O quente verão de 511 chega e os saxões continuam sem realizar nenhum ataque direto à região de Londres. As colheitas são as mais prósperas dos últimos dez anos. A torre branca começa a se tornar um castelo novamente. Serviçais caminham pelos corredores servindo comida, tratando os animais e trabalhando na cozinha. Nobres e aldeões buscam uma audiência com o jovem Rei, formando uma fila enorme na câmara que antecede o grande salão de audiências, vindo tratar de diversos assuntos. Lordes querendo casar suas filhas com Arthur, disputas de terras, roubos, cavaleiros vindo lhe jurar lealdade e trazer presentes, são atendidos um a um e ouvidos pelo jovem rei.
Rei Arthur: “Quem está na vez agora, Breno?”
O jovem escudeiro vê uma comitiva, formada por doze homens, à frente da fila. Alguns usam toga e outros estão vestidos como centuriões e pretores.
Breno: “O que desejam Romanos?”
Avitus: “Sou Avitus, escudeiro. Anuncie o seu rei de que viemos de Roma, em nome do Papa, para ter uma audiência com ele.”
Breno: “Posso saber o assunto?”
Avitus: “Não gasto minhas palavras com um garoto com pouca glória.”
Breno retorna ao grande salão e anuncia a chegada da comitiva romana.
Rei Arthur: “Mande o homem entrar. Somente ele, Breno.”
Avitus entra no salão de audiências. Ele não faz nenhuma reverência ao Pendragon. Sir Kay, Conde Robert, o Barão Brian, Sir Bernard, Sir Lancelot e Sir Ector, os Cavaleiros de Arthur, estão sentados, perfilados ao fundo, atrás do trono real. Sir Bernard, com um olhar de intimidação e ironia, se levanta e deixa a sua cadeira cair pesadamente no chão de pedra do salão, assustando à todos.
Senador Avitus: “Vejo que a cortesia não é o forte de sua corte, não é Rei Arthur?”
Sir Bernard ajeita a cadeira na frente do rei e pede para o romano sentar, com um ar de ódio em seu rosto. Senador Avitus finge não ter visto a “gentileza” do cavaleiro.
Senador Avitus: “Salvem Britânicos! Sou representante de Roma. O Papa Anastácio II lhe concede a honra, Rei Arthur Pendragon, de lhe jurar lealdade e pagar tributos à ele.”
Rei Arthur: “Estão vendo só, conselheiros? Na verdade Romanos, talvez fosse o momento de Roma pagar tributos à nós. O Império romano não existe mais, desde antes de eu nascer; já que os melhores Reis da Britânia eram descendentes daquela terras. Meu pai Uther e o irmão dele, Ambrósio, foram esses homens. Concordam homens? Retornem para Roma o mais rápido que puderem e avisem ao seu Imperador que o único tributo que pagarei à eles serão lanças e espadas afiadas.”
Senador Avitus: “Partiremos imediatamente, mas não esqueçam que ao norte o Rei Apres de Malahaut irá cair sobre vocês. Veremos se espadas e lanças serão úteis depois disso. Passar bem, Majestade!”
Então a comitiva Romana se retira.
Rei Arthur: “Agora já chega, feche as portas Breno e dispense as outras audiências. Realmente não é fácil ser rei. Vamos tomar um hidromel e relaxarmos um pouco.”
Os Cavaleiros e o Rei se dirigem para um salão de banquetes por uma porta atrás do trono; ali sentam numa longa mesa do salão.
Rei Arthur: “Falando nos Cavaleiros da Cruz do Martelo, eles sempre tiveram aquele lema: Lealdade, força e honra, certo? Eles formavam um circulo de homens leais e honrados entre si. A força era necessária quando precisava ser usada, infelizmente. Como pode o nosso povo ter honra se é tratado como lixo pela maioria dos nossos, Senhores? No cerco de Londres, aquela mulher desamparada com seu bebê morto nos braços, sem querer se separar do filho, isso perturba meu sono até hoje. Isso nunca será honrado, nunca! Quando você era um garoto em Hantone, fora o seu pai, algum Cavaleiro de meu pai lhe protegeu, Sir Bernard?"
Sir Bernard: “Não, Majestade. Nunca, nenhum cavaleiro nos auxiliou. Vivíamos nos mudando de lugar. Eu protegia minha mãe como podia enquanto ela fazia o que tinha que fazer para sobrevivermos...”
Rei Arthur: "É disso que eu falo, os Cavaleiros da Cruz do Martelo nos ensinaram que eram uma irmandade onde um morreria pelo outro se fosse preciso. Já a resistência celta mostrou que podemos proteger o nosso povo. Nós precisamos ir além. Temos que cuidar dos mais fracos e das crianças. Vimos aquela mulher indefesa ser estuprada na taverna, pelos saxões. Precisamos defender as mulheres; fazermos realmente a justiça como fizemos com a sua mãe Brian. Isso é ser um cavaleiro! Não sei como mudaremos costumes de sangue tão forte, mas precisamos fazê-lo."
Conde Robert se ajoelha diante do Rei.
Conde Robert: "Me permita espalhar estas palavras, meu Rei! O povo e os Lordes deverão saber disso. De leste à oeste, de norte ao sul da Britânia!"
Arthur: "Sim, Conde Robert, espalhe para o povo e aos nobres as boas novas. Temos que começar de alguma maneira. Diga que estarão protegidos quando estiverem na presença de um cavaleiro de Arthur usando a runa da vitória. Diga também que todos que estiverem em minha corte serão bem recebidos e estarão sobe a proteção de minha hospitalidade. Sejam quem for!"
Aos poucos o calor deixa a ilha, as folhas caem das árvores e as primeiras nevascas congelam tudo. Mais uma vez o Natal e o Yule são comemorados. Mais um ano e os saxões não vieram. A Excalibur e a presença de Merlim é o que mantém o equilíbrio das forças da ilha. Notícias de que o Duque Enrick Stanpid de Silchester está com lapsos de memória e adoentado com sinais de envenenamento chegam a corte deixando todos intrigados.
A roda do ano gira. Os feudos se recuperam com estoques de comida renovados e o nascimento de crianças. A terra está sendo curada e em muitos anos é a primeira vez em muitos anos que não se trava a guerra. As obras dos castelos estão em andamento. Mais de uma centena deles estão sendo convertidos em construções sólidas de pedra.
