domingo, 4 de julho de 2010

Aventura 10: A Guerra dos Herlews, Ano 489, Parte I


No inverno de 489 o frio continua intenso castigando a ilha. Chuva e neve são diárias nesta época e o vento incessante, vindo do mar, ajuda a cair mais ainda as temperaturas. As estradas estão desertas e a maioria dos britânicos se mantém dentro de suas casas aquecidos por suas lareiras. Os mais humildes acendem lúmens em recipientes de ferro. O Barão Algar recebe mais um feudo em nome do rei, Pitton, à leste de Winterbourne Gunnet.

Sir Enrick se estabeleceu em seu feudo há algumas semanas. Alguns reparos precisam ser feitos e os servos e soldados precisam serem melhor treinados e ensinados. As crianças e sobreviventes da vila pacificada vão junto e tentam se adaptar ao novo lar. Com o frio não existe muita coisa a se fazer. Nas próximas semanas irão chegar os dez novos arqueiros, parte do prêmio do novo cavaleiro. Algar agora tem mais respeito dos nobres de Logres depois de vencer seu irmão em combate e o torneio de justas, se tornando Barão. Seus vizinhos cristãos que não o apreciavam, por causa de sua religião, por vezes tem lhe feito algumas visitas esporádicas. Algar não lhes dá muita atenção.

Algar, Lady Adwen, Enrick, estão no feudo do cavaleiro cristão Sir Alien, no dia de seu aniversário, e foram os primeiros a chegar à comemoração. O primo de Algar já está recuperado dos ferimentos sofridos no cerco em Bayeux. Sobraram só cicatrizes e queimaduras e não é mais necessário caminhar apoiado. As terras de Alien estão cobertas de neve e no velho castelo, de sua propriedade, a lareira aquece a sala onde todos se reúnem. A santa ceia feita em prata, trazida de Bayeux, está pendurada na parede. Uma grande mesa de banquete, onde estão sentados, está servida com carnes, tortas, frutas e vinho. Sua esposa Lady Keity, morena e de vestido verde, usando uma toca por cima dos cabelos cacheados está presente, bem como os seus dois meninos, um de sete e outro de cinco anos que brincam de lutar espadas com dois pedaços de madeira seca. Uma grande coruja de rapina está sentada em um poleiro no canto da sala piscando seus grandes olhos e os observando. A esposa do Barão Algar lhe dá a notícia de que ele será pai. E todos os presentes os saúdam entusiasmados.

Lady Marion chega ao salão e conversa com Sir Enrick, os dois trocam olhares e parece que um sentimento forte cresce entre os dois. Aos poucos outros nobres e cavaleiros vão chegando. Padre William também está no salão e os cumprimenta com um leve aceno de cabeça. Muitos dos presentes os heróis não conhecem. No salão um grupo de bardos tocam animadamente. As crianças brincam com os cachorros. Então, em um momento da festa, cada convidado se aproxima de Sir Alien e lhe dão presentes. São entregues tapeçarias, ouro, prata, braceletes, cálices, peles, armas, anéis.

Sir Enrick presenteia Alein com fardos especias de fenos e ferraduras forjadas com o melhor metal de Logres e preparadas para cavalos de batalha. O Barão Algar presenteia seu primo com um crucifixo de prata irlandês, incrustado com pedras preciosas. Sir Bag chega na festa.

Sir Bag: “Boa noite seus malucos! Que frio medonho. Mamãe ficou em casa, deixei a velha trancada para dentro do castelo e me mandei. Demônio e Guri! Tenho um joguinho novo aqui. Duas libras, melhor de três.”

O grande e gordo cavaleiro usa três copos de estanho virado para baixo e esconde uma esfera de metal embaixo de uma delas. Nem Algar e nem Enrick acertam onde ela estava e perdem duas libras cada um enquanto Sir Bag tira sarro dos dois.

A festa vai transcorrendo normalmente. Então um homem entra no grande salão. Um pouco acima do peso, usando uma roupa negra. Em volta de seu pescoço usa um grande colar dourado com elos quadrados e com um crucifixo demonstrando ser um nobre cristão de grande poder. Tem cabelos brancos longos e barba mal aparada. Ele é igual ao tio de Sir Algar, um pouco mais gordo e sério, ao contrário de Bellias sempre austero mas bem humorado. Trata-se de Sir Briant, irmão gemio de Bellias e tio de Sir Algar. Ele é um cristão fervoroso e pai de Sir Alien. Ele olha para os Cavaleiros e não esboça nenhuma emoção. Se aproxima cumprimentando o Barão Algar e Sir Enrick.

Sir Briant: “Boa noite Barão! Boa noite Sir Enrick. Gostaria de conversar com você um pouco sobrinho.”

O Barão Algar e Sir Briant vão até um dos salões vazios do castelo e enquanto observam as tapeçarias conversam.

Sir Briant: “Espero que vocês saibam o que estão fazendo! Tudo está virando uma grande confusão!”

Barão Algar: “Você sabe muito bem quem começou tudo!”

Sir Briant: “Odirsen II é o sucessor dessa família sobrinho. E é ele que determina que religião seguir. Uma crença pagã e demoníaca não deveria ser a escolha certa. O que você tem na cabeça?”

Barão Algar: “Houve várias tentativas de me matar! E eu não posso admitir uma coisa dessas!”

Sir Briant: “Enfim, Algar. Como sabe, em um conflito não poderei estar ao seu lado. Já sei que Bellias não apoiará Odirsen II. Como pode ver nossa família se dividirá, aliás, já se dividiu. É um absurdo sobrinho. E vocês da Ordem. O rei criou esse grupo para que unissem Logres, não dividissem. Ponha a sua mão na consciência por um minuto Algar. Tenho uma mensagem do Conde Roderick para você sobrinho. Estive com ele em Sarum faz alguns dias e ele propõe um concílio de seus aliados com os de seu irmão nas ruínas do castelo antigo de Figsbury, para tentarem um acordo já que o duelo que travaram só ajudou a piorar as coisas. Estejam lá amanhã, ao meio dia!”

Eles então retornam para o salão principal. A festa continua, mas os gêmeos, tios de Algar, não se falam durante todo o festim e ficam cada um com a sua família em um canto do salão.

O festim continua animado pela bebida e comida farta até que alguns convidados adormecem por ali mesmo.

Sir Dalan: “Vamos beber porque em breve com a iminência de uma guerra ou beberemos mais ou estaremos mortos senhores!”

Sir Jakin: “Se morrermos que seja pela espada! Barão, como sobreviver no meio de um combate encarniçado?”

Barão Algar: “Meu amigo, você deve se proteger da melhor forma com o escudo e estocar com sua arma por cima e por baixo dele. Mas cuidar sempre com os golpes por baixo do escudo. Os mais fatais e perigosos vem dali. Uma vez combatendo os saxões na costa de Sussex sofri um ferimento dessa maneira, perto da virilha, que quase me levou a vida. Mas como disse Sir Amig uma vez: Ainda luto muito bem com a minha lança, se é que vocês me entendem.”

Sir Dylan: “A parede de escudos meus amigos. É onde o guerreiro mostra se veio para matar ou morrer! Nos dedicamos dias, meses e anos treinando esse tipo de luta. Não importa com que frequência um homem fique em uma parede de escudos. Ele só viverá se tiver ensaiado, exercitado e praticado.”

Hervis: “É senhores, mas a guerra sempre traz tristeza! O fim de Berethor e Sir Edgar eu não quero para mim.”

