O ano de 518 foi o primeiro, após décadas, no qual os Britânicos puderam voltar as suas casas, cultivar as suas terras, chorar os seus mortos e reconstruir suas vidas. De norte a sul e de leste a oeste a ilha está coberta pelas plantações. As fumaças saem das forjas, dessa vez, fazendo ferramentas para trabalhar no campo e erguer novas construções. Os Motte and Bailey se tornam castelos de pedras. Os animais de criação voltaram a procriar e o povo pode ser alimentado novamente, livre das doenças e da violência que existia outrora na Britânia não pacificada. Os ciclos passam, primavera, verão, outono, inverno, enquanto crianças nascem aos montes e as pradarias mudam de cor.
Feudo Winterbourne Gunnet:
No feudo dos Herlews no salão de banquetes, hoje erguido em pedra, o caos é grande. O Barão Brian para na entrada e observa seis meninos, quase da mesma idade, entre quatro e cinco verões correndo por cima das mesas e debaixo delas. Um pega um pão negro e taca na cara do outro. Esse cai sentado e chora. Outro está sentado na mesa tirando craca do nariz, enquanto outros dois se embolam dando socos e ponta pés. Um sexto garoto parece sério, sentado no trono do salão, olhando para a cara do Barão, que está lá fora, em tom de desafio.
Barão Brian: “Vocês seis! Parem com essa bagunça agora! Gondrick Stanpid II, sai já desse trono! Breno, venha agora aqui.”
Os garotos nem dão ouvidos ao Barão. Ele entra no salão e olha para cima. Algo lhe chama atenção. Um balde preso no batente superior da porta. Então, subindo a colina, o escudeiro Breno, pai dos seis garotos, entra no salão e não percebe a armadilha e o balde, cheio de estrume e mijo de cavalo, cai direto em sua cabeça. Os garotos rolam no chão de tanto rir. Tristan Herlews, com sete anos, filho do Barão Brian, chega ali.
Tristan: “É a quarta vez essa semana. Fora o cavalo pintado de rosa e o pinto de barro que fizeram na estátua do Vô Algar na entrada do feudo."
Barão Brian: “Breno, ou você cuida desses marginais ou vou amarrá-los!”
Escudeiro Breno: “Prefiro que amarrem eles, Senhor!"
Então o som de vozes femininas, se aproximando, chama atenção. Seis mulheres surgem ali no alto da colina, todas juntas, falando ao mesmo tempo sem dar para entender nada. De todas as idades e classes. Elas ficam em volta de Breno. Elas o beijam, puxam as bochechas e depois falam com os meninos aos berros e brigam com o escudeiro ao mesmo tempo. Logo elas entram no salão os pegando no colo e os levando dali. Elas saem descendo para vila lá embaixo em meio ao som de conversas misturadas. Algumas passam a mão no rosto do Escudeiro, outras na bunda dele. A última que passa para e olha em seu rosto.
Jurema: “Nossa Breno, você é um porco, precisa de um banho de vez em quando!”
Um Cavaleiro vem trotando pelo caminho que leva até o alto da colina, onde o salão foi erguido. Ele é pequeno para o seu cavalo. Seus cabelos loiros saem pela lateral do elmo e seus olhos azuis parecem sempre cheios de energia. A espada do seu tamanho, forjada para um cavaleiro adulto, vem pendurada nas costas. É Sir Griflet, o cavaleiro mais jovem da Britânia, com seus 14 anos.
Sir Griflet: “Boa tarde, Barão!”
Ele olha a sujeira cobrindo a cabeça de Breno.
Sir Griflet: “Realmente os hábitos nórdicos são bem diferentes, meu Senhor. O Rei me enviou, está convocando todos os Cavaleiros para, na próxima lua, se reunirem. Estão todos ansiosos. Passar bem!”
Feudo Dinton:
Em Dinton, Duque Bernard está no salão do castelo agora construído inteiro em pedra. Dezenas de pergaminhos enchem a sala. Alguns voam para fora dela. Dois cachorros brigam rasgando outro documento ao meio. Ele não entende nada daquelas letras, parecem algumas vezes estarem trocadas e se embaralham com se fosse magia de Avalon. Martelo Maximus, o guerreiro romano negro, está junto e sentado em um pequeno banco de madeira que mal comporta o seu peso, com seus grande músculos inchados de treinar combate. Ele vira de um lado um papel, depois para outro. Fica com a boca mole, meio aberta, coçando a cabeça, tentando entender aquelas letrinhas pequenas.
Martelo Maximus: “Desculpe Duque, mas não consigo te ajudar também. Meu negócio é porrada, entende?”
Alguém bate na porta semi aberta. Um homem pequeno homem, um anão, gingando com as suas pequenas pernas arcadas entra no salão.
Tuk: “Com licença meu senhor! Permita me apresentar. Sou Tuk e venho enviado pelo bondoso Arcebispo Carmelo. O bom homem me disse que o Lorde precisa de um arauto que conhecesse bem as letras."
Martelo Maximus: “Vê como fala na presença do Duque! Arauto é você, rapaz!”
Tuk:“Sim, é disso mesmo que vim falar.
Martelo fica coçando a cabeça sem entender nada.
Meu pai, meu Senhor, era o Arauto do Rei Nanteleode. E eu, digamos que tenho dificuldade de conseguir seguir o que meus antepassados sempre fizeram, que é servir os Lordes como seus conselheiros e castelões. Infelizmente serei sempre o filho que envergonharia o Senhor que eu sirvo. A única coisa que lhe peço é uma chance! Não irá se arrepender meu Senhor!”
