quinta-feira, 8 de julho de 2010
Aventura 11: A Guerra dos Herlews, ano 489, Parte II
Ao anoitecer, no ano de 489, inverno, faz muito frio e venta em alto mar dificultando Sir Enrick, o Barão Algar, Edwin e o Príncipe Madoc de dormirem no convés. Incansavelmente o Capitão e seus marujos atravessam a madrugada no leme. Então os heróis descem até ao porão do navio e encontram peles de carneiro para se proteger. Em meio a parte da tripulação que descansa ali também os homens dormem.
No dia seguinte pela manhã ao acordar percebem que o barco está parado. O mar está liso e cai uma fina garoa.
Capitão Kirk: “Bom dia viajantes! O vento parou de soprar! Teremos que esperar”
Passado aproximadamente três horas de calmaria, derrepente, Sir Enrick avista no horizonte um barco, não muito maior que o Loise. Eles navegam impulsionado por remos. As cotas de malha brilham ao sol indicando que os homens à bordo estão armados.
Capitão Kirk: “Piratas. Droga, em meia hora estarão sobre nós! Preparem-se para a abordagem!”
Edwin: “Pelo menos me dêem uma espada ou uma adaga, assim terei alguma chance de sobreviver.”
Sir Enrick: “Fique com a minha adaga. Use-a bem!”
Quando o barco inimigo se aproxima eles vêem a carranca de um demônio na proa, os homens usando elmos com proteção no nariz, cotas de malha, escudos redondos. Tem cabelos compridos e parecem cada um de uma etnia (pictus, celtas, saxões, romanos, nórdicos). Mais perto eles atiram ganchos e começam a puxar até que os barcos se chocam. Eles pulam imediatamente para dentro do Louise. Capitão Kirk e seus homens sacam espadas curvas e os heróis preparam-se para o combate.
O Barão Algar ataca girando o seu machado por cima da cabeça. O primeiro golpe degola o homem. O inimigo, também armado com um machado erra e a arma assobia no ar. Algar derruba o homem com um chute nas pernas. Ele cai se apoiando na murada de lado e quando o pesado machado dourado de duas faces abre o dorso do homem ele fica tremendo em espasmos no convés.
Sir Enrick acerta com a parte de cima do martelo o meio do rosto do inimigo que tem os ossos da face quebrado turvando-lhe a visão. O inimigo desesperado ataca com a espada que se choca contra a cota de malha do Cavaleiro que sente somente uma pancada em seu ombro. Enrick ergue o martelo em um giro de baixo para cima e acerta o meio da testa do inimigo que tem o seu crânio aberto em pedaços.
Príncipe Madoc no primeiro golpe afasta o escudo de seu inimigo, aciona a lâmina no cabo de sua espada cravejada de pedras preciosas e da direta para a esquerda degola seu adversário que senta no banco do navio segurando a garganta sangrando e é decapitado com o movimento contrário com a lâmina principal.
Capitão Kirk, vai recuando com o pirata o olhando com um sorriso achando que ele vai ser presa fácil, mas quando passa próximo a vela, Kirk corta a amarra e o mastro gira 90 graus e acerta o homem que cai de quatro aos seus pés. Sua cabeça rola sem corpo em um piscar de olhos. Os outros marujos, um é morto com um machado lhe abrindo o crânio mas um outro tripulante degola o pirata por trás e depois lhe atira o corpo ao mar.
Edwin, o saxão, espera o golpe do seu adversário, ele gira e o homem tenta lhe acertar com o escudo, ele dá um passo ao lado, o escudo bate na murada e quando o pirata o procura, Edwin já tinha girado saindo do seu campo de visão e o atravessa na altura das costelas
Os outros homens também são neutralizados. Sem ter quem manejar o outro barco eles acham no porão do barco inimigo garrafas de rum e doze libras em pedaços de prata, fruto de saque. Depois de algumas horas o vento volta a soprar e a temperatura a cair. Depois do almoço Louise começa a correr novamente. Passa-se metade do dia e o mar permanece bastante agitado. Até que um dos marujos grita: “Terra à vista!” O barco desliza nas ondas, os marujos recolhem as velas até que finalmente com um solavanco Louise encalha na praia.
Capitão Kirk: “Estão entregues, bem vindo a terra sem lei, Sussex!”
“Desçam marujos e empurrem, iremos esperar vocês em alto mar. Quando retornarem acendam uma fogueira na praia que voltamos para pegá-los. O que tiverem que fazer aqui... boa sorte!”
Os heróis agradecem então somem na noite escura e gelada da costa saxônica. Edwin para por alguns instantes e deixa o vento de sua terra bater no rosto. Na praia enquanto caminham decidem acampar na floresta que faz fronteira com a costa.
Edwin: “Floresta Perdue! Sejam bem vindos!” (ironicamente).
Rapidamente as temperaturas despencam e anoitece.
Madoc: “Todo o cuidado é pouco nesta terra!”
Edwin: “É estranho estar de volta. Nasci aqui, lutei pelo meu povo e fui preso por isso. A única coisa que vale a pena nisso tudo é poder ajudar meus filhos. Minhas 3 meninas, 2 meninos e uma linda mulher chamada Mirth. Mas, teremos que ser rápidos se não nos protegermos desse frio morreremos congelados. Peguem aquelas madeiras ali e vamos cavar. Me ajudem a fazer exatamente um buraco que caibam quatro pessoas sentadas, com uns cinco palmos de fundura.”
Depois de feito Edwin vai até uma árvore retira uma palha amarela de samambaia e reveste todo o buraco. Depois usando troncos finos faz uma armação e a cobre de folhas longas entrelaçadas. Depois de duas horas quando cai a noite eles tem um abrigo.
Edwin: “Somando as peles que usamos, um pequeno lúmen que acenderemos aí dentro. Acho que conseguiremos passar a noite aqui e amanhecermos vivos. Pelo menos pelo frio não seremos mortos. Ficaremos apertados aí dentro mas o objetivo é esse. Assim o calor não escapa.”
Sir Enrick: “Eu tenho rum que trouxe do barco. Bebam isso pode ajudar.”
O frio é insuportável. Começa a nevar. Sir Enrick é o que sente mais, quase não dorme e treme a noite inteira.
No dia seguinte, pela manhã, acordam e quando levantam a cobertura para sair do buraco tem que fazer força. Ela está cheia de neve.
Edwin: “Vamos caminhar para o norte. Devemos chegar ao Forte Magouns no meio da tarde.”
Barão Algar: “Mas o forte não fica à oeste daqui?”
Edwin: “Não é ao norte. Com toda essa confusão eu tinha perdido um pouco o senso de direção.”
Então começa a caminhada pela floresta. Pouca luz entra por entre as copas das grandes árvores. O chão está congelado coberto de folhas secas. O terreno é irregular, por vezes sobe e por outras fica plano. As raízes das grandes árvores dificultam a caminhada.
Então Enrick ouve sussurros de uma língua estranha, uma voz feminina nervosa e outra mais grave, provavelmente de um homem vindo depois de uma subida. Ele em silêncio avisa aos outros e resolve se esgueirar pela subida até uma árvore. Retira a sua cota de malha e silenciosamente, passo por passo, chega no topo da pequena colina cheia de raízes das grandes árvores. Ele se depara com dois homens de cabelos longos pretos e barbas longas. Loriga de couro. Não usam escudos nem elmos. Usam botas de pele. Estão de costas. De está frente uma mulher nova de cabelos castanhos soltos, vestido de lã sujo de terra e duas crianças descalças, cada uma, usando peles de carneiro. Eles estão de joelhos e olham para o rosto de seus algozes. Eles choram.
Um dos saxões dá um tapa com a parte de fora da mão na mulher que cai com o rosto na terra chorando. E ele tira das mãos dela uma alforje. Sir Enrick retira uma flecha de sua alijava. Encaixa com cuidado na corda de cânhamo de seu arco. Olha as folhas e sente para onde o vento esta soprando. Então puxa silenciosamente a corda até atrás da orelha e dispara. O primeiro homem cai morto com uma flechada nas costas na altura do coração. Muito rápido Enrick saca outra flecha e dispara. Ele acerta o pescoço do outro que cai de joelhos emitindo um chiado agudo e assustador. Os dois estão mortos.
Então as crianças se aproximam e Edwin faz um carinho na cabeça delas. Elas sorriem. A mulher levanta com a ajuda do Príncipe Madoc.
Madoc: “Está tudo bem?”
Ela responde em sua língua.
Edwin traduz: “Ela disse obrigado!”
Ela começa a falar muito feliz com ele e Edwin balança negativamente com a cabeça. Ela abaixa a cabeça.
Barão Algar: “O que ela está falando?”
Edwin: “Ela achou que vocês também eram saxões.”
Madoc, Algar e Enrick se afastam e decidem levar a mulher com eles até Magouns e deixam Edwin e ela irem embora quando chegarem lá. Os heróis percebem que a mulher e Edwin conversam bastante na língua deles.
Então o grupo segue pela floresta por mais algumas horas. Compartilham um pouco de queijo e pão com a mulher e as crianças e vão caminhando. A umidade da floresta gela até os ossos. Eles ouvem somente o som de um riacho próximo, chegam em um lugar plano e passam por um corredor de árvores.
Sir Enrick avista dois homens cada um de um lado da trilha. Eles estão na frente de duas grandes árvores. Sir Enrick alerta à todos que parão e observam. Então vêem cada homem gritar um para o outro e em sincronia, com as suas barbas longas, cortar algumas amarras. Duas árvores enormes de quinze metros de altura e com troncos de uns cinco metros de diâmetro caem na frente deles. A passagem está bloqueada. Quando viram uns quinze saxões estão armados lhes cercando. Sir Enrick faz um movimento para pegar uma flecha. Mas nota que em cima dos galhos das árvores em volta existem homens com arcos prontos para disparar.
Madoc: “Nem pensem em se mexer!”
Edwin fala com os homens em sua língua. Eles imediatamente o retiram do grupo. O homem com mais braceletes, que parece o líder, fala algo. Edwin traduz.
Edwin: “Larguem as armas ou eles o matarão.”
Madoc: “Vamos com calma!”
Então os homens amarram as mãos deles com cordas de cânhamo e o tornozelo um no outro. Então, agora mais tranquilo, os saxões cumprimentam e abraçam Edwin. Parecem ser conhecidos. Ele diz algo aos saxões, eles concordam. A mulher salva por eles vai abraçá-lo.
Edwin: “Estou indo para a casa!”
Depois de caminhar pela floresta, atravessarem uma ponte de madeira onde por baixo passa um riacho de pedra, uma clareira se abre e chegam em um assentamento saxão. Existem pelo menos trinta casas dispostas em círculos de dez cada um. São habitações redondas de pedra e telhado de palha em forma de cone. No centro do assentamento existe um totem de madeira de cinco metros com o símbolo de um martelo. Em um monte de terra feito pelos homens do clã foi construída a maior casa, provavelmente a do chefe. Quando adentram ao centro da vila eles vêem uma centena de habitantes circulando. Algumas mulheres carregam cestos de palha com grãos, algumas crianças brincam com cavalinhos de madeira, alguns cachorros bebem água na lama. Um homem martela uma espada perto de uma forja. E outros conversam. Todos parecem estarem magros e cansados. Quando são levados próximos ao totem todos param seus afazeres e os observam, alguns cospem no chão os amaldiçoando. Os olhares são de ressentimento. Várias pessoas quando vêem Edwin se aproximam e o cumprimentam com alegria. Uma mulher de cabelos longos negros e quatro crianças se aproximam e o abraçam. Ele parece animado por um instante, mas logo lágrimas saem de seus olhos.
Edwin: “Uma das minhas meninas morreu de peste no último inverno! Coisas da vida. Por hora vocês ficarão por aqui.”
Então ele chama a vila inteira e aponta para os heróis falando em seu idioma. Um dos homens parece não gostar, depois outro discute com ele e no final todos concordam. Os heróis são amarrados em uma estaca próxima e deixados sentados em círculo um de costas para o outro em uma construção com paredes de pele. Uma fogueira aquece o interior do local. Um ou outro cachorro vem cheirá-los. Uma mulher velha e corcunda, magra com a pele nos ossos aproxima-se apoiada em um cajado. Ela veste um manto cinza de lã. Na sua boca não existem dentes. Ela parece ser cega. Seus cabelos são longos e brancos. Fala em sua língua enquanto que com um ramo de ervas em uma mão e um esfumaçador em outras lhes dá passes. Depois de um tempo ela vai embora.
Até que anoitece e tochas são acessas por todo assentamento. Os Cavaleiros vêem um grupo formado por quatro saxões chegarem trazendo uma carroça puxada por dois deles com um corpo em cima. É o cadáver de um guerreiro. Está com a armadura de couro rasgada e um grave ferimento no peito. Está pálido. Seu escudo redondo e a espada estão ao seu lado. O elmo também está todo quebrado. Os locais se aproximam e muitos deles choram. Logo chegam os outros guerreiros vindos da floresta, alguns machucados apoiados pelos outros, outros carregando outros corpos. Uns trinta chegam ao todo. Uma mulher sai da maior casa da vila. E os três a reconhecem, é a mulher que foi salva na floresta por eles. Com o lado direito do rosto roxo do tapa que tinha levado. Ela abraça o morto e chora. Os outros tentam consolá-la. Ela fala algo para todos e aponta para os heróis cativos. Todos escutam em silêncio e os olham. Edwin também está ali e fala os olhando. Então levam o corpo para dentro da grande casa. Os outros que chegaram também vão cada um para sua. Ali fora ficam uns oito sentinelas que andam de um lado ao outro durante a noite. Pessoas entram e saem da cabana principal durante a madrugada.
A mulher que salvaram traz água para cada um de vocês. Ela sai séria. Durante a madrugada eles vêem por entre as peles que servem de paredes, alguns homens construírem com martelos e amarrarem uma pira de troncos de árvores. Amanhece, e de exaustão por hora eles dormem e acordam várias vezes. No meio da manhã, possivelmente um escravo, abre algumas peles permitindo a visão do totem e do centro da vila. Todos do assentamento vêem o corpo do guerreiro que chegou morto na noite anterior embrulhado em linho, somente com o rosto à amostra, ser colocado na armação de madeira. Todos ficam de cabeça baixa quando um saxão acende a pira que começa a arder consumindo o corpo. Muitos se emocionam. Edwin está com a sua família. Enrick, Madoc e Algar quase não o reconhecem. Ele está limpo vestido com uma loriga de couro, braceletes de ouro com runas nos braços. Uma espada na cintura, barbas e cabelos aparados. Usa uma bota de pele. Uma capa de urso negro lhe cobre os ombros.
Depois que todos se dispersam ele se aproxima com cinco homens. Dois deles já são bem mais velhos. A velha também está com eles. Ela senta na frente dos heróis com as pernas cruzadas, ela parece repetir um mantra e estar em transe, e tira de uma algibeira ossos que parecem ser humanos e os joga no chão. Tateando ela os encontra e os atira novamente. Então ela fala algo para eles que concordam, conversam entre si, depois Edwin lhes dirige a palavra.
Edwin: “Serei sincero com vocês. Estive preso em Sarum e foi o inferno ser jogado naquele calabouço escuro e frio. Vi vocês matarem muitos dos meus. Mas a situação é extrema para ambos os lados. E situações extremas exigem medidas extremas. Para vocês Britânicos nós somos todos iguais. Mas na Bretanha existem Saxões, Anglos, Francos e Jutos. Vocês nem sabem com quem lutam na maioria das vezes. Ontem nós salvamos a esposa do chefe dessa tribo, da minha tribo. Infelizmente Britânicos, tive que trazer vocês para cá. Se fôssemos ao forte Magouns seríamos mortos antes de chegarmos perto da paliçada. E, entendam, eu não tinha garantia nenhuma se me prenderiam ou me matariam depois de ter levado vocês lá. Já soube de seu apelido Algar e que tem espalhado a morte por onde passa. É isso que seus inimigos dizem de você.”