Sir Bellias vem com um caneco cheio de Hidromel: “Deixe de chorar Hervis. Um brinde senhores! Ao aniversário de Sir Alien, o piedoso! E ao herdeiro do Barão Algar, O Dem..., bem, aquele que tenho muito orgulho de ser meu sobrinho! (Dá uma piscadela) Força, Lealdade e Honra senhores!”

Todos os presentes dormem no grande salão em cima de peles de animais que cobrem o chão e servem de cobertas. A lareira é alimentada pelos servos durante toda a noite para espantar o frio. Nos primeiros raios de sol Sir Dalan acorda todos os cavaleiros da Ordem da Cruz do Martelo presentes, Sir Dalan, Jakin, Alien, Dylan, Bag e Hervis.

Sir Dalan: “Acordem beberrões, vamos ao consílio!”

Então todos os familiares e demais convidados partem cada um para o seu feudo logo que os heróis deixam as terras de Sir Bellias.

Algumas horas de cavalgada é necessário para se chegar em Figsbury. A estrada do rei que segue a nordeste de Sarum acompanha o rio Bourne. A margem que corre o rio é uma planície de relva baixa. Esta época do ano ela está branca, coberta de neve, e o rio em alguns trechos está congelado. Os estandartes e os cavalos com as cores de cada lorde cruzam a estrada deserta por volta das sete da manhã.

Sir Dalan: “O que vocês acham deste concílio amigos?”

Sir Enrick: “Todo cuidado é pouco!”

Sir Alien: “Não sei, sinto algo estranho no ar!”

Ao longe no meio da planície os heróis vêem o castelo de Figsbury em cima de uma colina alta artificial. A medida que eles se aproximam podem ver os estandartes dos aliados de Odirsen II, o pendão do próprio irmão de Algar e do Conde Roderick tremulando lá em cima. Os cavalos sobem a colina até que chegam nos portões do castelo em ruínas. Na entrada vêem vários cavaleiros romanos, com a cruz desenhada no pano roxo que cobre suas cotas de malha, são os homens do Bispo Roger carregando o pendão de Roderick. Os cavalos dos seus rivais estão ali fora sendo cuidado pelos escudeiros. Todos os observam quandochegam e ficam em alerta. Sir Enrick nota que os cavaleiros romanos ali fora estão armados com lanças e gladius e que os escudeiros de Odirsen II não estão.

Cavaleiro do Bispo fala com a respiração saindo fumaça do frio: “Meus senhores! Estamos em neutralidade aqui. Temos ordem do Conde Roderick para servir de proteção para ambos os lados e garantir que não se agridam. Escoltamos Padre William até aqui para mediar a conversa. Infelizmente é necessário que os senhores deixem as armas antes de entrarem nas ruínas.”

No pátio tomado pela neve, Odirsen II e seus nove aliados estão sentados nas pedras que formavam uma torre nos tempos antigos. Eles se levantam imediatamente quando os heróis entram. Odirsen II apenas fita o Barão Algar nos olhos e acena com a cabeça. Padre Wiliam está ali presente. Todos estão sérios e constrangidos. Todos estão vestidos para a guerra com as armaduras e cota de malhas.

Padre Wiliam: “Como vão Cavaleiros! Sentem-se por favor! Muito frio hoje apesar do céu azul sem nuvens.”

Os dois grupos sentam de lados opostos.

Padre Wiliam: “Pois bem, irmãos, fui enviado pelo Conde Roderick para ser mediador desta contenda entre Sir Algar e Sir Odirsen II. Estamos aqui para tentarmos chegar à um acordo e evitarmos derramamento de sangue. Sir Algar, gostaria de ouvir a sua versão dos fatos. O que o leva a confrontar o seu irmão?”

Barão Algar: “Sofri vários atentados contra a minha vida padre. Exista uma guilda de assassinos, espalhada pela ilha e pelo continente, chamada a mão negra. Meu irmão os contratou para me matarem. Descobri a verdade em Londres pois me confundiram com ele lá depois de tentarem me matar com flechas, me envenenar e esfaquear. E mais a sua censura quanto as minhas práticas religiosas e intolerância! Esse é um homem que não tenho respeito!”

Então o Padre faz a mesma pergunta para Sir Odirsen II.

Odirsen II: “Todos os seus argumentos Algar não me convencem. Tu és um pagão. Uma vergonha! Tu negas cristo irmão?

Barão Algar: “É claro que não nego. Mas cada um tem o direito de cultuar o deus que desejar!”

Odirsen II: “Essa liberdade que concede a todos que o cercam é um convite a rebelião em Logres! Pensa que não soube do episódio na vila rebelde? E soube que deu abrigo para uns primitivos do Pântano em Hantonne. Eles também são pagãos. Leva um homem que era ainda plebeu para se sentar à mesa com os nobres. Soube ainda que matou padres! (padre William faz o sinal da cruz). Dizem que fez um pacto com a escuridão e que nem te matar podem. Que já voltou dos mortos.”

Barão Algar: “Besteira! Crendices!”

Odirsen II: “Como posso entrar em acordo com um homem com os seus modos e reputação? Essa lança, Gungnir, deveria estar nas mãos de quem comanda nossa família. Ela é muito poderosa para servir de brinquedo na mão de um garoto sem juízo. Você luta bem irmão. Já provou mais de uma vez. Mas para mim não passa de um cachorro de Sir Amig muito bem treinado para só saber fazer isso.”

Sir Alien: “Calma primo! Sou cristão como você. Meu pai, como sabes, também é! Mas é graças a velha religião que sobrevivemos até os dias de hoje”

Odirsen II: “Blasfêmia! Idiota! Se deixou seduzir por um infiel! Seu fraco! Maricas! Seu Pai não o teria como filho se pudesse escolher!”

Então o clima esquenta e Sir Alien diz: “Retire o que disse! (cospe no chão) Vou fazer você engolir essas palavras!”

E todos se levantam e tudo vira uma pesada troca de insultos. Padre William tentando controlar os dois lados pede calma. Derrepente um soco que ninguém sabe ao certo de quem veio vira uma briga generalizada entre as duas facções.

Sir Enrick começa a trocar golpes com um aliado de Odirsen II e leva um direto no queixo, mas dá um soco na boca do estômago de seu adversário que fica sem respirar sentado no chão. O Barão Algar leva um soco no olho desferido por seu irmão, mas acerta um gancho no queixo de Odirsen II que fica tonto. A briga é generalizada até que escutando os gritos da briga vindo lá de dentro, os Cavaleiros do Bispo entram com lanças e espadas e vão berrando e tentando controlar os dois lados. Padre William assustado, se esconde atrás de uma das pedras caídas no pátio até que o confronto acabe.

Odirsen II: “Algar! Você não perde por esperar! Inclusive tenho uma surpresa para você em breve.” (Cospe no chão)

Os aliados de Odirsen II concordam: “Em breve mataremos todos!”, “Adoradores do Demônio!”, “Bastardos!”

Padre William parece inconformado.

Cavaleiro do Bispo: “Senhores chega! Basta! Sir Odirsen II por favor saiam pelo portão oposto. Escudeiros dêem a volta e os encontrem do outro lado da colina.”

Então Odirsen II e seu aliados são escoltados por outro portão.

Comandante do Bispo: “Vamos aguardar eles partirem. Depois vocês poderão ir meus senhores! Irei até o Conde em Sarum comunicar do fracasso do concílio.”