Assim tem início o ano 512, com a promessa de uma Britânia mais justa. Os rebeldes, depois das batalhas travadas, não ousaram trazer seus exércitos para o Sul. O Rei Arthur estabeleceu seu reinado a partir de Londres reconstruída. No desgelo o Rei reuniu seus Cavaleiros novamente, assim como os nobres que o apoiam, no grande salão de audiências. Todos convidados sobe a proteção do rei. Cavaleiros de todos os povos são bem vindos. Inclusive os saxões. Foram enviados os arautos aos reis Aescwine, Cynric e Aesc, todos vassalos do Rei Ælle de Sussex. Nenhum nunca retornou. Logo no início da primavera, a Páscoa para os cristãos e Beltane para os pagãos, muitos Cavaleiros vieram à corte empolgados com as idéias de igualdade entre os homens e dos preceitos de Cavalaria, que o Conde Robert espalhou em nome do jovem Rei Arthur Pendragon. Sir Accolon, depois de um ano, retorna à corte com os seus graves ferimentos sofridos na Batalha de Bedegraine curados.
Sir Accolon: “Como vão, meus amigos? Não foi dessa vez que fui para junto de São Pedro.”
Sir Brian: “Está se sentindo melhor, meu amigo?”
Sir Accolon: “Perdi o movimento de uma das mãos, mas quem precisa da esquerda quando a direita empunha a espada.”
Rei Arthur: "Breno! Mandem todos entrarem. Quero dar as boas novas!"
Então o salão se enche de Lordes; nem todos conseguem entrar e tentam ouvir do lado de fora.
Rei Arthur: "Cavaleiros, nobres e plebeus. Estive conversando com meus conselheiros. Esperem, temos que escrever isso, precisamos registrar para que nunca esqueçamos!”
Arauto: “Majestade, não existe pergaminhos desde o grande incêndio.”
Rei Arthur: "Entendo. Somos um para golpear, não é? Breno, seu martelo, por favor! Marshall, pode escrever nele?”
Barão Brian: “É claro, Majestade!”
Rei Arthur: “Atenção, Nobres! Os nossos Cavaleiros devem se unir em laços de amizade. Seremos irmãos de armas com sinceridade. Os cavaleiros serão escolhidos por outros cavaleiros. Protegeremos os mais fracos, os pobres, as crianças, as viúvas e as mulheres indefesas. Nenhum Cavaleiro, eu disse, nenhum, prestará falso testemunho. Ajudaremos sempre quem está em perigo. Todos os cavaleiros, que tem ou terão a honra de usarem o emblema da Resistência Celta deverão agir assim. Evitaremos matanças desnecessárias e tragédias vividas em outros tempos dessa maneira, Senhores!"
Os Cavaleiros começam a conversar entre si, muitos ficam empolgados, outros se retiram. Alguns comentam que as idéias do jovem rei são influências de Merlim e que são avançadas demais.
Então, na entrada do salão, um mulher se aproxima. Todos abrem caminho para ela; em sua testa a meia lua de Avalon tatuada na cor azul; seus cabelos são ruivos e cacheados. Ela aparenta ter umas 45 primaveras, mas deve ter o dobro disso; de seu vestido azul parece emanar leves brumas enquanto ela caminha até a frente do novo Rei.
Rei Arthur: "Nineve, Senhora de Avalon! Seja bem vida a Torre Branca."
Nineve: "Muito bem Arthur Pendragon, ouvi suas palavras. Soube de seus ideais de justiça, igualdade e agora de sua idéias de proteger os comuns. É um jovem Rei, mas soube aprender com quem veio antes de você. Diante disso venho lhe pedir justiça. Um cavaleiro cristão, escolhido no Beltane pela Dama do Lago, como o melhor homem presente, ficou com uma espada de Avalon: A julgadora. Ele se intitula desde então o cavaleiro das duas espadas e tem matado seguidores de Avalon. Clamo por justiça, Senhor, e exijo a cabeça desse homem amaldiçoado."
Rei Arthur: "Senhora, eu sinto muito. Iremos buscá-lo pelas terras, rios e pântanos e o traremos para ser julgado; como estamos fazendo com quem viola nossas leis."
Ao mesmo tempo, Breno percebe um cavaleiro entre os outros. Ele possui duas espadas na cintura. Uma delas com o pomo com a cabeça de um cabrito.
Breno: “Senhora de Avalon! O Cavaleiro está ali!”
Sir Balin: "Acalme-se escudeiro. Majestade, deixe me falar."
Arthur o autoriza.
Sir Balin: "Peço perdão, Majestade! Do fundo do meu coração!"
Então, a Senhora de Avalon se aproxima e Balin se ajoelha. A mão da sacerdotisa se abre em direção ao cavaleiro.
Nineve: "Dê-me a espada, cavaleiro! Ela pertence a Avalon."
Sir Balin: "Lhe entregarei... Ela é toda sua.”
Então, Balin a retira da bainha e com um corte horizontal golpeia. O tempo parece parar por longas batidas do coração enquanto o corpo da Senhora de Avalon cai sobe os seus joelhos e sua cabeça rola até as escadas de pedra que levam ao trono. Todos ficam chocados, algumas mulheres gritam e os pagãos choram. Arthur saca a sua espada e coloca a lâmina afiada da Excalibur no pescoço de Balin.
Rei Arthur: "Vocês está louco, homem! Você derramou sangue em minha Corte; me traindo, matando a Senhora de Avalon, que eu ofereci hospitalidade.”
Sir Balin: "Majestade! Essa mulher esteve em minha casa, quando eu era criança, e ela matou minha mãe. A partir daquele dia me voltei ao Cristo. Essa corte não permitiu que o líder da igreja cristã fosse morto e libertaram Baronesa Adwen? Os motivos dela não foram suficientes para se safar?”
Rei Arthur: "Maldito! Suas palavras são veneno. Então, por cristo, se retire daqui para todo sempre. Antes que eu jogue fora tudo que construí. E eu não posso nem mesmo lhe cortar a cabeça diante dos meus porque a mesma hospitalidade que ofereci à ela eu ofereci à você. Eu nunca poderei te perdoar. Está banido e forçado a viver como um mendigo pelas estradas, perambulando como um lobo pelas matas.”
Sir Balin pega a cabeça da Senhora de Avalon, pelos cabelos, e se retira do recinto sem olhar no rosto de ninguém. As pessoas começam a comentar indignados enquanto Arthur fica olhando o corpo da Senhora de Avalon ser carregado pelos pagãos deixando uma poça de sangue no chão de pedra. Os cortesões começam a chamá-lo de Selvagem enquanto o homem se retira do grande salão de audiências do rei. O escudeiro Breno pega um pouco do sangue derramado da Senhora de Avalon, e leva para Merlim. O druida ajuda o rapaz a desenhar a runa da vitória da resistência celta em seu martelo de guerra. O mesmo que agora possui os preceitos de cavaleira de Arthur inscritos em seu cabo. Gawaine, escudeiro de Sir Accolon, chega afobado no grande salão.
Gawaine: “Majestade! Um cavaleiro; Sir Lanceor, filho do rei Lugid da Irlanda, deixou a corte em perseguição à Sir Balin. A esposa de um outro cavaleiro tentou impedi-lo, lhe implorou e como não conseguiu, pegou sua égua e foi atrás dele.”
