele  está Merlim, recém chegado da Caledônia. Sir Bernard, o Barão Brian e o Conde Robert estão à frente do restante dos outros nobres. Brian percebe que Breno não está presente.

Rei Arthur: “Brian, quero falar sobre o seu escudeiro, Breno. Quero dizer, em frente de todos os nossos homens, que foi um ato heróico o que ele fez na Batalha do Rio Bassus. Mas é preciso que ele seja educado adequadamente.”

Conde Robert: “Pelo que soube, endurecimento é o que não falta para o garoto, Majestade!”

Rei Arthur: “Exatamente! Os pais de mais de seis donzelas vieram até mim pedindo reparação. Estavam todas grávidas! Todos elas. O garoto é um prodígio, amigos! Se continuar desse jeito ele vai repovoar a Britânia com Stanpids. Por isso, o enviei a Winterbourne Gunnet. Lá as Ladies e seus pais irão se juntar ao garoto e resolverão o que fazer. Enviei o Arcebispo Carmelo como mediador e falar como a voz do rei. Bem, Cavaleiros da Britânia! Os convoquei porque acabo de receber notícias do norte. Fale, por favor, senhor.”

Um homem simples, talvez um criador de ovelhas ou um agricultor, se aproxima. Ele está sujo e magro. Ele trás uma cesta com ele.

John: “Senhor! Eles vieram há uma semana... O exército rebelde do Rei Lot dos Pictus. Junto à ele, mais onze reis nortenhos. Tem uma força colossal com 15.000 lanças. Eles atravessaram a muralha de Adriano e pilharam as vilas, estupraram as mulheres, capturaram os lordes e os mataram dentro dos celeiros e igrejas ateando fogo. Estão agora à noroeste daqui, próximo as montanhas Pennine, Majestade. O Rei gigante, Ryon, está com eles. Ele mata cinco homens de uma vez, sozinho, como se fossem feitos de palha. Toda minha família foi morta pelas mãos do desgraçado.” 

Então, ele entrega a cesta olhando para chão constrangido e com medo. Quando Arthur  examina o seu conteúdo retira uma cabeça putrefata. É o crânio de Sir Brastias, capturado na batalha de Carlion há 3 anos. Sir Bernard e o Barão Brian ficam chocados e irados com a cena tétrica.

Rei Arthur: “Lot, maldito! Sir Kay, meu irmão, dê o que comer ao bom homem, envie-o à Londres e dê um trabalho digno em minha corte. O servo John, a partir de hoje, está sobe a proteção dos Pendragons por toda a sua vida. Foi um verdadeiro herói ter vindo até aqui, Senhor! Obrigado. Espero que consiga reconstruir a sua vida.” 

O homem beija a mão do Rei Arthur enquanto se retira em lágrimas. 

Rei Arthur: “Homens, O Rei Lot chegou e quer sangue; e sangue é o que ele terá. Todos os 12 reis rebeldes estão reunidos; se os vencermos a rebelião estará sufocada e o norte terá que se ajoelhar perante a minha coroa. Mas se formos derrotados a Britânia será de Lot e ele a governará com mão de ferro. Não há mais saída. Partiremos ao amanhecer! Reúnam os homens. A Batalha está batendo à nossa porta! Nos veremos, na metade do dia, na saída de Stafford. Reportem-se ao Marshall Brian! Lealdade, força e honra!” 

Partida: 

Então o exército da Britânia, formado por quase 10.000 homens, segue em uma longa fila em direção ao noroeste de Stafford, dentro da Floresta Arroy. Batedores são enviados para todas as direções a procura de inimigos. O exército, sobe o estandarte do Pendragon, margeia o Rio Sow.

Rei Arthur: “Barão Brian e Sir Bernard, só posso confiar em vocês. A maioria dos Lordes que vieram com seus exércitos eu mal conheço. Os Herlews e os Stanpids são os únicos que sei quem são realmente. Cormak estava há um ano sem prestar serviço mas mostrou coragem e preciso que os aspirantes à cavalaria aprendam o ofício! Sir Bernard, envie o Irlandês para verificar se a ponte à frente não foi destruída. Não sei se alguém trabalha para o outro lado pois recebi duas informações. Uma de que estava destruída e outra de que não. Quando descobrir a verdade avise o garoto que só se reporte à você.” 

Batedor:

Cormak parte caminhando e some na floresta. Rapidamente o exército em marcha é deixado para trás. O jovem escudeiro entra na floresta com o chão coberto de folhas e  sobe as copas das árvores altas dos salgueiros e carvalhos. Ele caminha algumas horas se esgueirando pelas árvores camuflado por lama e folhas.

Comandantes:

A tarde passa com as temperaturas abafadas no interior da floresta. A grande força para e levanta acampamento. Os escudeiros Bedivere e Gawaine montam o pavilhão do Barão Brian e de Sir Bernard, depois de fazerem o mesmo com o de seus senhores Sir Accolon e Sir Sagremor. Brian e Bernard estão descansando, após a longa cavalgada, quando Merlim entra no pavilhão.

Merlim: “Venham comigo discretamente. As chamas abriram meus olhos.”

Quando eles saem do pavilhão, Sir Sagremor os observa, enquanto desbasta uma estaca com o seu punhal.

Sir Sagremor: “Vão aonde?”

Merlim: “Ora, aonde? Falar com o Rei Lot”

Sir Sagremor: “Ahahahaha! Esse Merlim!”

Os dois caminham pelos corredores agitados do gigantesco acampamento seguindo o velho druida. Então passam pelos sentinelas que fazem uma reverência e somem pela floresta. A coruja de Merlim voa por entre as copas das árvores. 

Merlim: “Estão prontos para me ajudar a falar?” 

Barão Brian: “Falar com quem?”

Merlim: “Ora, com o Rei Lot! Um arquidruida nunca mente!”

Sir Bernard e Barão Brian: “Droga!”

Batedor:

O som de cachorros e de chifres de caça se aproxima rapidamente. Derrepente o som para de aumentar, mas parece estar próximo. A matilha de cães não aparece de todos os lados. Parece estar parada na mata próxima. Então os arbustos se movem como se algo grande fosse sair dali e Cormak se depara com algo impressionante vindo do outro lado do véu. 

Uma criatura, duas vezes maior que um leão, emerge por entre as folhagens. Ela possui a cabeça de uma cobra, mas é de um tamanho de um cavalo. O corpo é pintado como um leopardo. Suas patas são iguais à de um leão. O dorso é alongado como à de um gamo. A besta sai dos arbusto e começa a beber a água do rio. Quando ela enche a boca todo o som para imediatamente. Então ela levanta os olhos em direção à Cormak e se arrepia inteira, abrindo a boca e mostrando os seus caninos. Então a besta se eleva e seu pescoço fica acima da cabeça do garoto. 