“Como podem perceber estamos em guerra. A minha tribo e outras três próximas estão há dois anos lutando contra os jutos do Rei Finn. São traidores. No concílio das tribos do Sul da ilha, ano passado, mataram seus próprios convidados do clã que eram nossos aliados. Desde então estamos enfraquecidos e eles nos roubam e nos escravizam. Por isso minha gente nunca pode pagar resgate ao seu rei para me libertarem. Pensei que meu clã tinha me esquecido. E foram dois destes Frígios que matamos ontem para proteger Heler, esposa de nosso líder do clã. E quando a minha tribo soube o que aconteceu foi a desforra. Fomos atrás de alguns bandos do Rei Finn e matamos vários deles, mas infelizmente nosso líder Beornric tombou ontem em batalha. Era meu irmão e agora eu sou líder dessa tribo. O Clã dos Wulf. Mas a verdade é que os jutos estão com sua mulher no forte Magouns Algar.”
“Pela nossa tradição quando somos salvos por alguém temos uma dívida com essa pessoa. Que deve ser paga imediatamente. Minha cunhada me fez jurar de que eu pagaria essa dívida à vocês, ou nossos deuses se irritariam. Eis aqui uma proposta. Eu junto homens das tribos que me são fiéis, fazemos um plano e atacamos o forte dos jutos. Libertamos sua mulher e vocês nos ajudam a vencer o nosso inimigo. Depois me deixem partir e eu lhes dou um salvo conduto para ir embora de Sussex. Tens minha palavra que ninguém de meu povo irá lhes encostar em um fio de cabelo de vocês já que a nossa feiticeira disse que sem vocês não venceríamos o inimigo. Mesmo tendo aqui em Cavaleiro, um Barão e um Príncipe. Temos um acordo?”
Barão Algar : “Parece um acordo justo!”
Então Edwin dá ordens aos seus homens. Eles os desamarram.
Edwin: “Suas armas serão entregues quando partirmos para combate. Para a sua segurança e a do meu povo. Vamos a minha casa agora.”
Então os Cavaleiros e Edwin se dirigem a maior casa da vila em cima de um monte. Os saxões os acompanham com um olhar raivoso. No interior o teto é sustentado por vigas feitas por troncos dispostos transversalmente. O lugar é iluminado por tochas. Um trono de madeira entalhado existe no fundo do lugar e tocos de árvore estão disposto formando um círculo com o acento principal. O piso é coberto por peles de animais. Uma fogueira está acesa em um retângulo feito no chão. Uma panela de ferro com dois escravos irlandeses preparando a comida é suspensa acima do fogo. Escudos redondos com cores variadas decoram as paredes. Um crânio de urso foi colocado na coluna de madeira atrás do trono. O estandarte vermelho com a cabeça de lobo desenhada em cor preta desce do teto até o chão. Vários lobos cinzas andam farejando pelo salão.
Edwin: “Sentem-se!”
Então cinco homens entram pela entrada principal na lateral da construção. Eles são fortes e rústicos. Dois deles portam machados, dois espadas e o último, com cabelos avermelhados e tapa olho leva um martelo de guerra. Todos estão usando peles para se protegerem do frio. Tem barbas longas e vestem cotas de malhas. Dois deles tem a barba enrolada em tranças. Todos tem cabelos longos, dois são loiros, um ruivo e dois cabelos castanhos castanhos. Nos braços alguns possuem vários braceletes de ouro. Outros tem menos. Usam armaduras de couro amarradas e alforjes nas cinturas. Nos pescoços um martelo. Usam botas com pele. E tem tatuagens sagradas. Entram, os encaram sérios e sentam cada um em um banco no lado oposto.
Edwin: “Estes são meus homens de confiança. Meus primos Culinan, Aethelwold (cabelos castanhos). Meu irmão mais novo Wistan (ruivo), (usa um tapa olho). E meus amigos de infância Sithric, Egbalth (loiros). Eles comandam os meus clãs aliados. E nos ajudarão no ataque. (olha para os escravos). Irlandeses, sirvam hidromel à todos.”
“Meus homens não gostam de vocês, nem vocês deles. Mas no momento precisaremos um do outro.”
Então ele fala na língua saxônica a mesma coisa que tinha dito à vocês e os homens de Edwin concordam com a cara séria. Os escravos Irlandeses trazem um estômago de porco costurado e recheado com algo que não cheira muito bem no interior e é servido para todos em pratos de madeira e comido com as mãos. Algar e Madoc se empanturram com a comida exótica. Sir Enrick passa mal e vomita. Todos riem e fazem piadas. O Cavaleiro fica com vergonha.
Sithric fala algo para Edwin.
Edwin: “Ele quer saber onde consegui a corneta dourada?”
Sithric retira seu punhal e levanta. E aponta para Algar.
Edwin: “Ele diz que pertencia a seu irmão, Egbert!”
Barão Algar: “Foi em uma luta justa!”
Edwin se coloca entre os dois e retira o punhal da mão do saxão loira. Ele senta com cara de contrariado. Edwin fala em tom pesado com Sithric que se acalma.
Edwin: “O forte Magouns está em cima de um monte de terra barrenta negra rodeado por um fosso. Antes existem um labirinto com estacas e armadilhas que rodeia o lugar. Ao lado passa um grande rio. Torres de sentinelas com lanceiros, protegem os muros pontiagudos de madeira. Cem homens armados com machados, espadas e lanças protegem o forte. Se ouve um som assustador nas madrugadas silenciosas trazidos pelo vento. Como se fosse de um gigantesco tambor, só que mais alto. Alguns dizem ser o coração do dragão que protege a colina. O comandante do forte, responsável por toda morte que ronda nas florestas de Perdue é Ordric, cara de sangue. Um dia terei os miolos do maldito em meu machado. Enfim o forte é inexpugnável e ninguém jamais o tomou. Reunindo os clãs de meus homens teremos sessenta guerreiros para lutar ao nosso lado. O que vocês acham?”
Barão Algar “Acho que um ataque noturno usando as sombras e se movendo na escuridão seria uma forma de equilibrarmos a nossa inferioridade numérica. Sem falar na posição no alto do monte favorável as defesas do inimigo.”
Edwin: “Vocês lutarão com o clã de Wistan, meu irmão!”
Wistan escuta seu nome, Edwin fala com ele. Parece contrariado, discutem. Edwin dá um soco no meio da cara dele. Wistan se acalma e olha pra vocês sacudindo a cabeça negativamente.
Edwin ri: “Ele diz que não vai aceitar ordens de bastardos celtas! Bem, vocês ficarão aqui dentro e não sairão daqui para o seu próprio bem. Amanhã os clãs se renuirão na fronteira da floresta de Perdue e iremos combater. Terão suas armas no momento que eu achar melhor.”
Então os homens e Edwin, sem olhar para os três britânicos, se retiram. Guardas são colocados ao redor da grande casa. Comida e bebida são deixadas ali.
Pela manhã Edwin entra ali: “Vamos, chegou a hora!”
Quando os três britânicos saem da grande casa o clã de Edwin aguarda com dez guerreiros lá fora. Os homens observam sérios. Estão todos vestidos para a guerra com armaduras de couro. Botas de pelo de urso e elmos abertos na frente. Eles carregam adagas, espadas, machados e martelos. Cada guerreiro tem um escudo redondo pintado da cor de seu clã com uma boça de ferro no centro. Chama a atenção que um dos escravos Irlandeses, o mais novo, provavelmente com dezesseis anos, está indo junto. Alguns guerreiros carregam alforjes de couro grande que parecem estar cheios de líquido.
Edwin: “Nos encontraremos com os outros clãs de outras vilas à leste do rio. Depois desceremos para o sul até a borda da floresta onde poderemos mandar batedores e planejarmos melhor o ataque. Vamos!”
Então, seguindo o sol, caminham pela mata em direção ao oeste. A floresta tem o chão congelado. Algumas vezes eles vêem lobos e algumas águias guincharem no alto. Flocos pequenos de neve flutuam como cinzas no ar. O chão é coberto por folhas e está duro, coberto de gelo. Eles também percebem que os saxões caminham sempre em marcha forçada e se deslocam com muita velocidade. Agora entendem como conseguem cruzar a fronteira rapidamente, saquear e retornar sem serem pegos. Ao meio dia param à sombra de uma parede de rochas. Vários cipós descem lá de cima. Os heróis sentam bastante cansados. OS saxões parecem comentar a respeito e riem. Um deles oferece um alforge de água. Edwin trás um pedaço de carne seca oferece a eles. Um dos homens aponta o pescoço de Algar e falam a palavra “Thunor”, “Thunor”
Edwin para Algar: “Eles querem saber porque você reza para o Deus Thunor?”
Barão Algar: “É o deus dos meus antepassados. Aqueles que deixaram o norte e migraram para a ilha. Na verdade ele é o mesmo. Só que o chamo de Thor.”
Edwin: “O certo é Thunor! Parece que meus guerreiros não odeiam mais tanto vocês.”
Então seguindo viajem depois de algum tempo caminhando eles escutam o som do rio se aproximando. Edwin ergue a mão. Todos param e ficam silenciosos. Ele faz um som imitando uma coruja. Do outro lado respondem. Então um grupo com uns cinquenta guerreiros saxões aparecem. O que surpreende é que eles estavam muito próximos e totalmente ocultos na floresta. São os homens de confiança de Edwin e seus clãs. Eles se cumprimentam. Eles se sentam em grupos de dez e doze homens e várias fogueiras são acessas para se aquecerem. Dois homens são enviados por Edwin e partem para Magouns como batedores e assim os britânicos aguardam o retorno deles enquanto sentam em círculo com Culinan, Aethelwold, Wistan, Sithric, Egbalth.
Edwin: “Culinan está preocupado se vocês darão conta de combater.”
Egbalth fala sério em sua língua: “Egbalth diz que a sorte as vezes pode até salvar um homem mas só se ele tiver coragem. E quer saber o que vocês acham disso.”
Barão Algar: “Eu concordo!”
Edwin: “Aethelwold diz que vocês estão acostumados a lutar montados e que no chão o combate é bem diferente.”
Barão Algar: “Estamos acostumados sim a lutar no chão. A Cavalaria é uma vantagem que não abrimos mão, mas nas últimas campanhas temos lutado a pé nas paredes de escudo.”
Wistan parece discutir com o Aethelwold.
Edwin: “Olha só, Wistan defendeu vocês! Tempos estranhos estes! Sithric quer saber de vocês porque estão mudando de Deuses. Os vários que acreditam já não são suficientes? Este deus preso na cruz dos romanos não parece forte como Odim ou um guerreiro como Thunor.”
Sir Enrick: “O Deus novo é único, mas as pessoas que o cultuam nem sempre são más. São as pessoas que querem poder que o usam errado.”
Edwin: “Wistan disse que uma vez quando invadiram a Britânia um padre disse que o seu Deus fazia milagres e que fazia milagres. Joguei uma lança nele, depois duas, na terceira já estava morto. Não vi nenhuma magia acontecer. Egbalth disse que um dia a Britânia será deles e que se quiserem se juntar a eles serão bem vindos!”
Os Britânicos riem junto com os saxões.
Edwin: “Homens, lutaremos ao anoitecer de amanhã. Teremos tempo de nos preparar adequadamente.”
Então vem a noite e uma neblina cai deixando a noite com as temperaturas abaixo de zero. E todos começam a ouvir o som do gigantesco tambor. Todos se olham amedrontados. Os saxões tocam os martelos de Thunor pendurados no pescoço. O frio é intenso e fica impossível ficar ali. Os homens conhecedores da região preparam uma caverna próxima para passar a noite, tirando alguns bichos entocados e uns ossos. Todos entram e se preparam com as peles trazidas para dormir. Sithric traz três cobertas de pelagem de urso e lhes dá. Com a fogueira no interior e longe da entrada a temperatura beira o suportável na floresta úmida.
Algum tempo depois muitos homens já dormem e os roncos ecoam pelas paredes de pedra da caverna. Os heróis percebem também que não foi colocado ninguém de sentinela apesar da fumaça que sai do interior da caverna. Algar chama a atenção de Edwin para tal fato.
Edwin: “Sentinelas? Esses Britânicos! Quando nascemos nosso fio já foi tecido pelas fiandeiras. Se morrermos era porque o nosso destino já estava determinado desde sempre, nem um minuto a mais nem a menos. Sentinelas! O medo não nos serve de nada.”
Durante a madrugada todos os saxões dormem no acampamento despreocupadamente.
Barão Algar: “O que você acha alteza?”
Madoc: “Ficar sem sentinela o c...! Vamos nos revezar. Estes saxões contam com a sorte sempre.”
Então os três se revezam como sentinelas próximos a entrada da caverna. No turno de Algar ele escuta o som de galhos quebrando, passos e uma respiração acelerada. Surgindo na entrada escura, ao amanhecer, em meio a neblina chega um dos batedores que tinham partido no fim da tarde. Ele está em péssimas condições. Branco de frio. Sem elmo com a armadura de couro danificada. O rosto cheio de ferimentos. E com os olhos cheio de medo. Edwin enche um chifre de hidromel e dá para ele beber, enquanto o homem se cobre com peles e se aproxima da fogueira. O batedor fala em sua língua com Edwin que traduz.
Edwin: “Nos aproximamos e observamos escondidos pela noite de cima de uma árvore alta que desse possibilidade de enxergarmos parte do interior do lugar e nada. Depois descemos e a medida que chegávamos mais perto lanças voaram, armadilhas dispararam e um bando de homens mascarados como criaturas das profundezas nos atacou. Erick, o outro batedor, foi morto. Eu me joguei nos arbustos e rastejei no gelo até o sul. Algum tempo depois achei o rio e acompanhei a margem até aqui. Desenharei no chão para mostrar o que vi.”
Descrição do forte Magouns: O forte tem duas torres de vigia com bases largas. Com dois lanceiros. A paliçada tem uns seis metros de altura. Com estacas pontiagudas. Dois portões de madeira ao sul. O lugar fica no alto de um morro de barro escuro. No interior existe um pátio também de terra. E no fundo ao norte do portão os alojamentos. Um foço protege o lugar na base do morro. A mata acompanha a face norte e oeste. O rio fica no oeste próximo há uns dez metros da construção. Existe um moinho e uma ponte maior que a largura de uma carroça onde dá para atravessar o rio. Os jutos usam a ponte para levar grãos para alimentar os soldados.
Edwin: “Temos um líquido que trouxemos nos alforjes grandes. Chamamos de bafo de dragão. Aprendemos a fazê-los quando invadimos terras além do horizonte no oeste. Precisamos levar alguns deles até o muro lá em cima e ateá-los fogo. O que vocês acham?”
Barão Algar: “Podemos atear fogo no moinho, realizar um cerco e os matarmos de fome.”
Sir Enrick: “Um cerco só com sessenta homens seria inviável.”
Edwin: “Eles poderiam também usar sua mulher como refém. Por isso precisamos realizar um assalto rápido.”
Madoc: “E temos pouco tempo, se demorarmos Odirsen II poderá desferir o primeiro golpe com o seu exército.”
Edwin: “Algar, isto tem que ser feito com cuidado pela face oeste do forte. Do contrário pelo Sul e pelo Leste, onde estão os portões, ficaríamos exposto na planície e no norte queimaríamos os alojamentos onde pode estar cativa Lady Adwen. Se viermos da floresta na face norte podemos chegar no oeste pelo rio tendo a chance de usar a mata para nos ocultarmos.”
Barão Algar: “Exatamente! Vamos fazer isso!”
Os guerreiros e os heróis vão acordando. Depois de assarem umas linguiças e batatas e guardá-las nas algibeiras, para que não parem de caminhar nem mesmo na hora do almoço, a força saxônica parte em marcha. A caminhada é longa e novamente muito rápida, sempre seguindo o rio para o sul, com todos tentando manter silêncio a maior parte do tempo. Eles começam a rir e falar em suas línguas.
Edwin: “Eles estão perguntando se vocês na Britânia estão acostumados a sempre marchar como mulheres?”
Até que no fim da tarde chegam à fronteira da floresta de Perdue. Ainda não escureceu então o exército faz uma parada. Dali onde estão ainda não dá para ver o forte Magouns.
Edwin: “Estamos próximos. Hoje à noite lutaremos.”
Ele fala algo em sua língua e um saxão trás as suas armas. Os outros homens os observam.
Edwin: “Agora somos do mesmo exército. Usem da melhor forma as suas habilidades. Faremos da melhor forma a nossa parte e espero que vocês dêem o melhor e você Alga,r poderá ir com a sua mulher para casa.”