Rei Arthur: “Sir Brian e Sir Bernard, vão atrás deles imediatamente. Se for preciso matar para proteger Lanceor e a esposa do outro cavaleiro, o façam; do contrário, quero Balin vivo.”
Corpos na estrada:
Sir Bernard e o Barão Brian partem pelo portão do pântano, ao norte da cidade, cruzando a ponte levadiça e cavalgam pela estrada. Depois de 2 horas, o cavalo, com as cores de Sir Lanceor, passar por eles seguido por uma égua branca. Preocupados eles seguem em frente.
Depois de 4 horas de cavalgada eles perdem a trilha de Sir Balin e logo à frente à beira da estrada do rei, eles se deparam com uma cena terrível; o corpo de Sir Lanceor caído e com uma lança traspassando o seu peito. Em cima dele, está deitada, o corpo de uma moça com os cabelos loiros, com uma espada saindo pelas suas costas.
O som de cavalos se aproximam. É Arthur e seus outros cavaleiros. Alguns aldeões saem de trás de uma árvore e se ajoelham perante ao Rei Arthur e sua guarda pessoal. Sir Accolon dá um grito quando se depara com a cena de morte logo à frente.
Sir Accolon: “Meu Deus! Minha esposa! Porque? Porque?”
George: “Sou George meu, Senhor! Nós vimos tudo. Este cavaleiro capturou um outro homem de arma que tinha uma cabeça pendurada em sua cela. Então ele disse: “Você é muito corajoso, Sir Balin. Já está com a sua alma condenada perante aos homens e aos deuses. Eu também estou; sou o filho do Rei da Irlanda e recusei o chamado para voltar ao meu país pois perdi minha alma para uma donzela. Ela é casada e pediu para que me afastasse já que o seu marido retornou a corte do Rei. Então só me resta a morte. Faça uma boa ação para uma alma que chora de amor e me mande para a outra vida, assim você aliviará a sua própria consciência.”
Então o Cavaleiro, que levava a cabeça, o matou e partiu. A donzela chegou em seguida e desesperada chorou, disse que esperava um filho dele, gritou, arrancou seus cabelos, se arranhou e por fim pegou a espada do cavaleiro e deu cabo a sua vida.”
Sir Accolon: “Atenção aldeões e cavaleiros, vamos enterrá-los e usemos as pedras daquelas ruínas romanas para fazermos uma tumba. Não queriam, ficar juntos? Pois vão ficar juntos para sempre.”
Com lágrima nos olhos, por tudo que passou naquele dia, o Rei Arthur coloca os dois amantes abraçados na cova e os cobre com terra. As pedras são colocadas com cuidado. Então, todos ficam observando por um tempo aquela cena. Merlim se aproxima da tumba de pedras empilhadas. Ele parece ficar com os olhos brancos e a sussurrar palavras.
Merlim: “Aqui, onde Lady Colombe e Sir Lanceor morreram por amor. Aqui é onde os dois dos melhores Cavaleiros da Britânia se enfrentarão um dia! Essa são as palavras dos deuses!”
Rei Arthur: “Que assim seja! Merlim, vá até a Avalon e dê a notícia da morte de Nínive. Faça com que nomeiem uma nova Sacerdotisa e depois parta para a Caledônia e caminhe entre eles. Vamos ver o que descobrimos! Faça como tínhamos planejado. Meus amigos, estamos em nossa casa, na corte, pensando em um mundo melhor; mas ele só existe em nossa imaginação. Iremos sim tornar realmente esse mundo melhor. Nós iremos a Malahaut e marcharemos sobre o Rei Centurião Baran de Apres e depois Lot não perde por esperar. Barão Brian e Sir Bernard! Reunam nosso exército! Marcharemos para a guerra: Lealdade, Força e Honra! Vamos, temos muito o que fazer!”
A guerra do norte:
Quinze dias depois muitos Lordes respondem ao chamado do jovem rei e o exército do Rei Arthur Pendragon parte de Londres em direção ao norte com 5.000 lanças. Os Reis francos Boors e Ban, acompanhados de Lancelot, viajam com o jovem Rei.
Arthur Pendragon: "Foi nesse portão que fugimos quando a cidade caiu. Ali, morreu Murray, Cutelo Prateado.”
Eles percebem que desde o sul, pela floresta de Londoine e passando por Hertford, depois Huntington; percebem que as vilas estão sendo reconstruídas, atravessando o rio Dubglas e margeando de uma lado o grande pântano de Fens e do outro a floresta de Sauvage, não vêem nenhum sinal dos Anglos nas terras próximas. As estradas estão cheias de mercadores, viajantes, druidas, peregrinos. Todos se curvam com a passagem do Pendragon.
Rei Arthur: “Todas essas árvores estavam cheias de cadáveres pendurados sem rosto. Ali, na entrada da cidade, um Lorde estava semi morto pedindo água; quando ele tomava ela vazava toda pelo seu peito aberto e por pena, Duque Enrick, o ajudou a atravessar a ponte de espadas.”
O exército continua sua viagem para o Norte. O plano é se encontrar na terra dos falcões em Lindsey com as forças do Rei Leodegrance, do Rei Alain de Carlion e as do Duque Derfel e de seu irmão. Seis dias depois eles chegam no Ducado que faz fronteira com as terras rebeldes do norte. A região conhecida como o Portão de Logres. Ali as estradas estão desertas. Um grande acampamento é erguido ao redor do castelo, que no momento está sendo construído em pedra. Os números do exército do Pendragon sobem para 7.000 lanças.
Eles entram no castelo de Lincoln. Os Reis já estão no novo salão de banquetes.
Duque Derfel: “Majestade! Que honra recebê-lo em meu castelo, estamos em reformas. Mil perdões pelo inconveniente.”
Rei Arthur: “Como estão as suas terras, senhores?”
Rei Alain: “Desde a última batalha, travada em minhas terras, nenhum rebelde se atreveu a descer tão longe, ao sul, para nos atacar.”
Rei Leodegrance: “Já em minhas terras os ataques tem vindo de Norgales, no oeste em Gomeret. As terras eram de Pelinore, desde que ele passou a caçar do outro lado do véu e seus filhos mais velhos foram derrotados e mortos pelo exército de Nanteleode. Ninguém ocupou o trono em Norgales até que o Rei Ryon, tomou o poder. E ele é aliado de Lot. O homem e seus filhos tem dois metros e meio de altura. Usam espadas maior que um homem e são quase imbatíveis em combate singular.”
Merlim: “O Rei Ryon é filho de um gigante com uma feiticeira do outro lado do véu.”
O Duque Derfel faz o sinal da cruz.
Duque Derfel: “Nós estamos sendo atacados na fronteira. São os malditos romanos que sempre nos pressionam desde meus ancestrais. Mas desde que assumiu o trono isto tem se intensificado. Queimam aldeias, enforcam aldeões, roubam os depósitos de comida. A ordem de atacarem veio desde que os Romanos estiveram em sua corte, Majestade.”