Comandantes:

Bernard, Brian e Merlim caminham por horas. Até que observam ao longe, por entre as folhagens, a borda de um acampamento. O Barão Brian percebe vários estandartes desconhecidos. O nobre vê também a cota de armas de fundo branco com o pequeno quadrado vermelho no canto esquerdo, pertencente ao Rei Lot. E algo que gela a sua alma. O estandarte com o cachorro desenhado, o brasão do rei saxão Ælle de Sussex.

Merlim: “Vamos ver se conseguiremos sair ilesos disso, Cavaleiros. Ele já está chegando,  como eu previa.”

Um Cavaleiro passa pelas sentinelas que curvam a cabeça à ele. Ele retira o elmo e seus cabelos loiros descem até o ombro. Na sua túnica foi cozido o brasão de Lot. O lambel amarelo indica ser um dos filhos do Rei Rebelde. O garoto caminha na direção dos heróis. Merlim fecha os seus olhos e sussurra palavras estranhas. O Barão Brian vê, por algumas batidas do coração, uma mulher etérea caminhando na mata em direção ao cavaleiro e sumir. 

Sir Corrigan: “Lyzianor, é você Mileide?” (com a visão focada como se visse alguém) Bela como a luz do sol. Porque deixou o castelo de seu pai? Se Conde Sanam e meu pai descobrirem que estamos nos encontrando, nós dois poderemos ser mortos. Agora os dois são inimigos e andar nessas terras pode ser mortal... Eu sei, mas o ataque será as primeiras luzes da manhã.” 

Merlim: “Agora! Não o deixem escapar! Mas não o matem!”

Sir Gaheris acorda do torpor, enquanto percebe o movimento de Brian e Bernard se aproximando. Seu rosto se enche de terror.

Batedor:

O animal emite um som mudo abrindo as pupilas olhando para Cormak. O escudeiro Irlandês fica fascinado pela criatura e toca nela. Então, rapidamente, a besta volta a sua cabeça para trás e some na mata, enquanto o som de cães de caça e trompas soam novamente se afastando dali. Cormak acorda do torpor e leva algum tempo para se recuperar. Seguindo em frente, em direção à ponte, um cavaleiro ferido passa por ele. Seu cavalo está com sangue no dorso. Cormak sabe que o homem pertence ao exército de Arthur.

Sir Griflet: “O meu escudeiro está morto! Morto! Por cristo! Era só um garoto!” 

O homem parece muito mal e desaparece na mata. Olhando à frente, na floresta, Cormak avista uma ponte. Existe um pavilhão montado próximo à uma árvore. Um cavalo está amarrado e um estandarte com um escudo bege com 14 cruzes azuis pintadas tremula ao vento. Um garoto surge da floresta carregando trutas pescadas em uma corda e dá de cara com o escudeiro. Ele derruba os peixes e corre em direção ao pavilhão.

Escudeiro: “Senhor, senhor! Mais duelos! Acorde, acorde!”

Então um cavaleiro sai de dentro de seu pavilhão com elmo fechado e monta em seu cavalo. O garoto lhe entrega seu escudo e uma lança de justa. Ele cavalga em direção ao meio da ponte com a lança apontada para cima. O escudeiro aguarda com seu equipamento de guerra carregando o estandarte. Ele abre o seu elmo e um homem de cabelos cinzas curto e barba com bigodes curvados os observa com um sorriso no rosto.

Cavaleiro: “Bom dia, codorna! Vejo que é um escudeiro. Serve qual Senhor e qual Rei, garoto?”  

Cormak: “Sirvo à Sir Bernard Stanpid e ao Rei Arthur.”

Cavaleiro: “Sou Rei Pellinore de Galis ao seu dispor, jovem calça curta! Por acaso viu uma criatura peculiar por essas bandas?” 

Cormak: “Vi sim!”

Rei Pellinore: “Mesmo? Então precisamos resolver logo essa contenda. Eu preciso voltar a caçá-la! Conseguiu tocá-la, ao menos?” 

Cormak: “Eu a toquei Majestade.”

Rei Pellinore: “É mesmo? Ontem eu quase consegui capturá-la! Então infante, não percamos o foco. Duele comigo e me derrote! Ganhará glória e o seu rei a minha lealdade eterna! Terá você culhões?”

Cormak: “Eu aceito a disputa, Majestade.”

Rapidamente o escudeiro de Pellinore leva um cavalo, entrega um escudo e uma lança à Cormak Herlews .

Rei Pellinore: “Está certo garoto! Será uma honra lhe enfrentar! Vamos lá então, antes que a criatura vá para muito longe. Espere! Ela estava fazendo barulho de cachorro e cornos de guerra, é?”

Cormak: “Estava, Majestade!”

Rei Pellinore: “Que fascinante! Então vamos lá! Pronto? Espere! Ela tinha cara de cobra, diga que sim!” 

Cormak: “Tinha, Majestade!”

Rei Pellinore: “Está certo! Vamos então! Até a morte!”

Cormak: “Até a morte? Não faz sentido!”

Rei Pellinore: “Até a morte!”

O Rei Pellinore fecha o seu elmo espora o seu cavalo e investe com tudo  contra Cormak.

Comandantes:

Sir Corrigan tenta sacar a sua espada de duas mãos. O Barão Brian acerta o homem de um lado com a empunhadura da espada. Sir Bernard usa o pomo da sua acertando o filho de Lot no rosto. A força é tão grande que ele gira em seu próprio eixo, cuspindo os dentes e sangue, e cai desmaiado diante deles.

Merlim: "Rápido, retirem a túnica dele. Brian coloque o elmo, corte as pontas do cabelo  do rapaz e prenda por dentro. Pegue a espada do Cavaleiro Brian. Bernard, amarre-o naquela árvore." 

Então Merlim se aproxima do rosto do rapaz, pega uma gota de seu sangue e deixa o pingar em sua adaga em formato de lua crescente.

Merlim: "Sua vez Brian. (fura o dedão do cavaleiro) Mãos para trás Bernard, entregue a sua arma para Brian."

O arquidruida passa a mão no rosto do filho de Lot e entoa algumas palavras. Ele suga o ar de suas mãos, se aproxima de Brian e assopra o ar em seu rosto.

Merlim: "Agora vamos, leve Bernard e eu como prisioneiro até Lot. Dêem um jeito de ficarmos sozinhos com o Rei Pictu."

Os 3 seguem em frente e entram no acampamento, os sentinela se aproximam. São pictus, todos tatuados, fortes como touros e armados com lanças e escudos redondos. 

Sentinela: "Meu príncipe! Vejo que a caçada foi boa."

Atravessando o acampamento inimigo eles vêem os cavaleiros da Caledônia, com seus cavalos menores, se prepararem para a batalha. São tantos espalhados pela floresta. Parecem estar em todos os cantos sumindo nas folhagens ao redor. Um deles corta o caminho. O homem parece uma árvore de tão alto. Com três metros de altura e mais forte que Sir Bag. Tem cabelos curtos preto e barba cheia da mesma cor. Sua espada e escudos são maiores que os heróis. 