Depois de uma hora, um guarda devolve as armas dos cavaleiros e os permite sair de Figsbury. Os heróis decidem cavalgar até Winterbourne Gunnet, tudo parece em silêncio no dia frio de sol, somente o trotar dos cavalos é ouvido. Quando olham para o horizonte vêem uma coluna de fumaça subindo no leste. Eles já viram este tipo de coluna e já provocaram muitas delas. Significa que alguma vila ou feudo foi atacado.

Sir Bag: “E agora cavaleiros?”

Barão Algar: “Vamos imediatamente para lá! Ao oeste cavaleiros! Para Pitton!”

Sir Enrick cavalga na vanguarda com Hefesto levantando neve e terra dos cascos. Ele some no horizonte. Algar atrás cavalga com a Ordem dos Cavaleiros do Martelo. Ele vê um homem escondido na mata atrás de uma árvore. Empunhando o seu machado ele manda o homem sair. Ele se põe de joelhos. Suas roupas cinzas estão em farrapos. Ele apresenta ferimentos no rosto, mãos e joelhos. Está sujo de fuligem. O Barão apeia de seu cavalo.

Camponês: “Meu senhor! Por favor, tenha piedade. Eu venho do seu feudo de Pitton e viajo desde ontem me escondendo pela florestas. Fui até Winterbourne Gunnet lhe pedir ajuda e o senhor não estava e os guardas me enxotaram de lá. Um servo de seu primo me disse que o demô..., que o senhor estava em Figsbury. Foi uma tragédia meu Barão! Um horror! Homens de Sir Odirsen II atacaram suas terras. Mataram os guardas e entraram pelos portões, eram pelo menos cem, todos montados e estavam disfarçados com o seu brasão meu bom senhor. Chegaram antes do amanhecer. Pegaram os soldados desprevenidos e desarmados e mataram todos a machadadas e com espadas. Cortaram o dedo médio e o indicador da mão direita dos arqueiros. E as camponesas foram todas violadas. Depois todos os servos foram trancados no celeiro e queimados vivos. Os Druidas que moravam na área de caça jazem enforcados na árvore sagrada. Meus filhos e minha mulher foram mortos! Eu corri pela floresta e consegui escapar. Ajude senhor! Ajude por favor! Há sobreviventes lá.”

Sir Hervis: “Malditos, se aproveitaram que estávamos no concílio e fizeram um ataque surpresa. Que desonra para um cavaleiro atacar assim pelas costas! Vamos até lá?”

Barão Algar: “Vamos! Sigamos em frente!”

Sir Enrick, devido a velocidade de Hefesto, chega antes dos outros cavaleiros. A medida que se aproxima do feudo colunas de fumaças sobem para o céu. Os portões estão caídos. Corpos de guardas estão espalhados na entrada. Dentro da propriedade, seguindo pela estrada de terra, a casa principal ao longe arde em chamas. A vila dos servos também está pegando fogo. Os celeiros tiveram o mesmo destino. Os animais jazem na estrada. Muitos servos estão enforcados. Mas a maioria está carbonizada dentro dos celeiros. No lago, alguns corpos boiam sem vida. Ele desce do cavalo e vê um arqueiro, ainda vivo, amarrado com os braços para cima de joelhos em uma viga na varanda de uma das casas. Ele está sem o dedo indicador e o médio. Quase não consegue enxergar pois está com hematomas nos olhos.

Arqueiro: “Por favor! Água meu senhor! Água!”

Sir Enrick, lhe dá de beber e presta os primeiros socorros, estancando o sangue dos ferimentos do homem, impedindo que ele morra. Então Barão Algar e os outros cavaleiros chegam em Pitton. Eles ficam ao redor do único sobrevivente e o escutam.

Arqueiro: “Eles chegaram como uma horda de assassinos. Usavam nossos uniformes e mataram à todos. Eu fui deixado vivo para lhe entregar uma mensagem meu senhor! Seu irmão mandou lhe avisar de que este é só o começo. Que todos que o cercam estarão mortos e que ele tem algo que lhe interessa.”

Barão Algar: “Atenção homens! Retornem cada um para o seu feudo e organizem as defesas. O nosso inimigo deu o primeiro passo. Estamos em guerra senhores!”

Mas quando todos estão deixando Pitton vêem Sir Bellias vindo montado em sua direção com sua guarda pessoal. Ele está com uma expressão séria e preocupada.

Sir Bellias: “Soube do ataque sobrinho e vim o mais rápido possível! Que tragédia! Infelizmente sou portador de más notícias. Numa campanha relâmpago os homens de Odirsen II depois de atacarem o feudo de Pitton rumaram em direção à Winterbourne Gunnet e usaram a mesma tática de ataque. Conseguiram matar as sentinelas, entraram em sua casa e sequestraram Lady Adwen. Na saída a usaram como refém e escaparam. Ninguém sabe para onde a levaram. Estamos em guerra meu sobrinho! Estejas preparado. Seu irmão joga pesado.”

Sir Bag: “Eles usaram o Concílio para nos distrair, depois atacaram um feudo para nos manterem longe de sua casa para sequestrar o que você mais ama, meu amigo!”

Sir Jakin e Sir Hervis conversam baixo depois o primeiro fala: “Sir Algar, eu e Sir Hervis iremos a corte, que neste ano está em Camelot, falar com o Príncipe Madoc e solicitar assistência.”

Sir Hervis: “Com marcha forçada eu e Jakin retornaremos ao anoitecer de amanhã!”

Sir Dalan: “Podemos ir até a casa de minha mulher, bem, de uma delas, Demether, próxima de Stonehenge. Lá poderemos ficar ocultos meu amigo, até que planejemos tudo. Nos encontraremos com o Príncipe lá. De nada adianta ir até Winterbourne Gunnet, o que está feito está feito. As estradas podem ter emboscadas nos aguardando no norte. O que acham?”

Barão Algar: “Agora temos outro cenário Cavaleiros! Maldito Odirsen II! Cancelem a ordem anterior, chamem o Príncipe Jakin e Hervis, nos encontraremos na casa da esposa de Dalan!”

Então Sir Jakin e Sir Hervis partem a todo galope pela estrada, espalhando lama e neve para todos os lados.

O Barão Algar desce do seu cavalo e com o machado em riste grita de ódio. Então cavalgam pelas estradas debaixo de nevasca. O frio é intenso. Algumas horas depois, ao anoitecer eles chegam a casa de Lady Demether. A casa é uma pequena cabana de telhado de palha, que está com a chaminé fumegante e iluminada por duas lanternas penduradas no lado de fora. Com o barulho da chegada a bonita Lady sai de dentro da habitação. Ela é loira tem olhos verdes e usa um vestido de cor beje e tem os ombros cobertos por um casaco de pele de lebre. Sir Dalan desce de seu cavalo e lhe dá um beijo apaixonado que ela prontamente lhe retribui.

Lady Demether: “Sejam bem vindo a minha humilde casa cavaleiros!”

Bellias: “Escudeiros! Escondam estas montarias atrás da casa. Retirem os estandartes coloridos. Se formos surpreendidos todos juntos aqui, deus tenha piedade de nós.”

Barão Algar: “Deixem duas montarias na frente da casa. Se precisarmos usá-las em caso de emergência estarão prontas.”

O interior do lugar é simples com uma sala e dois quartos onde existe uma mesa para quatro lugares. Todos ficam meio apertados no interior da cabana. Uma lareira de pedra aquece o interior. Prateleiras abertas são usadas para guardar os pratos de madeira e canecos. Dois cachorros vira-latas pedem carinho balançando a cauda. Estão presentes Sir Bag, Sir Dalan, Sir Alien, Sir Dylan e Sir Bellias Sir Enrick e o Barão Algar. Lady Demether se retira para o quarto com os três filhos. Duas meninas e um menino, mas antes os servem maçãs e queijo.

