quarta-feira, 6 de julho de 2011
Aventura 22: O Crepúsculo dos Celtas, Ano 496
Depois da Batalha de Saint Albans e das milhares de pessoas que perderam seus filhos e pais e parentes chorarem seus mortos, Logres, no ano de 496, se transformou em uma terra sem líderes. O Reino agora é um amontoado de cidades independentes. Os poucos nobres sobreviventes trancam-se em suas fortalezas com medo. A pouca terra cultivada e a falta de braços para trabalhar nas lavouras não produzem comida suficiente para todos. Quando chegam as primeiras nevascas e os dias ficam mais curtos, as pessoas mal alimentadas e o frio trazem a peste e morte espalhando-se pelos feudos como fogo na palha. O tempo é de crise e o futuro é incerto. A terra sem Rei parece estar doente.
FEUDO DINTON
No grande salão do castelo de Sir Enrick e Lady Marion, no fim da tarde, tudo está preparado para receber a visita dos Cavaleiros da Cruz do Martelo e Sir Léo. Um pássaro, enviado pelo Cavaleiro, chegou há poucos dias avisando da reunião. Sir Berethor trouxe esse novo tipo de comunicação da terra dos francos, onde os romanos a usavam em larga escala, e o Comandante Gwenwynwyn foi até o outro lado do canal buscar os treinadores e os animais com o barco do Barão Algar, Fúria de Njord.
Lá fora a neve cai em finos flocos que flutuam abaixo das nuvens cinzas baixas. Ellen está no colo da Aia de Lady Marion, Lady Mathilde, uma senhora francesa que criou Lady Marion em Tishea e agora mudou-se para Dinton para ajudá-la com a criança. Padre Carmelo e Gondrik Stanpid estão sentados com Sir Enrick e Lady Marion, na mesa de banquetes redonda, tomando um caneco de hidromel. Oswalt está ao lado, com uma espada de treino, dando golpes no ar ensinando o bastardo Bernard a lutar. Os irmãos mais novos de Sir Enrick brincam correndo pelo salão com os cachorros e os mais velhos dançam animados pelo velho bardo Deverell.
Oswalt dando golpes no ar: “Por Logres! Morra saxão! Será que lutaremos em breve irmão? Quero parede de escudos, glória e mais aventuras!”
Sir Enrick: “Espero que não... Estamos reconstruindo Logres Oswalt. Nossos exércitos estão muito reduzidos.”
Bernard: “Eu também quero lutar! Posso ir junto senhor?”
Sir Enrick: “Tente me chamar de pai menino. Na hora certa poderá ir. Por hora vai treinar comigo todos os dias com aquela espada que eu fui consagrado Cavaleiro por Uther.”
Bernard fica empolgado e acerta o antebraço de Oswalt que o olha com cara de brabo, mas logo depois dá um sorriso e continuam a brincar de lutar.
Gondrik Stanpid: “O menino pegou gosto pelo ofício filho! Mas lutar é coisa séria Oswalt. Fale pra ele Lady Marion!”
Lady Marion: “Já esqueceu que quase morreu contra os saxões Oswalt? Lutar é perigoso. Talvez da próxima vez o Barão Algar não esteja lá para te salvar.”
Gondrik Stanpid: “Muito bem minha nora. Vocês sabem que estou me acostumando a minha cegueira. Cuidei de tantos cavalos na minha vida que acho que consigo fazer no escuro o meu trabalho.”
Padre Carmelo: “Eu lhe ajudo meu senhor! Adaptemos algumas coisas e logo os Cavalos Stanpid correrão pelas planícies da Britânia novamente.”
Gondrik Stanpid: “Na verdade com a permissão de Lady Marion e de você filho, gostaria de ensinar para Bernard a nossa tradição de criar cavalos.”
Sir Enrick: “Desde quando precisa pedir permissão meu pai.”
Gondrik Stanpid: “É que agora você é o senhor da casa meu filho.”
Sir Enrick: “Eu não consigo me acostumar com isso.”
Padre Carmelo: “Como eu ia dizendo senhor e senhora Stanpid. Os aldeões estão fracos. Essa guerra realmente prejudicou nossas colheitas e as nossas reservas de comida. Algumas crianças morreram de friagem no pulmão e os mais idosos estão com peste. É uma questão de tempo para os adultos começarem a adoecer. Dizem na vila que os deuses nos abandonaram quando Uther virou as costas para eles. Precisamos fazer algo e rápido. Temos rezado muito mas parece que nem aquele que mora no alto está nos ouvindo agora.”
Então a porta do Grande Salão se abre e um vento gelado apaga algumas velas. Sir Amig e Dylan entram. Eles batem a neve que se descongela com o calor do fogo aceso, num quadrado no chão, e tiram as suas luvas. Os dois usam capas negras com capuzes e por baixo suas cotas de malha. Dylan está com o braço em uma tala e uma grande cicatriz vermelha na testa.
Sir Amig: “Boa tarde Princesinha! Boa tarde Flecha Ligeira! Vejo que a Velhota já se instalou em sua boa casa Cavaleiro.”
A Aia olha feio para ele e Amig responde com uma careta.
Sir Amig: “Servos, podem servir hidromel, com esse frio é a única maneira de se aquecer adequadamente! E vocês gurizada venham dar um beijo no vô seus porqueira. Bernard, você também, venha cá e me cumprimente! Isso, tenha modos rapaz! Em breve vou te levar para Tishead e quero que passe um tempo comigo lá. Com a permissão de Lady Marion e de seu Pai, é claro! Vou levar o Brian, filho de Algar, para te fazer compania e poderão brincar e se aventurar por lá como eu fazia quando criança. Lá começarão os treinos para pagem. O Mestre de Armas Einion os espera ansioso.”
Sir Amig e Dylan riem.
Sir Dylan: “Como vão? Recuperada irmã? Apesar de sair ferida, foi uma heroína na Batalha de Saint Albans Lady Marion. Só se fala nisso por toda a Britânia. Estamos com sérios problemas em Tishea! Falta de comida e peste. Tem que cuidar dessas crianças, perdemos algumas no norte nesse inverno.”
FEUDO WINTERBOURNE GUNNET
Barão Algar recebeu há duas semanas a mensagem para participar da Reunião em Dinton. Como um dos poucos nobres com títulos, sobreviventes de Logres, sua palavra passou a ter bastante peso. Lá fora em seu Cavalo, na frente da Toca do Lobo, admirando a arcada do gigante morto no combate de Saint Albans, colocada na entrada do grande salão de banquetes, o Barão já está montado ao lado do seu escudeiro Caulas, Sir Verius e Urco em meio a neve que cai.
Caulas: “Todo cuidado é pouco tio! As fronteiras estão desprotegidas. Tegfryn disse que nas estradas podemos encontrar qualquer coisa. De animais famintos até saxões.”
Björk, o loiro, castelão de Winterburne Gunnet, vestido com capa de lã de carneiro sobe até ao castelo, vindo da vila coberta de neve montado em um pônei.
Björk: “Barão, Barão! Espere senhor! O Druida da vila dos aldeões pediu para lhe avisar que metade de seus servos e soldados estão doentes. Falta comida e o frio está fazendo um estrago Milorde! Disse que logo começarão as mortes. Devemos estar preparados.”
Eles partem enquanto a Baronesa Adwen vem até a porta com Brian pela mão. Eles acenam enquanto os Cavaleiros se afastam pela paisagem branca. Barão Algar, Sir Verius, o cachorro Urco e seu sobrinho, o escudeiro Caulas, viajam pelas estradas cheias de neve. As patas dos cavalos afundam no tapete branco macio de gelo, a viagem é lenta e difícil. Após duas horas de cavalgada eles passam o antigo muro romano do Feudo dos Stanpid e entram em Dinton no sopé das montanhas. O branco cobre tudo. Eles passam pelo bosque com as árvores sem folhas e logo pegam a estradinha que serpenteia até o alto do forte. Quando chegam no Motte and Bailey os cavalariços os recebem.
Cavalariço: “Bem vindo Barão! Sir Sir Enrick o aguarda!”
Então eles entram no grande salão aquecido de Sir Enrick e Lady Marion. A decoração é rústica com ferramentas de estrebaria penduradas nas vigas e grandes colunas com cavalos esculpidos. O chão e paredes são forrados com peles de cavalo. Uma grande lareira acesa aquece o interior e uma mesa redonda grande, feita com o molde de uma das rodas do trebuchet destruído na batalha de Saint Albans, preenche o salão. Urco corre para Sir Enrick e Lady Marion pulando e fazendo festa.
Sir Amig: “Barão! Como está? Recuperado do passeio que deu na mão do gigante?”
Barão Algar: “Sabe que fez bem as minhas costas? Ahahahah.”
Sir Amig: “Vocês souberam do seu amigo Barão, Arcebispo Dubricus? O homem se autoproclamou Santo depois que fugiu de Saint Albans! Disse para todos que esteva lá o tempo todo e que rezou e os anjos desceram do céu matando os gigantes.”
Barão Algar: “Parece que Lady Marion além de ser filha de Avalon e heroína de Saint Albans também é uma anja!”
Lady Marion sorri e só inclina a cabeça em direção a Barão Algar. Neste momento Sir Dalan e Sir Bag chegam. Entram tremendo. Eles usam por cima das capas, peles de urso marrom e suas botas vem cheias de lama e gelo. Dalan caminha com a ajuda de um cajado, manca bastante da perna esquerda e parece estar com dores fortes cada vez que se move..
Sir Dalan: “Milady! Flecha Ligeira! Que frio! Vim escoltar o noivo aqui.”
Sir Bag: “Pois é! Vou casar amigos, com Lady Mared! Já era hora.”
Sir Amig: “A viúva de Sir Elad? Mas nem esperou o cadáver do pobre homem esfriar texugo?”
Sir Bag: “É o amor Sir Amig! O duro é ter que levar a velha junto! Acho que vou casar ela com você.”
Sir Amig: “Prefiro casar com os gigantes, Eosa, Sir Edgar, Syagrius, todos juntos de uma vez só!”
Sir Verius: “Bom amigos! Estou hospedado na casa de Barão Algar. Acho que não voltarei tão cedo para casa. Jurei lealdade a Lady Lady Marion e só irei depois que essa escória bárbara for expulsa da Britânia. Nos ritos de Mabon, um druida me contou, que coisas estranhas tem acontecido ao norte na Floresta Sauvage. Parece que como Excalibur foi forjada pelo povo das fadas e depois levada a Avalon e que a morte de Uther, que de certa forma tinha a vida ligada a espada sagrada, fez com que o véu se estreitasse de uma forma que o mundo dos espíritos, das fadas e dos homens se encontrassem mais uma vez.”
Coberto com um sobretudo de pele e por baixo usando a sua armadura romana e capa vermelha, Sir Berethor entra no salão acompanhado pelo simpático Sir Léo, também cavaleiro romano.
Sir Berethor: “Boa tarde! Amigos, a estrada de Sarum até aqui está quase impossível de se transitar. Saímos do castelo cedo e só chegamos agora, quatro horas de cavalgada. Me perdoem o atraso. As coisas não estão fácil na cidade.”
Sir Léo vai sentando e pedindo um caneco de hidromel: “Por isso amigos, mandei as mensagens à vocês. A propósito. Obrigado por nos receberem Sir Sir Enrick e Lady Lady Marion. Os Cavaleiros da Cruz do Martelo é a única ordem da Cavalaria que sobreviveu em nosso reino. Os outros Cavaleiros estão sem senhores buscando novos Lordes, a maioria deles sem sucesso. Estamos mergulhando em um caos sem precedentes e acredito que somente vocês poderão impedir que essa terra permaneça sem leis. Venho em nome da Condessa Ellen conversar com os senhores sobre isso.”
Sir Dalan: “Antes de começarmos! Tenho notícias do Duque Ulfius e Sir Brastias. O Duque está se recuperando dos ferimentos, apesar das sequelas pesadas que ficarão para sempre. O seu Ducado tem resistido as invasões do norte. Já Sir Brastias, talvez nunca se recupere. Está no mosteiro de Amesbury aos cuidados dos monges. Eu visitei o homem. Está todo deformado pelas queimaduras. Até sua voz foi afetada, as chamas o queimaram até por dentro de sua garganta. Que os deuses dêem o melhor a ele já que é um bom homem.”
Sir Berethor: “Eu soube que Ulfius já está reunindo o Supreme Colegium em Silchester, o Alto Conselho da Britânia com os líderes das principais tribos celtas e muitos Reis estão se apresentando como candidatos a Pendragon.”
Sir Léo: “Senhores! Anglia, Deira, parte do Sul de Salisbury agora se chama Essex, Kent, Nohaut, são agora territórios saxônicos como Sussex. E o pior, cada um desses reinos agora são independentes e dominados por bárbaros que se declararam Reis.”
Sir Amig: “Que época. Qualquer infeliz com meia dúzia de seguidores está se declarando Rei na Britânia.”
Sir Léo: “Exatamente Sir Amig. Por isso a Condessa me chamou, sou primo dela. Ellen me pediu para lhes explicar o que acontece. O herdeiro do Conde Roderick, o jovem Robert, tem quatro anos de idade. E é ele o sucessor de direito a regência de Sarum e ao título de Conde. Acredito que todos vocês que tem filhos e gostariam que seus títulos e terras, conseguidos com sangue e suor fossem cedidos aos seus herdeiros. Mas não é isso que parte da nobreza de Logres quer. Alguns querem usurpar e conseguir expandir suas terras e títulos a força roubando-as dos outros e é por isso que venho em nome da Condessa Ellen lhes pedir proteção. Sempre foram fiéis ao juramento que fizeram a Roderick e a Uther, que jurem proteger Robert também. Temos muitas razões para acreditar que ela e o menino correm risco de vida.”
Sir Dylan: “Ela tem razão! Nem sabemos ainda quem envenenou o Rei e o Conde em Londres.”
Sir Amig: “Vocês sabem o que os servos andam falando por aí? Que foi o próprio Merlim que o fez! Do jeito que as coisas vão, não duvido de nada.”
Sir Léo: “Vejam bem senhores. Ellen terá que ficar pelo menos quatorze anos como tutora do garoto até que ele possa assumir o poder de Sarum. Ela promete títulos e terras, desde que a protejam. Barão, como um dos nobres mais influentes no momento em Logres, o que pensa a respeito?”
Barão Algar: “Eu penso que se prestarmos juramento à Condessa Ellen estaremos garantindo a existência de Logres, do nosso povo e de nossos filhos. Todos concordam?”