Rei Ryon: "Como é, Príncipe? Vejo que apanhou um esquilo na floresta. Na verdade está parecendo mais um rato visto daqui. E sabe o que fazemos com ratos prisioneiros? Enfiamos um pau no meio do rabo dele fazendo sair pela boca e o assamos até ficar bom de comer." 

Barão Brian: “Estava esvaziando os bagos quando encontrei esses dois aldeões. Eles estavam espionando para o inimigo.”

Sir Bernard: “Essa é a hospitalidade pra lá da muralha?”

Rei Ryon: "Quieto insolente!”

Ele golpeia o rosto de Sir Bernard que cambaleia enquanto os soldados caem na gargalhada.

Rei Ryon: "O que vai fazer com esse adorador de Rei sem pelo no saco? Poderíamos nos divertir um pouco com ele, deixar os homens prontos para a batalha? O que me diz? Deixe pelo menos o velho.”

Barão Brian: “Calma Cavaleiro, que meu pai decida isso!”

Merlim finge tropeçar e encosta no filho de gigante. Rei Ryon fica parado com o olhar perdido e coloca a mão na cabeça confuso. 

Merlim: “Vamos em frente e rápido! Isso está ficando perigoso”

Batedor:  

O Rei Pelinore cavalga rápido na direção de Cormak. Eles se encontrarão no meio da ponte a toda velocidade. O jovem escudeiro sente o chão tremer. O rei leva a sua lança e ergue o seu escudo até a altura do visor de seu elmo. Cormak vê uma mancha passar, uma fusão de cavalo e homem armadurado. Cormak fecha os olhos e mantém a lança o mais reto que pode. Por um golpe de sorte o escudeiro acerta o Rei que se desequilibra da sela e cai no rio. Pellinore se levanta e vai até a margem sacando a sua espada. 

Rei Pellinore: “Venha jovem codorna. Ainda não logrou êxito.”

Cormak desce do cavalo, desce a ponte e se aproxima do Rei sacando seu machado e largando o seu escudo. Os olhos esbugalhados de Pellinore aguardam a chegada do garoto. Cormak golpeia mas Pellinore dá um passo atrás e derruba o garoto, ergue a espada atrás da cabeça e se prepara para desferir um golpe mortal.

Cavaleiro: “Pare, Majestade! É só um escudeiro e não vale o óleo que terá que limpar a lâmina de sua espada. Que tal testar a sua habilidade com algo que possa lhe dar mais glória?”
Pellinore: “Com quem, meu bom armígero?”
Rei Arthur: “Comigo, hora... Rei Arthur Pendragon!”
Comandantes:  

Então Merlim, o Barão Brian, sobe encantamento de Merlim fazendo-o parecer com o filho de Lot e Sir Bernard chegam ao pavilhão real branco e vermelho, cheio de espirais e sois pintados. A guarda real abre caminho e eles entram ali. O interior é forrado com peles de urso pardo. Uma mesa com o mapa da britânia e retângulos de madeira, representando os exércitos e tropas, estão dispostos ali. Uma águia está pousada em um poleiro. Existe comida farta na mesa e taças de ouro com hidromel. Archotes iluminam o interior. O Rei Lot está sentado de costas. Ele se levanta quando escuta os três entrarem.

Rei Lot: "Ora se os deuses não nos presentearam com algo tão valoroso... O filho de Sir Enrick Stanpid! O reizinho sem barba está fodido mesmo. Deixe o velho de lado. Iremos usá-lo para alimentar os cães! Mas, me conte Cavaleiro! Quantos homens tem Arthur me esperando?" 

Sir Bernard: "Vocês sabem contar além da muralha? Sabe o que significa 20.000 homens?”

Ele retira a adaga afiada e se prepara para arrancar uma das unhas de Bernard que prende a respiração. Nesse momento Merlim se revela.

Merlim: "Se acalme, rei de Lothian!"

Rei Lot: "Merlim?! Meu filho, como ousa trazer Merlim para dentro de meu acampamento? Esse homem..." 

Merlim: "Acalme-se, Majestade! Eu vim lhe trazer um presente em nome do Rei Arthur. Um presente das fadas de Avalon."

Rei Lot: "Me poupe de sua magia maldita, velho. Deixe que as batalhas sejam ganhas pela força e não pela feitiçaria. Meu exército já está em movimento e o matarei rapidamente para que possa comandar o restante dele e pegarmos o reizinho de merda de surpresa. E agora, sem o seu feiticeiro." 

O Barão Brian percebe pelo mapa que um parte do exército já partiu.

Merlim: "O Rei Arthur enviou isto especialmente para você, Majestade!"

A cobiça de Lot o faz tremer de desejo. Nas mãos de Merlim está o pingente sagrado de Avalon feito com o sangue de Nineve. O cordão da jóia feito com os cabelos de uma fada e deixado mergulhado na água do poço sagrado para consagrá-lo. Merlim coloca a jóia diante do olhos do Rei Pictu mas logo o guarda em sua túnica.

Rei Lot: "Me entregue, maldito! Mas, não pense que dobrarei meus joelhos ao seu Rei marionete!" 

O Rei Lot puxa o druida pelo seu manto cinza e coloca a espada encostada em sua garganta. Merlim a entrega e Lot fica fascinado olhando para o pingente sagrado. Bernard e Brian percebem que lá fora as estrelas parecem ter mudado de posição rapidamente. A lua já desapareceu. Como se horas virassem segundos. Lot está entorpecido.

Merlim: "Vão, agora! Está quase feito! Voltem para o acampamento e avisem Arthur que a batalha está prestes a começar." 

Eles saem do pavilhão e deve ter passado umas oito horas lá fora. Eles não tiveram mais que 15 minutos dentro da tenda real. Eles ouvem a voz de Merlim.

Merlim: "Você precisa derramar o seu sangue Rei Lot, uma gota dele. Assim lhe prometo que poderei o levar para um lugar onde ao menos não perderá a vida."  

Eles passam pelo lanceiro e pegam dois cavalos.

Lanceiro: “Onde vai, Senhor?”

Sir Bernard: “Irei buscar Arthur para a sua rendição.”

Entra as tendas e do outro lado do pavilhão real começa uma gritaria: "Deixem me passar! Sou eu! Deixem seus desgraçados!" 

Então na entrada da grande tenda, sem túnica, só usando a cota e suas calças de couro aparece o filho de Lot. Os heróis ouvem gritos vindo lá de dentro como se Lot acordasse do transe.

Rei Lot: "O que você está fazendo, velho feiticeiro? E você? É o segundo filho que me trai, primeiro Gawaine, agora você. Todos estão contra mim! Até meus filhos. Porque trouxe o velho para dentro de meu exército?"

Então ouve-se algo cortando o ar vindo de dentro do pavilhão real.

Batedor:

Rei Pellinore: “Majestade? Mas é uma grande honra ter o senhor em minha ponte. Me diga nobre Rei Arthur; vistes uma peculiar criatura caminhando na mata?”

Rei Arthur: “Vi, e ela está perto. Parece meio lenta, quase a capturei.”