Sir Bellias: “Sobrinho! Seja forte! Temos que esperar Madoc e depois agirmos para tentarmos achar sua esposa. Acredito que em breve teremos notícias dela. Um sequestro só faz sentido se alguém pedir algo em troca, certo?”

Barão Algar: “Só nos resta esperar!”

Sir Dalan: “Eu fico com o primeiro turno” Ele veste uma pesada roupa de pele de urso então abre a porta, entra alguns flocos de neve e o cavaleiro fica lá fora na varanda.

No dia seguinte, apesar de Sir Algar ter tido pesadelos horríveis com as Eríneas e Lady Adwen, tudo parece calmo. No almoço dividem o pouco pão e comem algumas avelãs. Um pouco de vinho é servido. O dia é de espera.

Algar vai até os fundos da casa e com o machado apoiado no chão coberto de neve, reza para Thor enquanto flocos caem flutuando.

Neste momento Sir Alien fala de dentro da cabana: “Chegaram!”

Lá fora estão Hervis, Jakin e o Príncipe Madoc, usando uma parca de pele de cabra, bem humilde para um nobre, com a cabeça coberta por um capuz. Os outros dois também estão assim. Seus cavalos só estão cobertos com a cela sem estandartes ou brasões. Os homens estão brancos de frio. O Príncipe abraça Algar e o olha com pesar.

Madoc: “Boa noite amigos! Viajamos sem parar em marcha forçada e sempre disfarçados. As estradas estão quase desertas por causa desse frio maldito! Mas sei que esse é o nosso menor problema. Sinto muito Algar. Não queria que isso tivesse acontecido. Mandei um espião de meu pai, Guilan, ele foi até as terras de Odirsen II, falou com alguns servos e subornou outros e descobriu o paradeiro de Lady Adwen. A boa notícia é que ela está viva. A má é que está cativa em um forte em Sussex. Seu irmão fez uma aliança pagando uma fortuna em ouro para um líder saxão chamado Ordric e deixou Lady Adwen lá, aos cuidados dele. Seu irmão acha que será impossível nós acharmos sua esposa e resgatá-la. Ainda não sabemos a localização exata do lugar chamado Magouns. Mas tenho uma ideia que talvez possa dar certo. Dalan me arrume uma corda. Não vamos perder tempo. Sir Enrick e Barão Algar, peguem seus cavalos, vistam roupas discretas. Levem suas armas por baixo. Homens aguardem e vigiem. Vamos para Sarum resolver parte do problema!”

Através de uma estrada enlameada na escuridão Sir Enrick, o Barão Algar e o Príncipe Madoc cavalgam para o Sul. O vento gelado machuca o rosto e as estrelas enchem o céu.

Madoc: “Vamos aos calabouços de Roderick pegar nossa arma secreta! Se meu pai souber o que faremos e que tomei lado desta disputa serei deserdado! Preciso entrar na cidade sem os locais saberem que sou o Príncipe.”

Então eles se aproximam das muralhas de Sarum e param diante do portão guardado pelo foço. Um guarda do alto da construção alerta os outros. Quando param à frente do portão leste o comandante grita.

Sargento: “A cidade está fechada. Quem vem lá?”

Sir Enrick: “Somos peregrinos senhor! Estamos com um homem leproso precisando descansar e de assistência. Temos algo à oferecer em troca.”

Então uma porta adjacente abre e na parte de baixo da muralha surge o sargento. A ponte levadiça desce e ele vem conversar.

Barão Algar: “Eu posso lhe oferecer algumas libras meu bom senhor.”

Então Madoc, com faixas no rosto disfarçado de leproso se aproxima e finge que vai tocar no sargento. Com medo o homem diz pegando as moedas de prata e desviando da mão enfaixada do Príncipe.

Sargento: “Entre de uma vez leproso e vão direto para a estalagem!”

Enrick, Algar e Madoc entram pelo portão do Tolo. As ruas de paralelepípedos estão desertas. Está muito frio. Madoc está sempre de cabeça baixa e capuz para não ser reconhecido. Passam pelo mercado da águia vazio e enxergam a grande estátua que dá nome ao lugar. Vêem a esquerda a taverna, O Arqueiro Audaz. As janelas estão embaçadas e música, risadas e conversa vêem lá de dentro. De um beco ao lado da construção sai um velho com a barba por fazer coberto com uma parca e capuz verde. Usa botas de montaria, calça marrom e cinto de couro de cabra. Está visivelmente alcoolizado.

Bêbado: “Olá senhores! Passeando neste frio? Seu Demônio, Jovem Stomp e meu Príncipe! O que estão fazendo em Sarum uma hora destas?” (faz um reverência se desequilibra e se apoia na parede).

Barão Algar: “Escute aqui, tome uma moeda e não conte que nos viu aqui ou eu irei atrás de você. Ouviu bem?”

Bêbado: “Sim senhor!”

Ele vai ao beco vomitar e depois desmaia. Dizem que no dia seguinte ele contou a todos os seus amigos quem tinha visto na noite anterior debaixo de neve em Sarum. Ninguém acreditou e seus familiares e o padre exigiram que ele parasse de beber e mentir por Sarum.

Os heróis seguem em frente pelas ruas até que param na escuridão olhando o castelo do Conde Roderick com suas diversas torres quadradas, que se erguem em cima de um outeiro. Um fosso o circunda.

Madoc: “Não poderemos entrar pela porta da frente do Castelo, meus amigos! Existe uma passagem que cruza a cidade de Sarum que liga a Catedral de Santa Maria ao Castelo do Conde Roderick, usada no caso de a cidade cair, para a fuga do regente. Temos que de alguma maneira entrar na Igreja. Só ainda não sei como.”

A porta principal da Catedral de Santa Maria. Uma igreja gótica com torres pontudas. E um grande vitral circular entre elas na fachada. Dois muros de quatro metros de altura protegem as laterais onde existem vitrais longos do alto ao chão retratando Jesus, Maria e José. Gárgulas de pedra em bases de madeira rodeiam toda a construção.

Primeiro os Cavaleiros deixam os seus cavalos parados em um beco escuro. Sir Enrick pega a corda que trouxeram e amarra em uma das suas flechas. O Barão Algar faz alguns nós. Então o arqueiro estica a corda de cânhamo até atrás de sua orelha e atira. A flecha voa em uma trajetória reta para cima e atravessa a madeira com a sua ponta de ferro. Apoiando-se na corda os heróis pulam o muro. Algar e Enrick usam as adagas e soltam um dos vitrais. Madoc ajuda a abaixá-lo no pequeno jardim entre a igreja e o muro.

O interior da igreja com os longos bancos está escuro. Pela pouca luz que vem das tochas nas ruas dá para se distinguir as figuras de santos. O teto em abóbada gótico tem arcos que se cruzam dividindo a pedra escura. Os gárgulas que acompanham toda a extensão da nave projetam suas sombras na parede. O altar é feito de prata e ouro e fica em uma parte mais alta feita de mármore. Os passos fazem eco naquele gigantesco espaço. O chão é feito também de mármore com padrões lineares desenhados com folhas de olivas e circulares com anjos desenhados concentricamente. Derrepente os heróis escutam passos vindo de uma passagem adjacente do altar. Algar tropeça em um dos bancos. Hanz de Duplain anda com uma tocha pela nave da igreja. Ele parece ter vindo verifica o barulho. Ele está todo de branco e por causa do frio sai vapor de sua respiração. Seus grandes olhos tentam enxergar no escuro e parece assustado. Os heróis se escondem na escuridão por entre os bancos.