Sir Berethor: “Retornei a Britânia a pouco tempo. O que decidirem eu estarei com vocês.”
Sir Amig: “Sempre fui leal a Roderick. Conhecia o homem há quarenta anos e lutei ao lado dele. Deveríamos prestar o juramento à ela.”
Sir Dylan: “Concordo com o pai e o Barão!”
Sir Bag: “Onde a Menina de Ouro dispor suas armas eu estarei!”
Sir Léo: “Certo! Então, a Condessa Ellen os convida a encontrá-la em um lugar ainda não divulgado, para a segurança de todos, no primeiro dia da primavera para oficializarmos o acordo e prepararmos as alianças.”
Então o jantar, por causa do racionamento, é servido com pouca carne e nabo. As conversas e risadas seguem noite à dentro e no início da fria madrugada todos dormem no chão em cima de peles de urso. Pela manhã Padre Carmelo entra no salão com a barra da batina cheia de neve e barro. Um pombo está sentado em seu ombro.
Padre Carmelo: “Mestres, mestres! Mensagem de Sir Alain para os Cavaleiros da Cruz do Martelo!”
Mensagem de Sir Alain: “Bravos Cavaleiros da Cruz do Martelo. Espero que essa mensagem tenha chegado à um de vocês. Já soube da grande vitória que tiveram frente aos saxões e das lamentáveis mortes do Rei Uther e de Conde Roderick. Infelizmente em Gales a guerra chegou e um grande exército Irlandês nos invadiu, liderado pelo Rei de Estragales, Dirac, com seus cavaleiros e hordas de mercenários. Estamos fazendo o possível para defender nossas terras. Por isso não pudemos ajudar Logres. Que os Deuses acordem e nos protejam nessa época difícil. Ass: Sir Alain de Carlion.”
Então a comitiva, sem ter o que comer, acorda e cada um retorna ao seu feudo.
INVERNO
O natal chega. As celebrações de Yule são feitas com sidra sendo derramadas ao redor das árvores antigas ao invés de sangue de animais sacrificados. Em tempos de fome não se pode dispensar nem mesmo um animal para os deuses. Barão Algar ensina Brian os ritos pagãos. Todos ficam trancados em suas terras cobertas de neve. O tempo passa lento e tudo está silencioso e lúgubre. Existem milhares de viúvas e órfãos por Logres. A maioria não tem mais os seus senhores para lhes protegerem. Dia após dia eles vêem muitos comuns, entre crianças, adultos e velhos adoecerem e depois vem as mortes. As carroças, conduzidas por aldeões com panos amarrados no rosto, levam os corpos para o bosque e os queimam. As pessoas estão magras e fracas.
Björk: “Senhor Barão Algar, os homens estão matando os cachorros da aldeia para comerem. Suspeito alguns casos de infanticídio senhor. O que quer que eu faça?”
Padre Carmelo vem com uma estória parecida em Dinton para Sir Enrick e Lady Marion.
Padre Carmelo: “Os aldeões sacrificaram três cavalos de trabalho, sem autorização! Mas estavam tão famintos que nem me escutaram. Talvez tenha acontecido um caso de canibalismo. Mas não posso afirmar com certeza.”
Então nos feudos os senhores precisam tomar uma decisão difícil. Sacrificar parte de seu rebanho para que os aldeões sejam alimentados e parem de adoecer. Mesmo assim no feudo de Sir Sir Enrick e Lady Lady Marion morreram oitenta e dois aldeões. Nas terras do Barão Barão Algar morreram cinquenta aldeões, a maioria deles crianças e pessoas de idade. A caça, pesca e a coleta tenta suprir a falta de alimentos nos feudos. Metade de toda a prata que os Senhores dos Feudos tinham foi usada para comprar sementes vindas de Londres, contratar caçadores e pescadores, sustentar as viúvas e crianças sem pais, aliviar o sofrimento dos doentes e para preparar as plantações para o próximo ano. São tempos difíceis em Logres.
Então os campos lentamente descongelam, os rios voltam a fluir, os campos ficam verdes novamente e os animais surgem nos bosques. Mas a primavera de 496 vem como uma espada sobe a cabeça dos filhos de Logres. Os campos precisam ser arados e cultivados, poucos homens e mulheres fazem o trabalho. As milícias dos feudos tiveram os seu números reduzidos para menos da metade, por causa da guerra, doenças e fomes. Os saxões dominam grande parte dos reinos que se estendem de alguns territórios do norte até Sussex e quase todo o Sul da ilha. Algumas partes de Logres também são invadidas. Existem relatos de que vários assentamentos bárbaros foram estabelecidos no Reino.
Na véspera de Beltane, poucos moradores de Logres se arriscam a prepararem as celebrações do primeiro dia da primavera no campo. Tudo é feito discretamente para não chamar a atenção do inimigo. Mensagens são trazidas pelos pombos.
Mensagem da Condessa Ellen: “Cavaleiros da Cruz do Martelo, amanhã, nas primeiras horas da manhã, lhes aguardo nas ruínas de Grovely para discutirmos o futuro de Salisbury. Ass: Condessa Ellen.”
Todos os Cavaleiros da Cruz do Martelo partem pela manhã, quando ainda estão as últimas estrelas no céu. Cada Cavaleiro é acompanhado de seu escudeiro. O dia é de céu azul e a temperatura bem agradável. A estrada de terra ainda está um pouco úmida do sereno que caiu durante a madrugada. Os campos estão verdes e as estradas vazias. A vida econômica do Reino está estagnada.
Barão Algar
Barão Algar, o escudeiro Caulas e Sir Verius saem de Winterbourne Gunnet em direção ao sul seguindo o Rio Bourne que transbordou com o desgelo. Passam pela planície de Alein e as ruínas de Figsbury com as montarias com água até metade das patas. Urco é levado atravessado no colo do celta à cavalo.
Caulas: “Tio! Foi aqui que aconteceu a batalha de Figsbury? O pai sempre me conta como você pretendia salvar o Tio Odirsen, quando lutando contra o senhor ele ficou pendurado no alto do morro na ruína do castelo, mesmo depois de tudo que ele tinha feito. Porque o salvou?”
Barão Algar: “Apesar de ele mandar me matar, sequestrar a minha esposa e matar o meu irmão mais novo, ele era meu irmão rapaz.”
Caulas: “Espero um dia ser um herói como o senhor!”
Sir Verius para a montaria por um estante.
Sir Verius: “Então foi aqui? (Ele olha triste para cima) Meu irmão era um dos arqueiros de Avalon que foram mortos lá em cima nas ruínas.”
Seguindo em frente eles atravessam a ponte em arco em cima do Rio e dali podem ver as muralhas de Sarum à frente. Eles percebem que a muralha antiga dos romanos desabou em muitos pontos.
Sir Enrick E Lady Marion
Lady Marion e Sir Enrick deixaram a sua casa bem cedo acompanhado dos escudeiros Oswalt e Syan. É a primeira vez que saem pelos campos em muito tempo. Os campos floridos perto de Dinton estão cheios de lebres e raposas com os seus filhotes e as borboletas voam a medida que os heróis passam. Dá para se ver as montanhas cobertas de relva verde ao norte com seus picos cobertos de neve. O feudo fica entre o forte Vagon e as Ruínas de Grovely, uma hora de cavalgada no máximo até o local da reunião para oeste pela estrada de terra. Eles passam paralelos as paliçadas e muralhas das terras de outros senhores. Quase não se vê soldados de sentinela nesses lugares, o forte Vagon está abandonado.
Oswalt: “Irmão, está vindo um grupo de pessoas pela estrada!”
Eles avistam no fundo da estrada um pequeno grupo de freiras montadas em mulas e com uns oito aldeões as acompanhando. Eles levam porretes e foices.
Barão Algar
Logo Sarum fica para trás. Próximo ao rio e a cidade murada de Wilton um grupo de seis homens vem caminhando ao redor de uma carroça cheia de grãos, barris de bebida e carne salgada. Coisa rara nessa época. Pelas roupas simples e esfarrapadas eles parecem ser aldeões. São todos homens e estão magros. Usam panos tapando o rosto e carregam espadas, picaretas e javalins. Eles param a distância quando os vêem e conversam baixo entre si.
Caulas: “O que você acha Tio?”
Sir Verius: “Calma garoto, Urco na frente!”
O rotwailler pula do colo do celta e se arrepia inteiro rosnando e mostrando os dentes. Barão Algar cavalga para próximo dos homens.
Ladrões: “Parado cavaleiro! Não queremos confusão. Vamos passar e cada um segue o seu destino.”
Barão Algar: “Deixe-me ver o que vocês tem na carroça.”
Ladrões: “Não lhe devo obrigações! Não há senhores! Não há nobreza! Só fome e doenças!”
Sir Verius e Caulas se aproximam.
Sir Verius: “Olhe lá Barão Algar!”
Dali eles vêem quatro corpos caídos na estrada atrás deles. Uma criança, duas mulheres e um homem. Um cachorro vira-lata os cheira em meio a uma poça de sangue.
Caulas: “Tio! Você está vendo isso?”
O escudeiro saca a sua espada e o seu escudo redondo do dorso do cavalo, com a águia prateada do brasão de Dalan e sai numa carga alucinada contra os dois homens na lateral esquerda da carroça.
Caulas: “Logreeeees!”
Sir Verius: “Droga garoto!”
Barão Algar: “Vamos! Atacar!”
Ladrão: “Matem o garoto e cerquem os Cavaleiros!”
Caulas na carga mata um dos homens golpeando com a espada em arco diagonal o seu rosto. Fazendo o homem rodar e cair morto com um corte profundo da garganta até a omoplata. Verius e Urco atacam um dos homens armado com uma lança. O Cavaleiro usa seu machado de duas faces curto e seu escudo. O seu pônei é muito ágil e ele faz uma carga enquanto o Rotwailler imobiliza o ladrão mordendo o seu ante braço enquanto o machado de Verius racha o crânio do homem dividindo-o ao meio até o peito fazendo voar pedaços de ossos, olhos e nariz. Barão Algar ataca dois homens do outro lado. Um deles lhe atira uma lança. O Barão abaixa e acelera o seu cavalo. O machado dourado de duas faces golpeia de baixo pra cima abrindo desde o queixo ao topo da cabeça do homem que cai em convulsões. Atrás da carroça, matar o segundo homem não foi tão fácil para Caulas, mas o menino rodou o cavalo e usou os cascos com a ferradura de aço para o derrubar e quebrar as costelas de seu inimigo. Então um outro homem vem por trás e com uma picareta derruba o escudeiro inexperiente com um golpe em suas costelas. Enquanto isso o homem do lado oposto tenta golpear Urco que desvia e pula em seu pescoço abocanhando e o furando com os dentes. O homem sufocado tenta respirar caído de costas.
Barão Algar dá as costas a outro inimigo que tenta lhe acertar com uma espada e erra. Caulas está desarmado no chão em pânico tentando correr em meio a lama. O ladrão leva até atrás de suas costas a picareta e prepara o golpe. Mas a lança sagrada Gungnir é atirada pelo Barão. Ela atravessa o homem entrando pelas costas e saindo pelo seu peito. O ladrão cai de joelhos e depois de bruços morto com a cara na lama. Barão Algar vira o cavalo e trota em direção ao último homem de pé. Ele acerta o meio do rosto do homem quebrando os ossos com a parte plana da lâmina do machado, gira o cavalo e com um golpe em arco de baixo para cima o estripa de baixo até em cima.
No final os corpos estão espalhados ao redor da carroça. Verius puxa o seu machado de duas faces que dividiu a cabeça de um dos homens que está de joelhos sem vida e cai quando a lâmina cheia de sangue e miolos sai da massa de carne que um dia foi o seu rosto.
Sir Verius: “Venha Urco!”.
Quando a mandíbula do cachorro larga o seu inimigo morto, o homem está com o rosto azul, com os olhos esbulhados e o pescoço dilacerado. Um outro atacado nas costelas pelo cavalo de Caulas se contorce e respira assobiando, com o pulmão furado e saindo sangue de sua boca. O escudeiro se levanta mas Barão Algar usando o punho do machado derruba o garoto no chão.
Barão Algar: “Nunca mais ataque sem eu ordenar garoto!”
Caulas sentado na terra: “Desculpe tio! Se não fosse a cota de malha e a altura do cavalo estaria morto. Obrigado por me salvar. O que faremos com esse aí que ainda está vivo e com essa comida?”
Barão Algar: “Levemos a comida e as oitenta libras.”
Ladrão: “Me ajude senhor! Tenha piedade! Estivemos pelas estradas roubando. Meus filhos tem fome! Os saxões tem tomado o pouco que nos sobrou!”
Barão Algar: “Todos estamos passando dificuldade rapaz. Caulas mate-o!”
Sir Enrick E Lady Marion
O Aldeão que segue à frente, carregando um crucifixo de madeira com uma haste longa e puxando uma das mulas com os cestos pendurados nas ancas, fica os observando.
Irmãs: “Quem, em nome de deus, se aproxima?”
As freiras fazem o sinal da cruz.
Irmãs: “Estamos tentando levar às vilas e aos feudos um pouco de consolo as almas sofridas. Tratar os doentes e velar os mortos. Meus filhos não se enganem... É o fim do mundo. O apocalipse! Os bárbaros pagãos trouxeram a praga. Nosso rei caiu e só nos resta rezar para chegarmos ao paraíso.”
Eles percebem que as freiras estão tremendo. Existem umas velhinhas junto. Olham todas pro chão e ficam quietas. Os aldeões também estão em silêncio.
Irmãs: “Que deus nos proteja! Estou pronta para encontrá-lo Cristo! É uma armadilha! Eles são saxões!”
Imediatamente ao escutar a palavra saxão o homem com a cruz acerta a freira idosa que cai do outro lado da mula aos pés do outro bárbaro que retira do cesto pendurado na mula um machado de duas mãos. Ele gira por trás da cabeça a arma e abre o tronco da mulher ao meio. Os outros saxões pegam as armas escondias e gritam: “Wotan!”
Oswalt e Syan sacam as suas espadas e pegam os seus escudos pendurados nos cavalos.
Oswalt: “Venha comigo Syan!”. Os dois saxões agora armados com martelos e outro com a espada tentam encurtar a distância para atacar os Cavaleiros.
Os meninos fazem a curva e vem com os seus cavalos jogando terra para trás.
Oswalt grita para Syan: “Vá pelo o outro lado!”