Rei Pellinore: “Ah, não, isso não, mesmo! Então vamos logo com isso, Majestade. O tempo urge. Escudeiro, minha lança.” 

Rei Arthur: “Cormak! Minha lança!”

Então o Rei Arthur e o Rei Pellinore tomam distância cada um do seu lado da ponte. Eles se cumprimentam erguendo as suas lanças e eles começam a cavalgar em velocidade um contra o outro. Então os dois se atingem ao mesmo tempo. Pellinore e Arthur são arrancados de suas selas e os dois caem no rio raso de pedra. Eles se levantam.

Rei Pellinore: “Até a morte!”

O Rei Pellinore ergue a espada atrás da cabeça e golpeia Arthur. O Pendragon saca a Excalibur e se defende. Ele se movem com água nos joelhos mas Pellinore é muito mais rápido e a espada sagrada não parece o intimidar. Arthur não consegue desferir um golpe. Então Pellinore o empurra e Arthur cai de costas na margem de pedra batendo a cabeça. Sua mão da espada não larga a arma mesmo com a sua cabeça rodando. Pellinore grita de dentro do seu elmo e desfere o golpe final no Rei indefeso. 

Comandantes:

O som do silvo de um virote enche o ar. Em uma batida de coração ele atravessa a garganta de Gaheris, o filho de Lot. O garoto cai de joelhos, para fora do pavilhão, se afogando no próprio sangue. Ele segura o virote que suga a sua vida. O Príncipe tosse e estrebucha, estremece e morre na entrada do pavilhão real. 

Merlim: "Era uma gota de seu sangue, Lot! Mas você derramou todo ele."

Brian e Bernard olha para trás enquanto foge do acampamento e vê o pavilhão sumir empurrado para dentro do outro lado do véu. 

Lanceiro: “O Rei sumiu! O Rei sumiu!”

Rei Ryon, filho de gigante: "Esse não é o filho do Rei Lot!  Temos um invasor! São eles! peguem-nos! Matem-os!” 

Alguns soldados que estão ali sacam as suas espadas e começam a correr em direção a Brian e Bernard que fogem montados. Outros cavaleiros escutam os gritos, vestem seus elmos e os seguem querendo suas cabeças.

Batedor:

Arthur, caído com o elmo aberto, não tem forças para erguer os seus braços enquanto a espada do Rei Pellinore desce. O Pendragon olha para Excalibur que treme em suas mãos. 

Rei Arthur: “Um Rei Supremo não pode ser derrotado!”

Arthur impulsionado por uma força sobrenatural, apoiado em um joelho, contra golpeia e as duas espadas se chocam saltando faíscas. O som do aço raspando é substituído pelo terrível ruído das lâminas se quebrando. Excalibur, reduzida à um terço de seu tamanho, continua sua trajetória e bate no peito do Rei Pellinore que instantaneamente cai no rio e é levado pela correnteza. O jovem Rei Arthur se ajoelha, vendo Pellinore sumir nas águas, enquanto o escudeiro do Rei de Galis monta em seu cavalo e trota rio abaixo atrás de seu Senhor.

Rei Arthur: “Eu não sou digno dessa espada! Eu quebrei o que nunca deveria ser quebrado e quebrei minha honra com ela. Sim, o Rei supremo pode perder, Cormak. Derrotei um homem que merecia a vitória e usei a Excalibur para mudar o seu destino. Os deuses viraram as costas para mim. Vamos menino, está anoitecendo. Amanhã lutaremos sem a Excalibur, que o deus novo e os deuses antigos tenham piedade de todos nós.”

Comandantes:

Bernard e Brian fogem em disparada com os cavalos roubados. Quando olham para trás o Rei Ryon, filho de gigante, está ao encalço deles. O gigante e seu cavalo enorme se aproximam, emparelham com a montaria do Barão. Ryon dá um tranco com o dorso de seu corcel de guerra. Brian cai se embolando na terra da floresta. Então, o Rei Ryon desce do cavalo e se prepara para desferir um golpe que o divida ao meio. Bernard retorna com o seu cavalo fazendo uma carga. A espada de Ryon pega de raspão Brian que sente a força descomunal do filho de gigante o derrubando. Bernard o acerta. O homem não parece se ferir gravemente mesmo levando vários golpes. Ryon se vira e tenta acertar Brian novamente que desvia do golpe e acerta o joelho do grande homem; tudo em vão. 

Nesse momento dois homens saltam de uma árvore. Eles usam elmos fechados quadrados. Parecem ser bastante pobres. Eles caem em cima do filho de gigante o derrubando de quatro no chão. Um deles saca uma espada de lâmina vermelha. Brian e Bernard reconhecem imediatamente a espada julgadora de Sir Balin, o Selvagem. O cavaleiro das duas espadas. Balin fica pendurado no pescoço de Ryon puxando a lâmina rubra. O gigante cambaleia e tenta acertá-lo com as costas em uma árvore, mas erra. Balin puxa mais uma vez e a espada corta a sua mão e o pescoço de Ryon, arrancando a sua cabeça. O grande corpo do homem desaba sem vida enquanto Balin fica caído de barriga para cima tentando recuperar o seu fôlego.

Sir Bernard: “Balin! O que faz aqui?”

Sir Balin: "Eu vim atrás de algum feito próximo ao acampamento inimigo. Parece que consegui. Preciso entregar essa cabeça ao bom Rei Arthur. Eu preciso do perdão dele, mais que tudo. Ah, Esse é Brenton, meu escudeiro."

Barão Brian: "Entendi, venham conosco. É melhor saírmos rápido daqui. O inimigo está atrás de nós.”

Sir Bernard: “Desculpe Sir Balin, mas deverei levá-lo desarmado como prisioneiro.”

 Sir Balin: "Está bem, só me leve a presença do Rei Arthur.”

A Batalha de Terrabil:

Cormak e Arthur seguem rápido pela floresta margeando o rio Sow. As primeiras luzes da manhã iluminam a mata ainda com as estrelas no céu azul escuro. Algo se mexe na floresta e quatro cavaleiros aparecem. Sir Bernard e o Barão Brian e mais dois homens. Sir Balin desce de sua montaria e se ajoelha perante ao Rei Arthur montado.

Sir Balin: “Majestade! Vim implorar o seu perdão. Essa é a cabeça do Rei Ryon, filho de gigante.”

Sir Bernard: “É verdade, Majestade!”

Barão Brian: “E saxões estão do lado de Lot! E estão vindo direto para nosso acampamento.”

Rei Arthur: “Muito bem! Eu o recebo em meu exército, Balin. Todos cometemos erros, mas o seu foi muito grave... Prove seu valor lutando e veremos se o deixarei viver. Vamos, temos que ir a guerra, homens!”

Manhã:

O exército de Arthur se agita com a chega do rei. O Pendragon anda de um lado para o outro.

Rei Arthur: “Brian e Bernard, reúnam todos rápido!” 