Duque Bernard: “Vou lhe dar uma chance. Eu sei o que é viver assim, rapaz."
Martelo Maximus parece com ciúme.
Martelo Maximus (resmunga): “Uma chance e alguém para ajudar a pegar as coisas da prateleira. Você está mais parar se apresentar no teatro da feira.”
Duque Bernard: “Escute Martelo. Você vai ficar e ajudar Tuk. Ele terá um monte de trabalhos para frente.”
O Romano sacode a cabeça em desaprovação. Então alguém bate na porta e coloca o rosto para dentro da sala. Sir Griflet entra no salão com o elmo debaixo do braço e bate as esporas tentando desgrudar um dos pergaminhos preso na armadura.
Sir Griflet: “Acho que isso é seu, Senhor! Como vai Duque? O Rei mandou lhe convocar, meu Senhor. Disse que o protetor da rainha não pode ficar tanto tempo longe dela e nem de seu irmão da Távola.”
Irlanda:
Cormak desperta bem cedo. Ele tem dores pelo corpo inteiro. Os roxos nos braços e o corte no peito parece estar melhorando a cada dia. Apesar da sujeira do buraco, escavado na terra e gradeado no topo, que lhe serve de prisão. Um ano vivendo num verdadeiro inferno. Os outros vinte homens jogados ali, no barro e na merda, começam acordar aos poucos. Três deles não abrem seus olhos.
Kelvin (guerreiro velho): “Malditos Irlandeses. Nem para tirar os mortos daqui.”
Outros quatro corpos estão amontoados no canto, cheio de moscas e larvas.
Um outro prisioneiro, sem uma das mãos, com a barba grande e cabelo comprido ensebado, abre na pele um pequeno corte, com a sua unha suja e grande, ao lado de outros vários cicatrizados em seu braço.
Owen (fazendeiro): “Já morreram quarenta e dois!”
Kelvin (guerreiro velho): “Porque você marca todos, fazendeiro?”
Owen (fazendeiro): “É a única coisa que posso fazer aqui. Ser útil nesse ano inteiro apodrecendo nesse buraco imundo. Jure, Cormak, que seu eu morrer você vai me marcar no seu braço! JURE!”
Escudeiro Cormak: “Eu juro, fazendeiro! Mas vamos conseguir sobrevier.”
Então três homens surgem lá em cima com barris, usando máscaras de ferro, e viram o seu conteúdo lá pra dentro. Uma chuva de vegetais podres com caldo de sangue de porco cai em cima dos prisioneiros. Os doentes não se mexem e tentam sorver aquele líquido viscoso que cai em cima de todos. Enquanto isso, os que estão em melhores condições tentam achar um pedaço de algo sólido para comer e juntar com as mãos um pouco de sangue para saciar a fome e a cede. Cormak não consegue pegar nada para comer. A fome é grande e ele parece enfraquecer a cada dia que passa.
Londres:
A viagem até a cidade de Londres é tranquila. Mercadores viajam pela estrada de terra com as suas carroças. Nos campos pastores cuidam das criações e os aldeões trabalham nas plantações. Poucas queixas de roubo são recebidas, pois Arthur tem sido rígido quanto a isso. Os nobres e plebeus, são julgados como iguais e sentenciados de acordo com o crime cometido.
O Barão Brian, o Duque Bernard e o escudeiro Breno chegam em Londres, deixam suas montarias nas estrebarias dos nobres e adentram passando pela multidão que flui pelos portões da grande cidade. Eles chegam em frente a catedral de São Paulo, em meio à centenas de mercadores, moradores da cidade e pessoas de todas as regiões vindas do continente. Muitos compram quinquilharias, relíquias, outras devoram espetinhos suspeitos. Malabaristas e cuspidores de fogo entretem os que passam.
As pessoas olham para os heróis com grande admiração. Um vendedor dá uma cabra para o Barão Brian e outro uma dúzia de ovos para o Duque Bernard. Os aldeões querem tocá-los e os agradecer de todas as formas. Um fêmur de São George é dado a Brian por um padre.
Bernard: “Nós conhecemos ele Brian, não era tão alto.”
Crianças, velhos, senhoras e adultos os cercam querendo os tocar.
Mulher: “Olhem! Nossos salvadores! Que a Deusa os abençoem. Contam que o Senhor Marshall liderou todos na colina de Badon. Matou um Rei saxão em duelo singular com um só golpe. Faz um poema, meu senhor?”
Barão Brian: “É claro, bela Donzela!”
Bernard fala baixinho para o Barão
Duque Bernard: “De bela não tem nada."
Barão Brian: “Deixe me começar.”
O Barão limpa a garganta e começa.
"Um poema trago no peito
De bravura, honra e dever
Lutando pelo povo bretão
Preparado para ganhar ou morrer
Defendemos aquela colina miúda
Ao custo de muita agrura
Cercado de inimigos raivosos
E seus monstros furiosos
Mas lutamos como deuses!
De seus cães fizemos comida!
De seus gigantes fizemos muralha!
De nossos inimigos só sobrou o assombro!
E MESMO EMBRENHADOS NA LAMA,
CERCADOS DE BUCHOS, CARNE E VERMES
ENFORCAMOS AQUELES DESGRAÇADOS COM SUAS TRIPAS E...
Da aurora do quinto dia,
surge a espada reluzente
A coroa de glória e honra
Que salvou a pequena colina
Em prol da bela Britânia!”