Cada um dos escudeiros atacam um bárbaro. Na primeira passagem os dois homens que estavam atrás do grupo são mortos. Um é decapitado por Oswalt e outro do lado oposto que tenta cruzar armas com Syan que usa a velocidade do cavalo para atacar rápido e golpear amputando o antebraço de seu inimigo. O homem se ajoelha aos berros e os meninos se afastam novamente e se preparam para fazer mais uma carga vindos do outro lado. Lady Marion prepara as suas flechas e vem cavalgando. Um saxão lhe atira uma lança mas Lady Marion se abaixa, no alto do seu corcel branco, desviando do projétil ponte agudo. A guerreira mira novamente de cima da sela de seu cavalo e flecha o bárbaro no globo ocular. O homem grita se ajoelhando tentando arrancá-la e cai se debatendo. Sir Enrick também saca a flecha e quando vê um saxão tentando fugir ele atira em arco o projétil que cai atravessando as costas e saindo pelo peito do homem que rola pela lama da estrada. Os garotos retornam e Oswalt guarda a sua espada e em alta velocidade atropela o inimigo com o seu cavalo. Syan com a sua espada ataca um outro homem de costas arrancando um pedaço do ombro e do braço de do bárbaro com um único golpe.
No final os bárbaros estão mortos e as quatro freirinhas sobreviventes, com lágrimas nos olhos, descem das mulas e se abaixam tentando ver se alguns dos feridos estão ainda vivos. Infelizmente três delas foram mortas. Tirando o hábito que lhe cobria a cabeça, uma das freiras olha para eles. Ela tem umas trinta e cinco primaveras e é muito bonita e de cabelos loiros. É a Condessa Ellen.
Ellen: “Lady Lady Marion! Sir Enrick! Que alegria lhes encontrar! Se não fossem vocês e essa pobre senhora estaríamos mortas. Saí de Sarum com elas do convento da cidade. Eu achei que seria melhor ocultar a minha identidade. Existem muitas pessoas querendo o poder em Salisbury. Nobres Britânicos, saxões, todos querem a minha cabeça e a de Robert. Mas então os bárbaros nos capturaram. Felizmente não me reconheceram. Duas das freiras foram mortas para nos intimidar quando nos interceptaram perto de Sarum.”
Oswalt todo orgulhoso retira o seu elmo limpando o suor da testa: “Gostou irmão?”
Sir Enrick: “Muito bem rapaz! Mas jamais guarde sua espada enquanto o seu inimigo estiver vivo.”
RUÍNAS GROVELY
Eles olham no alto da colina, coberta de espinheiros e mato, as ruínas do castelo antigo. Só duas paredes estão de pé. O teto não existe mais e as três torres das seis que existiam desabaram. O grupo se encontra no sopé do morro. Barão Algar reconhece a Condessa.
Ellen: “Barão! Fico muito aliviada que vocês responderam ao meu chamado.”
Barão Algar: “É uma honra poder lhe servir Condessa.”
Ellen: “Tiveram problemas? Estão com sangue nos cavalos e armaduras!”
Barão Algar: “Problemas com Ladrões senhora!”
Ellen: “Existem ladrões e bárbaros por todo reino! É por isso que precisamos manter o pouco de poder e regras que nos restam. Do contrário poderá ser o fim de tudo!”
O grupo não vê ninguém enquanto contorna a estrada cheia de mato que circula a colina. Eles tem que descer depois da metade do caminho e puxar as montarias pelas rédias. Pedras e arbustos atrapalham a caminhada. Depois de vinte minutos eles chegam lá em cima. Quando entram no pático cheio de pedras caídas, os cavalos e escudeiros dos Cavaleiros da Cruz do Martelo já estão ali. Sir Amig, Sir Dylan, Sir Dalan, Sir Bag, Sir Berethor e Sir Léo já chegaram e estão sentados nas rochas caídas da construção conversando. Sir Lycus, um cavaleiro conhecido de vista da corte também está ali. É um homem alto, de cabelos enrolados negros e longos. Usa barba cheia, com tranças e um osso humano prendendo seus cabelos para trás. Ele levantam e os cumprimentam. Sir Léo, também presente, vai até a Condessa e pega nas duas mãos dela.
Sir Léo: “Que bom que chegou bem senhora! Os Cavaleiros da Cruz do Martelo responderam o chamado. Infelizmente nenhum outro nobre se apresentou.”
Condessa Ellen: “Somos tão poucos. (Ela olha triste) Obrigado Sir Léo, se não fosse Lady Marion e Sir Enrick talvez nunca tivesse chegado! Tem sido muito fiel primo. Saibam que retribuirei à todos vocês por tamanha lealdade! Que nesse dia de Beltane consigamos prosperar as nossas casas e unir o Reino novamente.”
Sir Lycus: “Como vão Cavaleiros? Espero sairmos hoje daqui com um veredito sobre o que devemos fazer.”
O Cavaleiro toca o osso em seu cabelo.
Sir Lycus: “Que o dedo de Santo Albano nos aponte os melhores caminhos.”
Todos se sentam nas pedras caídas espalhadas na relva, onde foi um dia o pátio de Grovely.
Sir Amig: “Cavaleiros! A maioria de nós tivemos problemas para chegar até aqui. Vi muitos com fome. Eram uns coitados que tentaram nos roubar. Estávamos disfarçados. Infelizmente não caminham mais entre os vivos.”
Sir Dylan: “Recebemos em Tishea um espião que costumava trabalhar para Uther. Ele nos contou, após algum hidromel e uma algibeira recheada de moedas de ouro, que os Pictus tem invadido as terras do norte. Saqueiam, matam e roubam.”
Sir Dalan: “Mercadores me contaram que no oeste, um exército Irlandês enorme se movimenta e tem chegado com navios dia após dia.”
Sir Bag: “Enquanto isso no leste os saxões já estão prontos. A maioria dos territórios em direção à Londres são deles e dizem que agora virão pelo Sul.”
Sir Berethor: “E para ajudar, um druida de Glastonbury me contou que Idres, que sempre se restringiu ao seu pequeno reino no sul da Cornualha, reuniu um exército que está pronto para nos atacar a qualquer momento.”
Condessa Ellen: “É por isso que precisamos manter os nossos direitos. Para podermos aplicar as poucas leis que nos sobraram, proteger nosso povo novamente e trazer a paz. Se permitirmos qualquer usurpador tomar a força o poder, a lei será a espada e o caos reinará. Em minha opinião, se isso acontecer, os saxões já venceram. Se eu e Robert morrermos, tudo pode afundar muito rápido! Realmente preciso da proteção de vocês. Nosso povo precisa que nos unamos!”
Sir Lycus: “Quem nos garante minha senhora, de que é a pessoa certa para governar Salysbury. Precisamos de alguém forte. Uma mão de ferro que nos guie na época de trevas que vivemos. Como Duque Ulfius ou o Rei Nanteleode.”
Sir Sir Enrick parece tentado a concordar com Sir Lycus.
Condessa Ellen: “Nanteleode está em guerra com os Irlandeses. Duque Ulfius está mais preocupado em ser o Pendragon da Britânia. E vossa graça sabe que as nossas casas nunca se deram bem. Desde que o irmão de Ulfius queria me desposar e Roderick se entrepôs entre a vontade dele e a do irmão do Romano as nossas famílias só se suportavam por Uther.”
Sir Lycus: “Vocês pensam realmente em colocar uma mulher no trono do Condado?”
Condessa Ellen: “A Deusa é a energia feminina Sir Lycus. Uma de nossas heroínas está presente e fez mais que o senhor pela Britânia.” (ela inclina a cabeça para Lady Marion)
Sir Lycus: “Pensem bem senhores!”
Sir Dylan: “Uma vez que neguemos os direitos de sucessão de nossas casas. Nossos filhos não terão nada. Aliás, essa insegurança fará que somente a força reine. E todos lutarão para ascenderem atrás de um tapete de sangue até o trono. A anarquia reinará.”
Sir Amig: “E voltaremos ao passado! Virá mais fome, doenças e guerras intermináveis.”
Condessa Ellen: “Exatamente! Roderick sempre foi justo e nunca os abandonou quando precisaram. Como o nobre de mais alto posto entre os seus. Eu lhe peço esse juramento Barão. Sua palavra vale ouro aqui. (A voz da Condessa fica forte) O que me dizem?”
Barão Algar: “Todo iremos lhe seguir Senhora.”
Então o Barão Barão Algar se ajoelha diante dos pés da Condessa. Todos os outros Cavaleiros fazem o mesmo. Inclusive Sir Lycus.
Sir Léo: “Então Barão, como o segundo homem de poder em todo Reino! O senhor deve realizar agora essa cerimônia de juramento.”
Barão Algar: “Nós juramos servi-la e protegê-la Condessa Ellen, com nossas vidas e nossas armas. Os Cavaleiros da Cruz do Martelo estarão ao seu lado e de Conde Robert. Juramos honrar o seu nome e o nome de Logres com Lealdade!”
Lady Marion: “Força!”
Sir Enrick: “E honra!”
Condessa Ellen: “E de minha parte lhes prometo que servirei nosso povo com justiça. Lhes juro que os unirei e que os protegerei como uma mãe. Que expulsaremos o inimigo nem que isso custe minha vida e a de meu filho! Eu ofereço o Brasão e o nome de minha casa para honrarmos aqueles que derramaram e entregaram as suas almas a Britânia, como o Rei Uther, o meu Marido e o Príncipe Madoc. Que as velhas tradições sejam respeitadas pois são nelas que construiremos um novo país. E é com a Deusa e o Cristo que andaremos juntos e iniciaremos uma nova igreja onde todos poderão cultuar os antigos e os novos deuses. Pois o bem e o mau está no homem e não naqueles que cultuamos. Chega de desculpas ou mentiras para nos matarmos. As nossas plantações estão semeadas com o sangue celta e é dele que nos levantaremos contra a opressão em nome de nossos filhos e de nossos antepassados. Aqueles que estão comigo repitam: Britânia! Britânia! Britânia!”
(NOTA DO MESTRE: É a primeira vez que se fala na Britânia e começa a se pensar em um país unido)
Com lágrimas nos olhos a Condessa cumprimenta cada um dos seus Cavaleiros jurados.
Condessa Ellen: “Obrigado Cavaleiros! Agradeço em nome do Conde Robert, meu querido filho, o qual serei tutora até atingir a maioridade. Sempre foram fiéis aos nossos ideais e sei que continuarão assim. Lhes prometo que farei o melhor.”
Neste momento Oswalt vem correndo lá de fora seguido pelos os outros escudeiros.
Oswalt: “Os saxões estão vindo! São pelo menos trinta. Estão subindo a colina!”
O PRÍNCIPE BÁRBARO
Quando os homens surgem na entrada que serpenteia a colina usando suas cotas de malha os heróis percebem que eles usam ramos de azevinho amarrados em suas lanças. O significado da paz. O homem que vem na frente, o único em cima de um cavalo, tem os seus braços cheios de braceletes e usa uma cota de malha longa com um cinto grosso de couro amarrado na cintura com uma espada de uma mão e armadura de couro. Veste uma capa de urso e roupas caras. É jovem e tem cabelos longos.
O chefe saxão ergue a sua mão enquanto desce de seu cavalo. E ele fala a língua celta perfeitamente.
Príncipe Aescwine: “Mantenham o aço frio! Venho em paz guerreiros! Sou Aescwine, filho de Aethelswith, o novo rei de Essex, e venho negociar a paz.”
Ele fala em língua saxônica aos seus homens. Ele olha lá de cima a paisagem passando pelo portão e a mata que cresce nas ruínas e diz.
Príncipe Aescwine: “Realmente esta é uma bela terra! Meu pai tinha razão.”
Condessa Ellen: “Como sabiam que estávamos aqui?”
Príncipe Aescwine: “Nada escapa aos olhos do Corvo mileide! Então é Condessa Ellen, certo? És bela senhora!”
Ela olha nos olhos do saxão com ar de desprezo.
Príncipe Aescwine: “Soube que a batalha contra o Rei Octa foi dura!”
Sir Enrick: “Foi sangrenta. E ele está morto agora.”
Príncipe Aescwine: “Ele era um grande guerreiro. Vocês tem meu respeito! Por Wotan, deixemos de animosidades! Todos perdemos parentes e amigos nessas guerras. Mas elas tem que ser feitas. Como lobos, precisamos caçar para sobrevivermos, não é Barão?”
Barão Algar: “Infelizmente tenho que concordar.”
Sir Amig: “Você não é um lobo rapaz. É no máximo um cachorrinho vira-lata que acha que é gente.”
Sir Bag: “Boa Amig! Boa!”
Todos riem ironicamente.
Príncipe Aescwine: “Cães vira-latas também mordem velho!”
Sir Dylan: “Chega pai!”
Príncipe Aescwine: “Não vão me convidar a entrar e sentar para conversar?”
Sir Enrick: “Pode falar aqui mesmo saxão!”
Príncipe Aescwine: “Pensei que a hospitalidade celta, tão bem falada, seria melhor!”
Barão Algar: “Esta certo, vamos entrar.”
Depois que chegam nas ruínas eles se sentam nas pedras. O Príncipe Aescwine entra sozinho com os Cavaleiros da Cruz do Martelo. Não parece ter medo nenhum. Sir Enrick fica de pé o encarando.
Príncipe Aescwine: “Como agora estamos na ilha e centenas de saxões chegam toda a primavera e verão, acredito que vocês já perceberam que viemos pra ficar. Como temos um número de guerreiros quatro vezes maior que o de vocês e quase uma centena de barcos venho discutir uma saída, digamos, pacífica. O meu pai quer fazer uma aliança para vivermos sem nos matarmos o tempo inteiro. Como tudo tem um preço. Tributos devem ser pagos para que os antigos donos da ilha possam seguir suas vidas! O que acham?”
Sir Bag se levanta: “Só se você lamber as minhas botas vira-lata!”
Sir Enrick: “Chega de papo! Estamos falando de quanto?”
Príncipe Aescwine: “Homem de poucas palavras e de fala direta. Gosto disso em um guerreiro.”
Sir Berethor: “Desgraçado! Sabia que não viriam até nós sem interesse algum!”
Príncipe Aescwine: “Disse o romano. Como fazia o antigo império não é?”
Sir Verius: “Cuidado com as suas palavras saxão!”
E Urco late mostrando os dentes.
Sir Dalan: “Vocês agem como se já tivessem ganho a guerra!”
Condessa Ellen: “Isso é um ultraje seu bárbaro!