Os heróis concordam afirmativamente. Então ali, em meio as rochas na floresta com alguns homens sentados lá em cima outros embaixo, próximo aos britânicos, eles começam os preparativos para o combate. Vêem também os saxões carregando os alforjes de couro grandes cheios de uma substância com um cheiro ocre. Os guerreiros, um ajuda o outro a ajustar as suas armaduras de couro amarradas. Com fivelas ajustam os seus braceletes. Pegam um pó de uma algibeira e passam nas mãos. Encaixam os escudos e regulam a tira que usam para segurá-lo. Depois pegam suas espadas e machados e uma pedra de amolar e vão afiando as lâminas. Um deles passa a pedra de amolar para eles. Os saxões pegam um pedaço de carvão queimado que trouxeram na alforje e começam a pintar o rosto um do outro com riscos e formas.
Edwin: “Para camuflar! Culinan disse que se quiserem que os jutos os vejam brilhar no meio da noite como os seus brancos traseiros britânicos é melhor nem passarem carvão na cara.”
Joga um carvão queimado para os três que também se camuflam.
Então colocam os elmos e seus escudos e armas e ficam de pé aguardando. Eles olham um para o outro se incentivando. Fazendo sinais e concentrando forças para enfrentar o combate. Testando os golpes com as armas. Edwin fala com eles por um tempo. Eles respondem levantando as suas armas. Eles falam algo e apontam para os três britânicos.
Edwin: “Estão dizendo que agora na beira do abismo vocês lutarão lado a lado e que estão prontos a morrer juntos com vocês por isso! O Clã de Wistan está à postos, venham!”
Wistan se aproxima com os seus homens e os cumprimenta. Então todos começam a bater a cabeça um no outro e a gritar. E todos se aproximam para fazer o mesmo. Algar dá um soco no rosto de Enrick que retribui e os dois riem. Madoc só sacode a cabeça se divertindo com aquele bando de guerreiros loucos.
Edwin: “Para dar sorte Príncipe! Então vamos homens! Hoje é uma noite perfeita para morrermos!”
O exército saxão começam a caminhar todos armados, protegidos com as armaduras, cotas de malha e escudos em riste. O frio e o silêncio é enorme na noite escura e se deslocam para o sul seguindo a margem do rio pelo lado esquerdo.
Madoc: “Se espalhem e cuidado, se caminharmos muito juntos podemos ser presa fácil!”
Ao caminhar se esgueirando na escuridão vendo muito pouco o caminho. Usando as folhas para permanecerem ocultos. Eles se guiam pela pouca claridade que entra emanada pelas tochas no topo do monte. Derrepente um som seco seguido de um assobio cortando o ar é ouvido e um grito de dor de vários homens. Quando olham para trás vêem as pernas de alguns homens de Aethelwold caindo para um lado e os seus troncos para o outro. Pelo menos seis deles. Todos mortos instantaneamente. Duas lâminas em X montadas em dois longos bastões de madeira se cruzaram horizontalmente, disparadas por um tendão de búfalo, e cortaram os homens ao meio. Matando-os instantaneamente. Suas entranhas ficam espalhadas no chão fumegantes devido ao frio.
Madoc: “Esse lugar deve estar cheio de armadilhas. É o lugar mais vulnerável do forte. Prestem atenção, todo cuidado é pouco!”
Caminhando mais alguns metros eles avançam se movimentando com todo cuidado e devagar. Em silêncio ouvem o gelo quebrando no solo congelado e as respirações aceleradas de medo tentando atravessar o perigoso terreno. A mata se afunila e a trilha chega a ponte de arco de pedra que permite somente o exército passar em fila única para depois de atravessá-la poder dar a volta até a face oeste do forte. Então Sir Enrick enxerga no chão antes da entrada da ponte um fio, feito de cipó. Olhando as árvores ao redor acha dois troncos de cada lado da ponte, enormes, suspensos por cordas e duas lâminas prontas para cortá-las e esmagar quem passe por ali. Então Enrick sobe na primeira árvore, escorrega e machuca sua perna. Tenta mais uma vez, sobe até a primeira lâmina e com seu martelo a entorta. Desce, faz o mesmo na árvore do outro lado. Depois joga uma pedra e percebe que desativou o mecanismo.
Edwin: “Vamos! Ninguém disse que ia ser fácil!”
Então a força saxônica atravessa a ponte, viram para o oeste e depois para o sul novamente seguindo o reflexo das tochas que iluminam o forte. Depois de uma meia hora escondidos pelas sombras da noite e das folhagens caminham e conseguem ver na saída da floresta um morro de barro preto e um forte lá em cima. Somente a murada pontiaguda e as duas torres são vistas no topo. Tochas iluminam o lugar ao longo da paliçada e nas nuvens baixas a luz reflete em vermelho. O foço na base da colina está cheio de água e reflete também a luz. Antes existe um rio, uma ponte de madeira larga, cabendo duas carroças lado a lado e um moinho do lado de cá da margem. Ao lado da ponte o batedor que tinha morrido, está sustentado por estacas de madeiras. O corpo está perfurado por estacas pontiagudas disparadas por alguma armadilha que tinha no solo e o atravessa saindo pelas clavículas, topo do crânio e barriga. Sua expressão de dor com a língua para fora é assustadora. E um cheiro forte de alquimia emana do foço e chega em seus narizes.
Edwin: “O que vocês acham?”
Barão Algar: “Tem mais que água nesse foço.”
Edwin: “Vamos ver a profundidade disso!”
Edwin faz um sinal para Sithric que sinaliza à dois homens para se aproximarem do foço. Eles vão abaixados levando um bastão e passam por um trecho de uns duzentos metros atravessando a ponte até que chegam à beira do foço. Um deles se ajoelha e o outro coloca um escudo na frente dele para protegê-lo. Ele usa uma vara e mede a profundidade. Vira para trás mostrando a marca da água impressa na madeira. A profundidade é de aproximadamente 2 metros. Algar vê uma lança pegando fogo surgindo lá de cima. Ele grita alertando os homens. Ela cai em trajetória parabólica e vem descendo deixando um rastro de fogo até que atinge o poço que vira um inferno explodindo em uma bola de fogo grego que ilumina a noite e atinge os dois saxões que tentam escapar daquele inferno. Eles caem com o deslocamento de ar. Eles pegam fogo e debatem-se por um tempo até que morrem enquanto o foço arde em chamas. Mais nenhum guerreiro inimigo aparece.
Edwin: “Malditos!”
Os outros saxões sacodem a cabeça enquanto olham o muro de fogo que queima sem cessar. Começa um burburinho, os comandantes das unidades próximas brigam com seus guerreiros.
Edwin fala com Wistan que sacode a cabeça afirmativamente e depois dirige-se à Algar:
“Algar, os homens dizem que vocês vão ter que mostrar que são valentes se não irão embora imediatamente. Que não vão dar sua vida se vocês não demonstrarem que estão dispostos a morrer por eles também.”
Wistan neste momento enfia sua adaga no ventre de um de seus homens que estava mais rebelde. Todos os outros se calam.
Edwin: “Alguém mais? Algar, é melhor você subir com o Wistan e os seus homens para levar os sacos de fogo lá pra cima, lidere o ataque, mostre que é bravo e corajoso. Cuide para que os homens não ponham em lugar errado expondo sua mulher a mais perigo que ela já corre. É melhor Enrick ficar aqui e dar um tiro com uma flecha incendiária. Vamos por esses muros abaixo. Podemos atravessar pulando ou pensar um jeito melhor para fazê-lo. Alguma idéia?”
Barão Algar: “Bom, podemos pegar as peles que estamos vestindo, molhá-las e encharcarmos nossas roupas. Teremos que pular e atravessarmos o muro de chamas rapidamente para não nos queimarmos.”
Sir Enrick: “Ficarei aqui para disparar uma flecha incendiária.”
Então no meio da mata o clã se reúne e se prepara. Wistan beija o martelo de Thunor. Estão em 12 homens, já que Enrick ficará na base do morro. Primeiro os próprios homens de Edwin se aproximam com os alforjes com o bafo de dragão e os atiram na base do morro por cima das chamas. Lá de cima nenhum sentinela é visto e nem atiram neles.
Edwin: “Eles não conseguem os enxergar com todo esse fogo.”
Fazendo mímicas Wistan e Algar se entendem e no três os dois liderando e os outros doze homens se atiram contra as chamas. Devido ao peso da cota de malha, Algar cai no foço em chamas. Ele afunda na água pega impulso e quando sobe a superfície sente a mão de Wistan o puxa para fora das chamas com força. Algar tem os cabelos, barba e pele queimadas levemente. O morro é mole e úmido, o gelo do inverno está descongelado, provavelmente foi molhado pelos jutos para dificultar o avanço. Se apoiando com as mãos tentando subir eles avançam lentamente cada um com uma alforje cheio de combustível volátil.
Alguns metros depois lanças começam a zunir em seus ouvidos. Nos degraus de barro e nas sombras projetadas pela paliçada Algar, Wistan e seus homens tentam avançar sem serem notados. O Barão consegue mas, um dos saxões tenta se esconder atrás de um degrau de lama negra. Uma lança o atinge. Ele cai rolando morro baixo e cai no foço em chamas. Uma explosão ocorre devido ao saco de resina e piche que carregava.
Quando finalmente vão chegando no topo, existe uma faixa plana de uns 20 metros até o muro. O ângulo das torres de vigia, construídos no centro do forte para proteger todos os lados, não permitem mais vê-los ali. As lanças dão uma trégua.
Neste momento alguns jutos surgem em cima da paliçada e começam a jogar pedras tentando remover os alforges. Sir Enrick mira, diminui a respiração, os batimentos cardíacos. Puxa a corda e a flecha risca a noite e acerta as algibeiras. Quando a explosão ocorre ela ilumina o forte Magouns e nesse momento Algar, Madoc, Wistan e seus homens atingem a base da colina. O fogo cobre toda a paliçada e os homens que estavam ali atirando lanças e pedras são arremessados para dentro do lugar gritando em chamas. Os saxões comemoram. E o tambor volta a rugir em cima do muro. Todos ficam em silêncio novamente.
Wistan e Algar umedecem as peles de urso no morro na terra molhada e saltam novamente pelo muro de fogo. O Barão consegue, desta vez, atravessá-la. Wistan cai no fosso e Algar o ajuda. Ele sofre queimaduras leves. Os dois se cumprimentam e estão quites. No final da primeira hora de combate, dois homens que foram ao morro, tombaram com as lanças atiradas. Um deles está com uma delas traspassando-o no meio da espinha. Ainda está vivo e tenta se arrastar pelo morro. O outro morreu à meio caminho do topo. E ainda um dos homens, mais baixo que os outros caiu dentro do foço e não conseguiu sair no meio da confusão e foi carbonizado. Sua caveira preta mostrando os dentes amarelos fica flutuando enquanto é consumida pelas chamas. Seu alforje rolou para dentro do poço e explodiu.
O clã de Wistan e os heróis ficam reduzidos a nove guerreiros.
O Muro está em chamas e uma coluna de fumaça preta sobe para o céu encoberto.
Madoc: “Vamos esperar! É só uma questão de tempo para o muro ceder.”
Então, três homens com baldes de madeira surgem no alto da paliçada tentando apagar o fogo. Enrick saca suas flechas e atira. O primeiro homem leva uma flecha por entre o pescoço e cai para o lado de dentro. O segundo olha para o homem atingido e é flechado no olho. Tenta puxá-la enquanto urra de dor, sumindo também. O terceiro se expõe pendurando-se, consegue jogar um pouco de água mas leva uma flechada nas costas e cai lá de cima rolando pelo morro até atingir o fosso.
Depois desses três homens serem abatidos nenhum outro apareceu para tentar apagar as chamas que estavam consumindo a murada. Os homens começam a gritar algo, que os Britânicos não entendem, apontando para Enrick. Edwin começa a rir e bate no ombro do arqueiro.
Edwin: “Você agora tem um apelido. Eles te chamam: Enrick Flecha Ligeira.”
No início da segunda hora de combate, depois de algum tempo todos escutam um som. A muralha inteira estala enquanto o fogo a consome. Então a paliçada começa a ceder e se inclinar para frente. Quando finalmente as cordas que unem os troncos, que formam o muro, são consumidas, ela vem abaixo. Várias partes de estacas vem rolando em chamas e brasas. Empurram os corpos que ficaram caídos e são arrastados até o foço. A grande quantidade de madeira traz uma grande massa formada por barro, troncos e água. Ela entope o foço em muitos pontos apagando o fogo grego. Todos comemoram.
Edwin: “Tragam o Irlandês!”
Então nesse momento o escravo Irlandês é trazido. Ele olha assustado, Edwin o joelha, o garoto se debate um pouco mas é dominado quando o saxão o pega pelo pescoço e grita: “Thunor!” e corta o pescoço do garoto em nome de seu deus com a adaga espirrando sangue para todos os lados.
Edwin: “Preparem-se! Vamos subir!” Ele diz enquanto o corpo do garoto cai sem vida.
O sacrifício parece ter deixado os guerreiros mais entusiasmados, agressivos e fortes. O irmão de Egbert, Sithric, se aproxima e fala para Algar e Edwin traduz.
Sithric: “Se você tombar pelas mãos do inimigo posso ficar com o chifre de ouro? Não se preocupe, não roubo e não traio. Conquisto através de uma luta justa como você fez contra o meu irmão. Ou peço, como é o caso!”
Barão Algar concorda afirmativamente com a cabeça.
Neste momento os homens ficam de pé em linha, cada líder de clã ao lado de seu grupo. Eles batem no escudo e falam em sua língua todos juntos. Os líderes vão falando algo para cada um dos seus homens. Eles vão ficando com os olhos cheios de ódio. E bem agitados. Então, todos começam a falar juntos e Edwin vai traduzindo:
“Eu olho para o meu passado. Séculos de sangue e glória. Pelas mãos de meus ancestrais vivemos. Com o aço de nossos deuses matamos. Pela sobrevivência de nosso clã nos sacrificamos. E através do tempos até o fim do mundo morreremos cobertos de glória no caos! Que nossos inimigos saibam que estamos prontos para matar ou morrer sem misericórdia. Os deuses estão sorrindo. Atacar!”
E todos os homens começam a correr em direção a ponte e depois ao morro. Pisam nas partes da paliçada que caíram e extinguíram o fogo no foço e começam a subir. Devagar vão avançando e subindo. Ninguém fala nada e todos estão com os seus escudos erguidos. Até agora nada. Então eles vêem vários troncos de carvalho lá em cima. Derrepente eles são rolados e começam a descer em velocidade alta. Alguns saxões pulam para o lado, outros conseguem achar um pequenos degrau na lama onde o troco salte e passe por cima. Outros com pouca sorte são abarroados com violência e as pesadas toras passam por cima de seus corpos esmagando crânios, quebrando ossos e levando outros até o foço onde muito feridos se afogam e morrem em agonia. Sir Enrick e o Barão Algar se protegem em um pequeno degrau, formado pelas ondulações do morro, que salta por cima deles sem atingi-los.
Sem ter tempo para pensar eles vêem o inimigo pela primeira vez e uma fila formada por vinte jutos. Uma grande parede de escudos redondos é formada. E por trás deles um outro grupo pode ser visto. E suas pontas de lanças surgem. E é aí que o inferno realmente se inicia, uma tempestade de lanças é atirada à esmo de trás da parede de escudos e começa a tirarvidas. Na escuridão da noite só se escutam os zumbidos e os gruindos de dor.
Na subida as lanças vão zunindo e passando próximas. Algumas acertam Enrick, o ferindo. Mas a cota de malha reforçada o protege dos ferimentos mortais. Algar, valente, sobe e somente um projétil o atinge desequilibrando-o, sem causar-lhe ferimento. Ele se agarra na lama gelada e continua a subir. No clã de Wistan dois homens foram mortos pela tora. Um jaz com o crânio aberto esfumaçando enfiado na lama gelada e outro com as duas pernas geme de dor paralítico há meio caminho da subida. Um outro terceiro foi transpassado por uma lança que o matou instantaneamente quando atingiu seu rosto. Nos outros clãs as perdas também foram pesadas. Duas dezenas de corpos cobrem o morro, eles estão em quarenta homens.