Arthur passa a mão na cabeça, olha para Excalibur dentro da bainha, parece assustado enquanto as suas mãos tremem. 

Rei Arthur: “Onde está o velho? Que droga, vocês viram Merlim?”

Barão Brian: “A última vez foi quando fomos até o acampamento inimigo.”

Rei Arthur: “Vamos ter que ir sem ele, então. Temos que partir imediatamente. Eles vão cair sobre nós sem misericórdia.” 

Algumas horas depois o exército de Arthur parte deixando o acampamento para trás. Em toda velocidade cavaleiros e infantes seguem em coluna dupla pela floresta. A grande força do Pendragon se desloca por uma hora. Atravessam a ponte do Sow. Por entre a mata pode se ver as montanhas Pennine. Então eles vêem tochas sendo acesas. São tantas que somem na mata da extrema esquerda até a extrema direita. 

Rei Arthur: “Formação de ataque!”

Barão Brian: “Não são tochas. São flechas incendiárias. Escudos!”

Eles escutam o som de uma voz gritando em céltico com sotaque da Caledônia.

Comandante arqueiro pictu: “Disparar!”

O som das flechas cortando o ar, voando na vertical, é ouvido. Tão rápido que quando ela chega aos seus ouvidos homens caem redor com chamas se espalhando pelas suas túnicas. O cheiro de bafo de dragão se espalha pela mata. As flechas passam raspando por entre as copas quase acertando Brian, Bernard e Cormak.

O cheiro de carne queimada enjoa. Os homens caídos no chão da mata gritam, queimando até que o fogo incandescente fure sua carne e entra em seu corpo. Nenhuma vítima morre instantaneamente e os gritos de terror fazem os pássaros nas árvores levantarem vôo. De dentro das cotas saem fumaça branca com cheiro caustico. A maioria dos homens se refugiam atrás das árvores e os arqueiros inimigos recuam. O corno de guerra soa vindo do exército inimigo. Então a infantaria abre o ataque e todos não podem acreditar quando vêem o estandarte com o cachorro de Ælle tremulando por entre os saxões e pictus; unidos para destruir o reinado de Arthur Pendragon.

Rei Arthur: “Cavalaria! Atacar!”

Eles partem desordenados seguindo um rei confuso e assustado. Conde Robert grita com o seu flanco e faz os seus infantes saírem logo atrás dos cavalos em linha tentando flanquear o outro lado do exército inimigo. Estranhamente a Excalibur não brilha no campo de batalha. As dezenas de árvores surgem como borrões verdes. Alguns cavaleiros trombam com elas quebrando o pescoço dos animais e morrendo instantaneamente. Cormak e o Barão Brian acertam de raspão um salgueiro diminuindo o ímpeto de sua carga.

Primeira Hora:

Eles seguem em frente em formação enquanto Pictus, nus, pintados de azul, saltam das árvores, armados com machados de pedra e outros com Javelins. Os pictus parecem invencíveis. Eles caem em cima dos cavaleiros e os derrubam no chão arrancando suas cabeças. Alguns dos Pictus são atingidos em cheio por golpes de espadas e saem sem nem mesmo um ferimento. Os heróis vêem Lancelot, já derrubado, lutar com um deles, e apesar da velocidade do cavaleiro Britânico ele não consegue matá-lo. O pictu grita a cada golpe desferido, fazendo caretas e cuspindo no Cavaleiro. Sir Bernard usa seu escudo para derrubar o inimigo de seu cavalo. Cormak e o Barão Brian são derrubados e atingidos pelos machados de pedra. O garoto com uma costela quebrada e o Barão com um grande corte em sua clavícula se misturam ao combate.

Segunda Hora: 

A primeira onda de ataque desnorteia o exército real de Arthur. Ninguém sabe o que ocorre com os dois exércitos. Milhares de homens batalham por entre as árvores. O som do aço e dos gritos se espalham por toda a floresta. A infantaria inimiga é formada por homens dos vários reinos da Caledônia, saxões e pictus das tribos das highlands. 

Os nortistas, romanos veteranos ex seguidores de Malahaut, que não aceitam o jovem Pendragon, atacam a unidade do Barão Brian. Eles vem com as suas gladius e escudos quadrados. São especialistas e mutilam, matam e abrem caminho por entre a multidão. Eles vem direto em direção aos heróis. O romano golpeia, Brian gira pelo escudo quadrado de seu inimigo. Ele estoca com a espada, na nuca de seu adversário, fazendo sair a lâmina pela sua garganta. Bernard, montado, acerta um golpe forte. Mas o romano se defende com o escudo contra atacando. A cota de Sir Bernard o protege da investida da gladius inimiga. Cormak é derrubado e o romano desce seu escudo pesado em seu peito. O rapaz se protege com o escudo e ele escapa de quebrar vários ossos.

Arthur luta com a espada de seu irmão. Ele espora o cavalo nos veteranos que tem metade do rosto mordido pelo seu corcel de guerra. Um pictu o arranca da sela e o golpeia. Arthur se defende com o escudo. O pictu transforma a proteção do Rei em lascas de madeira. Arthur rola para trás e lança sua adaga no peito do homem. Ele grita mas salta no pescoço do Rei o derrubando e erguendo o seu machado de pedra. Sir Kay, irmão de Arthur, salta no pictu e o derruba tomando o machado do selvagem arrancando a sua cabeça. 

Terceira Hora: 

Depois da força do ataque inicial o inimigo começa a perder o ímpeto. As flechas fincadas nas árvores ardem em chamas. O chão está cheio de corpos e feridos. Cavalos com os ventres abertos estrebucham com as vísceras saindo dos corpos. Os heróis percebem muitos homens com coroas no topo de seus elmos. Mais de oito deles.

Existe um Cavaleiro tão alto quando o Rei Ryon, filho de gigante. Ele grita, inspirado, enquanto mata três britânicos com a sua espada que é maior que um homem. Sua couraça de aço absorve os golpes de três cavaleiros. Ele avista os heróis. Ele recebe quatro golpes de espada tentando chegar neles. Sua armadura absorve os choques. O primeiro ele mata com um golpe do pomo de sua espada. Outro ele agarra o crânio só com uma das mãos e o assassina batendo sua face em uma árvore. Um jovem infante, tentando demonstrar coragem, se aproxima, ele o pega pelo pescoço encosta o rapaz em um carvalho. O Cavaleiro gigante enfia sua luva articulada, com pontas de aço como facas, por baixo do externo do infante arrebentando sua carne. O garoto estrebucha enquanto tem o coração arrancado e esmagado. 

Seus olhos inflamam de ódio. Ele se aproxima enquanto arrasta sua espada ao mesmo tempo que é atingido várias vezes pela armas inimigas. A sua grossa pele e a cota  pesada absorvem os impactos.

Sir Nero: “Vingança! Foram vocês que mataram meu irmão. Eu arrancarei seus corações com as próprias mãos! E o meu nome, Sir Nero, será a última coisa que vocês ouvirão.”

