quinta-feira, 8 de julho de 2010

Aventura 11: A Guerra dos Herlews, ano 489, Parte II


Ao anoitecer, no ano de 489, inverno, faz muito frio e venta em alto mar dificultando Sir Enrick, o Barão Algar, Edwin e o Príncipe Madoc de dormirem no convés. Incansavelmente o Capitão e seus marujos atravessam a madrugada no leme. Então os heróis descem até ao porão do navio e encontram peles de carneiro para se proteger. Em meio a parte da tripulação que descansa ali também os homens dormem.

No dia seguinte pela manhã ao acordar percebem que o barco está parado. O mar está liso e cai uma fina garoa.

Capitão Kirk: “Bom dia viajantes! O vento parou de soprar! Teremos que esperar”

Passado aproximadamente três horas de calmaria, derrepente, Sir Enrick avista no horizonte um barco, não muito maior que o Loise. Eles navegam impulsionado por remos. As cotas de malha brilham ao sol indicando que os homens à bordo estão armados.

Capitão Kirk: “Piratas. Droga, em meia hora estarão sobre nós! Preparem-se para a abordagem!”

Edwin: “Pelo menos me dêem uma espada ou uma adaga, assim terei alguma chance de sobreviver.”

Sir Enrick: “Fique com a minha adaga. Use-a bem!”

Quando o barco inimigo se aproxima eles vêem a carranca de um demônio na proa, os homens usando elmos com proteção no nariz, cotas de malha, escudos redondos. Tem cabelos compridos e parecem cada um de uma etnia (pictus, celtas, saxões, romanos, nórdicos). Mais perto eles atiram ganchos e começam a puxar até que os barcos se chocam. Eles pulam imediatamente para dentro do Louise. Capitão Kirk e seus homens sacam espadas curvas e os heróis preparam-se para o combate.

O Barão Algar ataca girando o seu machado por cima da cabeça. O primeiro golpe degola o homem. O inimigo, também armado com um machado erra e a arma assobia no ar. Algar derruba o homem com um chute nas pernas. Ele cai se apoiando na murada de lado e quando o pesado machado dourado de duas faces abre o dorso do homem ele fica tremendo em espasmos no convés.

Sir Enrick acerta com a parte de cima do martelo o meio do rosto do inimigo que tem os ossos da face quebrado turvando-lhe a visão. O inimigo desesperado ataca com a espada que se choca contra a cota de malha do Cavaleiro que sente somente uma pancada em seu ombro. Enrick ergue o martelo em um giro de baixo para cima e acerta o meio da testa do inimigo que tem o seu crânio aberto em pedaços.

Príncipe Madoc no primeiro golpe afasta o escudo de seu inimigo, aciona a lâmina no cabo de sua espada cravejada de pedras preciosas e da direta para a esquerda degola seu adversário que senta no banco do navio segurando a garganta sangrando e é decapitado com o movimento contrário com a lâmina principal.

Capitão Kirk, vai recuando com o pirata o olhando com um sorriso achando que ele vai ser presa fácil, mas quando passa próximo a vela, Kirk corta a amarra e o mastro gira 90 graus e acerta o homem que cai de quatro aos seus pés. Sua cabeça rola sem corpo em um piscar de olhos. Os outros marujos, um é morto com um machado lhe abrindo o crânio mas um outro tripulante degola o pirata por trás e depois lhe atira o corpo ao mar.

Edwin, o saxão, espera o golpe do seu adversário, ele gira e o homem tenta lhe acertar com o escudo, ele dá um passo ao lado, o escudo bate na murada e quando o pirata o procura, Edwin já tinha girado saindo do seu campo de visão e o atravessa na altura das costelas

Os outros homens também são neutralizados. Sem ter quem manejar o outro barco eles acham no porão do barco inimigo garrafas de rum e doze libras em pedaços de prata, fruto de saque. Depois de algumas horas o vento volta a soprar e a temperatura a cair. Depois do almoço Louise começa a correr novamente. Passa-se metade do dia e o mar permanece bastante agitado. Até que um dos marujos grita: “Terra à vista!” O barco desliza nas ondas, os marujos recolhem as velas até que finalmente com um solavanco Louise encalha na praia.