Príncipe Aescwine: “Acalmem-se todos! Quanto a termos ganho a guerra. Todo o leste e grande parte do norte e sul nos pertence. Se todos os saxões marcharem para cá é o fim da linha para vocês. Vocês viram o estado que estão as muralhas de Sarum? Eu posso lhes assegurar que enquanto não selarmos a paz, as estradas continuarão inseguras. Haverá saque e roubo por toda parte. Os druidas e padres terão o destino de sempre. A ponta da espada e uma corda no pescoço. E não se esqueçam de que não são somente os saxões que estão roubando e estuprando. Mas se fecharmos um acordo lhes garanto que tudo isso não vai ocorrer. Lembro que o meu pai não está exigindo vassalagem de vocês, embora lhes custasse menos e teriam mais privilégios. O Rei Aethelswith solicita como pagamento de tributos cem cabeças de gado e quarenta e cinco quilos de prata ou seja 300 Libras em sua moeda.”
Sir Dylan: “Desgraçados!”
Sir Léo: “Ladrões!”
Príncipe Aescwine: “Mandarei um mensageiro até Sarum pela manhã para saber a resposta. Por hora é isso, passar bem Celtas!”
Todos se levantam irritados. O Príncipe caminha até o portão. Sobe em seu cavalo e grita ordens aos seus homens. Os seus trinta guerreiros o seguem colina abaixo.
Condessa Ellen: “Isso é tudo Cavaleiros! Peço que me escoltem até o castelo em Sarum. Preciso que fiquem lá por alguns dias até que essa situação se resolva.”
SARUM
Então o grupo de cavaleiros, depois de esperar um bom tempo, deixa as ruínas de Grovely, descem a colina e chegam na estrada em direção à leste para Sarum. Quando o está há três quilômetros da cidade, já vendo as muralhas, eles percebem cinco corpos ao lado da estrada, no mato. Quatro deles estão decapitados e um dos homens ainda está vivo, muito ferido encostado em uma pedra. Ele segura seus intestinos com os dois braços, com a barriga aberta, provavelmente por uma lâmina afiada. Todos os homens mortos estavam armados com espadas, martelos e machados. Seus escudos redondos e lâminas estão jogados no chão e as suas cabeças espetadas em lanças em uma fila maligna. Sem dúvida são saxões. O homem com o rosto cheio de hematomas, sangra pela boca e nariz. Um saco de couro está colocado ao seu lado. Ele está semi morto e aponta com o rosto para a bolsa.
Saxão: “Peguem! Ele deixou pra vocês. O Príncipe! Ele falou que ladrões não serão tolerados e que é um presente para os adoradores de gamo.”
Ele vomita e finalmente o seu pescoço cede. O homem está morto.
Sir Enrick: “Um gesto de boa vontade.”
Barão Algar: “Exato. Vamos embora!”
Quando entram pelo portão da Dama, na face oeste da cidade, notam que um grande pedaço em V da muralha de pedra, feita pelos romanos, desabou. Dando para ver as casas e parte da catedral dali. O resto da construção parece ter o mesmo futuro. Dentro de Sarum, eles vêem muitos corpos caídos pelo meio fio das ruas de paralelepípedo. Seus rostos estão pálidos e inchados, com marcas negras pelo corpo inteiro.
Sir Dalan: “A morte negra!”
O mercado da águia está vazio. Muitos mendigos e poucos soldados caminham. Estão com um ar melancólico. Um grupo de mulheres, usando véus no cabelo, rezam no meio da rua enquanto três carroças, com homens usando máscaras bicudas, recolhem os cadáveres de pessoas e cachorros. Alguns gatos comem um morto em um beco. Moscas, o cheiro de merda e de corpos podres em meio aos ratos correndo, tornam Sarum, no verão abafado, um lugar que ninguém gostaria de estar. Eles sobem pelo caminho inclinado, em direção ao castelo, passando por uma centena de mendigas.
Mendigas: “Uma esmola por favor! Comida cavaleiros! Pelo amor de Cristo! Porque os deuses nos abandonaram?”
Barão Algar usando o dinheiro recuperado dos ladrões saxões.
Barão Algar: “Tomem essas moedas senhoras. Que os deuses as protejam.”
Condessa Ellen: “Viúvas da guerra! Que Deus abençoem suas pobres almas senhoras!”
CASTELO DE SARUM
O grupo adentra os portões do castelo e a pesada porta de madeira é fechada. Um outro portão gradeado desce após ele. Os escudeiros pegam os animais e se retiram e todos acompanham a Condessa Ellen. Os guardas lhes prestam reverência. O salão principal do castelo, está vazio. Um estranho contraste perto dos dias de ouro da regência de Conde Roderick.
Condessa Ellen: “São os meus únicos aliados Cavaleiros! Em nome do Conde Robert eu lhes agradeço. Descansem durante a tarde. Hoje à noite nos reuniremos para discutirmos a proposta do saxão.”
Então eles passam a tarde no castelo e dirigem-se ao salão da corte. Os bardos estão sentados entendiados. Quando os Cavaleiros entram os músicos sentam, tentando ter um pouco de dignidade e lhes prestam reverência. Sir Enrick os dispensa. A sala de pedra, iluminada com tochas e com mesas, onde sempre tinha música, danças e conversas animadas também está vazio. Um pouco de hidromel é servido, o pouco que sobrou do mundo civilizado que viviam.
Sir Lycus: “Estamos sentados nas ruínas de uma cidade.”
Sir Bag: “Que época!”
Sir Amig: “E então garotos! O que acharam do Príncipe Saxão?”
Sir Enrick: “Arrogante como todo saxão.”
Sir Dalan: “Mas é uma chance de termos paz Sir Enrick.”
Sir Dylan: “Só se for para eles.”
Ao anoitecer o salão é preparado com uma mesa longa onde a Condessa, usando um vestido negro, em luto a morte de Roderick, com os seus cabelos presos para trás por uma tiara de prata com uma grande esmeralda na frente, está sentada na cabeceira. Eles comem, a maioria está em silêncio.
Condessa Ellen: “Desculpem a pouca comida! Como sabem, não estamos vivendo os melhores dias de Logres. Tenho vários assuntos de estado para resolvermos e como são meus conselheiros gostaria muito de ouvi-los.”
Então Sir Warren, do alto dos seus cinquenta verões, entra no salão pela porta principal vindo do pátio. Está sujo, com a armadura amaçada, suado e com as botas e capa cheias de lama. Ele vai sentando e puxando uma asa de pomba e pedindo par ser servido de cidra.
Sir Warren: “Boa noite senhores! Que viajem! Condessa, é uma honra. Pronto para servi-la senhora! Vim assim que a senhora solicitou. Deixamos Terrabil. A coisa está feia por lá e provavelmente o Rei Idres será senhor da Cornualha até o outono. Sendo assim Igraine deixou Tintagel. Eu e meus poucos homens a escoltamos. Enfrentamos pessoas famintas e gangues de saxões por todo o caminho. Perdi três batedores. Vi até canibalismo senhores. Pois bem, a viúva de Uther está em Amesbury com as freiras. Sua filha Morgana, que parece ter o dom da visão, a pedido de Nineve, foi levada para ser treinada em Avalon. Igraine é uma fraca, se escondeu e só reza para o seu Deus em vez de lutar pelo trono e liderar os Cavaleiros que sobraram de Uther. É uma pena! Sir Brastias está lá se recuperando. Acredito que em algumas luas já possa caminhar.”
Condessa Ellen: “Chamei Sir Warren porque, como podem ver, as muralhas de Sarum são da época dos romanos e tem pelo menos quatrocentos anos. Tudo está desabando e velho. Nunca resistiríamos a um cerco com esses muros. O Príncipe saxão tem razão. Estive pensando, pretendo cercar o castelo com muralhas também. Assim em épocas de guerra poderíamos trazer as famílias aqui para dentro e termos relativa segurança. Levaremos quatro anos para essa obra ser concluída. Terei que trazer trabalhadores especializados e pedras da Cornualha. Sir Warren irá me ajudar com essa tarefa. O problema é ouro cavaleiros. Custará 100 libras para cercar a cidade e 20 libras para o castelo. Precisarei da ajuda dos senhores como benfeitores.”
Então todos os cavaleiros presentes contribuem com o valor pedido.
Condessa Ellen: “Como disse em Grovely, quando nos recuperarmos lhes recompensarei adequadamente por essa atitude. Outro assunto que gostaria de discutir com os senhores. Estamos com falta de servos para trabalharem nas terras. Os feudos não estão rendendo nada. Então teremos que tomar uma decisão. Se não conseguirmos mais braços para eles renderiam um terço ou nada nos próximos anos. Isso se os bárbaros pararem de nos perturbarem. O que faremos já que não temos ouro?”
Sir Berethor: “Temo que tenhamos de tomar uma decisão difícil! Os saxões tomam o nosso povo a força. Vocês sabem do que eu estou falando!”
Sir Amig: “Escravos!”
Sir Bag: “Esses desgraçados tem que provar de seu veneno. Mas tomá-los de quem, dos próprios bárbaros?”
Sir Dylan: “Aí teríamos outra guerra. E sem exército seria o nosso fim!”
Sir Enrick: “Podemos capturar os homens da costa do mar irlandês ao norte. Naquela aldeia que estivemos próxima de Wilderspool.”
Sir Dylan: “Mas agiríamos como os saxões que combatemos. Não concordo!”
Barão Algar: “Não sei se seria certo. Tempos que pensar bem a respeito.”
Condessa Ellen: “Mudando de assunto, estive pensando a respeito da proposta do Rei Aescwine. Antes gostaria de ouvir a opinião dos senhores.”
Sir Dalan: “Em minha opinião, senhora, acredito que se cedermos teríamos paz e algum tempo para tentarmos nos recompor.”
Sir Léo: “Mas não sabemos se um bárbaro desses tem palavra Dalan.”
Sir Dylan: “E não se esqueçam que ele é só um dos reis saxões.”
Sir Amig: “Vira-lata! Realmente não sei o que fazer. Nossos homens estão todos doentes!”
Sir Bag: “Meus homens ou estão mortos ou morrendo de peste.”
Lady Marion: “Deveríamos nos aliar à Idres da Cornualha e atacar esses desgraçados. Melhor nos associarmos a um celta do que a um saxão. Eu quero atacar esses malditos.”
Sir Enrick: “Aí teríamos um exército de Britânicos ao nosso lado.”
Sir Lycus: “Eu sou favorável a pagá-los. Às vezes o ouro é mais forte que a espada.”
Sir Berethor: “A espada e ouro não adiantam de nada se quem os possue está doente ou morto Lycus. Sou favorável a idéia de Marion”
Condessa Ellen: “Pois bem! Tenho uma decisão. Como disse meu marido uma vez. Somos colocados no trono para decidirmos o que ninguém tem coragem de decidir. É com muito pesar que iremos pagar o tributo ao maldito Rei Saxão. Se ele tiver palavra é menos um Rei bárbaro para nos atormentar. Infelizmente o tormento ao nosso povo, em uma época como essa, não pode ser evitado e terei que pedir a eles mais do que podem me dar. Assim ganharemos algum tempo para nos recuperarmos.”
Sir Enrick fala baixo para Marion e Algar: “De qualquer maneira estou enviando um pássaro com a mensagem a Idres. Vamos ver o que ele responde.”
Condessa Ellen: “Peço que amanhã partam, em uma tarefa ingrata Cavaleiros. Pela manhã vão até os feudos próximos e confisquem gado e prata. Acredito que cada feudo poderá doar 5 cabeças e termos a quantidade necessária. Temos vinte feudos ao redor de Sarum. Se for preciso usem a força. (ela baixa a cabeça triste) Estamos pensando em um bem maior aqui.”
Sir Léo “Então temos 50 cabeças de gado. Faltam 50 animais. Quanto cada um pode doar em libras?”
Cada Cavaleiro contribui com 30 libras.
Sir Amig: “Precisamos ser rápidos, temos só essa tarde, então acho melhor que cada Cavaleiro fosse a um feudo e confiscasse os animais que faltam. Os nobres que irão encontrar não prestaram juramento conosco e infelizmente não sabem de nossa situação frente ao Rei saxão. Nos encontramos amanhã, no portão do Tolo, ao pôr do sol, com tudo que nos foi solicitado Condessa!”
Condessa Ellen: “Ótimo! Arauto! Escreva a ordem em dez pergaminhos!”
Então o Arauto escreve e ela usa o anel de Roderick com o seu brasão e esquenta a ceira vermelha para fechar com o selo de Sarum os documentos que são entregue à todos os cavaleiros.
Depois do banquete a Condessa Ellen se retira. Todos dormem no grande salão. Faz calor e as aberturas nas laterias do salão ajudam a circular o ar. Pombas sentam na soleira destas aberturas em seus ninhos. As tochas são mantidas acessas pelos serviçais durante a noite inteira. Pela manhã eles despertam. Somente um pouco de leite quente e um pouco de pão preto é servido e então os Cavaleiros partem, cada um para uma direção, para cumprir a decisão da Condessa.
CONFISCO
O Barão Algar parte acompanhado por quinze homens de armas de sua tropa pessoal e seu sobrinho e escudeiro Caulas. Eles seguem pela estrada real e ao se aproximar da paliçada do primeiro feudo os dois guardas os observam com curiosidade .
Guarda: “O que quer meu senhor?”
Barão Algar: “Chame o seu senhor! Diga que o Barão Algar está aqui para falar em nome da Condessa Ellen, tutora de Conde Robert, regente do condado de Salisbury.”
Guarda: “Aguardem um instante meu senhor!”
Após um tempo, um homem gordo loiro, com uma barba bem cortada de orelha a orelha, vestindo roupas de nobre, vem lá de dentro acompanhando por dois rapazes jovens, mais magros e loiros também vestindo roupas caras.
Lorde Rhufon: “Bom dia Cavaleiro? O que devo a honra desta visita?”
Barão Algar: “Vim cumprir a ordem de confiscar cinco cabeças de gado. Tributo aos saxões. Se não o fizermos seremos atacados. E como bem sabe, estamos sem tropas para nos defender.”
Ele lê em silêncio a ordem da Condessa e a mostra com indiferença para os seus filhos.
Awistin: “Quer dizer que esse é o primeiro ato de nossa Condessa e de seu filho Robert! Já estamos sem comida, sem servos, sem soldados. Agora vocês nos querem pilhar como fazem os saxões?
Barão Algar: “Eu também doei Lorde Rhufon e vocês devem fazer o mesmo.”
Lorde Rhufon: “E se eu me recusar?”
Barão Algar: “Terei que tomá-los a força!”
Rolant: “Homens!”