Sir Bernard espora o seu cavalo achando uma brecha em meio ao caos. Ele se aproxima de Sir Nero e ergue a sua espada. O gigante golpeia na horizontal, como um porrete. A pé e mais alto que Sir Bernard montado, ele atinge o Cavaleiro com tanta violência que o lança para fora de sua montaria fazendo Sir Bernard quebrar ossos e sofrer concussões. O Barão Brian e Bernard depois de se livrarem da guarda pessoal de Sir Nero atacam o gigante tentando proteger Sir Bernard caído. Eles golpeiam o homem que os ferem com estocadas e golpes fortes da lâmina que mais parece um porrete de aço. Brian sente o gosto de sangue em sua boca quando a espada se choca contra o seu elmo fazendo sua vista escurecer por algumas batidas do coração. Sir Nero se vira em direção e investe contra o Barão novamente e dá as costas ao Cormak. O Irlandês acerta com o seu machado de duas mãos, o meio das costas do gigante, rasgando a sua cota e quebrando a sua coluna fazendo o homem se esparramar pelo chão enquanto um líquido viscoso vaza pelas suas costas e sua vida se extingue. 

Perto dali Sagremor espuma de raiva quando recebe um corte profundo no ombro. Ele estrangula o homem com a espada que tenta escapar e fica de costas para ele. O saxão arranca a arma de Sagramor mas o cavaleiro Sarraceno levanta o inimigo pelas costas e quebra a sua coluna em seu joelho esquerdo. Ele junta a sua espada e se joga contra um dos homens que Bedivere duela. Sir Bernard Stanpid ferido e com dores terríveis tenta não perder a consciência e se arrasta pela lama de sangue, se afastando para a retaguarda.

Quarta Hora: 

Arthur olha para a sua direita e vê um homem da infantaria ser morto por um machado. Do outro lado um Cavaleiro é decapitado e seu elmo e cabeça batem em seu ombro. Ele toca a Excalibur quebrada e olha ao redor procurando Merlim. Então ele percebe algo.

Rei Arthur: “O comandante deles não está em campo de batalha! Não se vê o estandarte do Rei Lot! Não lutem homem a homem. Recuem o meu estandarte! Passem a ordem para frente. Soe o chifre de guerra Brian. Ninguém os dará ordem de contra atacar.”

Apesar da perda de vários soldados e cavaleiros os homens se reúnem, próximo ao rei, às dezenas, centenas e por último aos milhares. O inimigo, sem comando, não sabe o que fazer e continua desordenado aguardando ordens. 

Rei Arthur: “Escudos! Formação de meia lua! Cargaaaaaa!”

A formação de Batalha começa a se mexer em velocidade. Enquanto os braços da formação se fecha abraçando o exército inimigo sem formação. Os soldados de Lot se encolhem esperando a matança. 

Um bando de guerreiros saxões, com um dos olhos queimados em oferenda a Wotan, usando pele de ursos e o peito nu com corvos tatuados, urram e cospem. Eles estão frenéticos e furiosos girando os machado, movendo o corpo descontroladamente: São os Berserkers saxônicos. Eles gritam um com os outros e são os primeiros a correrem na direção do Barão Brian e Cormak. Alguns deles se jogam no chão fazendo um apoio e o outros saltam caindo dentro da formação. Brian desvia do golpe do Berserker que cai em velocidade com a guarda aberta com o machado acima de sua cabeça. O Barão em um belo golpe o arranca a cabeça. Outro saxão se engalfinha com o jovem escudeiro Cormak. O garoto de 15 anos gira seu machado na horizontal enquanto o inimigo escorrega na lama de sangue e a lâmina enterra em sua jugular o matando.

Um outro Berserker cai dentro da formação, derrubando um soldado. Ele puxa o escudo e o atira para fora da formação, abrindo uma brecha. Mais um saxão entra ali girando o machado cortando o Britânico da omoplata até o externo. 

Quinta Hora: 

A matança continua enquanto a última parte do círculo, comandado pelo Pendragon, se fecha cercando o inimigo. O exército rebelde não tem mais rota de fuga. O centro do combate se estende por uma grande distância dentro da mata. O círculo se move se fechando em direção ao centro deixando para trás mortos pisoteados, feridos, pedaços de braços, cabeças, tripas e merda. Um lanceiro pictu ataca Brian mais uma vez. Ele desvia a arma do inimigo com a sua espada. Novamente o lanceiro estoca mais a sua arma cai da mão. Quando ele se abaixa para pegá-la o Barão o decapita sem piedade. A ponta de uma outra lança picta perfura a barriga de Cormak manchando de sangue a sua cota. A lama formada por restos e líquidos humanos torna tudo mais difícil. O inimigo se encolhe enquanto as armas descem. Eles vêem um rei rebelde pedir misericórdia mas um golpe da espada de Sir Accolon racha o seu crânio indo parar no meio do peito de sua Majestade.

Tarde:

Sexta Hora: 

É a sexta hora de combate. O combate passa da metade do dia. O inimigo está subjulgado. A maioria dos reis rebeldes estão mortos. 

Mas então um som crescente os despertam da matança desenfreada e do matadouro que o campo de batalha se tornou. Em meio ao cheiro de sangue e merda insuportáveis ninguém percebeu os pontos negros se misturando a mata, no final do campo de batalha, onde existe uma subida que se perde coberta de árvores. São dezenas deles e depois centenas. Então os rosnados chegam ali. Na frente o Rei Ælle e o Rei Lot, a sua infantaria vem logo atrás, milhares de homens. Eles param no meio da colina enquanto os cachorros se aproximam da parte de trás do círculo. Brian percebe que os cachorros carregam algo no pescoço. São alforjes de couro de foca. O cheiro ocre se sobrepõe ao cheiro de morte. 

Barão Brian: “Corram!”

Então o Rei Ælle olha para aquela confusão de homens e cavalos mortos. Ele sorri satisfeito como se o sangue derramado lhe desse prazer. Ele ergue o braço e depois o abaixa rapidamente. Todos os inimigos atiram tochas. As centenas de caminhos ficam incandescentes por entre as folhas e correm como serpentes de fogo até os cachorros que se misturam a linha Britânica e a Nortista. Quando cada caminho de fogo atinge o alforje de cada cão ocorrem enormes explosões por todo o campo de batalha, incendiando homens, animais, amigos e inimigos. O Barão Brian tem a sua cota invadida pelo fogo incandescente. Assim como o escudeiro Cormak. Eles rolam no chão se queimando e gritando. Brian apaga o fogo com a sua luva articulada, mas Cormak cai desmaiado de dor das queimaduras enquanto o bafo de dragão toma conta de seu corpo. O Barão salta em direção ao garoto, apagando com terra e abafando as chamas do corpo do garoto. Cormak muito ferido é carregado inconsciente para a retaguarda por Brian.