Capitão Kirk: “Estão entregues, bem vindo a terra sem lei, Sussex!”

“Desçam marujos e empurrem, iremos esperar vocês em alto mar. Quando retornarem acendam uma fogueira na praia que voltamos para pegá-los. O que tiverem que fazer aqui... boa sorte!”

Os heróis agradecem então somem na noite escura e gelada da costa saxônica. Edwin para por alguns instantes e deixa o vento de sua terra bater no rosto. Na praia enquanto caminham decidem acampar na floresta que faz fronteira com a costa.

Edwin: “Floresta Perdue! Sejam bem vindos!” (ironicamente).

Rapidamente as temperaturas despencam e anoitece.

Madoc: “Todo o cuidado é pouco nesta terra!”

Edwin: “É estranho estar de volta. Nasci aqui, lutei pelo meu povo e fui preso por isso. A única coisa que vale a pena nisso tudo é poder ajudar meus filhos. Minhas 3 meninas, 2 meninos e uma linda mulher chamada Mirth. Mas, teremos que ser rápidos se não nos protegermos desse frio morreremos congelados. Peguem aquelas madeiras ali e vamos cavar. Me ajudem a fazer exatamente um buraco que caibam quatro pessoas sentadas, com uns cinco palmos de fundura.”

Depois de feito Edwin vai até uma árvore retira uma palha amarela de samambaia e reveste todo o buraco. Depois usando troncos finos faz uma armação e a cobre de folhas longas entrelaçadas. Depois de duas horas quando cai a noite eles tem um abrigo.

Edwin: “Somando as peles que usamos, um pequeno lúmen que acenderemos aí dentro. Acho que conseguiremos passar a noite aqui e amanhecermos vivos. Pelo menos pelo frio não seremos mortos. Ficaremos apertados aí dentro mas o objetivo é esse. Assim o calor não escapa.”

Sir Enrick: “Eu tenho rum que trouxe do barco. Bebam isso pode ajudar.”

O frio é insuportável. Começa a nevar. Sir Enrick é o que sente mais, quase não dorme e treme a noite inteira.

No dia seguinte, pela manhã, acordam e quando levantam a cobertura para sair do buraco tem que fazer força. Ela está cheia de neve.

Edwin: “Vamos caminhar para o norte. Devemos chegar ao Forte Magouns no meio da tarde.”

Barão Algar: “Mas o forte não fica à oeste daqui?”

Edwin: “Não é ao norte. Com toda essa confusão eu tinha perdido um pouco o senso de direção.”

Então começa a caminhada pela floresta. Pouca luz entra por entre as copas das grandes árvores. O chão está congelado coberto de folhas secas. O terreno é irregular, por vezes sobe e por outras fica plano. As raízes das grandes árvores dificultam a caminhada.

Então Enrick ouve sussurros de uma língua estranha, uma voz feminina nervosa e outra mais grave, provavelmente de um homem vindo depois de uma subida. Ele em silêncio avisa aos outros e resolve se esgueirar pela subida até uma árvore. Retira a sua cota de malha e silenciosamente, passo por passo, chega no topo da pequena colina cheia de raízes das grandes árvores. Ele se depara com dois homens de cabelos longos pretos e barbas longas. Loriga de couro. Não usam escudos nem elmos. Usam botas de pele. Estão de costas. De está frente uma mulher nova de cabelos castanhos soltos, vestido de lã sujo de terra e duas crianças descalças, cada uma, usando peles de carneiro. Eles estão de joelhos e olham para o rosto de seus algozes. Eles choram.

Um dos saxões dá um tapa com a parte de fora da mão na mulher que cai com o rosto na terra chorando. E ele tira das mãos dela uma alforje. Sir Enrick retira uma flecha de sua alijava. Encaixa com cuidado na corda de cânhamo de seu arco. Olha as folhas e sente para onde o vento esta soprando. Então puxa silenciosamente a corda até atrás da orelha e dispara. O primeiro homem cai morto com uma flechada nas costas na altura do coração. Muito rápido Enrick saca outra flecha e dispara. Ele acerta o pescoço do outro que cai de joelhos emitindo um chiado agudo e assustador. Os dois estão mortos.