A moça da um beijo no Cavaleiro enquanto outras suspiram apaixonadas. Os homens olham com admiração.
Homem: “Esses homens sobreviveram à tudo antes da chegada do Rei em Badon. Jogaram tudo em cima deles mas o sangue é forte como os finados Duque Enrick e o Barão Algar! Olhem é o novo Duque Breno! Ele quase morreu lá, mas dizem que protegeu a rainha como se fosse uma relíquia sagrada. Esse é um homem de verdade. Assim como o Pai que soube morrer como um verdadeiro Britânico! Contém para nós como foi estar lá meu Senhor!”
Duque Bernard: “Foi muito assustador! Achei que não íamos escapar. Fiz o que tinha que ser feito. O importante é que o nosso povo está salvo."
Garota: “Dizem que Breno, é o melhor escudeiro da Britânia e que já liderou homens em batalhas. É o mais corajoso entre os novos nobres! E dizem que ele gosta daquilo que os padres dizem que não podemos fazer! Quem sabe ele não nos mostre do que é capaz.”
Sem resistir ao encanto da bela plebéia e aproveitando ao assédio do povo em cima dos Cavaleiros, o rapaz se retira com ela para um beco.
Aplaudindo com passos largos e exagerados um homem surge põe entre os aldeões, com sua barba e bigodes compridos, com um penacho de pavão saindo do elmo, sua armadura toda enferrujada, muitos pontos manchados por sangue velho e seco e cada peça de uma proteção diferente, o Rei Pelinore se aproxima, enquanto as pessoas abrem caminho para ele e cochicham, com ares de medo e curiosidade. Ele para à frente dos cavaleiros e faz uma reverência.
Rei Pelinore: “Nobres armígeros, permitam-me dizer que é uma alegria inenarrável estar na corte do nobre Rei Celta Arthur Pendragão, e onde eu estava me dirigindo para cá em meu alazão, quando em um sítio saxônico abandonado, como um lar assombrado do inimigo de outrora, encontrei um pergaminho com a receita de bafo de dragão. Esta em algum lugar… Mas aí, esperem! Vocês estão ouvindo cachorros?”
Barão Brian: “Se concentra Majestade!"
Rei Pelinore: “Acho que me enganei.”
Duque Bernard: “E a receita de bafo de dragão?”
Rei Pelinore: “Que receita de Bafo de Dragão? Vamos que o Governante Pendragão nos aguarda.”
Irlanda:
Ao anoitecer os guardas, com as suas máscaras de ferro surgem novamente. Um deles abre a grade presa ao chão e outros dois, armados com arcos, apontam lá para dentro. A maioria dos prisioneiros ficam olhando para o chão. Tentando não chamar a atenção deles. Toda semana eles escolhem três homens para ir lá em cima. Em um ano nenhum deles voltou. Corajosamente Cormak ergue o queixo e encara os homens.
Guarda: “Você traidor! Amiguinho de Britânico. Suba pela escada agora. O fazendeiro e o velho também! Berash quer ver vocês, vermes…”
Então ao sair eles são cercados por cinco arqueiros e três lanceiros. Com as mãos amarradas para trás eles são levados a chicotadas. Ali fora existe uma grande vila, toda de palha e madeira, cercada por uma grande paliçada. Os guerreiros e guerreiras são tatuados nos braços e rostos com espirais e usam cotas por cima dos xales. Os três prisioneiros são levados para um salão, onde o cheiro de comida e o som de risadas e conversas são ouvidas. Ao abrirem a porta eles vêm o lugar lotado. Mulheres vestidas de guerreiras misturadas aos homens armadurados bebem e comem assados. O estômago dos prisioneiros se revira de fome. Todos ficam em silêncio. Um grande homem, o mais forte do salão, usando um tapa-olho, com a barba ruiva até a cintura, vestindo usando um xale verde e preto, os observa sentado em seu trono, ornado com dragões com padrões trançados em folhas de ouro. Eles são jogados de joelhos aos pés do homem. Cormak encara o líder da tribo Irlandesa e cospe no chão. Um grande tapa no rosto o derruba.
Berash: “Olha se não é o puxa saco dos Britânicos. Cormak, você carrega um nome Irlandês e vai viver com os Britânicos, seu Traidor! É verdade que servia Arthur?”
Escudeiro Cormak: “É verdade!"
Berash: “O que acha dele?”
Escudeiro Cormak: “É um Rei egoísta e mesquinho."
Berash: “Interessante! Você pode me render uma boa quantia de ouro, seu verme infeliz. Comecei a gostar de você apesar de achar que está mentindo para me bajular. Olhe ao redor. Está vendo? O meu salão não tem música. Os guardas disseram que em seus delírios, quando ferido, você cantou como um canário. Pois bem, vai divertir a minha festa. Quero que componha uma música para mim e para o meu povo. E para ficar mais divertido, se ela for ruim, mataremos o velho, usando como alvo de qualquer coisa que meus convidados possam arremessar. E o garoto terá que lutar contra nossa heroína, Mirela para nos entreter.”
Eles rapidamente arrastam o velho e o amarram na viga em posição de crucifixo. Ao garoto é dada uma espada embotada e um escudo surrado. Mirela, bela, com cabelos loiros, com um corselete de couro levantando seus seios, com as cochas musculosas à mostra, usa uma tiara de ouro com uma grande esmeralda na frente e dois braceletes de ouro em seus pulsos. Ela anda em circulo ao redor do garoto, como um tubarão, farejando sangue e se preparando para atacar a presa.