O campo de batalha vira uma bola de fogo, com os guerreiros correndo para todos os lados com os corpos em chamas. O cheiro de carne queimada e a formação do exército de Arthur se desmantela. Muitos fogem, outros se rolam em bolas de fogo. O chão vira um inferno e o calor é insuportável. Alguns cegos andam a esmo com metade do corpo descarnado. Sir Accolon, rola pelo chão com o corpo em chamas.

Rei Lot: “Ælle! Você destruiu o meu exército!”

Rei Ælle: “O preço é alto se quiser derrotar o Pendragon. Agora você é meu vassalo. Infantaria! Matem todos!”

Em meio a fumaça e as chamas eles surgem; milhares de saxões do Rei Ælle. Eles viram os rumos da batalha a favor do Rei Rebelde. Homens da elite saxônica. Especialistas em lutar com os grandes machados de duas faces, surgem à frente e estão descansados. Na retaguarda Brian tenta proteger Sir Bernard e Cormak muito feridos.

O calor é insuportável. A fumaça cobre tudo. O cheiro de bafo de dragão irrita os olhos e machuca a garganta. As árvores estão em chamas. Arthur tenta salvar o seu irmão, mas não tem tempo de apagar as suas chamas. Em desespero ele o protege das investidas inimigas e relembra como era lutar sem a ajuda de uma espada sagrada ou do arquidruida Merlim. Ele rola para um lado. O inimigo o golpeia de cima para baixo. Outro saxão corta o ar com o seu machado na horizontal tentando o acertar. Arthur rola mais uma vez e o grande guerreiro bárbaro acerta uma árvore, prendendo o seu machado nela. Arthur corta o braço do homem. O conde Robert luta desarmado e quando um guerreiro inimigo irá o matar, ele atira um punhado de terra incandescente nos olhos do homem, que urra de dor e desespero, enquanto Sir Balin usa sua lâmina vermelha e arranca a cabeça do bárbaro.

Sétima Hora: 

O número de homens do exército de Arthur cai rapidamente. A infantaria saxônica vai se espalhando por todo o campo de batalha. Agora a matança muda de lado e o exército rebelde e os saxões começam a empurrar o que era o exército Britânico, que inicia o movimento de fuga. 

Os Anglos chegam até o Barão Brian. Com as peles de cadáveres no rosto, armados com lanças, cotas pesadas, eles promovem uma grande matança ao redor. 

Líder: “Eles estão recuando! Matem por Thunor!” 

O Anglo investe com força contra o Barão. A lança vem com força e letal, mas em um piscar de olhos o grande guerreiro escorrega em um emaranhado de tripas de um cadáver e deixa a sua arma cair. Brian grita descendo a sua espada perfurando o saxão até enterrar a ponta de sua espada na lama.

Dali o Barão Brian vê Sir Accolon caído com o corpo fumegante. Um Anglo montado em cima dele e com um sax riscar ao redor de sua face e depois o escalpo arrancando o seu rosto ainda vivo. Sir Balin lança um machado no meio das costas do Anglo o abatendo. Enquanto três saxões agarram Sir Sagremor e se preparam para lhe cortar a face. 

Oitava Hora:

No início da oitava hora o campo de batalha está em chamas, coberto de cadáveres de cavalos e guerreiros. Os feridos sem faces estrebucham de dor e os mais jovens chamam as suas mães enquanto morrem. Enquanto isso os machados saxões promovem uma carnificina. Mas então os sons de várias trompas e o latido de cachorros de caça invadem o campo de batalha. 

Brian olha para a sua esquerda e próximo ao Rei Arthur uma criatura surge em meio as folhagens. O inimigo olha ao redor esperando o ataque surpresa de um exército cheio de cães e homens. A besta, com pescoço e cabeça de cobra, patas de leão, dorso de gamo e toda pintada como um Leopardo corre para ali atraída pelo cheiro de sangue. Metade dos saxões se assustam e aliviam a pressão do combate. Ela abocanha um, dos, cinco saxões. Um cavaleiro vem da direção de onde veio o animal. Com a cota destruída na altura do peito, com o brasão amarelo e as 14 cruzes azuis, ele para ao longe e abre o elmo e fica olhando para a criatura com os olhos esbugalhados sorrindo fascinado, levantando seu bigode curvado para cima.

Rei Arthur: “Rei Pellinore de Galis!”

Rei Pellinore: “Rei Arthur Pendragon, quanto prazer e sinto em vê-lo embrulhado em tal revés! Que criatura peculiar essa, não? Me derrotou, Majestade! O primeiro homem a fazer isso. Então, lhe devo uma prenda!” 

Ele olha para os homens mais próximos em campo de batalha, sorri, e aponta o dedo para eles.

Rei Pellinore: “Me protejam, por obséquio, armígeros senhores!”

Então Pellinore cavalga à frente matando como um selvagem, abrindo caminho em meio a infantaria inimiga. Um golpe uma morte. Sir Lancelot, o Barão Brian, Sir Ballin, Bedivere, Gawain, se reúnem ao redor dele atravessando o seguindo. Os saxões estão apavorados com a criatura vindo do outro lado do véu e são mortos pelos cavaleiros de Arthur sem misericórdia.

Eles atravessam a multidão chegando onde estão os reis inimigos Ælle e Lot. Rei Pellinore a cada morte causada olha para onde se moveu a besta, que não deixa em nenhum momento ser tocada pelo inimigo. Por um momento parecia que ela estava com a cabeça de um homem na boca e mordeu o elmo com tudo que estava dentro. Sir Lancelot derruba um homem, gira para trás de um outro cortando uma de suas pernas, logo já está com duas espadas nas mãos, usa o escudo de outro para se proteger e degola o dono da proteção.

Nona Hora: 

Rei Pellinore passa pelo Rei Lot se levantando do estribo e salta no rebelde. Pellinore, Lot e o corcel de guerra do homem, mais poderoso da Caledônia, se estatelam no chão. Eles rolam, na lama, trocando socos. Rei Lot saca o seu punhal e esfaqueia a barriga de Pellinore. Eles continuam a lutar. A relva vai se enchendo do sangue do Rei de Ganis.

O Rei Ælle desce de sua montaria quando vê o Barão Brian se aproximando. Retirando seu machado da cintura e erguendo o seu escudo.  

Rei Ælle: “Vejo que é corajoso. Eu quero sua cabeça pendurada em meu salão. (cospe no chão) Guardas! Matem os outros.”

Por uma batida do coração o medo toma conta dos músculos de Brian. Ele relembra a morte de seu pai, a violência dos saxões, e o sofrimento dos celtas. Ao mesmo tempo o machado de Ælle desce em direção ao seu peito. Brian se enche de coragem e apara o golpe com o seu escudo. Ele deixa a arma do Rei saxão escorregar pelo seu escudo abrindo a sua guarda por um piscar de olhos. Brian sem exitar golpeia de cima para baixo. O antebraço de Ælle fica pendurado por pele e músculos e depois cai na lama. O escudo, um dos doze tesouros da Britânia, está preso à ele. O rei saxão urra de dor derrubando a sua espada.