Então as crianças se aproximam e Edwin faz um carinho na cabeça delas. Elas sorriem. A mulher levanta com a ajuda do Príncipe Madoc.

Madoc: “Está tudo bem?”

Ela responde em sua língua.

Edwin traduz: “Ela disse obrigado!”

Ela começa a falar muito feliz com ele e Edwin balança negativamente com a cabeça. Ela abaixa a cabeça.

Barão Algar: “O que ela está falando?”

Edwin: “Ela achou que vocês também eram saxões.”

Madoc, Algar e Enrick se afastam e decidem levar a mulher com eles até Magouns e deixam Edwin e ela irem embora quando chegarem lá. Os heróis percebem que a mulher e Edwin conversam bastante na língua deles.

Então o grupo segue pela floresta por mais algumas horas. Compartilham um pouco de queijo e pão com a mulher e as crianças e vão caminhando. A umidade da floresta gela até os ossos. Eles ouvem somente o som de um riacho próximo, chegam em um lugar plano e passam por um corredor de árvores.

Sir Enrick avista dois homens cada um de um lado da trilha. Eles estão na frente de duas grandes árvores. Sir Enrick alerta à todos que parão e observam. Então vêem cada homem gritar um para o outro e em sincronia, com as suas barbas longas, cortar algumas amarras. Duas árvores enormes de quinze metros de altura e com troncos de uns cinco metros de diâmetro caem na frente deles. A passagem está bloqueada. Quando viram uns quinze saxões estão armados lhes cercando. Sir Enrick faz um movimento para pegar uma flecha. Mas nota que em cima dos galhos das árvores em volta existem homens com arcos prontos para disparar.

Madoc: “Nem pensem em se mexer!”

Edwin fala com os homens em sua língua. Eles imediatamente o retiram do grupo. O homem com mais braceletes, que parece o líder, fala algo. Edwin traduz.

Edwin: “Larguem as armas ou eles o matarão.”

Madoc: “Vamos com calma!”

Então os homens amarram as mãos deles com cordas de cânhamo e o tornozelo um no outro. Então, agora mais tranquilo, os saxões cumprimentam e abraçam Edwin. Parecem ser conhecidos. Ele diz algo aos saxões, eles concordam. A mulher salva por eles vai abraçá-lo.

Edwin: “Estou indo para a casa!”

Depois de caminhar pela floresta, atravessarem uma ponte de madeira onde por baixo passa um riacho de pedra, uma clareira se abre e chegam em um assentamento saxão. Existem pelo menos trinta casas dispostas em círculos de dez cada um. São habitações redondas de pedra e telhado de palha em forma de cone. No centro do assentamento existe um totem de madeira de cinco metros com o símbolo de um martelo. Em um monte de terra feito pelos homens do clã foi construída a maior casa, provavelmente a do chefe. Quando adentram ao centro da vila eles vêem uma centena de habitantes circulando. Algumas mulheres carregam cestos de palha com grãos, algumas crianças brincam com cavalinhos de madeira, alguns cachorros bebem água na lama. Um homem martela uma espada perto de uma forja. E outros conversam. Todos parecem estarem magros e cansados. Quando são levados próximos ao totem todos param seus afazeres e os observam, alguns cospem no chão os amaldiçoando. Os olhares são de ressentimento. Várias pessoas quando vêem Edwin se aproximam e o cumprimentam com alegria. Uma mulher de cabelos longos negros e quatro crianças se aproximam e o abraçam. Ele parece animado por um instante, mas logo lágrimas saem de seus olhos.

Edwin: “Uma das minhas meninas morreu de peste no último inverno! Coisas da vida. Por hora vocês ficarão por aqui.”