Torre Branca:
O Barão Brian, o Duque Bernard, o Escudeiro Breno e o Rei Pelinore entram na torre branca e sobem os corredores cheios de serviçais e escudeiros. O tilintar das esporas e botas ecoam pelas paredes de pedra. Quando entram no salão da Távola Redonda as conversas e as risadas estão animadas. Todos os cavaleiros do Rei estão de pé, ao redor da távola redonda, com seus elmos debaixo do braço. Estão ali Sir Lancelot, Sir Gawaine, Sir Sagramor, Sir Kay, Sir Tor, Sir Lamorack e Duque Robert. Quando os heróis entram, todos se viram e ficam em silêncio. O Duque Bernard parece se assustar achando que os Cavaleiros sabem de alguma coisa. Mas então todos se curvam em profundo respeito com a mão na altura do coração.
Conde Robert: “Agora chega dessa frescura e me dêem um abraço aqui seus piá de merda!”
Todos riem satisfeitos e se aproximam para cumprimentá-los. Os escudeiros dos presentes estão atrás, posicionados próximos a parede, com as mãos para trás.
Barão Brian: “Você Breno, para trás junto deles.”
Sir Sagramor: “Olha se não são os heróis da Britânia! Só se falam de vocês por todos os lugares. Uma mulher fez eu jurar que ia dar um jeito de colocá-la no quarto com vocês. Coitada, a preveni de que poderia ser uma experiência meio perturbadora! Principalmente esse seu escudeiro, Brian, com essa cobra cega solta por aí.”
Duque Robert: “Duque, quer dizer que anda se enrolando com tanta terra que tem que cuidar?”
Duque Breno: “Nem fale meu amigo! Mas agora tenho um castelão que deve organizar tudo."
Duque Robert: “E você Brian Herlews? Soube do seu sogro? Dizem que anda querendo parte de suas terras em nome de sua finada filha.”
Barão Brian: “É mesmo? É um homem difícil. Terei que conversar com ele.”
Rei Pellinore: “Nobres Armígeros, esperem! Rememorei o que estava lhes relatando!”
Sir Tor (rosto com rosácea): “Pai, já disse que não… Desculpem, ele está agitado hoje!”
Rei Pellinore: “Não sei do que falas, meu varão! Estava falando para os nobres da receita do Bafo de Dragão e de como a guardei num lugar seguro! Quase a toquei, quase… Mas consegui colocar a bolsa com o pergaminho no pescoço da peculiar criatura."
Sir Lamorack (forte como um touro): “Pai! Não acredito.”
Todos os Cavaleiros ficam frustrados. Ter o bafo de dragão seria uma arma que tornaria o reino praticamente invencível.
Sir Lancelot: “Bernard, sinto muito pelo seu pai. Só o conheci na última campanha. Era um homem de verdade! Protegeu Excalibur e o Rei com a maior lealdade e glória que pude testemunhar. Não sei porque achei que ia ser difícil servir Arthur, você tirou um peso de minhas costas Bernard…”
Sir Kay: “Meu irmão está muito grato por terem resistido. Soube que ele irá recompensá-los. Inclusive você rapaz. Breno tem nosso respeito por tudo que fez. Estamos chamando você de Breno, Matador de Gigantes.”
Duque Robert: “Mas também o chamamos pelas costas de Breno Fazedor de Crianças. Tenho notícias do escudeiro Cormak. Alguns dos aldeões que estavam na colina de Badon dizem que o viram ser levado preso por um grupo de mercenários Irlandeses, que lutavam para Aelle, enquanto fugiam do ataque final, liderado pelo Duque Enrick.”
Sir Gawaine: “Soube que o meu irmão debandou do exército de Aelle e lutou com vocês. Ele me procurou pedindo para que eu intervisse para ser recebido na corte do rei. Mas não pude fazê-lo. O ódio ainda me corria as entranhas. Sir Agravaine não deverá voltar para a corte tão cedo.”
Mostra o olho perdido com a espada do seu próprio pai, Rei Lot, quando se recusou a deixar a lealdade ao Rei Arthur.
Então a porta de trás do trono se abre e o Rei Arthur entra no salão. Ele está usando uma grande pele de leão marrom e a coroa com o dragão. Na sua cintura pende excalibur. No seu rosto a sua barba marrom está densa e seus cabelos estão longos. Todos se prostram em respeito. Ele vai até os heróis e os abraça.
Rei Arthur: “Sejam bem vindos a minha corte mais uma vez. Você também, Breno! Não esqueça que eu era um escudeiro. E servi seu pai, não é, Bernard? Meu coração ainda está esmagado de perdê-lo. Breno, nunca fui tão bom quanto você! Tenho em grande consideração rapaz. Brian e Bernard, sentem-se em seus lugares na Távola, por favor. Eu tomarei o meu assento. Não esqueçam que nessa mesa somos iguais. Como seus pais faziam com os Cavaleiros da Cruz do Martelo. Às vezes quando caminho por aqui, tarde da noite sozinho, eu sento e fico imaginando Marion e Enrick sentados comendo. Os outros Cavaleiros os visitando, rindo, planejando batalhas. Que época maravilhosa deve ter sido. Que irmandade, que camaradagem.”
Os outros cavaleiros ficam de pé ao redor da mesa com as mãos para trás. E Bernard, Brian e o Rei Arthur colocam suas espadas, no espaço destinado, em cima da grande mesa. Nas cadeiras, no alto do encosto, estão os seus nomes gravados em ferro e seu brasão de família. Seus escudeiros se posicionam do lado com os seus estandartes.