Hanz de Duplain: “Alô? Tem alguém aí?”

Então ele parece não ter coragem de seguir em frente e volta, com sua tocha pela porta que tinha chegado, rezando baixinho. Ele dá alguns passos à frente mas se acovarda e sai. O vitral retirado lá atrás da nave da igreja não é percebido por ele.

Madoc: “Venham, me ajudem a afastar a pedra da sepultura do Paladino Romano!”

A pedra da tumba é de mármore branco e tem um cavaleiro esculpido, deitado com as mãos juntas como se estivesse orando, com armadura completa. Juntos os três homens afastam a pesada lápide e um pó sobe no rosto deles. No interior da tumba não existem nada. Somente uma entrada para escadarias. Está tudo em breu total. Sir Enrick enrola um pano em uma das flechas e com sua pederneira faz uma tocha . Então eles descem uma estreita escada em um corredor de pedras em caracol. Alguns minutos são necessários até que atingem um corredor no subsolo. O lugar é gelado e úmido. Gotas de água caem no rosto e cheiro de podridão e mofo invadem os narizes. Somente a luz da tocha ilumina à frente.

Madoc: “Seguimos à diante homens. Logo chegaremos no castelo do Conde Roderick. Vamos!”

Então passam por um arco de pedra de três metros de altura e dois de largura, sobem uma pequena escada e saem em um corredor iluminado por tochas. No final existe um guarda dormindo sentado em uma cadeira apoiada em uma porta de ferro com rebites.

Madoc: “Estamos embaixo do castelo! Atrás dela tem um carcereiro precisamos que ele abra a porta para nós. Ele não pode me reconhecer. O prisioneiro que viemos pegar é Edwin, vocês se lembra da batalha do forte Vagon, Algar? Era aquele saxão que nos entregou há três anos a informação de que Sir Elad tinha sido capturado. Ele conhece as terras de Sussex pois ele é de lá e esta com raiva de seu próprio povo, já que seu chefe tribal saxão, nunca quis nos pagar um resgate para o libertarmos. Ele terá que nos ajudar ou faremos que ele o faça, se é que me entendem.”

Então Enrick, Algar e Madoc decidem se aproximar da sentinela que dorme. Eles caminham silenciosamente mas Algar bate com o ombro no suporte de metal de uma tocha fazendo um barulho (nota do mestre: Na hora do jogo tiramos sarro que Algar tinha batido com o ombro no extintor do calabouço, ahahaha). O sentinela acorda e grita assustado, mas Madoc e Enrick dominam o homem segurando os seus braço e o amordaçando. Sir Enrick fala alto.

Sir Enrick: “Que susto! Esse pesadelo horrível de novo. Sonhei novamente ser atacado por uma medusa. E essa maldita dor de barriga está me matando!”

Um homem abre uma portinhola na pesada porta de ferro. E olha iluminando-o com uma lanterna pendurada em suas mãos. Ele é velho e seus são olhos são brancos cheios de catarata. Usa um capuz marrom encardido. Madoc e Algar se escondem nas laterais das paredes de onde pela portinhola não se tem visão.

Carcereiro: “Olha o silêncio aí rapaz! Vai deixar os presos inquietos.”

Sir Enrick: “Desculpe é que tive um pesadelo e essa terrível dor de barriga não passa.”

O velho fecha a portinhola e Algar e Enrick levam o guarda para uma parte além da escada onde não pode ser visto. Ele é despido e amarrado. Enrick veste o uniforme do guarda e bate na porta.

Carcereiro: “Espere cagão!”

Sir Enrick: “Preciso usar o banheiro lá em cima do castelo por favor!”

Carcereiro: “Vá lá mas não demore!”

Ele sobe e finge que usou o banheiro e retorna dizendo ter recebido ordens para retirar um prisioneiro e levá-lo pela passagem abaixo da catedral. O homem duvida mas quando Sir Enrick disfarçado diz que reclamará com o Conde o homem aceita.

Então ele e Enrick caminham em um corredor com diversas celas trancadas com portas de ferro.

Carcereiro: “Deixe me lembrar. (pensa um pouco). Esta aqui é a cela que você procura!”

Então o carcereiro abre a cela e aponta. Um saxão, em péssimo estado está sentado em um monte de palha que lhe serve como cama. Um outro homem dorme ao lado e nem se mexe preso em correntes nas paredes. O saxão é moreno, tem barba longa, cabelos embaraçados até a cintura, está descalço e veste uma túnica branca feita de estopa toda encardida e suja, o cheiro não é dos melhores e suas mãos estão presas com grilhões. Seus olhos negros parecem os observar sem entender o que está acontecendo tentando se acostumar com a claridade.

Edwin: “Pode falar que eu entendo sua língua. Três anos trancafiado em um chiqueiro com um britânico foi suficiente para comprender vocês. O que querem?”

Sir Enrick: “Não faça perguntas, seja discreto! Vou tirá-lo daqui!”

Então escondidos pelo corredor Algar e Madoc aguardam. Quando a porta é fechada novamente e o carcereiro vai embora eles colocam o pobre sentinela rendido sentado novamente em sua cadeira. Antes de irem o príncipe coloca quatro libras em seu colo. Então retornam pelo caminho que vieram saindo novamente na Catedral de Santa Maria. Edwin está com as mãos presas por grilhões.

Madoc: “Esperem um segundo, se sairmos do jeito que estamos e com um saxão poderemos ser descobertos!”

Sir Enrick percebe uma porta perto do altar. Ele vai até lá enquanto os outros três aguardam. O arqueiro descobre roupas de padre e uma porta que dá para a rua de trás da igreja abaixo dos arcos. Usando túnicas marrons com capuzes e cintos com os crucifixos os heróis e Edwin retornam ao beco e sobem em suas montarias. O saxão vai na garupa do cavalo de Enrick. As ruas à primeira vista estão desertas. Alguns homens caminham bêbados pelas vielas de pedra. Um cachorro late enquanto passam. Flocos de neve caem. Um destes bêbados passa a distância e por entre as casas os enxerga. Ele volta curioso. Ele é um anão, vestido com loriga de couro. Tem o cabelo raspado e cavanhaque longo. Usa uma pele de carneiro como poncho e usa calça preta e botas marrons de montaria.

Anão: “Uma esmola para um homem que gostaria de beber para se aquecer nessa noite fria de inverno. Quem é esse homem fedorento que anda com vocês?”

Sir Enrick: “É um homem que fez voto de pobreza!”

Anão: “O que homens simples como os senhores fazem montados em tão belas montarias?”

Sir Enrick: “Somos soldados romanos convertidos! Vá embora e cuide de seus negócios! E que deus te abençoe!”

Enquanto isso o Barão Algar tenta fingir abençoar o homem: “Mi, mi, mi, mi, mi, mi!”

Depois que saem pelo outro portão sem serem molestados o Barão pergunta.

Algar: “Onde fica o forte Magouns saxão?”

Edwin: “O forte fica na parte Sul, dentro da floresta de Perdue. Ela tem centenas de léguas. Eu terei que guiá-los britânicos. Não é fácil caminhar por aquelas terras. Existem clãs espalhados em todos os lugares e perigos para quem não conhece bem a região!”

Então os heróis cavalgam na escuridão voltando para a casa de Lady Demether até que no meio da madrugada chegam no lugar. Quando se aproximam Sir Bag está na varanda da casa e saca sua espada.

Sir Bag: “Oh, desculpem, sua benção padre!” (E se aproxima com a cabeça baixa para Algar).