Então ele chama a vila inteira e aponta para os heróis falando em seu idioma. Um dos homens parece não gostar, depois outro discute com ele e no final todos concordam. Os heróis são amarrados em uma estaca próxima e deixados sentados em círculo um de costas para o outro em uma construção com paredes de pele. Uma fogueira aquece o interior do local. Um ou outro cachorro vem cheirá-los. Uma mulher velha e corcunda, magra com a pele nos ossos aproxima-se apoiada em um cajado. Ela veste um manto cinza de lã. Na sua boca não existem dentes. Ela parece ser cega. Seus cabelos são longos e brancos. Fala em sua língua enquanto que com um ramo de ervas em uma mão e um esfumaçador em outras lhes dá passes. Depois de um tempo ela vai embora.

Até que anoitece e tochas são acessas por todo assentamento. Os Cavaleiros vêem um grupo formado por quatro saxões chegarem trazendo uma carroça puxada por dois deles com um corpo em cima. É o cadáver de um guerreiro. Está com a armadura de couro rasgada e um grave ferimento no peito. Está pálido. Seu escudo redondo e a espada estão ao seu lado. O elmo também está todo quebrado. Os locais se aproximam e muitos deles choram. Logo chegam os outros guerreiros vindos da floresta, alguns machucados apoiados pelos outros, outros carregando outros corpos. Uns trinta chegam ao todo. Uma mulher sai da maior casa da vila. E os três a reconhecem, é a mulher que foi salva na floresta por eles. Com o lado direito do rosto roxo do tapa que tinha levado. Ela abraça o morto e chora. Os outros tentam consolá-la. Ela fala algo para todos e aponta para os heróis cativos. Todos escutam em silêncio e os olham. Edwin também está ali e fala os olhando. Então levam o corpo para dentro da grande casa. Os outros que chegaram também vão cada um para sua. Ali fora ficam uns oito sentinelas que andam de um lado ao outro durante a noite. Pessoas entram e saem da cabana principal durante a madrugada.

A mulher que salvaram traz água para cada um de vocês. Ela sai séria. Durante a madrugada eles vêem por entre as peles que servem de paredes, alguns homens construírem com martelos e amarrarem uma pira de troncos de árvores. Amanhece, e de exaustão por hora eles dormem e acordam várias vezes. No meio da manhã, possivelmente um escravo, abre algumas peles permitindo a visão do totem e do centro da vila. Todos do assentamento vêem o corpo do guerreiro que chegou morto na noite anterior embrulhado em linho, somente com o rosto à amostra, ser colocado na armação de madeira. Todos ficam de cabeça baixa quando um saxão acende a pira que começa a arder consumindo o corpo. Muitos se emocionam. Edwin está com a sua família. Enrick, Madoc e Algar quase não o reconhecem. Ele está limpo vestido com uma loriga de couro, braceletes de ouro com runas nos braços. Uma espada na cintura, barbas e cabelos aparados. Usa uma bota de pele. Uma capa de urso negro lhe cobre os ombros.

Depois que todos se dispersam ele se aproxima com cinco homens. Dois deles já são bem mais velhos. A velha também está com eles. Ela senta na frente dos heróis com as pernas cruzadas, ela parece repetir um mantra e estar em transe, e tira de uma algibeira ossos que parecem ser humanos e os joga no chão. Tateando ela os encontra e os atira novamente. Então ela fala algo para eles que concordam, conversam entre si, depois Edwin lhes dirige a palavra.

Edwin: “Serei sincero com vocês. Estive preso em Sarum e foi o inferno ser jogado naquele calabouço escuro e frio. Vi vocês matarem muitos dos meus. Mas a situação é extrema para ambos os lados. E situações extremas exigem medidas extremas. Para vocês Britânicos nós somos todos iguais. Mas na Bretanha existem Saxões, Anglos, Francos e Jutos. Vocês nem sabem com quem lutam na maioria das vezes. Ontem nós salvamos a esposa do chefe dessa tribo, da minha tribo. Infelizmente Britânicos, tive que trazer vocês para cá. Se fôssemos ao forte Magouns seríamos mortos antes de chegarmos perto da paliçada. E, entendam, eu não tinha garantia nenhuma se me prenderiam ou me matariam depois de ter levado vocês lá. Já soube de seu apelido Algar e que tem espalhado a morte por onde passa. É isso que seus inimigos dizem de você.”