O clã de Wistan era formado por nove homens. Neste momento do combate totalizam seis.
Madoc: “Droga, muitos caíram! Traduza Edwin, lutem juntos, não dispersem, vamos em linha. Parede de escudos, parede de escudos. Por Adwen, Algar!”
Neste momento todos começam a ouvir novamente o som como se fosse um gigantesco tambor.
Edwin: “O dragão está acordando!”
No início da terceira hora de luta a força saxônica forma uma parede de escudos sólida. Ela está no topo do morro já na parte plana há vinte metros da linha inimiga. Os jutos estão todos usando máscaras de couros com pele. Eles batem as armas nos escudos os chamando para o combate. No fundo do forte, perto da outra parede iluminada pelas tochas, um guerreiro de cabelos loiros longos e barba, com cota de malha e sem elmo observa de cima de um pequeno morro. Ao seu lado existe um bonito cavalo. Com uma machado ele abate o equino enquanto olha para seus inimigos. O animal cai se debatendo com o ventre aberto e o homem enfia a cabeça nas entranhas do cavalo e sai gritando com o rosto todo coberto de sangue, desaparecendo na parede de escudos.
Edwin: “Ordric cara de sangue!”
Do outro lado o inimigo bloqueia a entrada do forte Magouns com outra parede formada pelo mesmo número de homens que os saxões estão. Atrás deles o grupo que atirava lanças saca machados de uma face e os atiram por cima dos guerreiros que o protegem na vanguarda. Agora a formação do exército de Edwin erguem os escudos. Enrick, Madoc e Algar só escutam aquelas dezenas de machados baterem em suas proteções. Alguns homens vão caindo feridos ou mortos pelo caminho.
Finalmente as duas paredes de escudos estão frente a frente. A do inimigo estática tentando guardar posição. A dos saxões começa a caminhar. Os dois lados gritam um para o outro. O cheiro de álcool, os dentes amarelados, os cabelos e barbas sebosos enquanto gritos de insultos são proferidos mutualmente vão se aproximando. Com as armas em guarda protegidos atrás dos escudos dentro de seus elmos com a respiração acelerada as linhas se aproximam.
Madoc grita: “Cabeça de porco!, Cabeça de proco! Correr juntos!”
Edwin traduz e as forças de Edwin entendem imediatamente o que o Príncipe ordenara. Algar, Madoc, Enrick, Edwin e Wistan na dianteira, eles organizam os homens para tentar romper uma parede de escudos, uma formação em formato de ponta de lança, a melhor forma de romper uma linha inimiga estática se for realizada de forma correta.
Edwin: “Trombem com força, trombem com violência, morte, morte!”
Finalmente trombam com violência contra a parede inimiga, o som é de um trovão e os gritos de violência ecoam pelo morro maldito. Com o forte impacto a linha inimiga recua, alguns inimigos caem, outros são mortos sem chance de defesa quando perdem o equilíbrio e não conseguem se defender com seus escudos. Sir Enrick abre a guarda de seu inimigo com o impacto, que expõe o tronco. O pesado martelo de batalha cai esmigalhando a clavícula. O homem desce o braço que sustentava a espada cai e leva um chute no rosto sendo pisoteado pela linha que avança. Algar tromba com o inimigo que consegue absorver o impacto quando os escudos se encontram. O Barão força e vence na força a disputa. O homem se desequilibra para trás ergue a mão com o machado em riste. Mas Algar é mais rápido e amputa o antebraço de seu inimigo que grita segurando a parte que sobrou desaparecendo no caos da batalha.
No final da terceira hora de combate, dos integrantes do clã de Wistan um saxão morreu no choque das paredes de escudos. O impacto foi tão grande que ele caiu por cima cima de seu inimigo e o outro juto atrás o golpeou duas vezes nas costas com um martelo de guerra. O Príncipe Madoc sumiu na confusão das linhas se misturando.
O clã de Wistan eram seis homens na terceira hora e agora totalizam agora cinco.
Já fazem quatro que os homens lutam. O inimigo já atirou tudo o que tinha para tentar barrar o avanço. Já esqueceram o frio e o medo e nas suas cabeças não passa nenhum pensamento. Os guerreiros somente deixam seus músculos agirem matando e derrubando o próximo oponente até que chegam na segunda linha de inimigos. Também percebem que a luta ainda não acabou. Mais da metade dos dois lados já está fora de ação. Agora todos os jutos do forte se unem em uma força só e se atiram no combate com violência. Existe medo no rosto deles porque os heróis e as forças de Edwin já estão dentro do forte. Eles estão desesperados e lutam com tudo que tem.
Edwin fala encolerizado com os olhos estanhados e sujo de sangue: “Matem esses filhos de uma cadela! Eles tiveram a oportunidade de nos matar quando estávamos subindo, agora chegou a nossa vez de estripá-los demônio!”
Então Edwin com o seu machado ataca com tanta fúria que os seus homens o seguem cortando cabeças e desmembrando o inimigo.
Dois homens cercam Algar, ele dá um passo à frente protegendo-se com o escudo. Inclina-se puxando o machado em arco de baixo para cima abrindo o peito do juto até as suas partes, voando sangue para todos os lados. Depois o Cavaleiro. Golpeia para o outro lado fazendo o movimento inverso abrindo o peito do inimigo até a sua traqueá, matando-o instantaneamente. Enrick com um golpe da direita para a esquerda quebra os dentes e a mandíbula de seu adversário e depois gira para sua esquerda quebrando as costelas e rompendo os órgãos, golpeando com o machado de batalha no dorso do juto. Neste momento, após quatro horas de combate eles rompem as linhas de defesa que tentavam impedir a entrada. Os corpos dos homens da última parede de escudos estão caídos contorcidos no chão. Eram os lanceiros e os arremessadores de machado. Os saxões tem o prazer de matá-los e degolar aqueles que ainda não tinham morrido.
No final da quarta hora dois homens do clã tombam. Ele é assassinado pelos dois inimigos que ele enfrentava. Eles o enganaram, na hora que um deles foi atacado pela espada do saxão, o atacado desviou o golpe e travou com seu escudo a espada do homem no chão. Desesperado ele tentava se soltar e precisou de três golpes de machado em seu pescoço para morrer. Os outros dois inimigos foram mortos logo após por Culinan, primo de Edwin. O outro foi seriamente ferido porque teve sua espada quebrada por um martelo enorme de guerra. Desarmado lutou ainda com o escudo, quebrou o rosto de um oponente, mas foi atingindo pelas costas por uma lança.
Do Clã de Wistan, somente sobraram os heróis e o próprio Wistan.
Agora na quinta hora de combate eles adentram o pátio do forte Magouns. Barão Algar, Sir Enrick, O Príncipe Madoc, com sangue nas barbas e cabelos, Wistan e Edwin se reúnem. Wistan e Edwin tiveram os seus homens dizimados porque sempre combateram na vanguarda ao lado dos heróis abrindo caminho. Os primos de Edwin Culinan e Aethelwold estão mortos caídos em meio aos corpos de seus homens e de seus inimigos da segunda parede de escudos. Oito homens de seus clãs estão vivos. Egbalth e cinco homens de seu clã chegam até o grupo, estão vivos, cheios de sangue nas armas, cabelos e roupas, cheio de cortes e hematomas. Sithric, irmão de Egbert, está morto caído de bruço agarrado em seu martelo de guerra sem a cabeça. Seus homens estão todos mortos. Existem corpos por toda a linha de defesa, aproximadamente cem cadáveres espalhados pelo chão no total. Pesadas baixas para os dois lados. Ninguém venceu o combate ainda.
Agora eles estão num total de dezenove guerreiros. Exaustos, cheios de sangue e ferimentos. No fundo à esquerda na frente dos alojamentos, está com o rosto e cabelos coberto de sangue, Ordric Cara de Sangue e os homens de sua guarda pessoal. Perto da parte da paliçada que ficou de pé os homens vêem a origem do som de tambor. Um enorme alçapão colocado no chão. Algo de dentro bate com força fazendo-o vibrar. Um enorme contrapeso com uma rede grossa cheia de rochas o impede de ser aberto.
Edwin fala para seus homens e depois para os Cavaleiros: “A alma desse excremento é minha! Ninguém se meta.”
Edwin se aproxima dos inimigos bate no escudo e fala em sua língua desafiando Ordric que imediatamente aceita e começam a se estudar.
As forças de Edwin de um lado e os jutos de Ordric do outro em silêncio assistindo. Os homens começam a lutar. Edwin golpeia, Ordric absorve o golpe em seu escudo. Edwin ataca novamente, Ordric gira e Edwin cai no barro de costas. Ordric sobe o seu machado e desfere um golpe com força. Edwin rola para a direita, e consegue dar um rasteira em Ordric que cai derrubando seu machado. Edwin pula em cima do homem sacando a sua adaga e os dois duelam. Ordric segurando a adaga para não ser esfaqueado e Edwin tentando matá-lo na altura do coração. Isso dura alguns segundos até os dois exaustos fraquejam e Edwin não consegue mais lutar. Ordric tenta se aproveitar e desfere um soco em Edwin, ele tonteia mas em um último esforça esfaqueia o peito de Ordric. O cara de sangue, urra de dor. Edwin rola para o lado exausto respirando rápido com a mão cheia de sangue e sua adaga. Os seus homens gritam e vêem na direção dos heróis. Eles estão em minoria mas sabem que é lutar ou morrer.
Sir Enrick gira o martelo de combate que bate na armadura de couro de seu adversário. O juto golpeia com sua lança e causa um ferimento no ombro do arqueiro. Nada grave, então ele gira novamente e abate o homem com um golpe certeiro no rosto. Algar desvia do golpe, o juto, também desvia da arma do Demônio da Britânia. Então Enrick salta e golpeia o homem de lado no rosto. Que gira, largando o seu escudo e pegando com as duas mãos em seu machado tentando golpear, quando Algar se abaixa e corta na altura do joelho as suas pernas.
A força inteira de defesa do forte foi dizimada. Três saxões morreram. Por exaustão de combate, já não tinham mais forças para lutar. Ordric bastante ferido no peito com o sangue enchendo sua cota de malha usa seus últimos momentos de vida para se sentar, alcançar o machado e o atirar em uma corda com o contra peso no lado esquerdo dos alojamentos. Ele despenca de dez metros de altura do alto de um guindaste de madeira e bate com força no chão levantando barro com um estrondo alto. Um cada falso se abre para cima e um criatura sai de dentro dele destruindo todas as travas de madeira que o bloqueava. Ordric cai morto.
Um gigante, a última barreira de defesa do forte. Ele urra quando sai de sua alcova. Um som ensurdecedor e horrível anuncia a sua chegada. Ele é magro e arqueado e tem uns quatro metros de altura. Seus olhos parecem humanos mas seu corpo é todo deformado. Suas mãos tem unhas negras enormes e faltam alguns dedos. Suas costelas são cobertas por uma carne infecciosa purulenta e alguns órgãos estão expostos por entre elas. Seu maxilar é deslocado para a direita e seus dentes são podres e sua língua é negra. O corpo com partes sem pele em carne viva emana um cheiro de carniça forte. Metade de seu crânio deformado é coberto por tufos de cabelos sebosos. Ele se interpõe entre os sobreviventes da força de Edwin e os alojamentos do forte Magouns.
Ele olha o cavalo abatido por Ordric pega em suas mãos e o atira na direção dos heróis. O Cavalo voa girando no ar e atinge Egbalth e quatro homens que são esmagados e com fraturas múltiplas, morrem instantaneamente, espalhando as vísceras do animal por todos os lados. Algar se abaixa, mas Enrick é atingido de raspão pelas patas de cavalo atingindo sua boca e machucando o seu rosto o derrubando. A criatura pega mais dois homens e batem um corpo no outro. Depois arranca uma torre que quebra inteira como se fosse feita de palha e a usa como bastão e atinge mais cinco homens lançando alguns no muro quebrando parte da paliçada, deixando marcas de sangue e arremessando outros por cima da cerca com os corpos sumindo na escuridão.
A força total que sobrou era formada por dezenove homens e totalizam agora cinco. Barão Algar, O Demônio da Britânia, Madoc, O Príncipe Valente, Sir Enrick, Flecha Ligeira, Wistan e Edwin, os saxões. É a quinta hora de luta e é logo depois da meia noite.
O gigante se movimenta olhando para o chão procurando os sobreviventes do primeiro ataque. Primeiro ele tenta com uma das mãos acertar Madoc, que rola e a criatura acerta o chão de barro abrindo uma pequena cratera. Wistan tenta atacar a panturrilha da criatura com sua espada que urra de dor e a acerta. O gigante urra de dor. Edwin ainda está se posicionando em volta da criatura.
O gigante pisa com toda força tentando esmagar Wistan mas ele se joga de lado, mas o impacto levanta alguns quilos de lama que o atinge como uma onda lhe arremessando no muro de madeira. Ele cai inconsciente de bruço coberto de terra. Enrick tenta acertar o gigante com flechas mirando os seus olhos mas os projéteis se perdem na noite quando a criatura desvia dos disparos. Algar vê que sobraram dois alforges de bafo de dragão, sem explodir, próximo a muralha e grita avisando Enrick. Ele corre próximo a criatura. O gigante tenta agarrá-lo mas não consegue. Algar se aproxima aproveitando o momento de distração da criatura, se esgueira pela perna que já tinha sido ferida e a acerta com o machado. A criatura tem um tendão cortado e o sangue negro escorre pelas pernas. O gigante desaba. Sir Enrick joga as duas bafo de dragão e só um alforje cai próximo. Algar vê o arqueiro, com sua pederneira acender uma flecha e atirar, ele corre enquanto a bolsa de couro explode queimando o gigante que rola para um lado, se debate e cai sem vida com um dos braços para o lado de fora da paliçada com o tronco voltado para o muro de madeira. O cheiro da carne queimada da criatura é insuportável. Uma das mãos tremem, ele vira os olhos, estremece inteiro e para de se debater com os olhos esbugalhados.
Wistan neste momento vai se levantando todo coberto de barro mancando. Eles está marrom e retira de seu ouvido lama.
Edwin olha rindo e fala: “Wistan, o marrom!”
No início da sexta hora o cenário do pátio é de devastação. Corpos de saxões e jutos jazem em poças de sangue com expressões de dor. Pedaços do corpo do cavalo estão espalhados até em cima da paliçada. O gigante está caído com um cheiro ruim misturado ao de fumaça da paliçada queimada. Tochas ardem em cima dos muros pontiagudos. Na parte norte do pátio existe o alojamento. Ele tem dois andares e tem colunas de madeira entalhadas embaixo e encima. O telhado é coberto de palha em forma de V invertido.
Os cinco sobreviventes do combate entram no primeiro andar da construção. Encontram camas de palha para os soldados, cozinha, uma mesa grande para refeição e uma sala usada para guardar armas, que está vazia. Existem pedras para afiá-las. Subindo a escadaria para o segundo andar acham o alojamento para os comandantes e em uma jaula de ferro, em um aposento adjacente, cheio de barris, com o chão coberto de palha, está Lady Adwen. Está assustada com todo o barulho que estava lá fora. Quando vê Algar ela chora.
Lady Adwen: “Eu sabia que você não ia me abandonar meu senhor! Quem são esses aí?”
Barão Algar: “São amigos!”
Lady Adwen fica no fundo da cela e com o machado o Barão Algar destrói o cadeado. E os dois se abraçam e se beijam, apaixonadamente. Mas, derrepente, escutam um barulho se aproximando e uma respiração alta, ofegante. Quando olham por entre a porta aberta enxergam um grande olho negro os observando e sentem o cheiro terrível do gigante. Com um grito medonho ele ergue a mão sem dedos coberta de sangue preto e eles vêem uma tocha nela. O rosto deformado, com uma expressão maligna, olha para o grupo e joga a tocha que vêem girando e cai dentro do cômodo onde estão. Ela bate na parede cai e incendeia a palha imediatamente e as paredes. A outra mão do gigante vem cheia de entulhos da torre destruída e obstrui a saída da sala.
Lady Adwen: “Estes barris estão cheios de fogo grego! Esse forte inteiro vai pelos ares.”