Algar: “Em nome do pai, da puta que o pariu e da sua mãe com cara de bunda"

Sir Bag: “Ah Demônio, só você mesmo! O Barão está engraçadinho apesar de tudo! Sejam bem vindos amigos! Entrem está muito frio! Que mau cheiro!”

Os outros cavaleiros acordam com o barulho e pegam suas armas e saem da casa, todos os cumprimentam mas quando Sir Dalan vê um saxão ali fora, imediatamente com uma velocidade incrível, pega suas duas espadas e pula no pescoço de Edwin derrubando na neve, na frente da casa. E as cruza pronto para degolá-lo.

Barão Algar: “Não o mate Dalan! Precisamos dele para achar Adwen!”

Sir Enrick retira Dalan, que se afasta meio abalado, ainda com a adrenalina correndo em suas veias e guarda as suas duas espadas.

Edwin: “Britânicos, poderiam pelo menos tirar esses grilhões?”

O Barão vai com o saxão até um toco de árvore para se cortar madeira. Edwin abre seus braços com os grilhões esticando a corrente em cima do cepilho. Algar desce seu machado com força cortando a corrente. Então os dois entram na cabana.

Quando a esposa de Dalan vê o Saxão, chama o cavaleiro para o quarto e o pouco que escutam é ela muito nervosa e falando sobre a segurança dela e das crianças.

Dalan sai de dentro do quarto e uma ânfora de barro explode atirada de dentro do cômodo.

Sir Dalan: “Mulheres!”

Madoc: “Melhor dormirmos e daqui a algumas horas nos primeiros raios de sol partiremos para Sussex! Teremos que ser furtivos e discretos. Se descobrirem que sou filho de Uther serei morto imediatamente. Mas dei minha palavra que iria te ajudar amigo. Estou atolado nisso com você até o pescoço.”

Algar: “Obrigado Príncipe!”

Madoc: “Acho que os outros Cavaleiros da Ordem devem retornarem aos seus feudos e devem organizar seus exércitos. Parte de cada força de cada um de vocês deve proteger as terras de Sir Algar. Quando retornarmos Bellias deve convocar um conselho de guerra e então poderemos ver se a nossa força terá condições de enfrentar Odirsen II e seus aliados. Vamos dormir então! Primeiro turno é meu!”

Edwin: “Britânicos, poderiam me dar algo para comer e beber?”

Sir Enrick dá algum queijo e frutas para o saxão.

Então a noite passa tranquila com os cavaleiros se alternando em turnos de sentinela. Edwin dorme tranquilo e profundamente. Em três anos era a primeira vez que dormia em uma casa aquecida e comia algo além das batatas cheio de bichos do calabouço do Conde.

Quando amanhece o dia está encoberto e neva um pouco. Eles concordam em seguir até Du Plain e depois rumar para o sul através da margem do Rio Test até Hantonne. Então partem disfarçados de padres e as estradas estão desertas e congeladas, cavalgam devagar cuidando para não machucarem suas montarias, pois o chão coberto de neve atrapalha a visão de buracos e pedras soltas na estrada. O dia é cinza e flocos caem.

A temperatura está abaixo de zero. Ao anoitecer deste dia eles chegam em Du Plain. Os heróis sentem o cheiro de madeira queimada das dezenas de lareiras acesas na pequena cidade murada pequena no frio do inverno Britânico. Parada obrigatória para os viajantes que seguem para as cidade no leste. Eles se hospedam na estalagem e taverna Gamo Rei. A construção é uma cabana enorme. Feita de troncos grossos e sólidos de Carvalho. O teto é de palha cinza. Uma grande chaminé cuspindo fumaça indica que a lareira está acesa. Eles entram no lugar. Somente umas doze pessoas estão presentes. São locais e a presenças dos cavaleiros disfarçados de padres chamam a atenção. Quem poderiam ser aquelas pessoas viajando num clima desses? Algumas mulheres circulam por entre as mesas oferecendo prazeres. Uma mulher de uns trinta e poucos anos de cabelos negros encaracolados e olhos azuis, usando um vestido azul atende as mesas. Um homem loiro de cabelos longos vira as carnes em uma churrasqueira. As mesas e bancos são feitas também com troncos de carvalho. A iluminação é feita por lustres com velas em rodas de carroça. E dezenas de cabeças de alces decoram as paredes.

Os cavaleiros conversam discretamente quando quatro homens se aproximam. Dois ruivos, um moreno e outro loiro. Todos de cabelos longos usando ponchos de lã de carneiro e botas de pele de gamo. São bem rústicos.

Homem ruivo fala: “Boa noite forasteiros! O que os trazem a Du Plain?”

Sir Enrick: “Somos soldados romanos convertidos. Padres peregrinos!”

Homem moreno: “É estranho termos viajantes esta época do ano. Ainda mais com cavalos que valem mais que um feudo.”

Homem loiro: “Mal vestidos, com brinquedos caros, em um mal tempo desses. Devem ser ladrões. E sabe o que fazemos com ladrões?”

O homem puxa o capuz de Edwin e seu grande cabelo aparece.

Outro Homem ruivo: “Nós roubamos deles e depois batemos para não voltarem.”

(Ele olha para os outros)

“Desculpem eu esqueci! Primeiro nós batemos neles!”

O homem quebra uma garrafa de vinho, que estava em cima da mesa, na cabeça de Algar que com uma caneca de cerâmica atinge o lado direito do rosto de seu oponente. Sir Enrick muito rápido pega o prato de estanho, que entorta inteiro quando atinge o queixo do homem que erra um soco que viria direito na sua cara. Edwin bate a cabeça de um dos homens na mesa, ele ainda revida quebrando uma garrava em sua cabeça. Mas, mesmo tonto, Edwin cai de quatro na frente da lareira pega um ferro de virar a lenha e gira de surpresa queimando o rosto de seu adversário que cai gemendo de dor. O Príncipe se agarra no lustre se balança e acerta com os dois pés, com a pesada armadura, no peito do homem de cabelos pretos. Depois pousa em cima da mesa. O homem pega um garfo feito de osso, desfere dois golpes, Madoc pula duas vezes, até que chuta de lado o rosto do homem, bem no queixo, que cai desmaiado. Algar erra uma garrafada enquanto o homem lhe atinge com uma cabeçada. Sir Enrick consegue jogar seu adversário por uma janela próxima que quebra e o homem cai lá fora desmaiado. Depois pega um osso de pernil, com a carne dura, e enfia no meio do rosto do homem que atacava Algar machucando os olhos do adversário, que fica no chão gemendo com a cara arrebentada.

No final da briga os homens estão machucados, um com o rosto queimado. Cheio de escoriações hematomas e possivelmente com ossos e narizes quebrados eles tentam se levantar para sair. A taverna fica vazia neste momento. Derrepente entra no salão um sargento da guarda local e três soldados.

Sargento: “Arruaceiros! Rufiões! O que vocês estão fazendo? Padres! Vieram estranhamente neste clima para cá e arrumam confusão. Estes quatro valentões aí vivem mais na jaula do que trabalham nas terras do Lorde. O que deveria fazer com vocês? Talvez cadeia por uma semana.”

Sir Enrick: “Somos padres, quem ousa desafiar a autoridade do meu Deus aqui?”

Então o sargento com medo de desafiar a autoridade divina de um padre recua e pede para partirem logo pela manhã.