Rei Arthur: “Está certo, saibam que iremos enfrentar uma força romana bem treinada e equipada. Todo cuidado é pouco. Iremos margear o pântano e em três dias travaremos combate. Por hoje descansem; eu irei falar com os soldados.”
Para passar a noite os nobres se entretém com bebidas e as mulheres da corte do Duque Derfel. Sir Bernard se aproxima dos romanos de Silchester enviados pelo seu pai. Os romanos estão com a moral baixa e parecem mal treinados e desanimados.
Sir Bernard: “Você como oficial, Raphael! Vejo que os homens que meu pai mandou não parecem dispostos a lutar.”
Sir Raphael: “O que Roma trouxe um dia, um Deus e a civilização, será deixado de lado. O último bastião de Roma na ilha cairá e teremos que lutar contra nossos próprio povo.”
Sir Bernard: “Se engana achando que esses homens são bons e que trouxeram o bem aqui no norte. Sempre atacarão Logres. Ulfius sempre esteve do lado de Uther! Meu pai sempre esteve ao lado de Uther. E agora vocês tem mais um Pendragon a lutar. Onde está a bravura romana? A disciplina? Estão parecendo mais um bando de bárbaros desanimados. Ou preferiam se aliar ao saxões como fez o finado Duque Ulfius?”
Sir Raphael: “É seu pai Sir Bernard. O Duque está longe desse mundo. Não treina suas tropas. Acorda a noite achando ter visto gigantes próximo ao castelo. Como lutaremos sem um líder?”
Sir Bernard: “Eu serei esse líder. Depois de esmagarmos essa rebelião eu irei pessoalmente a Silchester e transformaremos em um lugar próspero novamente. Sussex faz fronteira à essas terras e se fraquejarem irão perder seu lar para os saxões. Antes disso lutem pela Britânia e pelo novo rei como romanos dignos que são! Eu garanto que seus filhos irão agradecer à vocês um dia.”
A tropa romana de Silchester parece concordar com Sir Bernard Stanpid, que deixa o acampamento dos homens de seu pai, enquanto eles os observam com o rosto cheio de aprovação.
Conquista:
No dia seguinte o exército segue em frente, tudo está deserto, sinal de que a guerra chegou nesse lugar. No segundo dia de distância de Lindsey eles entram em território inimigo; Na Cumbria do Rei Centurião.
A primeira cidade que surge é uma vila com uma colina central e um forte romano pequeno no topo.
Merlim: “Conisbrough, Majestade; cidade romana.”
Rei Arthur: “Marshall e Sir Bernard tenham a honra de tomá-la. Só posso confiar em vocês no meio de tantos Lordes que nem sei de onde vieram. Levem 1000 lanças. Brian, tenha cuidado e não perca nossos homens. Boa sorte!”
Barão Brian: “Não perderei, Majestade!”
Conisbrough:
A medida que os 1000 homens, liderados pelo Marshall da Britânia se aproximam, da pequena cidade sem muros, eles percebem que a vila está abandonada. A medida que passam por entre as casas eles avistam os velhos e doentes ficarem para trás. Alguns tentam caminhar pelas ruas mas caem e se arrastam tentando se afastar, morrendo de medo de serem mortos. Barão Brian não tem pena e passa com a cavalaria lentamente por cima deles. Os cachorros latem para os cavalos, carneiros e algum gado andam à esmo pelas ruas. Então a pequena força se aproxima do sopé da colina, onde está o castelo. Dali podem ver o forte romano, com uma torre central cestavada e uma muralha. Existem alguns arqueiros no passadiço que atiram tentando intimidá-los. Um lorde surge lá em cima. Ele está vestido como um Centurião.
Sir Caius: “Quem é o Senhor que se aproxima de minha cidade com um exército?”
Barão Brian: “É o Marshall da Britânia e venho em nome do Rei Arthur Pendragon capturá-la. Rendam-se ou lhe arrancarei pelos fundilhos aí de dentro.”
Sir Caius: “Sou Sir Caius, castelão do Rei de Apres de Malahaut. Eu tenho duas vezes mais homens dentro desse castelo e estamos prontos para lhe assaltar se não der a volta e ir embora.”
Breno: “Senhor Barão! Esse homem está mentindo. Algo me diz isso.”
Barão Brian: “Confiarei em sua palavra rapaz. Lhe darei um voto de confiança. Escute Sir Caius. Sei que está em desvantagem numérica. Podemos o cercar por luas. Temos 7.000 lanças fora da cidade e ninguém virá lhe socorrer. Mataremos todos os seus homens e suas famílias quando cansarem da fome e das doenças que um cerco lhe trará. Entregue-se imediatamente!”
O romano olha para os homens do Marshall e depois para dentro do castelo. Por um momento pensa.
Sir Caius: “Atenção homens! Abram os portões e entreguem as suas armas ao Barão Brian.”
Os portões do castelo se abrem e lá de dentro 500 homens, cavaleiros, saem puxando os seus cavalos e jogam seus arcos e espadas à frente do Marshall. Arthur e os outros cavaleiros se aproximam de Sir Caius.
Rei Arthur: “Ajoelhe-se, romano! Saibam todos que a justiça da Britânia se estende aqueles que seguem nossos ideais. O Barão Brian prometeu poupar a vida dos homens que seguiam esse romano e vocês tem minha garantia se lutarem ao meu lado. Mas Roma nos prometeu espadas e morte e é isso que ofereço aos nobres que ainda seguem o império caído e lutam em nome de um Papa de uma terra que não servimos mais.”
Com um golpe ligeiro, da Excalibur, Arthur Pendragon corta a cabeça de Sir Caius enquanto o corpo do Centurião cai sem vida diante de seus pés.
Rei Arthur: “Vamos homens! Não há nada que nos resta aqui.”
O exército do Pendragon deixa a cidade de Conisbrough para trás. No leste o pântano é inundado pela maré alta, enquanto o sol tinge de alaranjado as águas escuras e mal cheirosas. No lado oeste, a floresta fechada de Roestoc os acompanham por dias. Ao amanhecer do terceiro dia, a medida que se aproximam, no horizonte, os inúmeros estandartes vermelhos romanos, podem ser vistos. À frente do exército inimigo passa um rio e existe uma ponte de pedra romana. Do outro lado a cidade de Castleford. Um homem os lidera na Vanguarda: Rei Centurião Heraut de Apres. Ele cavalga até o meio da ponte, com sua armadura reforçada segmentada, capa vermelha, usando uma gladius na cintura, acompanhado por dois lobos e a sua guarda pretoriana.
Rei Arthur: “Vamos: Conde Robert, Barão Brian, Sir Bernard e Arcebispo Carmelo.”