Homens da milícia se posicionam fazendo uma linha do lado de dentro do portão. São quinze aldeões com escudos redondos e sem elmos. Não usam proteção nenhuma. Estão magros e esfarrapados. Lanças surgem por entre a pequena parede de escudos.
Barão Algar: “Formação de ataque! É sua palavra final homem?”
Lorde Rhufon: “Droga! Esperem aqui seus ladrões. Tragam cinco cabeças de gado. Mas saibam que estão levando os nossos reprodutores. Será uma tragédia para nós nas próximas luas.”
Sir Enrick segue a estrada em seu cavalo Hefesto. O Flecha Ligeira partiu sozinho e desarmado. Logo vê um feudo à frente e se aproxima do portão percebendo que não existem guardas no alto da torre. Dois grandes portões de madeira em arco dão acesso ao interior. Uma estátua de bronze de um romano empunhando com a mão esquerda a Sanctu Gladius e com a direita saldando aqueles que chegam, com o cumprimento típico romano, foi colocada entre eles. As duas portas na muralha antiga de pedras estão entreabertas. Ao entrar no descampado pela estrada de paralelepípedos que entra no pomar e leva a vila Enrick se depara com quatro corpos. Uma mulher, um homem e duas crianças. Os corpos não possuem ferimentos. Possuem marcas pretas no rosto e no braço. Morreram da praga.
Ele cavalga lentamente por entre as árvores carregadas de frutas não colhidas. As macieiras, romãs, pereiras e amoreiras estão coloridas com os frutos pendurados em seus galhos. Percorrendo a estrada que serpenteia pelo feudo ela sai em uma bifurcação. À frente está a vila de aldeões com cinquenta casas de paredes de pedra e telhado de palha e uma centena de sacos espalhados por entre as casas. Não saem fumaça das chaminés. Sir Enrick vê um bando de cachorros arrastarem um cadáver esfarrapado de cabelos longos por entre as casinhas de pedra e se alimentarem dele. Percebe também que os sacos na verdade são centenas de corpos estufados e putrefatos. Dezenas de corvos circulam no céu.
Uma igrejinha de madeira simples, fica no centro dessa vila de servos. No alto da colina oposta existe uma igreja grande para os padrões feudais, a Capela de São Paulo. Olhando à direita de onde está a igreja, existe uma colina mais alta e no topo uma área plana. Em cima deste outeiro, foi erguida uma casa grande romana. De onde o herói está pode se ver do outro lado as três gigantescas áreas formadas por várias léguas de terra divididas por sebes de pedras e eras. A área de cultivo, outra para os animais e a última comum ao Senhor e aos servos do Feudo. Todas estão tomadas pelo mato alto. Logo à frente existe uma pedra em formato de cruz, escrita em gálico e latim: “Outeiro de Jesus Rei”. Enrick vê pontos pretos pontuando a colina onde no topo foi construída uma grande casa romana. Enrick vê seis bois andando a esmo pela vila. Eles pastam e tomam a água verde e barrenta dos cochos. O Herói apeia e amarra o gado na cerca de madeira próxima as casas.
Ao entrar nessa área, por entre as casas, Enrick vê dezenas de ratos correndo. Dois trombam em seu pé. Moscas varejeiras voam em círculos colocando os seus ovos nos corpos com as barrigas estouradas dos gases da decomposição. A matilha de cães vira-latas corre para longe com as orelhas baixas. Existem crianças, velhos e adultos caídos. Os outros animais estão mortos e alguns deles tem marcas de mordidas em seus corpos. Então Enrick escuta um som vindo de uma casa, algo como algumas panelas caírem. Ele espia pela janela mas o interior da pequena casa escuro o impede de enxergar. Quando sobe no degrau da cabana simples ele escuta uma respiração pesada. Lá dentro uma menina de uns quatro anos, loira, semi nua, está caída em cima do cadáver de uma mulher. Ela está abraçada com ela. A mulher deve ter morrido há uns dez dias. A menina não parece doente. Enrick percebe que existem pedaços de galinhas e pombas cruas em um canto e uma panela com água cheia de limo no chão. A menina está em choque e não fala nada. Enrick pega a garota no colo e a leva para fora. O Cavaleiro coloca a menina em cima de Hefesto e caminha sozinho pela estradinha que leva a casa romana.
Na colina de Jesus Rei, onde a casa se ergue, os pontos no monte eram corpos de soldados, crianças e mulheres. Os mortos estão cheios de pústulas e feridas da peste. Chama a atenção os lábios dos que estão de barriga para cima. Eles tem uma cor leitosa indicando que ingeriram veneno de mandrágora. Parecem que todas as famílias se reuniram para morrer juntos. Enrick chega até a casa cercada por colunas que sustentam a entrada em formato de triângulo de pedra branca. Esculpido na fachada está uma mão empunhando a Sanctu Gladius. Dê um lado o Velho Romano da estátua na frente do feudo e do outro São Paulo, os dois vestidos com túnicas romanas com louros em suas cabeças e com os indicadores apontado para a espada sagrada gravada no mármore.
O chão da sala principal é feito também de mármore vermelho e branco em padrões hexagonais. Cadeiras, espreguiçadeiras e baús e uma mesa grande para banquetes estão tomados pelas raízes das plantas que vieram de fora tomando a casa. Moscas e pulgas andam por ali em meio as fezes de animais. Parte do teto desabou e pedras estão soltas e se espalham pelo chão. Uma grande lareira adornada por anjos esculpidos no próprio mármore está tomada por ninhos de ratos e pássaros. Uma dezena de corpos de homens e mulheres, vestidos com túnicas romanas estão sentados nas cadeiras, outros caídos parecendo uma casa de mortos vivos. As portas eram todas de correr com detalhes em ouro e prata que já não estão ali. Tapeçarias religiosas mostrando a via cucris e uma maior, ocupando destaque, conta a batalha de Mearcred Creeck, a luta contra o feiticeiro Swered, Sir Morris e a recuperação da espada milagrosa. A peça está toda rasgada e comida de traças. No interior da casa tudo está silencioso, mas o cheiro de decomposição é muito grande.
Enrick vai até uma grande varanda com colunas que permite a vista da área de treinamento e das terras cultivadas agora destruídas. Um jardim com fontes construído ali no grande platô se estende após a varanda. Ele está com o mato alto e as águas da fonte estão barrentas e paradas. Um padre está caído ainda respirando, careca e com as barbas brancas de hábito marrom, ele agoniza enquanto três cachorros devoram os seus intestinos. Os animais fuçam e fungam. Estão famintos. Eles levantam a cabeça e rosnam para Enrick e então correm em sua direção com os dentes à amostra e foucinhos cheios de sangue. O herói pega um pedaço de madeira do chão e acerta o primeiro cão que cai morto com o pescoço quebrado. O segundo morde a coxa do Flecha Ligeira que tem a perna furada pelos dentes do animal. Aí Enrick usa o pedaço de madeira e por um instante se livra do cachorro. O cachorro volta a atacar mais o herói o mata como o outro. O terceiro cão foge assustado. O padre agonizando olha para o Cavaleiro.
Padre: “Essa terra é maldita! Desde que o senhor desse lugar enlouqueceu ninguém veio reclamar a sua posse e continuamos a viver aqui. Tínhamos a Sanctu Gladius para cultuar e ninguém nos perturbava. Plantávamos e dividíamos como o Cristo ensinou. Um dia Sir Edgar voltou com aquela mulher vinda do inferno, vestiu a armadura sagrada e pegou a espada de São Paulo. Quando nos deixaram, da boca da bruxa saíram milhares de insetos negros que cobriram a vila por alguns instantes e sumiram. A mulher disse que era um presente dos deuses caídos do antigo invasor. Algumas dias depois a peste começou. Primeiro matou os mais velhos, depois as crianças e por final levou a todos.”
Então ele olha para cima e morre com os olhos abertos e com a boca caída mostrando os seus dentes amarelados. Então Sir Enrick escuta o som da respiração de um animal. No meio do mato próximo a fonte existe uma jaula e no seu interior um animal magro e ofegante com a sua vasta juba dourada: Um leão. Ele gira dentro da jaula e se esfrega nas barras. Enrick joga as carcaças dos cachorros. O Leão saliva de fome e come toda a carne fresca. Então o Herói abre a jaula e o animal pede carinho para ele. Enrick parte do feudo com os gados amarrados em Hefesto e o Leão o acompanhando com a menina em sua garupa. O animal e a garota parecem se conhecer. Hefesto, o cavalo de batalha do Flecha Ligeira fica um pouco assustado dando trabalho para cavalgá-lo mas aos poucos o Cavalo se acostuma com a presença do Leão.
Lady Marion rumou para o lado oposto da estrada que partiu o seu marido. Depois de algumas horas cavalgando ao lado de Syan seu escudeiro, a guerreira se aproxima de um mosteiro à beira da estrada, próximo de Sarum. Os monges estão ali fazem trinta anos. A maioria do vinho e do hidromel vêm desse lugar. Os Padres vivem do fornecimento destas bebidas para os feudos e para as cidades. Há muito que todos percebem que o lugar cresceu de uma pequena igrejinha de madeira até esse mosteiro de pedra negra para pelo menos cinquenta sacerdotes.
Syan: “Esse mosteiro deve estar cheio de prata e gado Milady.”
Lady Marion: “Então vamos pegá-los.”
Uma carroça puxada por bois, cheia de barris, onde um homem é o cocheiro e os outros três estão caminhando ao lado sai dos portões da construção. Três monges vestindo hábitos marrom com os cabelos raspados atrás da testa os acompanham. Um deles abençoa os homens que riem enquanto jogam uma bolsa. O monge se esforça pra pegar mas não consegue. Várias moedas de ouro se derramam na terra. Os monges juntam enquanto os homens partem para o lado oposto o de Marion.
Lady Marion: “Saxões!”
Então a heroína cavalga até os monges. Ela desce de sua montaria enquanto o seu escudeiro tira a alça de couro da bainha que prende a sua espada e permanece montado.
Monge: “Deus te abençoe minha filha! O que a traz a casa de deus?”
Lady Marion: “Tenho que confiscar cinco cabeças de gado padre.”
Monge: “Como sabem só obedecemos um senhor! O Deus e Cristo que vivem sobe todos nós. Somos humildes e pobres! Fizemos voto de pobreza minha senhora, não temos nada que possa interessar. O que temos pertence ao bom deus.”
Lady Marion: “Não estou pedindo padre. É uma ordem da Condessa que deve ser cumprida.”
Monge: “Caso não saiba irei reclamar com o bispo Dubricus! Ou mesmo com o Rei Aethelswith que prometeu que no tempo certo ouvirá sobre o novo Deus que é um só, diferente de você, mulher. A essência da desvirtude está dentro de cada ser feminino e você não vai desvirtuar nossa casa, ou melhor a casa de Deus.”
Lady Marion: “Agora Syan!”
Então o escudeiro saca a sua espada e avança com o seu cavalo em um dos padres. O outro assustado tropeça e cai. O Monge que estava falando com Marion se distrai. Em um piscar de olhos Marion está em suas costas com uma das adagas em seu pescoço. O monge suando frio e tremendo de medo finalmente cede.
Monge: “Osfael e Tegi! Tragam os bois para a pagã.”
Após um tempo os dois monges com a ajuda de dois meninos trazem cinco bois. Bem magros e feios. Um deles manca e dois deles parecem doentes.
Lady Marion: “Este gado está doente. Passe a bolsa que os saxões lhe pagaram.”
Assim a filha de Avalon retorna com cem libras ao invés do gado.
ENTREGA DOS ESPÓLIOS
Então no final do dia todos os Cavaleiros jurados a Condessa Ellen retornam a Sarum reunindo as cem cabeças de gado. Os animais se agitam com a presença do leão. Um boi empurra o outro e alguns ameaçam correr.
Sir Bag: “Que trabalhinho ingrato! Oh guri, dá onde conseguiu esse bicho? Eu hein, deixe ele longe de mim e dos bois.”
Sir Amig: “Trabalho sujo mais alguém tem que fazê-lo! Alegrem-se por não estar enterrado na cripta da igreja junto como os nossos amigos! Sir Enrick mande esse leão pra Dinton. Ele deve ser treinado. Procurarei algum romano que saiba como fazê-lo.”
Sir Enrick: “Oswalt. Leve o leão e essa menininha para Dinton. Avise para Carmelo ir até as terras de Sir Edgar e pegar o que precise. As árvores com frutas estão abandonadas, existe mármore a ser retirado. O Romano não vai mais precisar.”
Logo um grupo de guerreiros saxões chega. São duzentos e trinta guerreiros, bem armados, com cotas de malha e por cima as armaduras de couro fervida. Na frente vem trotando o Príncipe Aescwine.
Príncipe Aescwine: “Boa noite Britânicos! Vejo que foram sensatos e decidiram cumprir o nosso acordo.”
Barão Algar: “Não permito a entrada na cidade dos seus homens. Peguem o que pediram e sumam.”
Príncipe Aescwine: “Homens vamos!”
Rindo ironicamente os saxões vão pastoreando o gado.
Príncipe Aescwine: “De nossa parte a paz está selada! Espero que continuemos assim. Essex não os atacará. Essa é a palavra do Rei.”
Ele vira o seu cavalo e vai embora com os seus guerreiros a prata e o gado. Os Cavaleiros atravessam a Sarum empobrecida. Nas muralhas os poucos soldados os observam com o rosto triste. No salão de audiências a Condessa Ellen está sentada no trono esculpido com o encosto redondo com o brasão da cidade. Ela parece nervosa. As tochas refletem as lágrimas que descem de seus olhos.
Condessa Ellen: “Leiam isso!”
Mensagem: Condessa Ellen, quando ler essa mensagem provavelmente não estarei mais entre os vivos. Fui o único homem graduado que sobrou em Hampshire. Os saxões desembarcaram logo antes do amanhecer. Nas últimas estrelas da madrugada eles tomaram o porto de Hantonne e mataram tudo o que se movia. Depois invadiram as docas e aí veio o pior. Casa por casa foi saqueada. Mulheres violadas e mortas. As crianças foram levadas como escravos e os homens mortos. Eu e os meus homens lutamos com tudo que podíamos. Estamos no momento presos entre a paliçada e o beco entre a igreja e uma estalagem. Só nos resta a morte honrada lutando até o final. Espero que nenhum falcão ou flecha abata o pombo mensageiro. Ass: Sargento Seirian da Guarda de Hantonne.
Condessa Ellen: “Sabem o que isso significa? O sul foi tomado Cavaleiros! Só nos resta aguardarmos o nosso fim. Que seja glorioso como foi o desse pobre homem.”