Então o fogo rapidamente começa a se espalhar envolvendo os barris e vocês. A fumaça lhes da tosse e intoxica.
Madoc: “Tirem as armaduras rápido! Vamos para cima!”
Então todos conseguem subir e estão em cima da jaula. Enrick usa toda a força que têm e arranca uma placa do telhado de palha. Muita fumaça preta sai de baixo dificultando a visão e o calor está insuportável. Neste momento as chamas começam a subir para o teto e se espalhar pela palha impedindo de se movimentarem pelo telhado. Eles estão cercados de calor e fumaça olham para baixo e vêem o rio passando.
Madoc: “Lealdade, força e honra! Ninguém vive para sempre!”
E o Príncipe pula seguido por Enrick, Algar com Lady Adwen no colo, Wistan, Madoc e Edwin voando na noite escura. Eles sentem o vento e o frio na barriga da queda, vêem as águas do rio se aproximando até que uma enorme explosão ocorre atrás. O deslocamento de ar vindo de trás os atinge e a noite se ilumina. Dezenas de escombros de madeira voam por todos os lados.
Finalmente todos atingem as águas do rio gelado e profundo. Por um momento prendem a respiração na escuridão fria do fundo do rio e depois sentem o ar quando chegam a superfície e enchem os pulmões de oxigênio. A correnteza os arrasta por alguns metros até que sentem o fundo de cascalho. Todos estão bem.
Edwin: “Sobrevivemos! Graças a Thunor! Estamos vivos”
Wistan os cumprimenta as gargalhadas não acreditando que conseguiram. Lady Adwen abraça Algar e Enrick. Todos tremem de frio. Madoc tomba exausto na margem do rio ao lado de Wistan No alto do morro está tudo em chamas e destruído. Já é metade da madrugada.
Edwin: “Vamos para a praia!”
Então feridos, e exaustos caminham no frio congelante para o sul. Quando chegam a costa de Sussex, já é de manhã. Só se vê há quilômetros uma coluna de fumaça espessa subindo para o céu no horizonte. Foi uma caminhada de algumas horas silenciosa. As ondas quebram fazendo um som alto nas rochas.
O grupo faz uma fogueira. O frio é grande e na fogueira tentam se aquecer. Algum tempo depois vêem a lanterna do barco se aproximar e Louise capitaneada por Kirk encalhar na areia.
Kirk: “Alguém pediu carona pra casa?”
Edwin: “As fiandeiras traçam caminhos interessantes em suas rocas. Precisei me aliar aos meus maiores inimigos para libertar o meu povo da fome e do medo. E você Algar agora tem a sua mulher novamente. Enrick Flecha Ligeira, Demônio do Norte e o Príncipe Valente, Madoc. A minha palavra vale muito aqui em Sussex. Vão em paz.”
Wistan fala e Edwin traduz: “Foi uma honra lutar ao seu lado guerreiro!” Ele retira o seu símbolo do deus Thunor e entrega para Enrick.
Os heróis sobem então no barco, Kirk ajuda Adwen a subir à bordo enquanto os marujos empurram Louise para o mar. Edwin fala rindo.
Edwin: “Da próxima vez que vocês vermes Britânicos lutarem contra os saxões não esqueçam que um dia nos enfrentaremos e um de nós terá que esperar o outro nos salões de Vahalla com muito, mas muito hidromel. Adeus guerreiros!”
Kirk: “Não precisa tirar água, Louise decidiu ser boazinha depois que coloquei os marujos para calafetar o casco em uma ilha próxima enquanto esperava vocês!”
E os dois acenando somem na bruma do amanhecer no mar. Os dois dias de viagem até Hantonne são calmos apesar do vento e da chuva. Então eles enxergam a cidade portuária, passam pelos grandes navios cargueiros ancorados longe das docas e atracam sozinhos no porto de madeira da cidade. Kirk desce e vai falar com um dos oficiais do rei e paga a taxa portuária enquanto desembarcam. Quando o homem vê o rosto de Madoc lhes presta reverência.
Capitão Kirk: “Foi um prazer servir-lhes senhores!”
Então vindo pelo cais, onde as gaivotas voam em meio a garoa e as ondas que quebram forte eles vêem um grupo de pessoas encapuzadas se aproximarem na direção de seu grupo. Eles tiram os capuzes e são Sir Dylan, Sir Dalan, Sir Jakin, Sir Hervis, Sir Alien, Sir Bag e Marion.
Sir Bag: “Bem vindo ao lar amigos!”
Marion dá um beijo em Enrick. E todos cumprimentam Lady Adwen.
Sir Bag: “Foi fácil achar vocês! Só foi seguir os ossos quebrados de alguns homens em Duplain na taverna, os corpos dos arqueiros congelados de Odirsen II jogados na beira do rio Test e devorado pelos lobos, os padres cantores dançarinos que encantaram Hantonne. Realmente não tínhamos dúvida de quem eram os heróis fazendo tamanhas façanhas!”
Sir Jakin: “Barão! Seu tio já teve notícias dos mensageiros que enviou para os reinos. O consílio de guerra foi convocado e os nobres se reunirão em seus salões. Os espiões contam que Odirsen II fez o mesmo. O início da guerra é inevitável senhores. Dois grandes exércitos lutarão em Logres. E nós marcharemos na vanguarda ao seu lado Barão Algar.”
Sir Bag: “Homens, vamos imediatamente para as terras de Bellias, temos uma guerra para vencer! (Retirando sua espada) Lealdade, força e honra!”
E todos sacam suas armas e repetem o lema da Ordem dos Cavaleiros da Cruz do Martelo
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domingo, 4 de julho de 2010
Aventura 10: A Guerra dos Herlews, Ano 489, Parte I
No inverno de 489 o frio continua intenso castigando a ilha. Chuva e neve são diárias nesta época e o vento incessante, vindo do mar, ajuda a cair mais ainda as temperaturas. As estradas estão desertas e a maioria dos britânicos se mantém dentro de suas casas aquecidos por suas lareiras. Os mais humildes acendem lúmens em recipientes de ferro. O Barão Algar recebe mais um feudo em nome do rei, Pitton, à leste de Winterbourne Gunnet.
Sir Enrick se estabeleceu em seu feudo há algumas semanas. Alguns reparos precisam ser feitos e os servos e soldados precisam serem melhor treinados e ensinados. As crianças e sobreviventes da vila pacificada vão junto e tentam se adaptar ao novo lar. Com o frio não existe muita coisa a se fazer. Nas próximas semanas irão chegar os dez novos arqueiros, parte do prêmio do novo cavaleiro. Algar agora tem mais respeito dos nobres de Logres depois de vencer seu irmão em combate e o torneio de justas, se tornando Barão. Seus vizinhos cristãos que não o apreciavam, por causa de sua religião, por vezes tem lhe feito algumas visitas esporádicas. Algar não lhes dá muita atenção.
Algar, Lady Adwen, Enrick, estão no feudo do cavaleiro cristão Sir Alien, no dia de seu aniversário, e foram os primeiros a chegar à comemoração. O primo de Algar já está recuperado dos ferimentos sofridos no cerco em Bayeux. Sobraram só cicatrizes e queimaduras e não é mais necessário caminhar apoiado. As terras de Alien estão cobertas de neve e no velho castelo, de sua propriedade, a lareira aquece a sala onde todos se reúnem. A santa ceia feita em prata, trazida de Bayeux, está pendurada na parede. Uma grande mesa de banquete, onde estão sentados, está servida com carnes, tortas, frutas e vinho. Sua esposa Lady Keity, morena e de vestido verde, usando uma toca por cima dos cabelos cacheados está presente, bem como os seus dois meninos, um de sete e outro de cinco anos que brincam de lutar espadas com dois pedaços de madeira seca. Uma grande coruja de rapina está sentada em um poleiro no canto da sala piscando seus grandes olhos e os observando. A esposa do Barão Algar lhe dá a notícia de que ele será pai. E todos os presentes os saúdam entusiasmados.
Lady Marion chega ao salão e conversa com Sir Enrick, os dois trocam olhares e parece que um sentimento forte cresce entre os dois. Aos poucos outros nobres e cavaleiros vão chegando. Padre William também está no salão e os cumprimenta com um leve aceno de cabeça. Muitos dos presentes os heróis não conhecem. No salão um grupo de bardos tocam animadamente. As crianças brincam com os cachorros. Então, em um momento da festa, cada convidado se aproxima de Sir Alien e lhe dão presentes. São entregues tapeçarias, ouro, prata, braceletes, cálices, peles, armas, anéis.
Sir Enrick presenteia Alein com fardos especias de fenos e ferraduras forjadas com o melhor metal de Logres e preparadas para cavalos de batalha. O Barão Algar presenteia seu primo com um crucifixo de prata irlandês, incrustado com pedras preciosas. Sir Bag chega na festa.
Sir Bag: “Boa noite seus malucos! Que frio medonho. Mamãe ficou em casa, deixei a velha trancada para dentro do castelo e me mandei. Demônio e Guri! Tenho um joguinho novo aqui. Duas libras, melhor de três.”
O grande e gordo cavaleiro usa três copos de estanho virado para baixo e esconde uma esfera de metal embaixo de uma delas. Nem Algar e nem Enrick acertam onde ela estava e perdem duas libras cada um enquanto Sir Bag tira sarro dos dois.
A festa vai transcorrendo normalmente. Então um homem entra no grande salão. Um pouco acima do peso, usando uma roupa negra. Em volta de seu pescoço usa um grande colar dourado com elos quadrados e com um crucifixo demonstrando ser um nobre cristão de grande poder. Tem cabelos brancos longos e barba mal aparada. Ele é igual ao tio de Sir Algar, um pouco mais gordo e sério, ao contrário de Bellias sempre austero mas bem humorado. Trata-se de Sir Briant, irmão gemio de Bellias e tio de Sir Algar. Ele é um cristão fervoroso e pai de Sir Alien. Ele olha para os Cavaleiros e não esboça nenhuma emoção. Se aproxima cumprimentando o Barão Algar e Sir Enrick.
Sir Briant: “Boa noite Barão! Boa noite Sir Enrick. Gostaria de conversar com você um pouco sobrinho.”
O Barão Algar e Sir Briant vão até um dos salões vazios do castelo e enquanto observam as tapeçarias conversam.
Sir Briant: “Espero que vocês saibam o que estão fazendo! Tudo está virando uma grande confusão!”
Barão Algar: “Você sabe muito bem quem começou tudo!”
Sir Briant: “Odirsen II é o sucessor dessa família sobrinho. E é ele que determina que religião seguir. Uma crença pagã e demoníaca não deveria ser a escolha certa. O que você tem na cabeça?”
Barão Algar: “Houve várias tentativas de me matar! E eu não posso admitir uma coisa dessas!”
Sir Briant: “Enfim, Algar. Como sabe, em um conflito não poderei estar ao seu lado. Já sei que Bellias não apoiará Odirsen II. Como pode ver nossa família se dividirá, aliás, já se dividiu. É um absurdo sobrinho. E vocês da Ordem. O rei criou esse grupo para que unissem Logres, não dividissem. Ponha a sua mão na consciência por um minuto Algar. Tenho uma mensagem do Conde Roderick para você sobrinho. Estive com ele em Sarum faz alguns dias e ele propõe um concílio de seus aliados com os de seu irmão nas ruínas do castelo antigo de Figsbury, para tentarem um acordo já que o duelo que travaram só ajudou a piorar as coisas. Estejam lá amanhã, ao meio dia!”
Eles então retornam para o salão principal. A festa continua, mas os gêmeos, tios de Algar, não se falam durante todo o festim e ficam cada um com a sua família em um canto do salão.
O festim continua animado pela bebida e comida farta até que alguns convidados adormecem por ali mesmo.
Sir Dalan: “Vamos beber porque em breve com a iminência de uma guerra ou beberemos mais ou estaremos mortos senhores!”
Sir Jakin: “Se morrermos que seja pela espada! Barão, como sobreviver no meio de um combate encarniçado?”
Barão Algar: “Meu amigo, você deve se proteger da melhor forma com o escudo e estocar com sua arma por cima e por baixo dele. Mas cuidar sempre com os golpes por baixo do escudo. Os mais fatais e perigosos vem dali. Uma vez combatendo os saxões na costa de Sussex sofri um ferimento dessa maneira, perto da virilha, que quase me levou a vida. Mas como disse Sir Amig uma vez: Ainda luto muito bem com a minha lança, se é que vocês me entendem.”
Sir Dylan: “A parede de escudos meus amigos. É onde o guerreiro mostra se veio para matar ou morrer! Nos dedicamos dias, meses e anos treinando esse tipo de luta. Não importa com que frequência um homem fique em uma parede de escudos. Ele só viverá se tiver ensaiado, exercitado e praticado.”
Hervis: “É senhores, mas a guerra sempre traz tristeza! O fim de Berethor e Sir Edgar eu não quero para mim.”
Sir Bellias vem com um caneco cheio de Hidromel: “Deixe de chorar Hervis. Um brinde senhores! Ao aniversário de Sir Alien, o piedoso! E ao herdeiro do Barão Algar, O Dem..., bem, aquele que tenho muito orgulho de ser meu sobrinho! (Dá uma piscadela) Força, Lealdade e Honra senhores!”
Todos os presentes dormem no grande salão em cima de peles de animais que cobrem o chão e servem de cobertas. A lareira é alimentada pelos servos durante toda a noite para espantar o frio. Nos primeiros raios de sol Sir Dalan acorda todos os cavaleiros da Ordem da Cruz do Martelo presentes, Sir Dalan, Jakin, Alien, Dylan, Bag e Hervis.
Sir Dalan: “Acordem beberrões, vamos ao consílio!”
Então todos os familiares e demais convidados partem cada um para o seu feudo logo que os heróis deixam as terras de Sir Bellias.
Algumas horas de cavalgada é necessário para se chegar em Figsbury. A estrada do rei que segue a nordeste de Sarum acompanha o rio Bourne. A margem que corre o rio é uma planície de relva baixa. Esta época do ano ela está branca, coberta de neve, e o rio em alguns trechos está congelado. Os estandartes e os cavalos com as cores de cada lorde cruzam a estrada deserta por volta das sete da manhã.
Sir Dalan: “O que vocês acham deste concílio amigos?”
Sir Enrick: “Todo cuidado é pouco!”
Sir Alien: “Não sei, sinto algo estranho no ar!”
Ao longe no meio da planície os heróis vêem o castelo de Figsbury em cima de uma colina alta artificial. A medida que eles se aproximam podem ver os estandartes dos aliados de Odirsen II, o pendão do próprio irmão de Algar e do Conde Roderick tremulando lá em cima. Os cavalos sobem a colina até que chegam nos portões do castelo em ruínas. Na entrada vêem vários cavaleiros romanos, com a cruz desenhada no pano roxo que cobre suas cotas de malha, são os homens do Bispo Roger carregando o pendão de Roderick. Os cavalos dos seus rivais estão ali fora sendo cuidado pelos escudeiros. Todos os observam quandochegam e ficam em alerta. Sir Enrick nota que os cavaleiros romanos ali fora estão armados com lanças e gladius e que os escudeiros de Odirsen II não estão.
Cavaleiro do Bispo fala com a respiração saindo fumaça do frio: “Meus senhores! Estamos em neutralidade aqui. Temos ordem do Conde Roderick para servir de proteção para ambos os lados e garantir que não se agridam. Escoltamos Padre William até aqui para mediar a conversa. Infelizmente é necessário que os senhores deixem as armas antes de entrarem nas ruínas.”
No pátio tomado pela neve, Odirsen II e seus nove aliados estão sentados nas pedras que formavam uma torre nos tempos antigos. Eles se levantam imediatamente quando os heróis entram. Odirsen II apenas fita o Barão Algar nos olhos e acena com a cabeça. Padre Wiliam está ali presente. Todos estão sérios e constrangidos. Todos estão vestidos para a guerra com as armaduras e cota de malhas.
Padre Wiliam: “Como vão Cavaleiros! Sentem-se por favor! Muito frio hoje apesar do céu azul sem nuvens.”
Os dois grupos sentam de lados opostos.
Padre Wiliam: “Pois bem, irmãos, fui enviado pelo Conde Roderick para ser mediador desta contenda entre Sir Algar e Sir Odirsen II. Estamos aqui para tentarmos chegar à um acordo e evitarmos derramamento de sangue. Sir Algar, gostaria de ouvir a sua versão dos fatos. O que o leva a confrontar o seu irmão?”