Os heróis percebem que estão em maior número do que o inimigo. Mas pelo menos 5.000 lanças os aguardam para lhes oferecer resistência. Eles trotam até ao encontro dos romanos e seu líder. Os romanos os olham de cima abaixo com ar de superioridade. Os acompanhando o Rei Nantres de Garloth, aliado do Rei Lot e marido de Elaine, meia irmã de Arthur. O Rei Centurião Heraut de Apres com o seu ar afeminado e arrogante começa a rir. Os seus homens fazem o mesmo e eles explodem em gargalhadas.
Sir Bernard: “Meu pai fez o mesmo que vocês quando matou o seu filho mongol, Rei romano. Ele sempre me contava, às gargalhadas, quando pensou que o imbecil era um minotauro.”
Imediatamente as risadas se extinguem.
Rei Arthur: “Qual o problema?”
Rei Nantres: “Você garoto, o problema é você, Não é Baran! High King... Você não tem pêlos nem na cara, quanto mais nas bolas rapazinho. Assim como esses outros que brincam de cavaleiros.”
Rei Heraut: “Dizem que gosta de igualdade, é? Nunca aprenderá o que é realeza garoto. Se pudesse lhe mostraria algumas coisas que talvez gostasse (segurando nas bolas), assim faríamos a paz.”
Conde Robert: “Que bicha loca! Deixem-me duelar com ele, Majestade!”
Rei Arthur: “Calma, Robert! Então vou lhe falar, Rei pederasta! Ao final do dia estará morto ou de joelhos perante ao meu exército. O norte será meu! Aliás, será da Britânia novamente. Eu só peço uma coisa; me busque em campo de batalha, talvez resolveremos rapidamente esse impasse.”
Rei Heraut: “Irei procurá-lo, não precisa me pedir. Não esqueça que essa ponte não vai ser fácil de se atravessar. Nós romanos somos os melhores com a lança e a nossa infantaria é imbatível.”
Rei Arthur: “Uma ponte, é isso que tem para me oferecer em campo de batalha? Eu lhe oferecerei coisa melhor. Pode esperar! Vamos homens, não temos tempo a perder.”
Quando o Rei Arthur e seus cavaleiros retornam e contam aos nobres a conversa, todos parecem inflamados e indignados para lutar.
Rei Arthur: "Acalmem-se, todos! O maldito tem razão; a ponte será um problema para nós. Eles tem arqueiros e lanceiros nos esperando; os melhores. Depois que atravessarmos a ponte não tem volta. Nossos homens virão atrás para apoiar quem liderar o ataque e o rio não permitirá que recuemos. Uma vez estando lá teremos que derrotá-los um por um.
Conde Robert: "Mais uma vez seu traseiro real e nossos traseiros nobres estão fudidos."
Rei Arthur: "Não posso mentir meu amigo, estamos. Será lento e perigoso. Bem, estejam prontos! Abriremos o ataque com a Cavalaria com Barão Brian e Sir Bernard na vanguarda. Eu irei ombro a ombro com vocês, faremos isso juntos ou não faremos, certo? Nas primeiras luzes do amanhecer iniciaremos o ataque."
Noite:
A noite passa lenta. Do outro lado do rio os romanos permanecem em silêncio. No acampamento de Arthur também não se vê muita ação. Estão todos ansiosos. A sidra e o hidromel correm por entre as fileiras. Todos precisam de coragem e a bebida ajuda nas horas escuras que antecedem uma batalha perigosa. O Barão Brian e o escudeiro Breno se divertem com as seguidoras do acampamento. Aliás, o menino de 14 anos está virando uma lenda nesse quesito. Sir Bernard, já bêbado, sobe em uma mesa improvisada no centro do acampamento e conclama os homens à guerra. Eles os incita a irem até a margem do rio e xingarem o inimigo mostrando as suas vergonhas. Isso deixa muitos soldados animados e com vontade de lutar quando vêem os romanos, do outro lado do rio, indignados com milhares de soldados britânicos sacudindo seus membros em direção à eles.
A Batalha do Rio Bassus:
A Cavalaria Britânica se colocada na vanguarda, há trezentos metros da ponte, e os outros flancos ficam dispostos um atrás do outro em uma longa fila. Do outro lado, os infantes romanos se preparam e o exército inimigo se coloca em uma formação de meia lua, ao som de trompas.
Rei Arthur: "Chegou a hora, Brian. Mostre que um Herlews ainda pode ganhar guerras, meu amigo. Dependemos disso! O comando é seu.”
Primeira Hora:
O Barão Brian sopra o seu corno de guerra herdado de seu pai. A Cavalaria começa a se mover e começa a acelerar.
Barão Brian: “Vamos! Comigo homens! Lanças!”
A ponte de pedra se aproxima rapidamente. Arthur se mistura aos seus cavaleiros. Sir Breno, o escudeiro do Barão, segue ao lado de seu Senhor; Barão Brian. Sir Bernard emparelha com eles. 7.000 homens os seguem. No último momento Brian percebe que a ponte é muito estreita, mas ela já está debaixo das ferraduras de seu corcel de guerra. O animal pisa em falso e o Barão e seu cavalo despencam em alta velocidade no rio abaixo.
Sir Bernard e o escudeiro Breno vêem o comandante romano dos legionários da infantaria gritando ordens. Tudo estremece enquanto a cabeça do cavalo balança no mesmo ritmo do trote. Eles começam a ouvir os sons dos gritos de guerra dos romanos. Nesse momento o centurião abaixa a sua mão e os lanceiros disparam seus pilos todos ao mesmo tempo, elevando a lança levemente à esquerda para compensar o vento. E eles vem mais rápido do que os heróis imaginam. O pilo acerta o corcel de guerra de Sir Bernard que o domina impedindo a parada da carga, isso faz com que Breno, o jovem escudeiro do Barão Brian de 14 anos, tome a dianteira elevando a antiga espada de seu pai, a Quebra Gigantes acima de sua cabeça. Ele sente o seu estômago se revirar de ansiedade e grita.
Breno: “Atacar! Britânia! Erguem os escudos e lanças!”
Eles ouvem o som de cavalos caindo da ponte na água; gritos abafados de dor, sons secos de homens quebrando seus ossos se estatelado com cotas pesadas para depois se afogarem no rio. Então eles vêem o centurião apitar e a linha da infantaria recuar. Como uma máquina disciplinada a tropa romana inimiga, portando os seus escudos quadrados, com as lanças colocadas como um espinheiro, se posiciona esperando o impacto. Eles tem a pele escura, o que os tornam mais assustadores, com os seus elmos com as cotas penduradas; a famigerada guarda romana etíope.