Sir Amig: “Condessa! Não vamos ficar de braços cruzados. Eles estão em Hantonne. Nos deixe ir até lá pelo menos para ver o que está acontecendo. O lugar tem muita mata ao redor.”
Condessa Ellen: “Então vão Cavaleiros da Cruz do Martelo! Vocês são a nossa única esperança.”
HANTONNE
Os Cavaleiros da Cruz do Martelo deixam Sarum no final da tarde. Dessa vez sem o povo os ovacionar e seus familiares se despedirem lhes desejando boa sorte. O grupo ruma para o Sul por uma estrada de terra, atravessa a ponte de madeira. Nenhuma alma viva é vista nestas paragens até que um grupo de aldeões esfarrapados e sujos vem caminhando pela estrada. Parecem um bando de mortos vivos. Não levam nada com eles. São umas trinta pessoas. Estão todos molhados. Eles vem se aproximando e parecem nem perceber que os Cavaleiros estão ali. Um deles, de cabelos pretos lisos, de barba longa, bem magro os observa com os olhos vidrados.
Aldeão: “Ouve batalha! Gritos na madrugada. Depois fogo e morte. Escapamos nadando pelo porto. Morreram todos. O Rei Cerdic dos bárbaros colocou todos os moradores em uma fila imensa ao redor da cidade e escolheu quem viveria ou morreria. Disse que veio reconquistar as terras de seus ancestrais. Quando começamos a correr da linha, os bárbaros começaram o massacre. Nos fingimos de mortos na confusão e rastejamos no escuro até o rio.”
Sir Berethor: “Mais pessoas rumando para Sarum! Mais doenças e fome.”
Sir Lycus: “Pelo osso de Santo Albano. Se não tivesse piedade mataria todos por pena.”
Sir Amig: “Vamos! Não temos o dia todo!”
Eles continuam a jornada e entram na floresta de Camelot. Tudo está silencioso e calmo. Os pássaros cantam e o som do rio correndo indica que estão próximo a cidade. Mas então os Cavaleiros ouvem som de cascos de cavalos se aproximando na mata. Cinco homens passam próximo à eles por entre as árvores. Eles usam por cima da cota de malha um manto amarelo com um Brasão com dragões vermelhos e brancos pintados em um fundo negro. Estão armados com espadas e levam nas costas escudos longos.
Algar: “Olhem, são britânicos.”
Eles parecem ter visto os Cavaleiros da Cruz do Martelo. Quando se revelam eles sacam suas espadas fazendo um som de aço contra o couro. Mas um deles não brada a sua arma. Usando uma manopla de ferro prateada e capa verde, com cabelos pretos longos e traços forte, com uns vinte verões, ele ergue a mão enluvada.
Príncipe Cynric: “Guardem suas armas Cavaleiros! Estamos em patrulha. Somos do Clã dos Gewessi!”
NOTA DO MESTRE: Gewessi é um clã que existe em Gloucester e Hampshire. Já dominaram a Britânia antes da chegada de Ambrosius. Seu Rei Vortigern trouxe os saxões para expulsar os Pictus e os Irlandeses quando os Romanos se retiraram da ilha. Inclusive o Britânico casou com uma Princesa saxônica. Desde então os bárbaros nunca mais deixaram a Britânia. Vortigern era tirânico e nunca foi amado e precedeu Aurelius Ambrósios. Foi morto queimado trancado em seu castelo em uma rebelião deflagrada pelo irmão de Uther. Esse rei era avô de Sir Geoffrey. Personagem do jogador Mário que participou das quatro primeiras aventuras em nosso grupo de RPG.
Príncipe Cynric: “Essas terras tem um novo senhor! E estamos chamando os nobres dos Reinos vizinhos para conversar. Quem é o homem com mais título de vocês?”
Barão Algar: “Sou eu!”
Príncipe Cynric: “Barão Algar! Seus méritos são conhecidos. O Rei quer se explicar por ele mesmo. Lhes convido em nome do Rei Cerdic a nos acompanhar, em paz, à um festim. Seremos os seus guias e o seu salvo conduto.”
Sir Enrick: “E qual garantia que teremos de sairmos vivos de lá?”
Príncipe Cynric: “Deixem os seus escudeiros aqui e eu ficarei como refém. Sou o filho do Rei e a garantia de que vocês voltarão são e salvo.”
Acordo feito e eles seguem em frente pela mata. Os quatro Cavaleiros Gewessi cavalgam ao redor deles. No descampado que sai da mata e leva até Hantonne eles vêem a coluna de fumaça que se ergue da cidade. Os heróis passam pelos muros e as ruas de Hantonne estreitas e os becos escuros estão cheio de lixo e restos de comida. É um lugar que sempre cheirou a peixe e maresia e agora também cheira morte. A maioria dos navios atracados estão abandonados. Existem guerreiros saxões e britânicos andando pela cidade. Todos com os dragão vermelho e branco no fundo negro de Cerdic. As prostitutas estão amarradas na praça central e um grupo de homens se divertem com elas. Um nobre gira enforcado em um árvore.
Cavaleiro Gewessi: “Não quis conversar!”
Sir Amig: “É o regente da cidade. Sir Sullien.”
Sir Berethor: “Que Deus guarde a sua alma.”
A igreja foi queimada. Existem centenas de bárbaros andando pela cidade misturados com soldados de Gewessi. A maioria carrega um chifre de cerveja ou hidromel. Andam tropeçando pela rua. Não usam escudos, nem elmos. Só as cotas e suas armas na cintura. A medida que passam eles os observam. Alguns cochicham, outros cutucam chamando a atenção daqueles que não perceberam a presença deles. Mas ninguém fala nada ou os ofende. O grupo vê algumas brigas. Alguns saxões vomitando próximo a uma taverna e observam outros martelando espadas, concertando as cotas de malha e elmos. Eles são escoltados até à um salão, onde o regente costumava ouvir e julgar as desavenças dos moradores da cidade.
O salão está rodeado de Cavaleiros Gewessi, uns quarenta, vestidos igual aos que os escoltam até ali. Esses, portam lanças e escudos. Na cintura usam espadas. Os heróis percebem que estes não estão nada embriagados.
O grupo sobe a escada larga de madeira e lá dentro vêem dezenas de mesas longas com pratos e canecos em cima. Existe um trono colocado no centro em um elevado com a mesa na frente. No fogo, um grande javali está sendo assado. O salão está cheio. Eles vêem saxões, Cavaleiros Gewessi e alguns Cavaleiros Britânicos que só conheciam de vista da corte do Conde Roderick. Lá na frente, no trono, um homem forte de meia idade, com cabelos brancos alaranjados e barba por fazer, com uma coroa de ouro cravejada de rubis e esmeraldas, vestido com o brasão com o Dragão Vermelho e Dragão Branco, usando uma capa de urso negro, com uma cota de malha reforçada por baixo. Na cintura uma espada de duas mãos enorme. O quatro Cavaleiros Gewessi se curvam ao entrar. Os heróis fazem o mesmo.
Rei Cerdic: “Silêncio todos! (bate na mesa) Quietos!”
Todo o salão silencia e os homens para de comer.
Cavaleiro Gewessi: “Lhes apresento os cavaleiros de Logres, Majestade. O Príncipe ficou com os escudeiros de Logres como garantia de que não serão atacados.”
Rei Cerdic (com um leve sotaque saxão): “Pois sejam bem vindos Cavaleiros de Logres! Tens minha hospitalidade e são meus convidados! Eu sou o Rei Cerdic dos Gewessi e volto da terra dos Germanos para reclamar o que um dia pertenceu ao meu pai. Rei Vortigern, Rei Supremo da Britânia. Gostaria que se apresentassem!”
Barão Algar: “Barão Algar do clã Herlews e nobre de Logres.”
Marion: “Marion Tishea Stanpid. Filha de Avalon e de Sir Amig. Esposa de Sir Enrick Stanpid Flecha Ligeira.”
Sir Enrick: “Sir Enrick Stanpid!”
Sir Amig tirando o seu elmo com os chifres de bode e com o peito estufado cheio de orgulho dá um passo à frente.
Sir Amig: “Sir Amig de Tishead. Cavaleiro Celta. Nomeado por Aurélio Ambrósios como o Caçador de Gigantes de Logres. E já mandei para o inferno muitos saxões inclusive o seu pai.”
Os saxões se olham. O salão inteiro fica em total silêncio com os bárbaros lhes examinando de cima a baixo. Um deles vai sacar uma espada, mas outro o segura. Os Britânicos presentes dão umas risadas irônicas. Cerdic encara Sir Amig enquanto manda seus homens se sentarem.
Rei Cerdic: “Não faltará oportunidade, para quem sabe um dia, pagar-lhe com a mesma moeda. Mas hoje lhe estendo a mão.”
Sir Dylan: “Sir Dylan de Tishea filho de Sir Amig. Não liguem para o meu pai. Ele é um grande Cavaleiro como disse, Não mente, mas não contou que já matou muitos Britânicos também.”
Agora a outra metade do salão cheia de Britânicos fica séria. O silêncio é total. Mas, então, Cerdic começa a rir batendo na mesa e todos os presentes explodem em gargalhadas. Os heróis se olham e forçam a risada tensa. Sir Bag finge que está se divertindo apontando para todos os presentes com sua risada falsa e grave.
Sir Berethor: “Sir Berethor! Seguidor de Cristo e executor daqueles que oprimem, matam e roubam.”
Sir Lycus: “Ao seu dispor Rei Cerdic. Deixemos nossas diferenças e tentemos encontrar interesses em comum.”
Sir Bag: “Sou Sir Bag! Como muito, dou porrada em quem não fui com a cara e se não gosta de mim, provavelmente é porque não gostei de você antes.”
Sir Léo: “Sir Léo! Vassalo da Condessa Ellen e defensor de Sir Robert que um dia governará Saurum em tempos melhores.”
Rei Cerdic: “Vida longa à Conde Robert então!”
Sir Verius: “Cavaleiro Celta, membro honorário dos Cavaleiros da Cruz do Martelo do clã dos Dobbuni. Servindo o Barão junto com o meu cachorro, Urco. Ele é saxão também. Não é garoto?”
Urco então late duas vezes e os homens batem na mesa o saldando.
Sir Dalan: “Sir Dalan, Cavaleiro e Bardo!”
Rei Cerdic: “Um bardo Celta! Minha mãe sempre falava de homens que cantavam os feitos de seu povo e que eram portadores da história da Britânia. Queremos ouvir algo meu rapaz! Alguma música sobre batalha!”
Um homem trás um alaúde para Dylan que começa uma canção.
Música: Batalha de Saint Albans
Marchando para a guerra eram poucas espadas
Seguindo um Rei valente com a alma cansada
Chegaram em Saint Albans pra lutar aquele dia
O inimigo se escondia, e a cidade era uma armadilha
Os homens de Wells e a Cruz do Martelo
Seguirem para morte nos portões que estavam abertos
E o silêncio foi quebrado com tamanha violência
E os gigantes surgiram sem nenhuma clemência
Pedras voaram, casas queimaram
A derrota era certa e o fim estava claro
Os portões bloqueados eles não tinham saída
E milhares de soldados pagaram com a vida
Eis que então a salvação surge na muralha
Carmelo um bom cristão os salvava da barbaria
Mas Sir Jakin bravamente ficou lá dentro e morreu
Foi então naquele dia que o céu escureceu.
No raiar do dia a luta recomeçava
Os gigantes retornaram, para o campo de batalha
A filha de Avalon derrotou um dos titãs
Mas o inferno começava era o início da manhã
Lady Marion comandava as flechas pelos flancos
Sir Enrick e Barão Algar duelavam sem descanso
Carmelo cuspindo fogo com as armas de arremesso
E então veio o Romano, Sir Edgar pagaria o preço.
Gungnir alçou vôo das mãos de Barão Algar Herlews
E NIX em um silvo agudo nas muralhas padeceu
Sir Sir Enrick lutou em um duelo singular
martelou o romano Syagrius até o seu crânio quebrar.
Numa bola de fogo ardente excalibur se perdeu
Sir Enrick mesmo queimado a jogou para o seu Rei
No meio do fogo era um inferno enquanto o aço escrevia a estória
Octa o saxão tombou (PAUSA) e Uther se encheu de glória
Excalibur espada das brumas, para Avalon vencer
Um reino, uma terra, um Rei
No final os homens aplaudem. Um deles grita: “Cante uma de Uther sendo envenenado!” E todos riem ironicamente...
Rei Cerdic: “Muito bem! O salão de baquetes também é seu Cavaleiros! Lhes sirvam comida e bebida até não aguentarem mais. Afinal todos somos Britânicos. Sou meio saxão e metade Britânico. A civilidade sempre veio de meu pai. Era o Rei Supremo da Britânia, o nobre lorde que governou a ilha antes dos Pendragons. E meu avô, pai de minha mãe, também foi Rei. Quem poderia ser mais nobre? Então, um brinde à logres e que nossos vizinhos permaneçam sempre em paz conosco. A Logres!”
Todos: “A Logres!”
O Javali é servido, depois pato, costeletas de vaca e muita cerveja e hidromel. Há um ano os Cavaleiros de Logres não tinham uma refeição como esta.
Sir Bag: “Estava precisando disso! Obrigado Deuses! Até que esse Cerdic é cortês não acham?”
Barão Algar: “Todo cuidado é pouco homem.”
Sir Dalan: “Quando a oferenda é grande os Deuses desconfiam Bag. Pare de pensar com o estômago.”
Lady Marion: “Exatamente!”
Sir Dylan: “Eu temo que esse seja mais uma Noite das Facas Longas. Quando os saxões reuniram os maiores lideres Britânicos para negociar a paz. Foi em Stonehange. Sentaram, beberam conversaram e então foram todos mortos com punhais escondidos.”
Sir Berethor: “Não esqueça que quem sofreu esse atentado foi o pai de Cerdic, o Rei Vortigern.”
Sir Lycus: “É bom ficar de olhos abertos!”
Sir Amig: “Até que eu gostei desses desgraçados! São autênticos pelo menos. Mas não sei o que eles estão pretendendo.”
Sir Léo: “Talvez mais tributos pela paz.”
Então o Rei se levanta e fala:
Rei Cerdic: “Saxões, Gewessi e Cemyrics. Nossas casas e clãs sempre foram construídos através da força. Sem ela estaríamos sentados entre homens que se valem somente pelas palavras e elas são tão fortes quanto o aço. Mas um homem sem palavra ou sem o aço não passa de um verme!”