“Como podem perceber estamos em guerra. A minha tribo e outras três próximas estão há dois anos lutando contra os jutos do Rei Finn. São traidores. No concílio das tribos do Sul da ilha, ano passado, mataram seus próprios convidados do clã que eram nossos aliados. Desde então estamos enfraquecidos e eles nos roubam e nos escravizam. Por isso minha gente nunca pode pagar resgate ao seu rei para me libertarem. Pensei que meu clã tinha me esquecido. E foram dois destes Frígios que matamos ontem para proteger Heler, esposa de nosso líder do clã. E quando a minha tribo soube o que aconteceu foi a desforra. Fomos atrás de alguns bandos do Rei Finn e matamos vários deles, mas infelizmente nosso líder Beornric tombou ontem em batalha. Era meu irmão e agora eu sou líder dessa tribo. O Clã dos Wulf. Mas a verdade é que os jutos estão com sua mulher no forte Magouns Algar.”

“Pela nossa tradição quando somos salvos por alguém temos uma dívida com essa pessoa. Que deve ser paga imediatamente. Minha cunhada me fez jurar de que eu pagaria essa dívida à vocês, ou nossos deuses se irritariam. Eis aqui uma proposta. Eu junto homens das tribos que me são fiéis, fazemos um plano e atacamos o forte dos jutos. Libertamos sua mulher e vocês nos ajudam a vencer o nosso inimigo. Depois me deixem partir e eu lhes dou um salvo conduto para ir embora de Sussex. Tens minha palavra que ninguém de meu povo irá lhes encostar em um fio de cabelo de vocês já que a nossa feiticeira disse que sem vocês não venceríamos o inimigo. Mesmo tendo aqui em Cavaleiro, um Barão e um Príncipe. Temos um acordo?”

Barão Algar : “Parece um acordo justo!”

Então Edwin dá ordens aos seus homens. Eles os desamarram.

Edwin: “Suas armas serão entregues quando partirmos para combate. Para a sua segurança e a do meu povo. Vamos a minha casa agora.”

Então os Cavaleiros e Edwin se dirigem a maior casa da vila em cima de um monte. Os saxões os acompanham com um olhar raivoso. No interior o teto é sustentado por vigas feitas por troncos dispostos transversalmente. O lugar é iluminado por tochas. Um trono de madeira entalhado existe no fundo do lugar e tocos de árvore estão disposto formando um círculo com o acento principal. O piso é coberto por peles de animais. Uma fogueira está acesa em um retângulo feito no chão. Uma panela de ferro com dois escravos irlandeses preparando a comida é suspensa acima do fogo. Escudos redondos com cores variadas decoram as paredes. Um crânio de urso foi colocado na coluna de madeira atrás do trono. O estandarte vermelho com a cabeça de lobo desenhada em cor preta desce do teto até o chão. Vários lobos cinzas andam farejando pelo salão.

Edwin: “Sentem-se!”

Então cinco homens entram pela entrada principal na lateral da construção. Eles são fortes e rústicos. Dois deles portam machados, dois espadas e o último, com cabelos avermelhados e tapa olho leva um martelo de guerra. Todos estão usando peles para se protegerem do frio. Tem barbas longas e vestem cotas de malhas. Dois deles tem a barba enrolada em tranças. Todos tem cabelos longos, dois são loiros, um ruivo e dois cabelos castanhos castanhos. Nos braços alguns possuem vários braceletes de ouro. Outros tem menos. Usam armaduras de couro amarradas e alforjes nas cinturas. Nos pescoços um martelo. Usam botas com pele. E tem tatuagens sagradas. Entram, os encaram sérios e sentam cada um em um banco no lado oposto.

Edwin: “Estes são meus homens de confiança. Meus primos Culinan, Aethelwold (cabelos castanhos). Meu irmão mais novo Wistan (ruivo), (usa um tapa olho). E meus amigos de infância Sithric, Egbalth (loiros). Eles comandam os meus clãs aliados. E nos ajudarão no ataque. (olha para os escravos). Irlandeses, sirvam hidromel à todos.”