Barão Algar: “Sofri vários atentados contra a minha vida padre. Exista uma guilda de assassinos, espalhada pela ilha e pelo continente, chamada a mão negra. Meu irmão os contratou para me matarem. Descobri a verdade em Londres pois me confundiram com ele lá depois de tentarem me matar com flechas, me envenenar e esfaquear. E mais a sua censura quanto as minhas práticas religiosas e intolerância! Esse é um homem que não tenho respeito!”
Então o Padre faz a mesma pergunta para Sir Odirsen II.
Odirsen II: “Todos os seus argumentos Algar não me convencem. Tu és um pagão. Uma vergonha! Tu negas cristo irmão?
Barão Algar: “É claro que não nego. Mas cada um tem o direito de cultuar o deus que desejar!”
Odirsen II: “Essa liberdade que concede a todos que o cercam é um convite a rebelião em Logres! Pensa que não soube do episódio na vila rebelde? E soube que deu abrigo para uns primitivos do Pântano em Hantonne. Eles também são pagãos. Leva um homem que era ainda plebeu para se sentar à mesa com os nobres. Soube ainda que matou padres! (padre William faz o sinal da cruz). Dizem que fez um pacto com a escuridão e que nem te matar podem. Que já voltou dos mortos.”
Barão Algar: “Besteira! Crendices!”
Odirsen II: “Como posso entrar em acordo com um homem com os seus modos e reputação? Essa lança, Gungnir, deveria estar nas mãos de quem comanda nossa família. Ela é muito poderosa para servir de brinquedo na mão de um garoto sem juízo. Você luta bem irmão. Já provou mais de uma vez. Mas para mim não passa de um cachorro de Sir Amig muito bem treinado para só saber fazer isso.”
Sir Alien: “Calma primo! Sou cristão como você. Meu pai, como sabes, também é! Mas é graças a velha religião que sobrevivemos até os dias de hoje”
Odirsen II: “Blasfêmia! Idiota! Se deixou seduzir por um infiel! Seu fraco! Maricas! Seu Pai não o teria como filho se pudesse escolher!”
Então o clima esquenta e Sir Alien diz: “Retire o que disse! (cospe no chão) Vou fazer você engolir essas palavras!”
E todos se levantam e tudo vira uma pesada troca de insultos. Padre William tentando controlar os dois lados pede calma. Derrepente um soco que ninguém sabe ao certo de quem veio vira uma briga generalizada entre as duas facções.
Sir Enrick começa a trocar golpes com um aliado de Odirsen II e leva um direto no queixo, mas dá um soco na boca do estômago de seu adversário que fica sem respirar sentado no chão. O Barão Algar leva um soco no olho desferido por seu irmão, mas acerta um gancho no queixo de Odirsen II que fica tonto. A briga é generalizada até que escutando os gritos da briga vindo lá de dentro, os Cavaleiros do Bispo entram com lanças e espadas e vão berrando e tentando controlar os dois lados. Padre William assustado, se esconde atrás de uma das pedras caídas no pátio até que o confronto acabe.
Odirsen II: “Algar! Você não perde por esperar! Inclusive tenho uma surpresa para você em breve.” (Cospe no chão)
Os aliados de Odirsen II concordam: “Em breve mataremos todos!”, “Adoradores do Demônio!”, “Bastardos!”
Padre William parece inconformado.
Cavaleiro do Bispo: “Senhores chega! Basta! Sir Odirsen II por favor saiam pelo portão oposto. Escudeiros dêem a volta e os encontrem do outro lado da colina.”
Então Odirsen II e seu aliados são escoltados por outro portão.
Comandante do Bispo: “Vamos aguardar eles partirem. Depois vocês poderão ir meus senhores! Irei até o Conde em Sarum comunicar do fracasso do concílio.”
Depois de uma hora, um guarda devolve as armas dos cavaleiros e os permite sair de Figsbury. Os heróis decidem cavalgar até Winterbourne Gunnet, tudo parece em silêncio no dia frio de sol, somente o trotar dos cavalos é ouvido. Quando olham para o horizonte vêem uma coluna de fumaça subindo no leste. Eles já viram este tipo de coluna e já provocaram muitas delas. Significa que alguma vila ou feudo foi atacado.
Sir Bag: “E agora cavaleiros?”
Barão Algar: “Vamos imediatamente para lá! Ao oeste cavaleiros! Para Pitton!”
Sir Enrick cavalga na vanguarda com Hefesto levantando neve e terra dos cascos. Ele some no horizonte. Algar atrás cavalga com a Ordem dos Cavaleiros do Martelo. Ele vê um homem escondido na mata atrás de uma árvore. Empunhando o seu machado ele manda o homem sair. Ele se põe de joelhos. Suas roupas cinzas estão em farrapos. Ele apresenta ferimentos no rosto, mãos e joelhos. Está sujo de fuligem. O Barão apeia de seu cavalo.
Camponês: “Meu senhor! Por favor, tenha piedade. Eu venho do seu feudo de Pitton e viajo desde ontem me escondendo pela florestas. Fui até Winterbourne Gunnet lhe pedir ajuda e o senhor não estava e os guardas me enxotaram de lá. Um servo de seu primo me disse que o demô..., que o senhor estava em Figsbury. Foi uma tragédia meu Barão! Um horror! Homens de Sir Odirsen II atacaram suas terras. Mataram os guardas e entraram pelos portões, eram pelo menos cem, todos montados e estavam disfarçados com o seu brasão meu bom senhor. Chegaram antes do amanhecer. Pegaram os soldados desprevenidos e desarmados e mataram todos a machadadas e com espadas. Cortaram o dedo médio e o indicador da mão direita dos arqueiros. E as camponesas foram todas violadas. Depois todos os servos foram trancados no celeiro e queimados vivos. Os Druidas que moravam na área de caça jazem enforcados na árvore sagrada. Meus filhos e minha mulher foram mortos! Eu corri pela floresta e consegui escapar. Ajude senhor! Ajude por favor! Há sobreviventes lá.”
Sir Hervis: “Malditos, se aproveitaram que estávamos no concílio e fizeram um ataque surpresa. Que desonra para um cavaleiro atacar assim pelas costas! Vamos até lá?”
Barão Algar: “Vamos! Sigamos em frente!”
Sir Enrick, devido a velocidade de Hefesto, chega antes dos outros cavaleiros. A medida que se aproxima do feudo colunas de fumaças sobem para o céu. Os portões estão caídos. Corpos de guardas estão espalhados na entrada. Dentro da propriedade, seguindo pela estrada de terra, a casa principal ao longe arde em chamas. A vila dos servos também está pegando fogo. Os celeiros tiveram o mesmo destino. Os animais jazem na estrada. Muitos servos estão enforcados. Mas a maioria está carbonizada dentro dos celeiros. No lago, alguns corpos boiam sem vida. Ele desce do cavalo e vê um arqueiro, ainda vivo, amarrado com os braços para cima de joelhos em uma viga na varanda de uma das casas. Ele está sem o dedo indicador e o médio. Quase não consegue enxergar pois está com hematomas nos olhos.
Arqueiro: “Por favor! Água meu senhor! Água!”
Sir Enrick, lhe dá de beber e presta os primeiros socorros, estancando o sangue dos ferimentos do homem, impedindo que ele morra. Então Barão Algar e os outros cavaleiros chegam em Pitton. Eles ficam ao redor do único sobrevivente e o escutam.
Arqueiro: “Eles chegaram como uma horda de assassinos. Usavam nossos uniformes e mataram à todos. Eu fui deixado vivo para lhe entregar uma mensagem meu senhor! Seu irmão mandou lhe avisar de que este é só o começo. Que todos que o cercam estarão mortos e que ele tem algo que lhe interessa.”
Barão Algar: “Atenção homens! Retornem cada um para o seu feudo e organizem as defesas. O nosso inimigo deu o primeiro passo. Estamos em guerra senhores!”
Mas quando todos estão deixando Pitton vêem Sir Bellias vindo montado em sua direção com sua guarda pessoal. Ele está com uma expressão séria e preocupada.
Sir Bellias: “Soube do ataque sobrinho e vim o mais rápido possível! Que tragédia! Infelizmente sou portador de más notícias. Numa campanha relâmpago os homens de Odirsen II depois de atacarem o feudo de Pitton rumaram em direção à Winterbourne Gunnet e usaram a mesma tática de ataque. Conseguiram matar as sentinelas, entraram em sua casa e sequestraram Lady Adwen. Na saída a usaram como refém e escaparam. Ninguém sabe para onde a levaram. Estamos em guerra meu sobrinho! Estejas preparado. Seu irmão joga pesado.”
Sir Bag: “Eles usaram o Concílio para nos distrair, depois atacaram um feudo para nos manterem longe de sua casa para sequestrar o que você mais ama, meu amigo!”
Sir Jakin e Sir Hervis conversam baixo depois o primeiro fala: “Sir Algar, eu e Sir Hervis iremos a corte, que neste ano está em Camelot, falar com o Príncipe Madoc e solicitar assistência.”
Sir Hervis: “Com marcha forçada eu e Jakin retornaremos ao anoitecer de amanhã!”
Sir Dalan: “Podemos ir até a casa de minha mulher, bem, de uma delas, Demether, próxima de Stonehenge. Lá poderemos ficar ocultos meu amigo, até que planejemos tudo. Nos encontraremos com o Príncipe lá. De nada adianta ir até Winterbourne Gunnet, o que está feito está feito. As estradas podem ter emboscadas nos aguardando no norte. O que acham?”
Barão Algar: “Agora temos outro cenário Cavaleiros! Maldito Odirsen II! Cancelem a ordem anterior, chamem o Príncipe Jakin e Hervis, nos encontraremos na casa da esposa de Dalan!”
Então Sir Jakin e Sir Hervis partem a todo galope pela estrada, espalhando lama e neve para todos os lados.
O Barão Algar desce do seu cavalo e com o machado em riste grita de ódio. Então cavalgam pelas estradas debaixo de nevasca. O frio é intenso. Algumas horas depois, ao anoitecer eles chegam a casa de Lady Demether. A casa é uma pequena cabana de telhado de palha, que está com a chaminé fumegante e iluminada por duas lanternas penduradas no lado de fora. Com o barulho da chegada a bonita Lady sai de dentro da habitação. Ela é loira tem olhos verdes e usa um vestido de cor beje e tem os ombros cobertos por um casaco de pele de lebre. Sir Dalan desce de seu cavalo e lhe dá um beijo apaixonado que ela prontamente lhe retribui.
Lady Demether: “Sejam bem vindo a minha humilde casa cavaleiros!”
Bellias: “Escudeiros! Escondam estas montarias atrás da casa. Retirem os estandartes coloridos. Se formos surpreendidos todos juntos aqui, deus tenha piedade de nós.”
Barão Algar: “Deixem duas montarias na frente da casa. Se precisarmos usá-las em caso de emergência estarão prontas.”
O interior do lugar é simples com uma sala e dois quartos onde existe uma mesa para quatro lugares. Todos ficam meio apertados no interior da cabana. Uma lareira de pedra aquece o interior. Prateleiras abertas são usadas para guardar os pratos de madeira e canecos. Dois cachorros vira-latas pedem carinho balançando a cauda. Estão presentes Sir Bag, Sir Dalan, Sir Alien, Sir Dylan e Sir Bellias Sir Enrick e o Barão Algar. Lady Demether se retira para o quarto com os três filhos. Duas meninas e um menino, mas antes os servem maçãs e queijo.
Sir Bellias: “Sobrinho! Seja forte! Temos que esperar Madoc e depois agirmos para tentarmos achar sua esposa. Acredito que em breve teremos notícias dela. Um sequestro só faz sentido se alguém pedir algo em troca, certo?”
Barão Algar: “Só nos resta esperar!”
Sir Dalan: “Eu fico com o primeiro turno” Ele veste uma pesada roupa de pele de urso então abre a porta, entra alguns flocos de neve e o cavaleiro fica lá fora na varanda.
No dia seguinte, apesar de Sir Algar ter tido pesadelos horríveis com as Eríneas e Lady Adwen, tudo parece calmo. No almoço dividem o pouco pão e comem algumas avelãs. Um pouco de vinho é servido. O dia é de espera.
Algar vai até os fundos da casa e com o machado apoiado no chão coberto de neve, reza para Thor enquanto flocos caem flutuando.
Neste momento Sir Alien fala de dentro da cabana: “Chegaram!”
Lá fora estão Hervis, Jakin e o Príncipe Madoc, usando uma parca de pele de cabra, bem humilde para um nobre, com a cabeça coberta por um capuz. Os outros dois também estão assim. Seus cavalos só estão cobertos com a cela sem estandartes ou brasões. Os homens estão brancos de frio. O Príncipe abraça Algar e o olha com pesar.
Madoc: “Boa noite amigos! Viajamos sem parar em marcha forçada e sempre disfarçados. As estradas estão quase desertas por causa desse frio maldito! Mas sei que esse é o nosso menor problema. Sinto muito Algar. Não queria que isso tivesse acontecido. Mandei um espião de meu pai, Guilan, ele foi até as terras de Odirsen II, falou com alguns servos e subornou outros e descobriu o paradeiro de Lady Adwen. A boa notícia é que ela está viva. A má é que está cativa em um forte em Sussex. Seu irmão fez uma aliança pagando uma fortuna em ouro para um líder saxão chamado Ordric e deixou Lady Adwen lá, aos cuidados dele. Seu irmão acha que será impossível nós acharmos sua esposa e resgatá-la. Ainda não sabemos a localização exata do lugar chamado Magouns. Mas tenho uma ideia que talvez possa dar certo. Dalan me arrume uma corda. Não vamos perder tempo. Sir Enrick e Barão Algar, peguem seus cavalos, vistam roupas discretas. Levem suas armas por baixo. Homens aguardem e vigiem. Vamos para Sarum resolver parte do problema!”
Através de uma estrada enlameada na escuridão Sir Enrick, o Barão Algar e o Príncipe Madoc cavalgam para o Sul. O vento gelado machuca o rosto e as estrelas enchem o céu.
Madoc: “Vamos aos calabouços de Roderick pegar nossa arma secreta! Se meu pai souber o que faremos e que tomei lado desta disputa serei deserdado! Preciso entrar na cidade sem os locais saberem que sou o Príncipe.”
Então eles se aproximam das muralhas de Sarum e param diante do portão guardado pelo foço. Um guarda do alto da construção alerta os outros. Quando param à frente do portão leste o comandante grita.
Sargento: “A cidade está fechada. Quem vem lá?”
Sir Enrick: “Somos peregrinos senhor! Estamos com um homem leproso precisando descansar e de assistência. Temos algo à oferecer em troca.”
Então uma porta adjacente abre e na parte de baixo da muralha surge o sargento. A ponte levadiça desce e ele vem conversar.
Barão Algar: “Eu posso lhe oferecer algumas libras meu bom senhor.”
Então Madoc, com faixas no rosto disfarçado de leproso se aproxima e finge que vai tocar no sargento. Com medo o homem diz pegando as moedas de prata e desviando da mão enfaixada do Príncipe.
Sargento: “Entre de uma vez leproso e vão direto para a estalagem!”
Enrick, Algar e Madoc entram pelo portão do Tolo. As ruas de paralelepípedos estão desertas. Está muito frio. Madoc está sempre de cabeça baixa e capuz para não ser reconhecido. Passam pelo mercado da águia vazio e enxergam a grande estátua que dá nome ao lugar. Vêem a esquerda a taverna, O Arqueiro Audaz. As janelas estão embaçadas e música, risadas e conversa vêem lá de dentro. De um beco ao lado da construção sai um velho com a barba por fazer coberto com uma parca e capuz verde. Usa botas de montaria, calça marrom e cinto de couro de cabra. Está visivelmente alcoolizado.
Bêbado: “Olá senhores! Passeando neste frio? Seu Demônio, Jovem Stomp e meu Príncipe! O que estão fazendo em Sarum uma hora destas?” (faz um reverência se desequilibra e se apoia na parede).
Barão Algar: “Escute aqui, tome uma moeda e não conte que nos viu aqui ou eu irei atrás de você. Ouviu bem?”