E todos os homens batem na mesa e gritam.
Rei Cerdic: “Ouve-se muito sobre os campeões de Logres, seus feitos e conquistas. Os bardos cantam sobre vocês. Mas qualquer homem por um punhado de ouro cantaria até que uma freira é capaz de vencer guerras.”
Todo salão explode em risadas.
Rei Cerdic: “Gostaria de chamá-los alguns de vocês para um combate amigável, corpo a corpo. Esse é o costume da Terra dos Germanos. Se um guerreiro não é capaz de enfrentar de mão nua outro, não é capaz de nada!”
Sir Amig levantando da mesa: “Que assim seja!”
Sir Amig caminha até o centro do salão entre as mesas. Um saxão jovem de uns dezoito verões de idade se aproxima. Tem cabelos loiros longos com tranças e olhos verdes. Tem uma barba rala com poucos fios.
Sir Amig: “Janto crianças cheirando a leite de cabra todos os dias filhote de Vira-lata!”
Todos no salão riem e batem suas canecas e pratos compassadamente.
Herwig: “Sou Herwig. Filho de Caedwalla! Vou fazer você sofrer velho!”
Sir Amig: “Sou Sir Amig e sou um filho da puta e vou chutar a sua bunda!”
Sir Bag: “Xiiii ele chamou o Sir Amig de velho!”
Sir Amig fica parado no centro observando. Ele solta o cabelo e olha para o saxão que anda em círculo ao redor dele. O cavaleiro veterano nem se dá o trabalho de acompanhar o movimento. O garoto então tenta um golpe pelas costas. Salta no pescoço de Sir Amig tentando abraçá-lo. Sir Amig se abaixa e Herwig abraça o vazio. Sir Amig vira para ele.
Sir Amig: “Gosta pelas costas não é?”
Todos riem. O rapaz fica louco e lhe dá um soco. Sir Amig dá um passo para o lado e o rapaz acerta uma coluna do salão atrás do cavaleiro. Herwig dá um grito de dor e segura o membro quebrado. Sir Amig pega a outra mão do rapaz e a torce. Herwig fica de joelhos. Sir Amig olha insolente para todos que o aplaudem.
Mas o rapaz aproveita o momento de glória do veterano e lhe aplica uma cabeçada no estômago derrubando-o.
Sir Bag chama um Gewessi da mesa ao lado: “1 libra no Sir Amig”
O homem responde: “Fechado!”
Então o saxão consegue acertar um chute nas costelas de Sir Amig, que branquelo, fica vermelho como uma pimenta. Então o rapaz lhe aplica mais um chute e joga Sir Amig pra debaixo da mesa. Herwig vai procurando por entre as pessoas sentadas mais o Cavaleiro veterano sumiu.
Sir Amig cutuca Barão Algar, Lady Marion, Sir Enrick e Sir Bag: “Quando eu disser três, saiam da frente.”
Herwig percebe e se aproxima.
Sir Amig: “Um,...,três!”
Sir Enrick, Lady Marion e o Barão Algar saltam quando o garoto se abaixa para espiar e Sir Amig levanta o banco comprido de madeira e acerta direto o peito do saxão que cai batendo as costas nos outros espectadores sentados e depois cai pra frente em cima do banco se contorcendo de dor. Sir Amig se levanta calmamente e vai até o Rei.
Sir Amig: “Com licença!”
Pega um osso ainda com carne do javali que o rei estava comendo. Cerdic faz um gesto de que Amig pode seguir em frente e o Cavaleiro veterano volta até o garoto.
Sir Amig: “Se rende fedelho?”
Herwig: “Nunca Amante de Gamo!”
Sir Amig: “Então é hora do vovô colocar a criança pra dormir!”
E com um golpe na cabeça, usando o Pernil, Herwig desmaia de bruço.
O salão vem abaixo com aplausos e batidas de canecos e pratos. Sir Bag recebe sua libra. Sir Amig desfila com as mãos para cima.
E aí começa o coro. “Queremos o Barão! Lute Barão!”, “Barão, Barão, Barão!” Sir Amig mancando vai até Algar.
Sir Amig: “Tô ficando velho! Vai Barão Algar. Como diria um fantástico cavaleiro amigo meu das antigas. Hora do pau!”
Um guerreiro saxão se levanta e se aproxima do centro do local. Ele arranca a cota de malha, depois a armadura de couro. Em seus punhos existem munhequeiras de pele de lobo cinza. Ele grita, hurra e cospe no chão. Seus cabelos longos castanhos estão cheios de pontas de ferro, feitas com as espadas de seus inimigos derrotados. Tem cicatrizes no rosto e no tronco. E usa uma calça de couro marrom com um cinto com um martelo de fivela e calça botas de pele de urso. Ele é do tamanho de Sir Bag. Algar também retira as suas proteções.
Rei Cerdic: “Este é Eca filho de Awigui, o arrancador de olhos! Berserker saxão! Nunca tombou em nossos salões.”
Barão Algar: “E eu sou o Demônio do Norte e vim assombrar os seus salões.”
Eca coloca a mão na garganta e vomita nos pés do Barão toda a comida que tinha ingerido no jantar.
Sir Bag: “Agora eu entendo o nome desse saxão.”
Os presentes ficam entusiasmados e batem na mesa como loucos e riem ao mesmo tempo enquanto o Berserker cospe no chão, apontando o dedo para Algar, enquanto o encara com os olhos esbugalhados com a sua barba toda suja cheia de pedaços de comida digeridos. Ele fica em posição de luta o herói. O bafo de hidromel e cerveja do homem é enjoativo. Ele enche a boca de hidromel do caneco de Lady Marion e lhe cospe bem no meio do rosto.
Algar tenta acertar Eca. O saxão desvia e lhe aplica um soco. Algar se abaixa e o punho do Berserker passa rente ao seu nariz. Então o Barão vê uma brecha na guarda do bárbaro e lhe acerta o meio da cara. O homem tonto dá alguns passos para trás com um dos dentes voando mas se recupera e usando o antebraço acerta, com o cotovelo, o rosto do Demônio do Norte que sente o golpe. Então os dois correm um em direção ao outro e se atracam. Eles medem forças mas Algar usando seu peso consegue segurar o tronco de Eca e o ergue no ar o jogando de costas no chão em um mata leão fatal. O salão fica chocado e em silêncio. Eca tenta se levantar duas vezes. Na terceira cambaleia em zigue zague tentando andar em linha reta. Seus olhos tentam focalizar ao redor mais não consegue. Ele esfrega as duas mãos tentando enxergar e decide dar dois socos. Um acerta o queixo de um coitado Gewessi que estava perto e o outro a cabeça de um alce pendurada em uma das colunas e depois desaba completamente tonto. Todos riem.
Todos batem palmas e fazem barulho dando socos na mesa.
Rei Cerdic: “Muito bom Demônio do Norte! É disso que eu tinha falado pra os meus homens! Um guerreiro como você é raro. Vejo que as canções tem dito a verdade!”
Então um coro tem início.
Coro: “Deixem a guerreira lutar!” “Filha de Morrigan!” “Morrigan”, “Marion”, “Marion!”
Uma mulher que estava em uma das mesas se levanta. Ela calça uma bota de pele de urso negro amarrada com fitas. Seus cabelos tem a mesma cor. São bem grandes e armados. As pernas e braços estão a amostra. Ela veste um kilte de pelo de urso negro e por cima um corselete de couro fervido. Nos pulsos usa braceletes dourados com runas saxônicas. No pescoço está o martelo de Thunor e no alta da cabeça uma tiara de couro com uma medalha de ouro no centro com o W de Wotan gravado, cravejados de pedras brilhantes.
Ailred: “Sou Ailred, filha de Darnel! Os Deuses estão conspirando. Me deram uma menina frágil e bonita para eu fazer uma cicatriz no meio de seu rostinho de boneca!”
Marion: “Então venha fazê-la!”
Ela pega um punhal usado para comer e faz um corte em sua palma da mão. É fundo. Sai uma capa de gordura e depois o sangue vermelho brota. Ela passa nas maçãs do rosto. E ri rosnando para Lady Marion. Então a Filha de Avalon pega uma faca de outra mesa e abre a palma da mão. E se pinta de sangue também. Ailred ameaça chutar as suas pernas. Marion, instintivamente, se encolhe muito rápido. Os presentes suspiro juntos: “uuuuh”.
Ailred: “Está com medo Celta?”
Sir Bag: “Vai menina de ouro!”
Sir Dylan: “Bote essa mulher macho pra dormir!”
Sir Amig bebendo um caneco de hidromel: “Até você Dylan?”
Então quando Ailred corre tentando acertar um soco em Marion ela gira pela direita e contra golpeia. A saxã sente o soco e quase desmaia. Mas a mulher é forte como um touro e em um momento de distração acerta um chute no rosto de Marion. Agora é a guerreira que cambaleia pelo salão. As duas estão tontas andando em círculos. Aí Ailred tenta aplicar um soco e acabar a luta. Quando a bárbara da um passo à frente Marion dá um mortal para trás. A guerreira bárbara acerta o vazio enquanto, com o pé direito, Marion acerta o queixo de sua adversária com o mesmo movimento. Ailred levanta do chão com o impacto. Ailred com sangue escorrendo do nariz e do supercílio cai de quatro no chão.
Sir Dalan dá uma boa olhada: “Eu pegava!”
A guerreira respira mal, provavelmente com a costela quebrada. Ela levanta a cabeça e olha para Lady Marion com os cabelos para frente. Ela enxuga a boca suja de sangue e cai desacordada.
Lady Marion: “Parece que quem ganhou a cicatriz no rosto foi você!”
O salão vem abaixo em aplausos: “Lady Marion! Lady Marion! Lady Marion!”
Rei Cerdic: “Salve Lady Marion! Guerreira Celta! O sangue de Morrigan corre em suas veias Milaidie”
Então Sir Bag se levanta com o caneco nas mãos.
Rei Cerdic: “Sir Bag! Quem desafia para lutar?”
Sir Bag: “Não, eu só estava indo pegar mais Hidromel!”
Sir Bag começa a caminhar em direção aos barris na esquerda do salão. Um Saxão levanta e o intercepta no meio do caminho. O bárbaro, um ruivo vestido de peles de lobo, com um cavanhaque e cabelos longos cheio de tranças.
Wulfstan: “Onde vai gorducho?”
Sir Bag: “Vou pegar mais bebida! Você quer?”
Wulfstan: “Não! Sou Wulfstan o louco e te desafio!”
Ele bate no caneco que voa da mão do cavaleiro.
Sir Bag: “Pra que isso? Derrubou o caneco!”
Wulfstan: “Eu quero lutar desgraçado!”
Sir Bag: “Ah! Porque não disse antes?”
Sir Bag com as duas mãos enormes bate palma nas duas orelhas de Wulfstan. O estalo é tão grande que o salão todo se cala. O ruivo vira o olho, perde a força das pernas e cai de joelho. Sir Bag só empurra a cabeça de Wulfstan para trás.
Sir Bag: “Pronto ta aí a sua luta! Quer mais bebida Menina de Ouro?”
Tudo fica em silêncio. Todos estão boquiabertos. E o cavaleiro com mais de dois metros de altura pega o caneco de cima da mesa do lugar onde estava sentado Wulfstan e vai até os barris. Neste momento o salão explode em uma forte gargalhada.
Rei Cerdic: “Dizem que suas flechas são mais rápidas que o vento e mais precisas que um falcão, Sir Enrick?”
Sir Enrick: “É o que dizem!”
Rei Cerdic: “Confia em suas habilidades plenamente?”
Sir Enrick: “É claro!”
Sir Enrick: “Gostaríamos de vê-lo em ação! Tragam o escravo Irlandês!”
Então um rapaz Irlandês de cabelos lisos e compridos até o ombro, vestindo uma túnica de escravo, feita com couro de vaca, com um cinto amarrado na cintura calçando um sapato feito do mesmo material se aproxima.
Rei Cerdic: “Meu rapaz! Vá até a porta do salão e se encoste ali.”
O Rei Cerdic com uma maçã nas mãos que ele vai atirando para cima em movimentos repetitivos atravessa o salão. Ele se aproxima do rapaz que começa a tremer e a suar prevendo o que irá ocorrer. O Rei coloca a fruta na cabeça do garoto. O Rei Cerdic, quase tão alto quanto Sir Enrick se põe ao lado do arqueiro.
Rei Cerdic: “Amigo Flecha Ligeira! Por favor! Tenha a honra de demonstrar o seu talento!”
O escravo olha nos olhos de Sir Enrick, engole seco e depois focaliza a visão na ponta da flecha. Então o garoto fecha os olhos.
O salão inteiro ecoa com um coro de: “Oh, Oh, Oh, Oh, Oh!”
Sir Enrick se concentra e mira, mesmo no ambiente cheio de fumaça dos assados. Então ele puxa a corda de cânhamo lentamente e aí dispara. O Flecha Ligeira acerta a maçã em cheio fixando-a na parede.
Todos batem na mesa e gritam: “Mais um, mais um, mais um!”
Um homem mais alto que Sir Enrick se levanta. O bárbaro é uma pilha de músculos. Deve ter uns quarenta e cinco verões. Cabelos lisos até as costas e barba longa até a cintura. O saxão loiro tira a sua pele de urso que lhe cobre. Usa uma calça de couro de cabra e botas de pelo de lobo cinza. Ele tem o martelo de Thunor tatuado, ocupando todo o peito.
Ordwig: “Traga-me uma amora irlandês!”
O menino aliviado corre pra longe da porta. Rei Cerdic joga para o rapaz uma moeda de ouro. Ele trás uma amora e entrega para o bárbaro.
Ordwig: “Diga me se tem coragem Flecha Ligeira! Atirará em um homem de verdade!”
Ele vai até a porta. Se encosta na porta e bate no peito com as duas mãos com as munhequeiras de couro cheia de pregos.
Ordwig: “Não temo flechas Britânico!”
Ele se posiciona lhe encarando com o peito inflado cheio de orgulho e coloca a amora no topo da cabeça.
Sir Enrick: “Se matá-lo ele lhe faria falta majestade?”
Rei Cerdic: “Não, mas a família dele está aqui. Acho melhor acertar.”