Após tomar um café da manhã reforçado com leite quente tirado na hora das cabras, ovos de pata e pernil frio eles partem novamente em direção a Hantonne. Seguindo o rio para o sul. Venta muito e a neve cai. O frio castiga os homens e as montarias. Existe mata de ambos os lados das margens do rio Test. Enquanto passam próximo ao lugar que acamparam quando invadiram o Pântano no ano passado, podem ver a esquerda no meio da mata o início do mangue coberto de neve.

Sir Enrick vê três homens escondidos na mata. Eles tem as cabeças cobertas com capuzes e atiram com arcos longos. A primeira saraivada visa Madoc, Algar e Enrick. Príncipe Madoc leva uma flechada, cai do cavalo e some no mato. Então começam a disparar somente em Edwin. Algar manobra seu cavalo e defende o saxão com seu escudo e tem três flechas fincadas na madeira da proteção impedindo o ataque. Enrick, dispara duas vezes e erra. Na terceira mata um dos arqueiros com um tiro certeiro em seu coração. Então, forçando a velocidade de seu cavalo o Barão se aproxima em uma carga muito rápida com o seu machado e atinge o seu inimigo. O homem joga o seu arco no chão e saca a sua adaga, tenta acertar o cavalo de Algar que empina, mas sua clavícula é atingida e se quebra provocando um grande corte no ombro do arqueiro quase arrancando o seu braço sustentado agora só pela pele, levando-o a morte em alguns minutos. O outro arqueiro acerta Edwin no ombro direito. O saxão urra de dor. Enrick corre até ele e o socorre impedindo o sangramento. Quando Algar manobra o seu cavalo em direção ao último arqueiro o homem joga sua arma e se ajoelha clamando por piedade.

Então o Barão Algar vai até o arqueiro inimigo que veste o brasão de seu irmão, Odirsen II, por cima de sua cota de malha. Algar bate no homem até que ele confessa ter recebido ordens para matar Edwin e impedir que os heróis encontrassem Lady Adwen. Por fim, com o machado o Barão Algar furioso mata o arqueiro prostrado que abaixa a cabeça e espera o golpe fatal. Edwin, enfaixado depois de ter a flecha extraída dolorosamente por Enrick, apoia a decisão de Algar. Os corpos são escondidos sobe a neve na margem do rio. Mas antes tem os uniformes de Odirsen II retirados e levados pelos cavaleiros.

Madoc se levanta arrancando a flecha todo sujo de lama e mancando um pouco saindo das folhagens.

Madoc: “Por pouco, não transpassou a proteção. Belo presente de meu pai esta armadura! (Testando os braços e pescoço) Só sofri algumas escoriações e torções, nada que mate. Eles deveriam estar nos seguindo desde algum trecho de nossa viajem. Quem poderia ter contado para Odirsen II onde estávamos? (Ele pensa um pouco) Amigos, temo que aja algum traidor na Ordem dos Cavaleiros. Só o nosso grupo sabia que viríamos para cá.”

Sir Enrick: “Seria o Paladino?”

Barão Algar: “Talvez Sir Alein, o pai dele é um cristão fervoroso!”

Pensando a respeito do acontecido finalmente eles chegam ao porto de Hantonne ao anoitecer. Muito vento vem do oceano trazendo frio e maresia. Os portões estão abertos e as ruas estão com poucas pessoas andando por ali. Só um ou outro homem caído alcoolizado e outros que nem dão atenção a presença dos cavaleiros. Em uma viela um casal troca carícias e os grandes barcos cargueiros estão ancorados longe do porto para não destruírem seu casco contra o cais do mar agitado do inverno.

Quando chegam no centro da cidade eles se dividem. Edwin e Algar vão até a estalagem do Peixe Roncador e Madoc e Enrick vão a Taverna Pérola do Canal. No Peixe roncador, vestidos de padre, Algar e Edwin chamam a atenção. O lugar está cheio de marujos mal encarados e prostitutas. A decoração com motivos náuticos tem nas paredes timão de navios, carrancas de proa, lanternas nautas, sinos, âncoras, lemes, remos, redes de pesca e arpões para pesca.

Taverneiro: “Padre! Será que vossas santidades deveriam estar aqui? Esse lugar é um pouco diferente do que estão acostumados.”

Barão Algar: “Estamos aqui para, ahhh, éééé, salvar essas almas.”

Taverneiro: “O que posso fazer para lhe ajudar padre?”

Barão Algar: “Tem visto o Almirante Gwenwynwyn?”

Taverneiro: “Não padre! No inverno ele não vem até Hantonne. Porque?”

Barão Algar: “Porque tenho uma missão sagrada de evangelização em Sussex e precisamos ir até lá.”

Taverneiro: “Escutem essa pessoal! Esses Padres aqui querem ir para Sussex! Acreditam?”

E todo o salão cai na risada. Os marujos apontam e riem. Algar e Edwin humilhados se despedem e saem dali enquanto ouvem as risadas ao fundo.

Já na Tavena Pérola do Canal Sir Enrick e Madoc tiveram mais sorte. Procurando por um capitão de navio o Taverneiro aponta para um homem sentado no fundo do lugar com uma mulher no colo e tomando um caneco grande de rum.

Taverneiro: “Só existe um homem louco o bastante para ir para alto mar nesta época do ano. É o Capitão Kirk ali!”

O homem é gordo e usa uma capa engordurada de veludo azul cheia de botões dourados. Botas pretas de corsário. Um sinto com fivela grande. Cabelos grisalhos até o ombro e brinco de argola na orelha esquerda. Arrota e ri.

Capitão Kirk: “O que querem?”

Sir Enrick: “Precisamos de um capitão que nos leve a Sussex.”

Capitão Kirk: “Porque diabos tenho que aceitar qualquer coisa que o mar cospe para o meu convés? Só porque eu tenho o barco mais veloz da Britânia e cobro o preço mais barato não quer dizer que estou por aí implorando por passageiros.”

Sir Enrick: “Nos encontramos pela manhã aqui no salão da taverna?”

Então os heróis se reúnem na praça central de Hantonne, está muito frio e eles decidem dormir na Pérola do Canal. Pela manhã se rencontram com Kirk e depois de barganharem o preço eles combinam de partir em cinco dias pois o clima e vento não estão favoráveis para a viagem.

Os dois primeiros dias de espera em Hantonne passam tranquilos. Neve e venta bastante lá fora e na Pérola do Canal a lareira fica acessa vinte e quatro horas. Até que no início do terceiro dia os heróis estão jantando no salão principal quando entram na estalagem dois padres. Exatamente vestidos como eles. Batem a neve dos ombros e observam o grande salão. Um deve ter por volta dos cinquenta anos com cabelos brancos e barba longa e o outro uns trinta com cabelos pretos cortado como franciscanos. Eles sorriem quando os vêem.

Padre John: “Mas que surpresa irmãos! E que coincidência não é mesmo? Eu sou padre John e esse é o irmão George. Como se chamam bons homens?”

“No meio do inverno encontrar com padres peregrinos, como nós, é um bom sinal de deus!”

E vai sentando na mesa e pedindo dois canecos de hidromel.

Irmão George: “Vocês vêem de onde irmãos?”

Barão Algar: “Nós viemos de um lugar mais ao norte. Hum, bem ao norte!”

Sir Enrick: “É, venho do norte também.”

Irmão George: “Da Cumbria? Como nós! É muito bom saber que existem outro peregrinos vindo para Logres apoiar Odirsen II!”

Irmão George: “Vocês sabem alguma coisa da guerra que está acontecendo entre os Herlews?”

Barão Algar: “Odirsen II parece que tentou matar o seu próprio irmão! Sequestrou a mulher dele. Não me parece um bom homem.”