Rei Arthur: “Nossas reuniões sempre começarão com os cavaleiros contando os seus feitos. Então Duque e Barão, contem-nos como foi que resistiram no alto daquela maldita colina.”
Barão Brian: “Era noites frias e dias de calor insuportáveis em cima daquela colina. Estávamos cercados por todos os lados. Recebemos ataques e resistimos. Fogo chovia do céu enquanto nosso povo padecia.”
Duque Enrick: “Quando os gigantes subiram a colina minha irmã, Ellen, surgiu. E ela nos salvou a todos. Entrou na mente de um deles, como uma troca pele de Avalon e matou uma das terríveis criaturas. Breno enfrentou corajosamente uma delas e também a matou.”
Barão Brian: “Os gigantes serviram de muralha para o nosso povo até que travamos o combate derradeiro. Pensamos que íamos padecer mas o Duque Enrick surgiu com você, Majestade, e nossos Cavaleiros. O resto vocês sabem."
Todos escutam com tamanha atenção que as palavras dos heróis ecoam pela torre branca.
Rei Arthur: “Contarei a minha. Quando o seu pai chegou no Norte Bernard, ele não quis saber de esperar para os saxões morrerem dentro da paliçada que fizemos. Ele juntou nossos melhores homens, entrou na noite e matou o chefe saxão que os comandava dentro da tenda que ele dormia. Pela manhã o inimigo descobriu o que tinha acontecido e se entregou, faminto e doente. Então, um velho chegou no acampamento. O corpo curvado como um galho seco, muito doente. Dizia que era amigo de Algar Herlews, que tinha capturado o Rei saxão Cerdic e dado de presente a Nanteleode. Contou feitos e estórias e virou a diversão do acampamento. Ninguém o levou a sério. Seu nome era Geoffrey. Quando o finado Duque Enrick descobriu quem era deu ouvidos ao velho e descobriu que todo exército de Aelle estava marchando para o Oeste. Então corremos ajudá-los. Infelizmente o velho morreu naquela mesma noite. Disse que tinha que ter feito algo bom na vida antes de partir para o inferno dos Cristãos… Pois bem Cavaleiros da Távola Redonda e Cavaleiros do Rei! Chamei-os aqui para recompensá-los pelos serviços prestados. O butim dos saxões nos rendeu muitas libras e terras. Gostaria de entregá-las. Tenho muito que lhes agradecer meus amigos. Por isso levantem-se para eu recebê-los como Barão Bernard Stanpid e Conde Brian Herlews! Seus pais devem estar muito orgulhosos de cada um de vocês. E esse escudeiro? Breno? O que acham dele? Está preparado?”
Conde Brian: “Esse garoto só arruma confusão e filhos. As crianças e as mulheres tem me deixado louco. Mas pelos Deuses, ele é o escudeiro mais corajoso da Britânia.”
Rei Arthur: "Cite seus feitos rapaz, além de povoar metade do reino com os seus filhos!”
Escudeiro Breno: “Matei um Rei Saxão em combate singular, liderei homens em batalhas, matei um gigante em Badon."
Rei Arthur: “O que acham homens? Ele está pronto e com glória para ser respeitado?”
Então todos os cavaleiros batem com suas armas no chão aprovando a sugestão do rei.
Rei Arthur: “Então se ajoelhe diante do seu Senhor, rapaz. Ele está pronto para lhe dar um tapa nesse rosto que as mulheres tanto gostam."
Conde Brian: "Ajoelhe escudeiro! Você veio aqui para tornar um homem virtuoso e justo. Receba agora o instrumento para que realize tais atos.”
Os escudeiros reais entregam as espadas, as esporas, o escudo e por último vestem a armadura em Breno.
Conde Brian: "Receba em nome do Rei e do poder maior estes instrumentos consagrados para que tenha proteção e possa fazer valer a vontade dos que o protegem. Que seja conhecido por todos os homens que eu Barão Brian, para surgir da virtude da honra, lealdade, valor e habilidade com armas para o mais alto ranking da cavalaria este homem. Você jura a mim e ao Rei Arthur que será verdadeiro e justo?”
Escudeiro Breno: “Sim!”
Conde Brian: "E em nome do Rei Arthur defendê-lo e obedecê-lo até que ele deixe o trono ou a morte o leve?”
Escudeiro Breno: “Sim!”
Conde Brian: "Então que isto ocorra pela última vez como um homem comum.”
Então o Conde aplica um tapa no rosto do rapaz que fica com as bochechas vermelhas enquanto todo o salão cai na gargalhada.
Rei Arthur: “Se levante, Sir Breno Stanpid."
Todos os cavaleiros o aplaudem e se aproximam para abraçá-lo o recebendo como um irmão de armas.
Rei Arthur: “Outro tema senhores, de extrema importância. Hoje elegeremos dois Cavaleiros para a Távola Redonda. Todos aqui são grandes guerreiros e tem seus feitos. Os candidatos são: Rei Pellinore, Duque Robert, Sir Sagramor, Sir Tor, Sir Lamorack, Sir Gawaine, Sir Kay e Sir Lancelot. Por favor, os cavaleiros citados podem se retirar para debatermos o assunto senhores.”
Barão Bernard: “Majestade, eu acredito que todos são grandes cavaleiros mas Sagramor sempre foi muito fiel a coroa e Sir Lancelot tem metade de seu sangue e é o melhor espadachim do reino.”
Conde Brian: “Concordo com as palavras do Barão.”
Rei Arthur: “Que assim seja, então! Arauto, pode chamar os Cavaleiros."