O Barão Brian sente a água gelada do Rio Bassus, enquanto ele cai próximo a margem oposta do rio. Ele se levanta na água enquanto vê seu cavalo ser carregado pela corrente do rio. Alguns cavaleiros são arrastados rio abaixo e desaparecem sugados pelo peso das proteções de metal. Brian se levanta sacando a sua espada enquanto um grupo de romanos, da infantaria leve, corre em sua direção, deixando a parede de escudos romana. Uma presa fácil para as suas gladius.
Romano: “É o Marshall de Arthur! Matem-no!”
O Barão parece sozinho, até que alguns cavaleiros que também caíram da ponte se levantam armados, com os seus escudos e espadas, enquanto a água escorre pelas cotas e túnicas com os seus brasões.
Barão Brian: “Comigo homens! Herlews!”
As lanças, empunhadas pela infantaria romana na parede de escudos se aproximam muito rápidas de Bernard e o escudeiro Breno. Eles esperam exatamente o momento para puxar a rédea e levar o seu cavalo tão perto do inimigo, o atingido, mas evitando que o corcel de guerra seja traspassado pela grande lança inimiga. O ímpeto de Breno é tão grande que a parede de escudo na entrada da ponte recua alguns passos atrás, permitindo a entrada do restante da cavalaria seguida pela infantaria.
Então eles sentem o impacto, que quase arranca o seu braço das articulações, e seguram a lança para não voar de sua mãos. Breno atinge o peito do romano, à sua frente, fazendo o homem levar três fileiras com ele e entrando no meio da parede inimiga. Sir Bernard explode sua lança em lascas, no escudo quadrado romano, e seu inimigo quebra sua javelin, ao mesmo tempo, contra o seu escudo.
Um cavaleiro britânico, ao lado de Bernard, bate de frente no escudo pesado romano enquanto o animal tenta virar a cara. Ele voa dando uma cambalhota no ar caindo no meio dos inimigos. O Rei Arthur acerta o rosto do centurião, finalizando a sua carga, quebrando o pescoço do homem que fica com a cabeça pendurada para trás somente por um fio de pele. Um outro cavaleiro salta com o seu animal pisando, atropelando e caindo no meio do inimigos. Seu cavalo espuma, morde, dá coices enquanto ele saca a sua espada longa. É Lancelot que grita: “Por Arthur!”
A cavalaria vai se espalhando e aproveitando as brechas inimigas. Eles vão sacando as suas espadas e golpeiam pressionando as linhas inimigas para trás.
Segunda Hora:
O som das botas dos homens da infantaria Britânica vai crescendo junto com os seus gritos de guerra. Os cornos de batalha começam a soar. Eles se misturam com os cavaleiros entrando em choque. O Barão Brian grita enquanto desvia da gladius do romano e gira a sua espada em arco acertando as pernas do homem, a cortando na altura do joelho, e fazendo com que seu corpo desça o rio. Os cavaleiros que o seguem, na sua maioria, se livram de seus inimigos.
Barão Brian: “Venham! Vamos subir em direção ao combate!”
A guarda pessoal pretoriana surge à frente deles, a brecha aberta pela cavalaria á esquerda, com Lancelot trocando a mão de espada mais rápido do que os olhos os deixa de frente pra eles. No centro o Rei Apres de Malahaut com sua gladius grita ordens. Seus olhos demonstram medo.
Rei Apres: “Vamos, matem-os! Não os deixem se aproximar.”
Mesmo desmontado Brian se aproxima dele. O romano assustado pelo combate, acima do peso, espora o cavalo contra o Barão que se abaixa do golpe da gladius, a desviando com o escudo e golpeando com a sua espada com toda força. Ele atinge o tronco do Rei romano, por entre a cota segmentada, que fica pendurado pelo estribo. O cavalo corre desordenado sumindo na correnteza do rio deixando somente uma mancha de sangue que desce com a água barrenta.
Em meio ao caos da Batalha, Breno vê no meio da confusão Sagramor com os olhos em fúria. No chão ele despejou tudo que tinha comido no café da manhã. Ele ataca com uma massa de guerra. Um homem da guarda real tenta acertá-lo, mas ele o puxa pela lança que faz o homem dar com a cara na sela de seu cavalo e ele golpeia afundando os ossos da cara do homem, que no lugar fica como uma cuia desfigurada, com um olho no lugar da testa e outro na altura do nariz enquanto seu cérebro escorre grotescamente pelo nariz que não existe mais. Do lado oposto Arthur ataca com a Excalibur. Alguns inimigos se afastam intimidados. O Rei espora seu cavalo e deixa a sua lâmina descer, com o tranco do movimento, cortando mãos e cabeças da guarda pessoal do Rei romano.
Cavaleiros protegidos de cota de malha da cabeça aos pés, com os seus cavalos protegidos com uma armadura de escamas de ferro, ocupando todo o corpo do animal; armados com maças, lanças e arcos surgem tentando repelir a infantaria em direção ao rio, onde serão abatidos ou afogados pelos pesos das armaduras. São os Cataphract. Eles abrem caminho atirando com o arco e depois atacam com a maça. Uma flecha acerta o ombro de Breno, quase o derrubando de sua montaria. Um outro homem atira em Sir Bernard que se protege com o escudo fazendo a flecha ficar fincada na tília pintada com a sua cota de armas. Eles se aproximam com as maças girando e atacando Sir Bernard, que é atingido no elmo mas estoca com a sua espada, debaixo do braço do inimigo. O homem uiva de dor dentro de seu elmo. O outro Cataphract passa cavalgando forte por Breno que usa o alcance maior de sua espada e golpeia o pescoço protegido pela cota de malha. O escudeiro olha para trás e parece não ter infligido ferimento ao inimigo. Mas então ele olha o grande risco vermelho de sangue que começa a verter, no lugar onde a cota se rompeu, e o homem cai do cavalo no meio da confusão da batalha.
Dois celtas, ao seu lado, cambaleiam feridos com os tiros de flechas. Os Cataphract se aproximam, enquanto colocam os arcos nas selas, e os golpeiam com as maças, fazendo-os girarem e caírem mortos. Sir Kay, irmão de Arthur, é atingido na barriga com uma flecha. Seu cavalo sai em disparada com ele semi morto montado para o meio dos inimigos.
Terceira Hora:
Os Romanos percebem que perderam o seu rei. Muitos fraquejam e recuam sem saber o que devem fazer. Uns homens seguem à distância o Barão Brian e os Lordes que ele lidera a pé. Eles usam fundas, não usam armaduras e por isso são extremamente ágeis para fugir quando atacados. São espanhóis que gritam em sua língua tentando matar o maior número de homens com as pedradas. Antes que fosse atingido, Brian corre em direção à ele com a espada sobe a cabeça. O homem muito ágil desvia e gira a sua funda. Uma pedra acerta a nuca do Barão que gira com o impacto e logo vem a outra que o atinge no meio da testa. O som do osso quebrando e a dor faz com que o herói caia desmaiado em campo de combate.