Bêbado: “Sim senhor!”
Ele vai ao beco vomitar e depois desmaia. Dizem que no dia seguinte ele contou a todos os seus amigos quem tinha visto na noite anterior debaixo de neve em Sarum. Ninguém acreditou e seus familiares e o padre exigiram que ele parasse de beber e mentir por Sarum.
Os heróis seguem em frente pelas ruas até que param na escuridão olhando o castelo do Conde Roderick com suas diversas torres quadradas, que se erguem em cima de um outeiro. Um fosso o circunda.
Madoc: “Não poderemos entrar pela porta da frente do Castelo, meus amigos! Existe uma passagem que cruza a cidade de Sarum que liga a Catedral de Santa Maria ao Castelo do Conde Roderick, usada no caso de a cidade cair, para a fuga do regente. Temos que de alguma maneira entrar na Igreja. Só ainda não sei como.”
A porta principal da Catedral de Santa Maria. Uma igreja gótica com torres pontudas. E um grande vitral circular entre elas na fachada. Dois muros de quatro metros de altura protegem as laterais onde existem vitrais longos do alto ao chão retratando Jesus, Maria e José. Gárgulas de pedra em bases de madeira rodeiam toda a construção.
Primeiro os Cavaleiros deixam os seus cavalos parados em um beco escuro. Sir Enrick pega a corda que trouxeram e amarra em uma das suas flechas. O Barão Algar faz alguns nós. Então o arqueiro estica a corda de cânhamo até atrás de sua orelha e atira. A flecha voa em uma trajetória reta para cima e atravessa a madeira com a sua ponta de ferro. Apoiando-se na corda os heróis pulam o muro. Algar e Enrick usam as adagas e soltam um dos vitrais. Madoc ajuda a abaixá-lo no pequeno jardim entre a igreja e o muro.
O interior da igreja com os longos bancos está escuro. Pela pouca luz que vem das tochas nas ruas dá para se distinguir as figuras de santos. O teto em abóbada gótico tem arcos que se cruzam dividindo a pedra escura. Os gárgulas que acompanham toda a extensão da nave projetam suas sombras na parede. O altar é feito de prata e ouro e fica em uma parte mais alta feita de mármore. Os passos fazem eco naquele gigantesco espaço. O chão é feito também de mármore com padrões lineares desenhados com folhas de olivas e circulares com anjos desenhados concentricamente. Derrepente os heróis escutam passos vindo de uma passagem adjacente do altar. Algar tropeça em um dos bancos. Hanz de Duplain anda com uma tocha pela nave da igreja. Ele parece ter vindo verifica o barulho. Ele está todo de branco e por causa do frio sai vapor de sua respiração. Seus grandes olhos tentam enxergar no escuro e parece assustado. Os heróis se escondem na escuridão por entre os bancos.
Hanz de Duplain: “Alô? Tem alguém aí?”
Então ele parece não ter coragem de seguir em frente e volta, com sua tocha pela porta que tinha chegado, rezando baixinho. Ele dá alguns passos à frente mas se acovarda e sai. O vitral retirado lá atrás da nave da igreja não é percebido por ele.
Madoc: “Venham, me ajudem a afastar a pedra da sepultura do Paladino Romano!”
A pedra da tumba é de mármore branco e tem um cavaleiro esculpido, deitado com as mãos juntas como se estivesse orando, com armadura completa. Juntos os três homens afastam a pesada lápide e um pó sobe no rosto deles. No interior da tumba não existem nada. Somente uma entrada para escadarias. Está tudo em breu total. Sir Enrick enrola um pano em uma das flechas e com sua pederneira faz uma tocha . Então eles descem uma estreita escada em um corredor de pedras em caracol. Alguns minutos são necessários até que atingem um corredor no subsolo. O lugar é gelado e úmido. Gotas de água caem no rosto e cheiro de podridão e mofo invadem os narizes. Somente a luz da tocha ilumina à frente.
Madoc: “Seguimos à diante homens. Logo chegaremos no castelo do Conde Roderick. Vamos!”
Então passam por um arco de pedra de três metros de altura e dois de largura, sobem uma pequena escada e saem em um corredor iluminado por tochas. No final existe um guarda dormindo sentado em uma cadeira apoiada em uma porta de ferro com rebites.
Madoc: “Estamos embaixo do castelo! Atrás dela tem um carcereiro precisamos que ele abra a porta para nós. Ele não pode me reconhecer. O prisioneiro que viemos pegar é Edwin, vocês se lembra da batalha do forte Vagon, Algar? Era aquele saxão que nos entregou há três anos a informação de que Sir Elad tinha sido capturado. Ele conhece as terras de Sussex pois ele é de lá e esta com raiva de seu próprio povo, já que seu chefe tribal saxão, nunca quis nos pagar um resgate para o libertarmos. Ele terá que nos ajudar ou faremos que ele o faça, se é que me entendem.”
Então Enrick, Algar e Madoc decidem se aproximar da sentinela que dorme. Eles caminham silenciosamente mas Algar bate com o ombro no suporte de metal de uma tocha fazendo um barulho (nota do mestre: Na hora do jogo tiramos sarro que Algar tinha batido com o ombro no extintor do calabouço, ahahaha). O sentinela acorda e grita assustado, mas Madoc e Enrick dominam o homem segurando os seus braço e o amordaçando. Sir Enrick fala alto.
Sir Enrick: “Que susto! Esse pesadelo horrível de novo. Sonhei novamente ser atacado por uma medusa. E essa maldita dor de barriga está me matando!”
Um homem abre uma portinhola na pesada porta de ferro. E olha iluminando-o com uma lanterna pendurada em suas mãos. Ele é velho e seus são olhos são brancos cheios de catarata. Usa um capuz marrom encardido. Madoc e Algar se escondem nas laterais das paredes de onde pela portinhola não se tem visão.
Carcereiro: “Olha o silêncio aí rapaz! Vai deixar os presos inquietos.”
Sir Enrick: “Desculpe é que tive um pesadelo e essa terrível dor de barriga não passa.”
O velho fecha a portinhola e Algar e Enrick levam o guarda para uma parte além da escada onde não pode ser visto. Ele é despido e amarrado. Enrick veste o uniforme do guarda e bate na porta.
Carcereiro: “Espere cagão!”
Sir Enrick: “Preciso usar o banheiro lá em cima do castelo por favor!”
Carcereiro: “Vá lá mas não demore!”
Ele sobe e finge que usou o banheiro e retorna dizendo ter recebido ordens para retirar um prisioneiro e levá-lo pela passagem abaixo da catedral. O homem duvida mas quando Sir Enrick disfarçado diz que reclamará com o Conde o homem aceita.
Então ele e Enrick caminham em um corredor com diversas celas trancadas com portas de ferro.
Carcereiro: “Deixe me lembrar. (pensa um pouco). Esta aqui é a cela que você procura!”
Então o carcereiro abre a cela e aponta. Um saxão, em péssimo estado está sentado em um monte de palha que lhe serve como cama. Um outro homem dorme ao lado e nem se mexe preso em correntes nas paredes. O saxão é moreno, tem barba longa, cabelos embaraçados até a cintura, está descalço e veste uma túnica branca feita de estopa toda encardida e suja, o cheiro não é dos melhores e suas mãos estão presas com grilhões. Seus olhos negros parecem os observar sem entender o que está acontecendo tentando se acostumar com a claridade.
Edwin: “Pode falar que eu entendo sua língua. Três anos trancafiado em um chiqueiro com um britânico foi suficiente para comprender vocês. O que querem?”
Sir Enrick: “Não faça perguntas, seja discreto! Vou tirá-lo daqui!”
Então escondidos pelo corredor Algar e Madoc aguardam. Quando a porta é fechada novamente e o carcereiro vai embora eles colocam o pobre sentinela rendido sentado novamente em sua cadeira. Antes de irem o príncipe coloca quatro libras em seu colo. Então retornam pelo caminho que vieram saindo novamente na Catedral de Santa Maria. Edwin está com as mãos presas por grilhões.
Madoc: “Esperem um segundo, se sairmos do jeito que estamos e com um saxão poderemos ser descobertos!”
Sir Enrick percebe uma porta perto do altar. Ele vai até lá enquanto os outros três aguardam. O arqueiro descobre roupas de padre e uma porta que dá para a rua de trás da igreja abaixo dos arcos. Usando túnicas marrons com capuzes e cintos com os crucifixos os heróis e Edwin retornam ao beco e sobem em suas montarias. O saxão vai na garupa do cavalo de Enrick. As ruas à primeira vista estão desertas. Alguns homens caminham bêbados pelas vielas de pedra. Um cachorro late enquanto passam. Flocos de neve caem. Um destes bêbados passa a distância e por entre as casas os enxerga. Ele volta curioso. Ele é um anão, vestido com loriga de couro. Tem o cabelo raspado e cavanhaque longo. Usa uma pele de carneiro como poncho e usa calça preta e botas marrons de montaria.
Anão: “Uma esmola para um homem que gostaria de beber para se aquecer nessa noite fria de inverno. Quem é esse homem fedorento que anda com vocês?”
Sir Enrick: “É um homem que fez voto de pobreza!”
Anão: “O que homens simples como os senhores fazem montados em tão belas montarias?”
Sir Enrick: “Somos soldados romanos convertidos! Vá embora e cuide de seus negócios! E que deus te abençoe!”
Enquanto isso o Barão Algar tenta fingir abençoar o homem: “Mi, mi, mi, mi, mi, mi!”
Depois que saem pelo outro portão sem serem molestados o Barão pergunta.
Algar: “Onde fica o forte Magouns saxão?”
Edwin: “O forte fica na parte Sul, dentro da floresta de Perdue. Ela tem centenas de léguas. Eu terei que guiá-los britânicos. Não é fácil caminhar por aquelas terras. Existem clãs espalhados em todos os lugares e perigos para quem não conhece bem a região!”
Então os heróis cavalgam na escuridão voltando para a casa de Lady Demether até que no meio da madrugada chegam no lugar. Quando se aproximam Sir Bag está na varanda da casa e saca sua espada.
Sir Bag: “Oh, desculpem, sua benção padre!” (E se aproxima com a cabeça baixa para Algar).
Algar: “Em nome do pai, da puta que o pariu e da sua mãe com cara de bunda"
Sir Bag: “Ah Demônio, só você mesmo! O Barão está engraçadinho apesar de tudo! Sejam bem vindos amigos! Entrem está muito frio! Que mau cheiro!”
Os outros cavaleiros acordam com o barulho e pegam suas armas e saem da casa, todos os cumprimentam mas quando Sir Dalan vê um saxão ali fora, imediatamente com uma velocidade incrível, pega suas duas espadas e pula no pescoço de Edwin derrubando na neve, na frente da casa. E as cruza pronto para degolá-lo.
Barão Algar: “Não o mate Dalan! Precisamos dele para achar Adwen!”
Sir Enrick retira Dalan, que se afasta meio abalado, ainda com a adrenalina correndo em suas veias e guarda as suas duas espadas.
Edwin: “Britânicos, poderiam pelo menos tirar esses grilhões?”
O Barão vai com o saxão até um toco de árvore para se cortar madeira. Edwin abre seus braços com os grilhões esticando a corrente em cima do cepilho. Algar desce seu machado com força cortando a corrente. Então os dois entram na cabana.
Quando a esposa de Dalan vê o Saxão, chama o cavaleiro para o quarto e o pouco que escutam é ela muito nervosa e falando sobre a segurança dela e das crianças.
Dalan sai de dentro do quarto e uma ânfora de barro explode atirada de dentro do cômodo.
Sir Dalan: “Mulheres!”
Madoc: “Melhor dormirmos e daqui a algumas horas nos primeiros raios de sol partiremos para Sussex! Teremos que ser furtivos e discretos. Se descobrirem que sou filho de Uther serei morto imediatamente. Mas dei minha palavra que iria te ajudar amigo. Estou atolado nisso com você até o pescoço.”
Algar: “Obrigado Príncipe!”
Madoc: “Acho que os outros Cavaleiros da Ordem devem retornarem aos seus feudos e devem organizar seus exércitos. Parte de cada força de cada um de vocês deve proteger as terras de Sir Algar. Quando retornarmos Bellias deve convocar um conselho de guerra e então poderemos ver se a nossa força terá condições de enfrentar Odirsen II e seus aliados. Vamos dormir então! Primeiro turno é meu!”
Edwin: “Britânicos, poderiam me dar algo para comer e beber?”
Sir Enrick dá algum queijo e frutas para o saxão.
Então a noite passa tranquila com os cavaleiros se alternando em turnos de sentinela. Edwin dorme tranquilo e profundamente. Em três anos era a primeira vez que dormia em uma casa aquecida e comia algo além das batatas cheio de bichos do calabouço do Conde.
Quando amanhece o dia está encoberto e neva um pouco. Eles concordam em seguir até Du Plain e depois rumar para o sul através da margem do Rio Test até Hantonne. Então partem disfarçados de padres e as estradas estão desertas e congeladas, cavalgam devagar cuidando para não machucarem suas montarias, pois o chão coberto de neve atrapalha a visão de buracos e pedras soltas na estrada. O dia é cinza e flocos caem.
A temperatura está abaixo de zero. Ao anoitecer deste dia eles chegam em Du Plain. Os heróis sentem o cheiro de madeira queimada das dezenas de lareiras acesas na pequena cidade murada pequena no frio do inverno Britânico. Parada obrigatória para os viajantes que seguem para as cidade no leste. Eles se hospedam na estalagem e taverna Gamo Rei. A construção é uma cabana enorme. Feita de troncos grossos e sólidos de Carvalho. O teto é de palha cinza. Uma grande chaminé cuspindo fumaça indica que a lareira está acesa. Eles entram no lugar. Somente umas doze pessoas estão presentes. São locais e a presenças dos cavaleiros disfarçados de padres chamam a atenção. Quem poderiam ser aquelas pessoas viajando num clima desses? Algumas mulheres circulam por entre as mesas oferecendo prazeres. Uma mulher de uns trinta e poucos anos de cabelos negros encaracolados e olhos azuis, usando um vestido azul atende as mesas. Um homem loiro de cabelos longos vira as carnes em uma churrasqueira. As mesas e bancos são feitas também com troncos de carvalho. A iluminação é feita por lustres com velas em rodas de carroça. E dezenas de cabeças de alces decoram as paredes.
Os cavaleiros conversam discretamente quando quatro homens se aproximam. Dois ruivos, um moreno e outro loiro. Todos de cabelos longos usando ponchos de lã de carneiro e botas de pele de gamo. São bem rústicos.
Homem ruivo fala: “Boa noite forasteiros! O que os trazem a Du Plain?”
Sir Enrick: “Somos soldados romanos convertidos. Padres peregrinos!”
Homem moreno: “É estranho termos viajantes esta época do ano. Ainda mais com cavalos que valem mais que um feudo.”
Homem loiro: “Mal vestidos, com brinquedos caros, em um mal tempo desses. Devem ser ladrões. E sabe o que fazemos com ladrões?”
O homem puxa o capuz de Edwin e seu grande cabelo aparece.
Outro Homem ruivo: “Nós roubamos deles e depois batemos para não voltarem.”
(Ele olha para os outros)
“Desculpem eu esqueci! Primeiro nós batemos neles!”
O homem quebra uma garrafa de vinho, que estava em cima da mesa, na cabeça de Algar que com uma caneca de cerâmica atinge o lado direito do rosto de seu oponente. Sir Enrick muito rápido pega o prato de estanho, que entorta inteiro quando atinge o queixo do homem que erra um soco que viria direito na sua cara. Edwin bate a cabeça de um dos homens na mesa, ele ainda revida quebrando uma garrava em sua cabeça. Mas, mesmo tonto, Edwin cai de quatro na frente da lareira pega um ferro de virar a lenha e gira de surpresa queimando o rosto de seu adversário que cai gemendo de dor. O Príncipe se agarra no lustre se balança e acerta com os dois pés, com a pesada armadura, no peito do homem de cabelos pretos. Depois pousa em cima da mesa. O homem pega um garfo feito de osso, desfere dois golpes, Madoc pula duas vezes, até que chuta de lado o rosto do homem, bem no queixo, que cai desmaiado. Algar erra uma garrafada enquanto o homem lhe atinge com uma cabeçada. Sir Enrick consegue jogar seu adversário por uma janela próxima que quebra e o homem cai lá fora desmaiado. Depois pega um osso de pernil, com a carne dura, e enfia no meio do rosto do homem que atacava Algar machucando os olhos do adversário, que fica no chão gemendo com a cara arrebentada.