O Rei Arthur os anuncia enquanto todos se abraçam os cumprimentando. Enquanto os arautos anunciam pela cidade e levam cartas aos nobres nos quatro cantos da ilha anunciando os títulos ganhados pelos Herlews e Stanpids e sobre a investidura na Távola Redonda dos novos Cavaleiros, Sir Sagramor e Sir Lancelot.
Pagem: “Barão Bernard! A rainha lhe aguarda no jardim norte.”
Muitas pessoas presentes olham desconfiados para a relação de Bernard com a Rainha Gwenever. O Conde Brian percebe que o Rei Arthur parece saber algo mas está resignado.
Rainha e Bernard:
Bernard deixa o salão, desce as escadas apertadas circulares até o jardim. Lá está Gwenever sentada em um banco de pedra. O recém ordenado Barão sente seu coração acelerar quando vê a rainha. A cada dia ela parece mais linda. Ela se levanta com energia e se aproxima sorrindo para o Cavaleiro, com os olhos apaixonados. Então a bela mulher Ela dá um tapa no rosto do novo Barão… Então sorri.
Rainha Gwenever: “Nunca mais fique um ano inteiro sem vir até a corte, meu querido. Se pudesse estaria te beijando nesse momento, mas aos olhos de todos só posso lhe oferecer esse tapa.”
Então ela dá o braço a seu protetor e os dois começam a caminhar pelo jardim seguido pelas Damas de Compania da rainha.
Rainha Gwenever: “Sentiu a minha falta? Eu tenho pensado em você todos os dias, todas as horas e em todas as minhas respirações. As pessoas da corte tem me cobrado porque não tenho cumprido meus deveres reais. Sim meu amado, tenho me deitado com o rei mas nesse tempo que estamos juntos, nem um filho veio disso. Arthur me trata com carinho e respeito e nunca me cobra nada, mas sinto que parece ansioso por não termos concebido um filho. Eu não sei mais o que eu devo fazer meu amado.”
Barão Bernard: “Minha rainha, tenha calma. Nós temos que ser discretos.”
Rainha Gwenever: “E se você viesse até mim essa noite e tentássemos fazer um bebê? Assim poderia dar ao Rei um herdeiro e o povo não ficaria contra o reinado de Arthur.”
Bernard fica consternado com o pedido da bela Rainha. Sua cabeça parece rodar. E a lealdade com Arthur e o pedido do amor de sua vida, Gwenever?
Barão Bernard: “Eu preciso pensar minha Rainha. Não é um pedido fácil.”
Os dois se despedem. Depois de pensar o dia inteiro sobre o pedido de Gwenever, ao cair da madrugada, o Barão Bernard vai até o quarto da Rainha e lá fazem amor.
SEGUNDA PARTE:
Em Tishea o verão deixa tudo verde e com cheiro de mato. O vento quente sopra e o calor deixa tudo abafado. Percival de Avalon, Tristan Herlews, Dragonet de Sarum, Gondrick Stanpid II e Galahad Pendragon estão perfilados, um ao lado do outro, debaixo do Sol, há quatro horas. Tristan parece que vai desmaiar a qualquer momento. Então escutam o tilintar do som de esporas se deslocando atrás deles. Depois o som de uma lâmina de espada saindo da bainha é ouvido seguido de um grito: “Morteeee!”. A única coisa que os garotos vêem é um homem se deslocando rápido por entre eles. Ele usa um elmo e uma cota normanda, não usa escudo, e está armado com uma espada de cavaleiro de duas mãos. Tem proteções de aço prateado nos braços, luvas de perneiras. Ele se move como se tivesse dançando. Quando está atrás de um deles para se defender ele parece desferir um golpe pela frente. Rapidamente na primeira passagem ele derruba Tristan, Dragonet e Galahad com golpes ligeiros de espada, com a parte chata da lâmina e da guarda nos elmos. Então, ele faz um movimento com o polegar e da guarda trabalhada da espada prateada, sai uma lâmina.
Percival de Avalon: “É a ferrão prateada! Espada de Madoc. É o filho dele, Lancelot!”
Gondrick II: “Estamos ferrados!"
Rapidamente os outros dois garotos são derrubados com a lâmina da guarda, fincando no escudo de Gondrick e fazendo um garoto trombar um com o outro e ficam no chão, tontos, tentando se levantar. Então o cavaleiro recolhe a lâmina da guarda e coloca a lâmina na bainha novamente. Ele retira o seu elmo e eles reconhecem imediatamente Sir Lancelot, o qual os antigos cavaleiros diziam ter uma semelhança incrível com o seu pai, o Príncipe Madoc.
Irlanda:
Berash: “Está pronta a sua música, Cormak, traidor dos Irlandeses? Vamos ouvi-la. Freckles vai lhe acompanhar no alaúde. Não esqueça que todos que trouxe do buraco para cantar não satisfizeram a expectativa de meu povo. Agora cantam sete palmos abaixo da terra.”
Um bardo Irlandês, um anão ruivo, cheio de sardas em seu rosto branco e faltando alguns dentes, se aproxima. Ele fala com uma voz com sotaque carregado.
Freckles: “Então você irá cantar essa noite, meu rapaz? Será capaz e sagaz?”
Cormak olha desconfiado para ele dando de ombros.
Escudeiro Cormak: “Minha música não parece boa. Um pouco repetitiva.”
Freckles: “Relaxe, se deixe levar, um pouco de medo vai dar. Mas encantar é cantar! Então só basta a boca falar.”