Enquanto isso o Rei Lot e Pellinore se socam tentando disputar a adaga. O Rei louco está pálido, após ter perdido tanto sangue, e fraqueja. Quando Lot vai esfaqueá-lo, mais uma vez, Pellinore olha para a criatura que está levantando um homem e o jogando para o alto. Então a besta olha para a mata próxima e corre para lá. 

Rei Pellinore: “Ela vai escapar!”

Então tirando energia de sua loucura, o Rei Pellinore segura as duas mãos do Rei Lot e o segura no chão. Pellinore olha de novo para criatura que abre caminho atropelando homens dos dois exércitos em direção a mata. Pellinore com uma força além da humana olha para ela, observa ao redor e acha uma pedra cheia de limo. Ele a pega com as duas mãos. Ela é do tamanho de um elmo. Então Lot o esfaqueia mais uma vez e Pellinore faz uma careta não tirando os olhos da besta que some na mata. Pelinore desce a pedra no meio do rosto de Lot. Primeiro a cabeça racha enquanto o Rei Pictu vira os olhos e seu rosto entorta. Depois mais um golpe seu nariz e e dentes afundam para dentro do rosto enquanto Lot estremece em convulsões. Com o último impacto da pedra a cabeça se racha em três pedaços espalhando o cérebro amarelo, misturado ao sangue que empapa o cabelo e um globo ocular que fica intacto em meio aos osso quebrados e dentes espalhados. Pellinore se levanta. Ele sangra bastante. 

Pellinore: “Preciso pegá-la! Vocês viram aquela criatura peculiar?” 

Ele dá mais dois passos e cai de bruços, desmaiado, se esvaindo em sangue.

Rei Ælle vê o seu exército se desmantelar. Ele puxa um pictu de um cavalo e monta nele se preparando para abandonar o campo de batalha. Brian tenta atacá-lo mais uma vez mas o rei saxão salta com a sua montaria escapando do golpe e sumindo na mata.

Décima Hora: 

Na décima hora, sem líderes em campo de batalha, os infantes começam a gritar: “Rei Lot está morto, Rei Lot está morto!” Isso faz com que a notícia se espalhe pelas fileiras até que finalmente os guerreiros bárbaros e rebeldes cedam espaço para virarem as costas e fugirem em desespero, para todos os lados do campo de batalha, deixando milhares de feridos e cadáveres por todos os lados da floresta. O centro ainda pega fogo enchendo o ar de fumaça tóxica. E a Batalha acaba.

Carregado, com o corpo tremendo em convulsões de dor, Sir Accolon passa com o rosto totalmente descarnado próximo ao Barão Brian. Gawaine, seu escudeiro, segue com ele lhe dando de beber um odre de hidromel. Sagramor se levanta ao meio dos inúmeros corpos que cobrem a terra. Ele está com um corte da têmpora até abaixo da orelha esquerda. Próximo à ele, um Anglo está morto com uma grande mordida na jugular e outros dois com os rostos desfigurados. Ele vai até Brian, enquanto Bedivere, seu escudeiro, junta a sua massa com a cabeça de urso.

Sir Sagramor: “Depois que  me livrei do primeiro foi só bater umas cinco vezes um no outro. Bernard e Cormak ficarão bem?”

Barão Brian: “Não sei se ficarão meu amigo.”

Sir Sagramor: “Estou precisando de um trago.”

Cormak com parte do corpo queimado e Sir Bernard com os ossos do peito quebrados são levados, inconscientes, para as tendas dos físicos de Arthur.

Sacrificando o velho tempo:

Muitos lordes rebeldes foram capturados. Sir Kay chega carregando um deles. O Rei Alain puxa outro pelo braço. Pelo menos uns seis nobres, entre reis das regiões para lá da muralha, condes e barões são colocados e ajoelhados perante ao Rei Supremo. Seis corpos, de outros nobres rebeldes, mortos em batalha são colocados enfileirados pelos homens da infantaria. Entre eles o corpo do Rei Lot. O exército inteiro se acotovela em um círculo, ao redor do pavilhão real. Os Reis aliados, como Leodegrance, Alain, Boors, Ban, estão próximos à Arthur. Gawaine olha para o corpo do seu pai, Rei Lot, com os olhos marejados.

Rei Arthur: “Olhem o que o meu cunhado fez e vocês tomaram parte. Quando estávamos prestes a dar um golpe final nos saxões vocês decidiram seguir Lot. Vocês são a velha Britânia, a Britânia do caos e da cobiça. Prometi igualdade e proteção à todos. E olhem no que vocês seriam capaz de transformar a Britânia por puro capricho. (Gritando) “Esse é o martelo de um garoto, do futuro da Britânia, de um escudeiro chamado Breno Stanpid. Aqui estão escritas as minhas leis e elas são para todos. Mas vocês seguiram um Rei que só trouxe mais mortes. Está escrito: protegeremos nosso povo a todo custo. Morreram 12 homens, reis e nobres do mais alto ranking, nesse campo de batalha.”

Bedivere: “Foram seis, Majestade!”

Rei Arthur: “Não, escudeiro... Lancelot, Cormak, Robert, Kay, Sagramor e meu pai Ector. Apresentem suas espadas! Essa é a única lei que lhes cabe traidores... Agora!”

As armas descem atingindo os seis homens restantes que gritam antes do golpe final, enquanto todo exército suspira ao mesmo tempo. 

Rei Arthur: “São 12, Bedivere! Senhores, a Caledônia agora, pertence a Britânia!” 

Então todo o exército grita: “Pendragon!”, “Pendragon!”, “Pendragon!” enquanto Arthur mostra o punho fechado com o rosto enfurecido, sujo de terra, suor e sangue em sinal de comemoração e poder.

Rei Arthur: “Venha comigo, Barão Brian.” 

Ao entrarem no pavilhão Brian observa o rosto assustado e pálido do jovem rei. Ele aponta um saco de couro próximo ao trono real.

Rei Arthur: “Abra!” 

Brian acha 15 cabeças de homens com virotes fincados nos olhos.  

Rei Arthur: “São os homens do Bando Branco que protegiam a caverna em Sussex. Recebi suas cabeças, pela manhã, trazidas por um mensageiro saxão. Todos o ouro que tínhamos está nas mãos de Ælle. O equilíbrio da ilha foi quebrado. Se os saxões souberem disso eles virão. A única coisa que se interpõe entre eles e nosso povo é a espada sagrada e Merlim.” 

Rei Arthur retira da bainha o que sobrou de Excalibur, gelando a alma do Marshall da Britânia, Brian Herlews, e a atira próxima aos seus pés. 

Rei Arthur: “Agora ela está quebrada e o druida desaparecido. Nunca o inimigo esteve tão numeroso e com tanto ouro. Eles virão em hordas de milhares de bárbaros e com eles morte, fogo e dor! Só nos resta esperarmos como e quando. Nunca essa coroa pesou tanto em minha cabeça!”

Arthur abaixa a cabeça colocando o rosto por entre as mãos e chora... 

FIM