Uma outra pedra disparada por uma funda, acerta um infante de Arthur no meio do rosto, quebrando seu rosto. Ele cai sentado e é em seguida é atropelado por um cavalo de seu próprio exército. Sir Accolon e Gawaine lutam selvagemente. O escudeiro, mesmo sem um olho, se defende como pode com um martelo de ponta fina. Ele quer vingança depois que quase morreu pelas mãos de seu próprio pai e não poupa os homens que ele ataca. Quando desce o martelo de cima para baixo e ele penetra a ponta no elmo do inimigo, Gawaine puxa a arma em ângulo para frente, abrindo a cabeça do inimigo exatamente no meio. Os corpos vão caindo em convulsões por um bom tempo, deixando um rastro de homens agonizantes.
Quarta Hora:
Um homem surge acertando o Rei Arthur nas costas com uma claymore. A sua cota quebra e rasga no ombro, o braço esquerdo do rei fraqueja e Excalibur cai. Arthur grita de dor enquanto o seu ombro irrompe deslocado.
Rei Arthur: “Protejam a espada! Protejam a espada!”
O homem que deu o golpe salta de sua montaria tentando chegar na Excalibur. Seu brasão na fivela de seu Kilte com um sol de prata, seus cabelos brancos saindo do elmo aberto com uma coroa no topo, indicam ser uma pessoa: O Rei Nantres de Garloth, cunhado de Arthur. Ele fecha suas mãos no cabo da Excalibur e olha para ela fascinado. Arthur cai de seu cavalo. O Rei Nantres se vira para fugir, dá dois passos, mas algo parece acontecer com ele e Nantres cai de joelhos soltando a espada. Arthur de quatro, no chão de lama feita de sangue, se arrasta até a espada enquanto seu cunhado agoniza com uma adaga fincada em suas costas; arremessadas por ele. Os outros homens se afastam quando Arthur pega Excalibur e assobia para o seu cavalo, Hengroel, que corre até ele.
Arthur: “Venham! Comigo!” (ele ergue a espada) “Lutem! Eles não aguentarão por muito tempo! Resistência Celta!”
Nesse momento eles sentem os pingos de chuvas, escutam os trovões e começa a chover muito forte no campo de batalha, tornando os arcos inúteis e o chão escorregadio e perigoso.
Os Cataphract retornam dessa vez sem poderem usar os seus arcos. Sir Bernard vê o Barão Brian caído em meio ao campo de batalha e trota para lá o circulando com o cavalo tentando protegê-lo. Breno continua a lutar do outro lado gritando, enlouquecido, dando ordens de comando aos seus homens e matando seus inimigos.
Um cavaleiro pictu, todo pintado com espirais azuis no rosto, com o mesmo brasão de Nantres mas com um lambel no alto, indicando ser o filho mais velho do Rei de Nantres morto. Tomado pelo ódio, abre caminho montado, com um machado de duas faces. Ele corta o topo da cabeça de um cavaleiro que, antes de cair morto de seu cavalo, luta por longas batidas do coração com seu miolo aberto e o rosto cheio de sangue. Até que seu corpo não aguenta e ele morre e seu cavalo corre descontrolado para longe, com a crina ensopada de sangue.
Rei Arthur: “Capturem esse pictu! Eu o quero vivo! Ele é meu sobrinho!”
Sir Galengantis: “Ulciscere! Vingança! Celtas malditos!”
Enfrentando um homem letal, inspirado pela morte de seu pai, Sir Bernard espora o seu cavalo em direção a Sir Galengantis. Os cavalos se circulam. As espadas se cruzam. Um golpe de Sir Bernard entra, fazendo um corte na malha, arrancando sangue. Galengantis contra golpeia. Bernard defende com o escudo e ataca de novo. Mas um corte, dessa vez no ombro do inimigo. Galengantis respira acelerado e a dor faz os seus golpes ficarem mais lentos. Sir Bernard puxa a rédea de seu cavalo e o golpe do filho do rei morto se perde no ar. Sir Bernard dá um encontrão e Galengantis se desequilibra da montaria. Bernard acerta com a parte da lâmina não cortante jogando-o no chão barrento. Os Cataphract vem com suas massas para matar Brian inconsciente e Bernard que tenta o proteger. Mas Sir Bernard toma Galengantis, o novo Rei de Nantres e coloca sua adaga em seu pescoço, o ameaçando de morte. Isso faz com que o inimigo fique cavalgando ao redor sem os atacar.
Do outro lado o Conde Robert lidera os seus homens. Ele consegue abrir algumas brechas lutando sem errar um golpe. Até que Lancelot e ele se encontram. Os dois se cumprimentam e descem do cavalo. Mesmo cercado pelos Romanos, que já estão desordenados e dispersos sem líderes, os combates viram singulares. Os dois começam a lutar ombro a ombro; mestre e aluno. Lancelot, rapidamente, desarma dois homens, lança a sua lâmina quebrada cortando a jugular de um homem e fica com uma gladius em cada mão matando um homem na sua frente e outro atrás. Robert trocando constantemente sua espada de mão, surpreende os romanos que quando percebem o truque já estão no chão com as gargantas cortadas.
Quinta Hora:
A chuva cai grossa tornando o chão um lamaçal escorregadio podendo trair até mesmo o melhor dos espadachins. O inimigo sem nenhum comandante fica perdido sem saber que formação adotar. A luta se espalha por toda a região ao redor da margem do rio. Alguns cavaleiros se reúnem ao redor de um homem que grita, tentando fazer uma formação de ponta de lança, e se aproximam protegidos por cotas de malha, escudo e espadas bradando no ar.
Cavaleiro romano: “Comigo homens! Formação ponta de flecha! Venham! MOOORTE!”
Breno enfrenta um cavaleiro inimigo, seu cavalo escorrega no barro, mas o garoto o controla com as rédeas e as esporas. Eles passam matando alguns homens de infantaria. O jovem escudeiro recebe um golpe amaçando parte de seu elmo mas contra golpeia com a sua espada. A Quebra Gigantes corta os músculos do pescoço do cavaleiro romano e sua cabeça é lançada na lama enquanto o corpo cai do cavalo, que corre descontrolado atropelando homens dos dois exércitos.
Dali, Breno, vê um homem e cavalo, do exército de Arthur, escorregando na lama. E o Cavaleiro morre pois todo o peso do cavalo rola por cima dele quebrando a maioria de seus ossos. Um romano tenta desferir um golpe em Bedivere que escorrega, fazendo uma de suas penas deslizar para trás. O homem se prepara para matá-lo mas o golpe passa zunindo perto ao seu rosto, fazendo o escudeiro se curvar para trás. O Rei Boors, que já tinha perdido seu cavalo no meio da batalha, ataca o homem pelas costas fazendo a espada sair pela sua barriga com merda e sangue escorrendo pelas pernas do inimigo.