Irmão George: “Acredito que Odirsen II seja um exemplo para a cristandade e ele está usando as leis de deus para realizar e estabelecer uma nova Jerusalém. Ele é o chefe de sua família e tem seus direitos. A mulher do irmão é uma pagã. Precisa ser educada. Eu pessoalmente aplicaria um método que está sendo usado em Roma de purificação pela dor. Não esqueçam irmãos, a mulher trouxe o pecado aos homens”

Neste momento, encolerizado, Sir Enrick deixa a mesa para não fazer uma besteira. Algar fica ali controlando os nervos, tentando conseguir mais informações. Madoc, disfarçado de leproso com o rosto enfaixado fica calado e Edwin finge estar bêbado e cai com o rosto dentro de seu próprio prato.

Irmão George: “Bom, nós estamos em missão. Iremos para o norte até Laverstock. Viemos de um mosteiro na floresta de Camelot. Como sou tio da esposa de Sir Odirsen II fui convocado pelo Arcebispo para cumpri-la.”

Padre John: “O arcebispo Dubricus nos enviou e iremos em seu nome nomear Sir Odirsen II, como Protetor da fé e de Roma e comunicar uma provável ordenação do grande paladino e santo ainda em vida.”

Irmão George: “Inclusive irmãos, o Arcebispo está reunindo mais de mil peregrinos que marcharão da Cumbria para Logres em nome de nosso senhor Jesus cristo quando os pagãos e suas superstições forem varridas da ilha. Então eles converterão e catequizarão cada homem do reino porque todo ser humano tem o dever de receber e aceitar Jesus em sua vida!”

Padre John: “Bom, iremos nos hospedar aqui e amanhã seguiremos viagem. Contarei a Sir Odirsen II o bom trabalho que os irmãos tem feito enfrentando o frio e a neve para levar a palavra de Jesus Cristo pelo reino.”

Então após algum tempo, já um pouco alcoolizados, os padres se levantam e se apoiam um no outro.

Padre John: “Boa noite bons homens de deus e que Jesus os abençoe!”

Jogam algumas moedas na mesa e sobem a escada para os quartos que ficam no segundo andar.

No dia seguinte no quarto dia de espera eles já não vêem mais os padres. A neve vai diminuindo e só uma garoa fina cai em Hantonne e o vento diminui. O dia passa calmo e tranquilo. A estalagem está mais frequentada devido a melhora do clima. Umas trinta pessoas bebem, comem e fazem negócios um com os outros. Quando almoçam, Winston, o estalageiro comenta.

Winston: “Pelo jeito amanhã o clima estará melhor padres!”

Ele para olha para os heróis, fica curioso e pergunta.

Winston: “Por acaso eu não conheço os senhores?”

Barão Algar: “Acho que não meu bom homem!”

Winston: “Já sei! É claro! É uma honra recebê-los! Nestes dias que estão hospedados aqui eu já tinha comentado até com a minha mulher! Vocês são aqueles padres que dançam e cantam para levar a palavra de deus! Olha aqui pessoal são eles!”

E todo os presentes os saúdam e começam a bater palmas. Os bardos da taverna começam a tocar e os incentivam a dançar e cantar sobre deus. Neste momento entram a guarda da cidade e batem palmas os saldando com muita alegria.

Sem ter para onde correr Enrick, Algar, Madoc e Edwin começam a dançar e tentar cantar. Algar surpreendentemente consegue se sair bem. Sir Enrick tropeça meio sem jeito, um pouco tímido. Madoc está todo desengonçado tentando dançar com a túnica de padre, às vezes a utiliza como um vestido fazendo uma coreografia bizarra enquanto tenta sorrir. Os presentes se olham estranhamente. E a intensidade das palmas diminuem. Alguns dão de ombros. Mas Edwin os surpreende bate palmas e dança, puxa uma mulher que assiste, e a devolve ao público enquanto sobe na mesa, empolgado. As palmas crescem até que a música acaba com ele apoiado em um dos joelhos e batendo duas palmas e falando: “Hey!”. Todos se olham confusos, fazem uma pausa, silêncio, então o salão explode em palmas.

Edwin passa cochichando: “Na minha terra dançamos como homens! Essa foi por pouco!”

O sargento da guarda se aproxima.

Sargento: “Sua benção santíssimos! Digamos que foi uma experiência interessante ver a apresentação dos senhores, padres. Como são emissários de deus acredito que por algum motivo ele quis que fosse assim! Se não fosse pedir demais gostaria que atendessem algumas pessoas.”

Então uma fila com umas vinte pessoas entram. Algumas parecem mentalmente perturbadas, outras com deficiências motoras, alguns leprosos, um menino cego e alguns aleijados.

“Os senhores poderiam fazer seus feitiços cristãos para curar estes pobres coitados?”

Os heróis fingem estar abençoando aquelas pessoas. Algar pede um pedaço de pão e um cálice de vinho. E começa a dar um pedaço e um gole de cada um destes para os presentes. Nunca os cristãos tinham visto tal ato. E todos ficam emocionados com a cena. A partir deste dia a cerimônia começou a ser realizada por todos os cristãos de Logres, depois pela Britânia e se espalhou pelo mundo. Algar, o pagão, não tinha idéia de que seu ato mudaria a forma de os cristãos verem a sua crença. Mas tudo que ele queria neste momento era cortar a cabeça dos seus inimigos que sequestraram a sua mulher.

Winston: “Já chega, os padres estão cansados, deixem-os em paz! Vão embora!”

Sargento: “Desculpem padres! Vou deixá-los descansar agora, obrigado”

Os homens passam a última noite em Hantonne. No dia seguinte o tempo melhora. Apesar de cinzento a neve dá uma trégua e o vento agora sopra a favor. Pela manhã, depois do café da manhã, no cais de madeira, as ondas estão altas e batem forte espirrando água para todos os lados. O lugar está deserto. Todos os barcos estão distantes. Somente um está ancorado. O Capitão Kirk acena a distância. O barco é uma velharia. Pequeno e antigo, sem remos e com uma sereia com um dos braços quebrados na proa.

Capitão Kirk: “Bom dia mestres! Belo tempo Britânico! Finalmente o vento sopra para o lado certo.”

Sir Enrick: “Mas que porcaria de barco é esse?”

Capitão Kirk: “A hora que essa belezinha for para mar aberto vocês vão me agradecer por cada moeda que me pagaram.”

Então os quatro homens e uma tripulação composta por oito marujos, com dentes de ouro, com a pele castigada pela maresia zarpam do porto. Inicialmente eles manobram a embarcação com bastões de madeira empurrando-a apoiada no cais pois o barco não possue remos. Até que ela começa a pular nas altas ondas. Então quando as velas remendadas e encardidas se abrem o navio começa a correr e por ter tamanho pequeno e ser leve ele vai cruzando com certa facilidade as ondas e o mar brabo. O capitão Kirk vai no timão fazendo um movimento de zigue e zague para pegar o vento em um melhor ângulo e atingir as ondas de frente. De lado o barco viraria e seria fatal. Ele não desvia a atenção do mar. Por vezes quase que a embarcação vira. Debaixo de seus pés a água entra por entre as tábuas do costado.

Capitão Kirk: “Peguem os baldes homens! Ajudem! A Louise é temperamental e sempre faz água! Viajaremos hoje por todo o dia e acredito que amanhã ao anoitecer vocês estarão na terra dos bárbaros.”

O pequeno barco, cruza o mar perigoso da costa Britânica. Em breve os heróis desembarcarão em território inimigo e qualquer passo em falso poderá ser fatal.

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