No final da briga os homens estão machucados, um com o rosto queimado. Cheio de escoriações hematomas e possivelmente com ossos e narizes quebrados eles tentam se levantar para sair. A taverna fica vazia neste momento. Derrepente entra no salão um sargento da guarda local e três soldados.
Sargento: “Arruaceiros! Rufiões! O que vocês estão fazendo? Padres! Vieram estranhamente neste clima para cá e arrumam confusão. Estes quatro valentões aí vivem mais na jaula do que trabalham nas terras do Lorde. O que deveria fazer com vocês? Talvez cadeia por uma semana.”
Sir Enrick: “Somos padres, quem ousa desafiar a autoridade do meu Deus aqui?”
Então o sargento com medo de desafiar a autoridade divina de um padre recua e pede para partirem logo pela manhã.
Após tomar um café da manhã reforçado com leite quente tirado na hora das cabras, ovos de pata e pernil frio eles partem novamente em direção a Hantonne. Seguindo o rio para o sul. Venta muito e a neve cai. O frio castiga os homens e as montarias. Existe mata de ambos os lados das margens do rio Test. Enquanto passam próximo ao lugar que acamparam quando invadiram o Pântano no ano passado, podem ver a esquerda no meio da mata o início do mangue coberto de neve.
Sir Enrick vê três homens escondidos na mata. Eles tem as cabeças cobertas com capuzes e atiram com arcos longos. A primeira saraivada visa Madoc, Algar e Enrick. Príncipe Madoc leva uma flechada, cai do cavalo e some no mato. Então começam a disparar somente em Edwin. Algar manobra seu cavalo e defende o saxão com seu escudo e tem três flechas fincadas na madeira da proteção impedindo o ataque. Enrick, dispara duas vezes e erra. Na terceira mata um dos arqueiros com um tiro certeiro em seu coração. Então, forçando a velocidade de seu cavalo o Barão se aproxima em uma carga muito rápida com o seu machado e atinge o seu inimigo. O homem joga o seu arco no chão e saca a sua adaga, tenta acertar o cavalo de Algar que empina, mas sua clavícula é atingida e se quebra provocando um grande corte no ombro do arqueiro quase arrancando o seu braço sustentado agora só pela pele, levando-o a morte em alguns minutos. O outro arqueiro acerta Edwin no ombro direito. O saxão urra de dor. Enrick corre até ele e o socorre impedindo o sangramento. Quando Algar manobra o seu cavalo em direção ao último arqueiro o homem joga sua arma e se ajoelha clamando por piedade.
Então o Barão Algar vai até o arqueiro inimigo que veste o brasão de seu irmão, Odirsen II, por cima de sua cota de malha. Algar bate no homem até que ele confessa ter recebido ordens para matar Edwin e impedir que os heróis encontrassem Lady Adwen. Por fim, com o machado o Barão Algar furioso mata o arqueiro prostrado que abaixa a cabeça e espera o golpe fatal. Edwin, enfaixado depois de ter a flecha extraída dolorosamente por Enrick, apoia a decisão de Algar. Os corpos são escondidos sobe a neve na margem do rio. Mas antes tem os uniformes de Odirsen II retirados e levados pelos cavaleiros.
Madoc se levanta arrancando a flecha todo sujo de lama e mancando um pouco saindo das folhagens.
Madoc: “Por pouco, não transpassou a proteção. Belo presente de meu pai esta armadura! (Testando os braços e pescoço) Só sofri algumas escoriações e torções, nada que mate. Eles deveriam estar nos seguindo desde algum trecho de nossa viajem. Quem poderia ter contado para Odirsen II onde estávamos? (Ele pensa um pouco) Amigos, temo que aja algum traidor na Ordem dos Cavaleiros. Só o nosso grupo sabia que viríamos para cá.”
Sir Enrick: “Seria o Paladino?”
Barão Algar: “Talvez Sir Alein, o pai dele é um cristão fervoroso!”
Pensando a respeito do acontecido finalmente eles chegam ao porto de Hantonne ao anoitecer. Muito vento vem do oceano trazendo frio e maresia. Os portões estão abertos e as ruas estão com poucas pessoas andando por ali. Só um ou outro homem caído alcoolizado e outros que nem dão atenção a presença dos cavaleiros. Em uma viela um casal troca carícias e os grandes barcos cargueiros estão ancorados longe do porto para não destruírem seu casco contra o cais do mar agitado do inverno.
Quando chegam no centro da cidade eles se dividem. Edwin e Algar vão até a estalagem do Peixe Roncador e Madoc e Enrick vão a Taverna Pérola do Canal. No Peixe roncador, vestidos de padre, Algar e Edwin chamam a atenção. O lugar está cheio de marujos mal encarados e prostitutas. A decoração com motivos náuticos tem nas paredes timão de navios, carrancas de proa, lanternas nautas, sinos, âncoras, lemes, remos, redes de pesca e arpões para pesca.
Taverneiro: “Padre! Será que vossas santidades deveriam estar aqui? Esse lugar é um pouco diferente do que estão acostumados.”
Barão Algar: “Estamos aqui para, ahhh, éééé, salvar essas almas.”
Taverneiro: “O que posso fazer para lhe ajudar padre?”
Barão Algar: “Tem visto o Almirante Gwenwynwyn?”
Taverneiro: “Não padre! No inverno ele não vem até Hantonne. Porque?”
Barão Algar: “Porque tenho uma missão sagrada de evangelização em Sussex e precisamos ir até lá.”
Taverneiro: “Escutem essa pessoal! Esses Padres aqui querem ir para Sussex! Acreditam?”
E todo o salão cai na risada. Os marujos apontam e riem. Algar e Edwin humilhados se despedem e saem dali enquanto ouvem as risadas ao fundo.
Já na Tavena Pérola do Canal Sir Enrick e Madoc tiveram mais sorte. Procurando por um capitão de navio o Taverneiro aponta para um homem sentado no fundo do lugar com uma mulher no colo e tomando um caneco grande de rum.
Taverneiro: “Só existe um homem louco o bastante para ir para alto mar nesta época do ano. É o Capitão Kirk ali!”
O homem é gordo e usa uma capa engordurada de veludo azul cheia de botões dourados. Botas pretas de corsário. Um sinto com fivela grande. Cabelos grisalhos até o ombro e brinco de argola na orelha esquerda. Arrota e ri.
Capitão Kirk: “O que querem?”
Sir Enrick: “Precisamos de um capitão que nos leve a Sussex.”
Capitão Kirk: “Porque diabos tenho que aceitar qualquer coisa que o mar cospe para o meu convés? Só porque eu tenho o barco mais veloz da Britânia e cobro o preço mais barato não quer dizer que estou por aí implorando por passageiros.”
Sir Enrick: “Nos encontramos pela manhã aqui no salão da taverna?”
Então os heróis se reúnem na praça central de Hantonne, está muito frio e eles decidem dormir na Pérola do Canal. Pela manhã se rencontram com Kirk e depois de barganharem o preço eles combinam de partir em cinco dias pois o clima e vento não estão favoráveis para a viagem.
Os dois primeiros dias de espera em Hantonne passam tranquilos. Neve e venta bastante lá fora e na Pérola do Canal a lareira fica acessa vinte e quatro horas. Até que no início do terceiro dia os heróis estão jantando no salão principal quando entram na estalagem dois padres. Exatamente vestidos como eles. Batem a neve dos ombros e observam o grande salão. Um deve ter por volta dos cinquenta anos com cabelos brancos e barba longa e o outro uns trinta com cabelos pretos cortado como franciscanos. Eles sorriem quando os vêem.
Padre John: “Mas que surpresa irmãos! E que coincidência não é mesmo? Eu sou padre John e esse é o irmão George. Como se chamam bons homens?”
“No meio do inverno encontrar com padres peregrinos, como nós, é um bom sinal de deus!”
E vai sentando na mesa e pedindo dois canecos de hidromel.
Irmão George: “Vocês vêem de onde irmãos?”
Barão Algar: “Nós viemos de um lugar mais ao norte. Hum, bem ao norte!”
Sir Enrick: “É, venho do norte também.”
Irmão George: “Da Cumbria? Como nós! É muito bom saber que existem outro peregrinos vindo para Logres apoiar Odirsen II!”
Irmão George: “Vocês sabem alguma coisa da guerra que está acontecendo entre os Herlews?”
Barão Algar: “Odirsen II parece que tentou matar o seu próprio irmão! Sequestrou a mulher dele. Não me parece um bom homem.”
Irmão George: “Acredito que Odirsen II seja um exemplo para a cristandade e ele está usando as leis de deus para realizar e estabelecer uma nova Jerusalém. Ele é o chefe de sua família e tem seus direitos. A mulher do irmão é uma pagã. Precisa ser educada. Eu pessoalmente aplicaria um método que está sendo usado em Roma de purificação pela dor. Não esqueçam irmãos, a mulher trouxe o pecado aos homens”
Neste momento, encolerizado, Sir Enrick deixa a mesa para não fazer uma besteira. Algar fica ali controlando os nervos, tentando conseguir mais informações. Madoc, disfarçado de leproso com o rosto enfaixado fica calado e Edwin finge estar bêbado e cai com o rosto dentro de seu próprio prato.
Irmão George: “Bom, nós estamos em missão. Iremos para o norte até Laverstock. Viemos de um mosteiro na floresta de Camelot. Como sou tio da esposa de Sir Odirsen II fui convocado pelo Arcebispo para cumpri-la.”
Padre John: “O arcebispo Dubricus nos enviou e iremos em seu nome nomear Sir Odirsen II, como Protetor da fé e de Roma e comunicar uma provável ordenação do grande paladino e santo ainda em vida.”
Irmão George: “Inclusive irmãos, o Arcebispo está reunindo mais de mil peregrinos que marcharão da Cumbria para Logres em nome de nosso senhor Jesus cristo quando os pagãos e suas superstições forem varridas da ilha. Então eles converterão e catequizarão cada homem do reino porque todo ser humano tem o dever de receber e aceitar Jesus em sua vida!”
Padre John: “Bom, iremos nos hospedar aqui e amanhã seguiremos viagem. Contarei a Sir Odirsen II o bom trabalho que os irmãos tem feito enfrentando o frio e a neve para levar a palavra de Jesus Cristo pelo reino.”
Então após algum tempo, já um pouco alcoolizados, os padres se levantam e se apoiam um no outro.
Padre John: “Boa noite bons homens de deus e que Jesus os abençoe!”
Jogam algumas moedas na mesa e sobem a escada para os quartos que ficam no segundo andar.
No dia seguinte no quarto dia de espera eles já não vêem mais os padres. A neve vai diminuindo e só uma garoa fina cai em Hantonne e o vento diminui. O dia passa calmo e tranquilo. A estalagem está mais frequentada devido a melhora do clima. Umas trinta pessoas bebem, comem e fazem negócios um com os outros. Quando almoçam, Winston, o estalageiro comenta.
Winston: “Pelo jeito amanhã o clima estará melhor padres!”
Ele para olha para os heróis, fica curioso e pergunta.
Winston: “Por acaso eu não conheço os senhores?”
Barão Algar: “Acho que não meu bom homem!”
Winston: “Já sei! É claro! É uma honra recebê-los! Nestes dias que estão hospedados aqui eu já tinha comentado até com a minha mulher! Vocês são aqueles padres que dançam e cantam para levar a palavra de deus! Olha aqui pessoal são eles!”
E todo os presentes os saúdam e começam a bater palmas. Os bardos da taverna começam a tocar e os incentivam a dançar e cantar sobre deus. Neste momento entram a guarda da cidade e batem palmas os saldando com muita alegria.
Sem ter para onde correr Enrick, Algar, Madoc e Edwin começam a dançar e tentar cantar. Algar surpreendentemente consegue se sair bem. Sir Enrick tropeça meio sem jeito, um pouco tímido. Madoc está todo desengonçado tentando dançar com a túnica de padre, às vezes a utiliza como um vestido fazendo uma coreografia bizarra enquanto tenta sorrir. Os presentes se olham estranhamente. E a intensidade das palmas diminuem. Alguns dão de ombros. Mas Edwin os surpreende bate palmas e dança, puxa uma mulher que assiste, e a devolve ao público enquanto sobe na mesa, empolgado. As palmas crescem até que a música acaba com ele apoiado em um dos joelhos e batendo duas palmas e falando: “Hey!”. Todos se olham confusos, fazem uma pausa, silêncio, então o salão explode em palmas.
Edwin passa cochichando: “Na minha terra dançamos como homens! Essa foi por pouco!”
O sargento da guarda se aproxima.
Sargento: “Sua benção santíssimos! Digamos que foi uma experiência interessante ver a apresentação dos senhores, padres. Como são emissários de deus acredito que por algum motivo ele quis que fosse assim! Se não fosse pedir demais gostaria que atendessem algumas pessoas.”
Então uma fila com umas vinte pessoas entram. Algumas parecem mentalmente perturbadas, outras com deficiências motoras, alguns leprosos, um menino cego e alguns aleijados.
“Os senhores poderiam fazer seus feitiços cristãos para curar estes pobres coitados?”
Os heróis fingem estar abençoando aquelas pessoas. Algar pede um pedaço de pão e um cálice de vinho. E começa a dar um pedaço e um gole de cada um destes para os presentes. Nunca os cristãos tinham visto tal ato. E todos ficam emocionados com a cena. A partir deste dia a cerimônia começou a ser realizada por todos os cristãos de Logres, depois pela Britânia e se espalhou pelo mundo. Algar, o pagão, não tinha idéia de que seu ato mudaria a forma de os cristãos verem a sua crença. Mas tudo que ele queria neste momento era cortar a cabeça dos seus inimigos que sequestraram a sua mulher.
Winston: “Já chega, os padres estão cansados, deixem-os em paz! Vão embora!”
Sargento: “Desculpem padres! Vou deixá-los descansar agora, obrigado”
Os homens passam a última noite em Hantonne. No dia seguinte o tempo melhora. Apesar de cinzento a neve dá uma trégua e o vento agora sopra a favor. Pela manhã, depois do café da manhã, no cais de madeira, as ondas estão altas e batem forte espirrando água para todos os lados. O lugar está deserto. Todos os barcos estão distantes. Somente um está ancorado. O Capitão Kirk acena a distância. O barco é uma velharia. Pequeno e antigo, sem remos e com uma sereia com um dos braços quebrados na proa.
Capitão Kirk: “Bom dia mestres! Belo tempo Britânico! Finalmente o vento sopra para o lado certo.”
Sir Enrick: “Mas que porcaria de barco é esse?”
Capitão Kirk: “A hora que essa belezinha for para mar aberto vocês vão me agradecer por cada moeda que me pagaram.”
Então os quatro homens e uma tripulação composta por oito marujos, com dentes de ouro, com a pele castigada pela maresia zarpam do porto. Inicialmente eles manobram a embarcação com bastões de madeira empurrando-a apoiada no cais pois o barco não possue remos. Até que ela começa a pular nas altas ondas. Então quando as velas remendadas e encardidas se abrem o navio começa a correr e por ter tamanho pequeno e ser leve ele vai cruzando com certa facilidade as ondas e o mar brabo. O capitão Kirk vai no timão fazendo um movimento de zigue e zague para pegar o vento em um melhor ângulo e atingir as ondas de frente. De lado o barco viraria e seria fatal. Ele não desvia a atenção do mar. Por vezes quase que a embarcação vira. Debaixo de seus pés a água entra por entre as tábuas do costado.
Capitão Kirk: “Peguem os baldes homens! Ajudem! A Louise é temperamental e sempre faz água! Viajaremos hoje por todo o dia e acredito que amanhã ao anoitecer vocês estarão na terra dos bárbaros.”
O pequeno barco, cruza o mar perigoso da costa Britânica. Em breve os heróis desembarcarão em território inimigo e qualquer passo em falso poderá ser fatal.
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Aventura 10 Ano 489 Campanha Era de Uther
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