Sexta Hora:
Os romanos não aguentam mais a pressão que o exército do Pendragon faz sobre eles. Muitos perdem a vontade de lutar pois quem está ali está sendo abatido como gado à beira do Rio Bassus. E lutar por qual motivo? Totalmente desorganizados e em pânico eles começam a correr em desespero!
Rei Arthur: “Persigam! Em frente homens! Não os deixem escapar!”
Breno se coloca ao encalço daquelas centenas de sobreviventes junto com os outros homens do exército do Pendragon. Eles gritam, jogam seus escudos e armas para tentar ganhar velocidade. Como um formigueiro desordenado correm para todas as direções. As tropas do Rei Arthur Pendragon iniciam a matança final dos Rebeldes. Breno atropela com o seu cavalo seis deles. A medida que as unidades avançam matando o inimigo um tapete de corpos vai sendo deixado para trás.
Final:
A chuva continua a cair forte. O inimigo é derrotado e seu exército dizimado. A maioria deles ou está gravemente ferido ou morto. Arthur perde 2.000 homens. Os Britânicos, que sofreram ferimentos durante a batalha, são carregados do campo de batalha até ao acampamento na retaguarda, onde os escudeiros, freiras e sacerdotisas tentam salvá-los em meio aos gritos de dor, aliviando a dor da morte eminente e o medo de partir desse mundo. Dentre eles Sir Kay, irmão de Arthur. Barão Brian é carregado para um dos pavilhões.
Sacerdotisa: “Sir Bernard, Brian está com a testa quebrada. Não morreu por pouco. Teremos que fazer uma trepanação para o cérebro poder desinchar. Talvez não sobreviva.”
Ao longe, quando Breno retorna ao campo de batalha ele vislumbra o que ajudou a fazer. Debaixo da chuva ele olha os milhares de corpos e feridos se arrastando. Os cavalos mortos e cadáveres boiando rio abaixo. Estandartes caídos em meio ao sangue e ao mau cheiro. Eles escuta um som e se vira. Atrás deles centenas de soldados humildes se ajoelham perante ao rapaz de 14 anos que venceu a batalha para o Rei Arthur.
Os corvos se banqueteiam com os cadáveres estendidos na lama; os vasculhadores de corpos cortam dedos inchados para roubarem anéis; outros batem com o cabo de uma adaga para arrancar dentes de ouro dos mortos; dois cachorros disputam um naco de carne de um pedaço do braço de um cadáver. Logo a notícia se espalha que o Barão Brian sobreviveu a cirurgia feita pelas sacerdotisas.
Os corpos dos Reis mortos são achados, Baran de Apres e de Nantes de Garloth são levados até a entrada do pavilhão de Arthur. O jovem Rei sai de lá com o tronco enfaixado. Sir Bernard observa dali, sentado no chão, exausto, ferido, imundo de sangue e lama, refrescando o rosto na chuva, bebendo hidromel e tomando conta do cavaleiro que fez prisioneiro.
Rei Arthur (se lamenta): “Eu disse que estariam mortos no final de tudo. Idiotas! Traga meu sobrinho Bernard.”
O homem vem carregado por um dos braços, amarrado e é jogado aos pés de Arthur.
Arthur: “Lutou muito bem, parente. Sei que é um momento difícil para você, Príncipe. Foi uma escolha de seu pai se juntar aos reis do norte e não reconhecer meu título.”
Galengantis (ele concorda com a cabeça): “Majestade e as terras de meu pai? Serão minhas agora?”
Arthur: “Corte as amarras, Bernard. Não serão! Sua mãe e minha irmã, Elaine, é quem governará aquelas terras. Mas, jure sua espada a Britânia e será recebido por mim como meu próprio irmão.”
Diz o Rei Arthur Pendragon exibindo a Excalibur ao rapaz.
Galengantis: “Poupou minha vida em campo de batalha, Senhor! Sou seu sobrinho, primo de Gawaine e também tenho o mesmo sangue correndo em minhas veias. Lutaram corajosamente contra nós e nos derrotaram. Escutem todos! Eu juro ao rei supremo da Britânia a minha espada, serei seu servo, Majestade, até o final dos meus dias.”
Arthur: “Está feito! Dê um funeral apropriado ao seu pai. Quanto ao Rei Baran de Apres, dêem o corpo aos cachorros e mandem a cabeça do maldito para Roma.”
Então uma comitiva se aproxima, formada por lanceiros. Ela para nos primeiros corpos ao norte do acampamento. Chama a atenção uma mulher, desse grupo, caminhando por entre os mortos. Ela está com uma capa grossa de lã se protegendo da chuva. Ela para e observa se lamentando pelas mortes. Continua a caminhar mas ninguém lhe dá atenção. O Rei Arthur olha em sua direção enquanto ela retira o capuz que cobre a cabeça. Sua idade já é avançada e a sua beleza estonteante é só uma lembrança. Igraine olha nos olhos de seu filho.
Igraine: “Filho? Arthur? Eu sou sua mãe e não teve um dia em que não me lembrei de você desde que me foi arrancado de meus braços.”
Os dois se abraçam e ficam em silêncio chorando enquanto as suas lágrimas se misturam a chuva que molha o chão cheio de barro e sangue.
Igraine: “É uma pena que as mortes continuem meu filho. Os homens fazem a guerra pela paz e esquecem algumas vezes que devem fazer a paz para que não se tenha a guerra. Merlim foi até a corte de Lothian, junto com a nova Senhora de Avalon, escolhida pelas sacerdotisas anciãs: Nimue. Eles estiveram lá e depois de alguns dias sumiram. Sua irmã, Margawse, teve um dos filhos roubados, junto com os filhos dos melhores homens de Lot. Margawse, contra a minha vontade, fez um ritual pagão e teve uma visão nas águas num caldeirão de prata. Ela viu um navio cheio de crianças ser tragado por uma tempestade e se chocar contra as rochas, se partindo ao meio. Rei Lot em sua fúria, por terem roubado seu filho e saber da visão de sua esposa, reunirá todos os seus aliados sobreviventes e marchará até o seu exército, meu filho, querendo a sua cabeça. Eu não abrirei mão de você mais uma vez meu querido, por isso vim até aqui secretamente. Se Lot descobrir serei condenada a pena de morte por traição.”
Arthur: “Ouviram homens! Preparem-se Cavaleiros! Rei Lot, meu cunhado, virá para jantar em algumas luas e nós estaremos o esperando com a melhor compania da Britânia. Não é?”
Igraine: “Arthur, acho que não mencionei o nome do filho do Rei Lot sequestrado.”
Arthur: “Não mãe, qual é?”
Igraine: “O nome do seu Sobrinho e Príncipe de Lothian, é... Mordred.”
Eles ficam observando a chuva gelada que cai lavando o sangue derramado dos corpos na lama negra.
FIM
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