Freckles entrega um pequeno trevo de quatro folhas para Cormak.
Freckles: “Gostei de você! Posso te ajudar, pegue esse trevo de quatro folhas que não vai falhar. Uma para cada desejo a se realizar, basta pensar e desejar. Mas… Não esqueça que deverá a dívida pagar, na hora certa eu irei te visitar.”
Então Freckles vai até o centro do salão e começa a tocar as cordas de seu alaúde. O salão fica em silêncio e parece hipnotizado pelo som. Cormak parece desejar mais do que nunca cantar e os versos vem em sua boca. E uma bela voz em sincronia com Freckles começa a encher o salão.
Escudeiro Cormak:
“Oh Berash, comandante da ilha do norte!
Bravo e temido mercenário que controla a morte,
Com a sua imensa barba ruiva sem corte,
Se banqueteia em honra dos saques e aportes,
A bolsa repleta de ouro e trevos da sorte,
Homens e mulheres guerreiros unidos cantem comigo mais forte,
Avante reino do norte,
Em nome dos deuses trazendo a morte!”
Quando a música acaba o salão inteiro grita e os guerreiros e guerreiras batem seus canecos na mesa, saudando a bela voz e a grande canção que Cormak cantou. O chefe da tribo se levanta irado e olha para o rapaz.
Berash: “Espertinho! Agora o meu salão te ama, traidor. O que posso fazer com você? Era para ser mais uma piada. Você vai me render uma bela quantia em ouro mas os outros são vermes, não valem a comida que dou à eles. Matem o velho e o garoto!”
Imediatamente Mirela gira, cortando a traquéia do garoto britânico que cai de joelhos com as mãos na garganta e com os olhos esbugalhados se esvaindo em sangue. Então ela atira a espada, que gira no ar, enterrando a lâmina no peito do velho, que geme de dor enquanto seu corpo vai ficando relaxado e a vida se esvai de seu corpo.
Berash: “Já enviei um mensageiro pedindo o resgate para Arthur, ou seja, você vai viver enquanto isso. Mas para evitar que eu o liberte e se vingue, coloque a mão em cima da mesa.”
Escudeiro Cormak: “O que?”
Então dois guardas seguram Cormak e colocam sua mão direita em cima da mesa. O rapaz se debate, mas fraco e mal alimentado ele não consegue se livrar.
Berash: “Me dê sua espada Mirela!”
Tishea:
Sir Lancelot: “Levantem-se e recomponham-se. Galahad, não ouse me chamar de pai aqui. Sou Sir Lancelot du Lake, enviado pela Vossa Majestade Rei Arthur Pendragon para treiná-los. Cresci na terra dos Francos em St. Michel, fui criado pelo Rei Boors e minha mãe adotiva Viviane, que me levou para lá. Mas sou filho de Madoc Pendragon que era meio irmão de Arthur e conta as lendas que minha mãe vivia do outro lado do véu. Portanto corre em minhas veias o sangue dos Pendragons e da Britânia. Agora é a vez de vocês, apresentem-se.”
Dragonet: “Sou filho da Condessa Ellen de Sarum, irmão do Conde Robert e filho de Sir Leo dos Romanos. Estive no monte Badon, enviado pela minha mãe, vestido como o Cavaleiro Branco, líder do Bando Branco e pregamos um grande susto no acampamento saxão e botamos fogo no Bafo de Dragão deles.”
Sir Lancelot: “Muito bem baixinho.”
Dragonet de Sarum: “Baixinho é a mãe!”
Dragonet treme de nervoso.
Sir Lancelot: “Irritadinho, é? Isso é bom!”
Galahad Pendragon: “Bem, sou filho de Lancelot e minha mãe é Heiling. Ajudei a salvar o Duque Enrick Stanpid e a expulsar a escuridão que tinha em sua alma na ilha de Wight. Quero proteger as pessoas boas e os animais como Jesus ensinou.”
Sir Lancelot: “É bom ter o seu Deus do nosso lado menino! E agora vocês!”
Gondrick Stanpid II: “Eu sou filho de Sir Breno. Sento no trono do Conde Brian a hora que eu quero e não estou nem aí pra você."
Sir Lancelot: “Temos um rebelde aqui! Muito bem rapazinho, terei que te adestrar como um potro selvagem. Gosto disso!”
Percival de Avalon: “Sou filho de Ellen, agora uma das Damas do Lago. Sou de Avalon e as brumas não me assustam.”
Sir Lancelot: “Também caminho pra lá do véu garoto. Com certeza você irá descobrir em breve algumas coisas ocultas dentro de você mesmo."
Tristan Herlews: “Sou o neto do Barão Algar, filho do Conde Brian. Cheio de glórias e conquistas! Dos homens do gelo e eu serei o melhor deles, o mais glorioso Herlews! Pode ter certeza disso!"
Sir Lancelot: “Rapaz, tem a quem puxar! Vocês vem de uma linhagem de heróis. De homens cheios de glória que morreram em campo de batalha. E sabe o que quer dizer isso? Absolutamente nada! Vocês não a conquistaram com as suas próprias mãos. Vocês terão que sozinhos empunhar as suas armas em nome do Rei e escrever seus nomes na história da Britânia, se sobreviverem. Títulos são só palavras! Não servem de nada quando estiverem em meio há um combate com amigos e companheiros caindo mortos ao redor de vocês. Não pensem que são escolhidos e afortunados! Pois não são! Vocês viram como os grandes guerreiros chegam no final de suas vidas. Alguns mutilados, outros loucos, e a maioria sem ninguém ao seu lado. Sim, rapazes, não pensem que são nobres, que os Deuses ou o Cristo olhou para vocês e os escolheu, na verdade eles esqueceram de vocês. Por isso tem a obrigação de defender seu povo e seu Rei com a própria vida! Mas para isso terão que fazer muito melhor do que fizeram hoje!”