Sir Enrick prende a respiração para melhorar a pontaria. Mas a altura de Ordwig e o tamanho da fruta, no salão permeado de fumaça e iluminado por tochas dificultam a visão. O Cavaleiro dispara seu arco mais a flecha desce e atravessa o peito do saxão. Ele bate com as costas na parede com o impacto. E segura no projétil tentando se manter de pé. Mas logo as forças de Ordwig acabam e ele tomba morto junto à porta. Então um homem se levanta e vai até o corpo do saxão. Aí ele arranca a flecha do homem e a devolve para Sir Enrick. Todo o salão grita: “Lutem! Lutem! Lutem! Lutem!”
O homem estrala o pescoço e depois as mãos com as unhas sujas.
Erick: “Acho que isso é seu! Matou meu irmão agora eu te matarei desgraçado.”
Então Ordwig fecha os seus punhos e aplica um direto no meio da cara de Sir Enrick gritando: “Thunooooor!”
O salão vem abaixo: “Thunor! Thunor! Thunor!”
Sir Enrick segura o soco com a sua mão esquerda. Com a direita segura o homem e lhe acerta uma joelhada em seu estômago. O saxão se curva e tenta agarra Enrick mas escorrega no vômito do Berserker que lutou com Algar. Sir Enrick se aproveita e lhe aplica uma cabeçada no meio da cara do Saxão. O adversário do Flecha Ligeira cai inconsciente. Todos ficam em silêncio olhando enquanto Sir Enrick pega o homem pela calça e os cabelos longos e atira o bárbaro em cima do corpo do irmão perto da porta.
Lá do trono Cerdic se levanta faz uma reverência para Sir Sir Enrick.
Rei Cerdic: “Que espetáculo! Estão vendo homens! Por isso queria conversar com esses guerreiros!”
O Rei força os aplausos que já não são tão empolgados.
Rei Cerdic: “Como podem ver Cavaleiros eu tenho conexões entre o povo Saxão. E, como alguns de vocês sabem, eles não são selvagens como muitos acreditam. No meu reinado gostaria que os Britânicos e Saxões conseguissem viver em paz e com igualdade! Por isso gostaria de convidá-los, campeões de Logres, a integrar o meu exército. Com certeza teremos batalhas e eu sei que vocês irão querer estar do lado vencedor. Vou deixá-los aproveitando o restante do festim e para ficarem a vontade para conversarem à respeito. São meus convidados juntamente com a Condessa e o menino Robert para passarem o Yule conosco. Boa noite!”
Então o rei se curva e se retira do salão. Algumas lutas continuam, mas agora sem muito interesse dos presentes. Os Cavaleiros vêem um saxão atirar para o outro lado do salão um Gewessi e depois, mesmo com o braço quebrado por causa da queda, eles sentam-se na mesa e bebem juntos.
Sir Amig: “Lembrem-se que temos um juramento com a Condessa Ellen e Robert garotos!”
Sir Léo: “Eu não sei se esses homens são de confiança.”
Sir Lycus: “Mas é uma oportunidade! Se seguirmos Cerdic talvez estejamos do lado dos vencedores.”
Sir Dylan: “Não me importa o vencedor. Quero estar ao lado da verdade e da honra.”
Sir Berethor: “Não se esqueçam do lema dos Cavaleiros da Cruz do martelo.”
Sir Dalan: “De qualquer maneira esses saxões não me inspiram grande confiança.”
Sir Bag: “Pelos deuses ele é filho de Vortigern. Coisa boa ele não é!”
Sir Verius: “Não sei nem se nos deixarão partir.”
Sir Enrick: “Mas eu esperava coisa pior.
O banquete continua madrugada a dentro com comida e bebida para todos. Alguns já caem da mesa completamente bêbados, outros cantam. Um Gewessi vem até a mesa dos heróis.
Sir Robyn: “Posso sentar? Então Cavaleiros, deixe me apresentar! Sou Sir Robyn, Cavaleiro do Rei Cerdic. Posso lhes perguntar como foi a luta contra o Rei Octa?”
Barão Algar: “Foi violenta, sangrenta e difícil!”
Sir Robyn: “Nós estávamos no continente lutando contra os francos e os dinamarqueses. Precisávamos de ouro e escravos para voltarmos à Britânia. Rei Cerdic lutou na ilha quando era mais jovem. O homem é muito honrado e sabe liderar seus guerreiros. Sempre pelo exemplo, nunca pelo medo. Qualquer um desse salão o seguiria para qualquer lugar e lutaria em seu nome. Perdemos muitos homens nessas batalhas. Alguns foram capturados. Cerdic nunca deixou de sustentar as famílias dos que tombaram em guerra. Pagou resgate pra salvar alguns e outros nós salvamos pela espada. Ele é realmente um homem de palavra.”
Um outro Gewessi também chega na mesa escutando a conversa.
Sir Robyn: “Este é Sir Garu!”
Sir Garu: “E saibam que o Rei ama a Britânia. Cerdic foi levado para a Germânia pela sua mãe quando Vortigern morreu. Mas ela sempre o criou com os nossos valores.”
Após muita bebedeira o dia amanhece e o sol entra pelas janelas retangulares no alto das paredes de carvalho. A maioria dorme em cima dos bancos, das mesas e jogados no chão enquanto os gatos e cachorros comem os restos de comida. Alguns vão acordando e deixando o salão com uma ressaca imensa. Escoltados pelos Cavaleiros do Príncipe eles passam pela cidade de Hantonne e retornam para a floresta. Depois de algumas horas chegam no acampamento e são recebidos por duas sentinelas.
Sentinela: “Meus senhores! Que bom que voltaram! O Príncipe Cynric os aguarda.”
Sentado ao redor de uma das fogueiras conversando animadamente com Oswalt, Caulas e Syan ele se levanta quando os Cavaleiros da Cruz do Martelo chegam. O escudeiro do Príncipe trás o seu cavalo de batalha.
Príncipe Cynric: “Bom dia! Vejo que aprovaram a hospitalidade de meu pai. Pois bem senhores, conversaremos em breve. Foi um prazer rapazes. Que os desuses os guiem! Adeus!”
O acampamento é desmontado e os heróis retornam para Sarum. Uma chuva de verão cai durante a tarde a ao anoitecer do mesmo dia os heróis cruzam o portão do castelo de Sarum e as suas tropas são dispersas. Condessa Ellen os aguarda ansiosa no pátio do Castelo.
Condessa Ellen: “E então Cavaleiros, como foram em Hantonne?”
Sir Léo: “Condessa! Conhecemos o novo invasor. Ele quer negociar uma aliança.”
Sir Amig: “Uther e Roderick devem estar se revirando na tumba!”
Sir Dylan: “Pai, respeito com a Condessa!”
Condessa Ellen: “Tudo bem Dylan! Seu pai tem razão! Se nos submetêssemos ao Rei Cerdic estaríamos para sempre sobe o julgo do inimigo. Nossos feudos renderiam um terço do que rendiam antes todo o ano. Nossas tropas continuariam pequenas. Quando estivéssemos mais enfraquecidos ainda, se algum destes supostos aliados nos atacassem seria o final de tudo.”
Então Sir Enrick, Marion e Algar percebem uns pássaros levantando vôo nas muralhas. Um homem desconhecido caminha por entre as ameias. Ele está com um manto negro com a cabeça coberta por um capuz. No final do passadiço, para onde o homem se desloca, está a torre do Conde Robert.
Sir Amig: “É um assassino, corram para as escadas da muralha!”
A Condessa Ellen dá um grito desesperada.
O guarda que estava na porta da torre tomba por uma adaga de arremesso. O assassino se esgueira pelo passadiço protegido pelas ameias de pedra. E uma espada de duas mãos enorme é sacada da bainha em suas costas. Sir Enrick tenta um tiro muito difícil com o arco e consegue. O homem se curva quando a flecha atinge seu ombro. Mas não é suficiente para matá-lo. Deixando um rastro de sangue ele entra na torre do Menino Conde. Eles escutam um choro e depois silêncio.
O ASSASSINO DA TORRE
Os heróis correm desesperados pelo passadiço. O quarto possue uma cama com a cabeceira esculpida com os desenhos da cidade e o escudo. Uma janela em formato de ogiva está aberta para o outro lado dando visão para o foço e as ruas de Sarum. Uma escrivaninha está tombada com um jarro de água quebrado, copos e cadeiras caídos próximos a parede arredondada à esquerda, iluminada por um candelabro pendente do teto. Robert está em silêncio olhando para o homem de capa preta que está de costas para os heróis. A trilha de sangue dos ferimentos do menino, com os seus bracinhos machucados, pinta de vermelho o chão do quarto. O assassino leva a espada atrás de sua cabeça para desferir o golpe final no menino.
O assassino está ferido e com muito esforço acerta Robert. A criança encurralada tenta correr e o golpe, de cima para baixo, pega na sua perna direita. O menino grita enquanto o sangue brota vermelho. Robert fica pálido com a perna sustentada só por pele e músculos. A criança desmaia. Enquanto Marion pelas costas do assassino o degola. O homem se ajoelha gemendo enquanto cai morto de bruços.
Então a Condessa Ellen entra no quarto chorando.
Condessa Ellen: “O meu bebê! O meu filho!”
Ela pega o menino com a cabeça no colo.
Condessa Ellen: “A vida dele está se apagando!”
Lady Marion se ajoelha, rasga um pedaço da túnica de Algar e estanca o sangue da perna do menino enquanto faz um torniquete.
Sir Dalan: “Bag leve o garoto para o físico na torre leste! Daqui algumas horas ele precisará de cirurgia.”
Sir Bag pega no colo e sai correndo: “Pode deixar! Não morra garotinho, não morra garotinho!”
A Condessa Ellen sai junto atrás de Bag aos prantos. O corpo do assassino, está caído de bruço. Ao redor dele uma poça de sangue escuro vai se formando.
Sir Berethor: “Atenção guardas! Fechem os portões da cidade e do castelo. Vasculhem cada aposento! Qualquer coisa nos chamem.”
Algar e Enrick revistam o corpo do assassino. Quando vira o corpo o homem está com uma expressão de dor, com os olhos abertos e sangrando pela boca. Ele é ruivo, com cabelos curtos, usava roupas pretas e botas pretas. Na sua parca com capuz da mesma cor um broche que prende a capa na forma de uma rosa aberta feita de prata. No bolso um pequeno pedaço de couro gravado: “Um rei, um Conde e uma criança. Uma para cada cabeça.”
Examinando a espada eles percebem que a arma é uma espada de duas mãos grande e com lâmina grossa. Deve custar muitas libras. Quando se coloca na luz da para ver as diversas barras que foram colocadas juntas e marteladas para formar a lâmina. Técnica Britânica. O punho é feito de couro com pedras de jade ornando a guarda. Embaixo do punho Barão Algar reconhece o brasão com o crânio e as duas manoplas a apoiando: A mão negra.
Sir Amig: “Guardas limpem a sujeira e levem esse bosta daqui!”
No castelo de Sarum, a noite passa lenta e o clima de luto toma conta de todos. No porão do castelo, o físico está tentando operar a perna do menino Robert. A Condessa não sai de perto do menino um segundo acompanhada de Padre Tewi. Todos aguardam notícias no salão de audiências.
Sir Amig: “É garotos! Os tempos são tão difíceis que nem as crianças escapam!”
Sir Léo: “Mas quem pode estar por trás desse tipo de conspiração? Os reis saxões Cerdic, Aescwine?”
Sir Lycus: “Pode ser qualquer um!”
Sir Dylan: “E se o menino não sobreviver? O que faremos?”
Sir Berethor: “Se morrer não haverá mais logres!”
Sir Dalan: “A guerra virá!”
Sir Bag: “Robert estava mal. Os garotos levaram uma hora limpando o sangue da minha cota de malha.”
Pela porta que dá acesso ao salão atrás do trono a Condessa Ellen, ela está com lágrimas nos olhos. Ela entra acompanhada do físico. O homem usa um manto marrom, com a cabeça coberta por uma touca de couro cobrindo as orelhas, bem velho e curvado. Padre Tewi também vem junto.
Condessa Ellen: “Graças a Deus, Robert está salvo!”
Todos respiram aliviados com a notícia.
Físico Flavius: “Foi uma cirurgia difícil. A artéria da perna estava rompida, mas conseguimos estancar o sangue e costurar. Talvez o menino fique com alguma sequela, ainda não sabemos. Mas o que importa é que está vivo.”
Padre Tewi: “É um milagre! Deus está protegendo o garoto.”
Então pelas duas portas grandes que ligam o pátio onde eles estão entra um velho druida. Seu manto branco está cheio de lama na barra e apoiado por um cajado. Ele entra afobado enquanto os guardas tentam o barrar.
Merlim: “Saiam seus tolos! Os Druidas não podem ser barrados em nenhum lugar debaixo da morada dos deuses. Aliás pode ser barrado sim! No céu dos cristãos, não é Tewi?”
É o Druida Merlim que está diante dos heróis mais uma vez. A Condessa curva sua cabeça o cumprimentando. Padre Tewi sorri o cumprimentando.
Sir Enrick, Barão Algar e Lady Marion falam juntos: “Merlim!”
Merlim: “Condessa! Padre! Vejo que alguns hábitos nunca se perdem. Quanto tempo Cavaleiros! Lá se vão três anos! Soube que tiveram problemas com o episódio do julgamento. Alguns tiveram a língua afiada. Outros ganharam a Cruz para sempre. No final a ajuda veio de onde se menos esperava, não é mesmo? Os Deuses se divertem as nossas custas.”
Sir Enrick: “Merlim você é um louco!”
Merlim: “O louco da cachoeira meu amigo! É isso o que o meu nome quer dizer! Ahahahah! Estive andando por toda a ilha e além do mar do norte, onde o gelo é tão velho quanto as fundações da terra e tudo está de pernas para o ar. O Rei de Lothian tem um novo filho. Os Irlandeses estão invadindo Gales como ratos. E muitos exilados de Norgales estão correndo pra o norte em busca de ajuda. Lá eles prometeram que os três filhos do grande senhor da guerra, Cunneda, irão marchar para o Sul ano que vem e ajudá-los. Na terra de seu pai Barão Algar, a semente dos Herlew é forte, mesmo com a morte visitando o salão real noite após noite. E outra coisa estranha Cavaleiros! Sinais dos tempos de anarquias que vivemos. O Rei Clovis dos Francos como que por encanto, com o perdão da ironia, Padre. Converteu-se! Foi batizado Cristão! Incrível.”
O Druida mexe a cabeça negativamente se lamentando mas logo sorri novamente.
Merlim: Muito bom vê-los! Já vim e parti! Que a Deusa esteja com vocês! Ah, já ia me esquecendo. A terra adoeceu e seus filhos também Barão Algar. Se quiser ter herdeiros é melhor cuidar disso. Adeus!”
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