Então eles escutam um corno de guerra soar. Um dos guardas grita do alto da muralha.
Guarda: “Invasores! Eles já estão no segundo pátio!”
Irlanda:
Então o chefe da tribo, Berash, levanta a espada enquanto dois guerreiros seguram Cormak que grita desesperado. A espada desce e decepa a mão direita do escudeiro. Uma dor aguda nubla seus olhos. Ao mesmo tempo eles escuta o som de batalha do lado de fora.
Berash: “Quem ousa?”
Então as portas do salão se abrem e é inundada por um mar de guerreiros barbudos, loiros e ruivos, com tatuagem de corvos, Wotan e Thor pelo corpo. Os Irlandeses bêbados e com as suas armas penduras nas paredes do salão não tem tempo de reagir. O lugar vira um matadouro. Em poucos minutos todos os Irlandeses estão mortos. Um guerreiro ruivo, com mais de dois metros de altura joga uma cabeça aos pés de Berash.
Berash: “Esse era o meu mensageiro. Esperem eu tenho uma proposta, eu tenho ouro!”
Então o guerreiro levanta o líder da tribo pelo pescoço e o atira na mesa. Ele pega a espada que estava nas mãos de Berash e coloca nas mãos de Cormak. Mirela é estuprada algumas mesas atrás e é estripada em seguida. Cormak olha para os olhos do Irlandês que tenta se levantar e então crava a espada no centro de sua barriga. Com um som estranho ele espuma sangue e morre.
Thorkell: “Fala a minha língua?”
Cormak percebe que é a mesma língua que sua mãe falava e sim, ele entende o guerreiro.
Thorkell: “Estávamos pilhando o mar mais ao sul e encontramos um barco Irlandês. Torturei esse imbecil até que ele abriu o bico e disse que tinha o filho de Algar Herlews, Cormak Herlews e que iria pedir um resgate ao Rei Arthur. Não podíamos deixar você aqui, Cormak, o filho de Beowulf. Você vai conhecer a terra de onde os antepassados de seu pai vieram. Vamos homens, os barcos estão prontos! Peguem todo ouro que puderem carregar. Hoje é dia de celebrar, um Herlews está voltando para casa. Ah, sou Thorkell Herlews, seu Tio.”
E assim os barcos vickings partem para o norte levando Cormak que vê a aurora boreal pela primeira vez naquela noite e recebe um bando de corvos como presente de honra dos guerreiros que o salvaram.
Tishea:
Então, 6 homens encapuzados invadem o pátio centrar do castelo de Tishea. Três deles se ajoelham e atiram com bestas. Sir Lancelot se movimenta rápido e rola para o lado enquanto dois virotes atingem seu escudo. Ele dança rápido ao redor dos homens e mata os três com um só golpe de espadas.
Os outros quatro homens se aproximam dos garotos. São cavaleiros armadurados usando espadas e escudos com brasões que eles não conhecem. Em extremo silêncio eles se aproximam lentamente fechando um circulo. Eles vêem Lancelot se movendo atrás do círculo, a areia se levanta com os seus rápidos movimentos, mas o cavaleiro parece estar ferido com um virote no pescoço e derrepente cai sem forças em uma poça de sangue. Nos portões a guarda de Tishea chega e corre em direção aos garotos, mas caem mortos a meio caminho, cravados de virotes vindos sabe lá da onde. A última coisa que os meninos vêem são as luvas de aço acertando os seus rostos.
Aos poucos eles acordam. O cheiro do mar e o som das gaivotas lá fora, misturados ao cheiro de vômito do porão do navio onde estão, os tira do torpor. Suas cabeças doem com as pancadas que receberam e seus pulsos estão marcados com as cordas que os amarram nas argolas do chão. Logo o barco parece diminuir a velocidade e eles sentem o tranco quando a embarcação entra num rio, o cheiro da água muda completamente. Enquanto isso passos no convés acima e conversas ao longe, numa língua que não podem identificar, chama a atenção.
Então o barco encostar num porto. Um clarão invade o porão quando é aberto e eles são arrastados por meia dúzia de cavaleiros por uma escada até o convés. Um grande castelo se ergue diante de seus olhos. Um homem forte e alto com barbas cheias até o peito, usando uma coroa na cabeça de cabelos cinzas e com roupas caras cobrindo sua armadura se aproxima. Os cinco são levados ao porto de pedra e atirados de joelhos. Ao fundo Lancelote é carregado, branco, praticamente morto. O estranho Rei fala com sotaque carregado.
Rei Claudas: “Bom dia Britânicos! Sou o Rei Claudas dos Francos! Bem vindo a França. Fico muito feliz de saber que o futuro da sua pequena ilha está em minhas mãos agora. Aliás o futuro das famílias daqueles que me fizeram cair como rei dos Francos. Mas agora tomei o que é meu e a coroa voltou as minhas mãos. Nunca esquecerei Bayeux e farei com que os descendentes daqueles que me atacaram covardemente uma vez, sofram o mesmo que sofri durante os últimos trinta anos! Joguem-os no calabouço! Sem poderem treinar para serem cavaleiros, serão inúteis como qualquer maldito aldeão!”
FIM