“Meus homens não gostam de vocês, nem vocês deles. Mas no momento precisaremos um do outro.”

Então ele fala na língua saxônica a mesma coisa que tinha dito à vocês e os homens de Edwin concordam com a cara séria. Os escravos Irlandeses trazem um estômago de porco costurado e recheado com algo que não cheira muito bem no interior e é servido para todos em pratos de madeira e comido com as mãos. Algar e Madoc se empanturram com a comida exótica. Sir Enrick passa mal e vomita. Todos riem e fazem piadas. O Cavaleiro fica com vergonha.

Sithric fala algo para Edwin.

Edwin: “Ele quer saber onde consegui a corneta dourada?”

Sithric retira seu punhal e levanta. E aponta para Algar.

Edwin: “Ele diz que pertencia a seu irmão, Egbert!”

Barão Algar: “Foi em uma luta justa!”

Edwin se coloca entre os dois e retira o punhal da mão do saxão loira. Ele senta com cara de contrariado. Edwin fala em tom pesado com Sithric que se acalma.

Edwin: “O forte Magouns está em cima de um monte de terra barrenta negra rodeado por um fosso. Antes existem um labirinto com estacas e armadilhas que rodeia o lugar. Ao lado passa um grande rio. Torres de sentinelas com lanceiros, protegem os muros pontiagudos de madeira. Cem homens armados com machados, espadas e lanças protegem o forte. Se ouve um som assustador nas madrugadas silenciosas trazidos pelo vento. Como se fosse de um gigantesco tambor, só que mais alto. Alguns dizem ser o coração do dragão que protege a colina. O comandante do forte, responsável por toda morte que ronda nas florestas de Perdue é Ordric, cara de sangue. Um dia terei os miolos do maldito em meu machado. Enfim o forte é inexpugnável e ninguém jamais o tomou. Reunindo os clãs de meus homens teremos sessenta guerreiros para lutar ao nosso lado. O que vocês acham?”

Barão Algar “Acho que um ataque noturno usando as sombras e se movendo na escuridão seria uma forma de equilibrarmos a nossa inferioridade numérica. Sem falar na posição no alto do monte favorável as defesas do inimigo.”

Edwin: “Vocês lutarão com o clã de Wistan, meu irmão!”

Wistan escuta seu nome, Edwin fala com ele. Parece contrariado, discutem. Edwin dá um soco no meio da cara dele. Wistan se acalma e olha pra vocês sacudindo a cabeça negativamente.

Edwin ri: “Ele diz que não vai aceitar ordens de bastardos celtas! Bem, vocês ficarão aqui dentro e não sairão daqui para o seu próprio bem. Amanhã os clãs se renuirão na fronteira da floresta de Perdue e iremos combater. Terão suas armas no momento que eu achar melhor.”

Então os homens e Edwin, sem olhar para os três britânicos, se retiram. Guardas são colocados ao redor da grande casa. Comida e bebida são deixadas ali.

Pela manhã Edwin entra ali: “Vamos, chegou a hora!”

Quando os três britânicos saem da grande casa o clã de Edwin aguarda com dez guerreiros lá fora. Os homens observam sérios. Estão todos vestidos para a guerra com armaduras de couro. Botas de pelo de urso e elmos abertos na frente. Eles carregam adagas, espadas, machados e martelos. Cada guerreiro tem um escudo redondo pintado da cor de seu clã com uma boça de ferro no centro. Chama a atenção que um dos escravos Irlandeses, o mais novo, provavelmente com dezesseis anos, está indo junto. Alguns guerreiros carregam alforjes de couro grande que parecem estar cheios de líquido.

Edwin: “Nos encontraremos com os outros clãs de outras vilas à leste do rio. Depois desceremos para o sul até a borda da floresta onde poderemos mandar batedores e planejarmos melhor o ataque. Vamos!”

Então, seguindo o sol, caminham pela mata em direção ao oeste. A floresta tem o chão congelado. Algumas vezes eles vêem lobos e algumas águias guincharem no alto. Flocos pequenos de neve flutuam como cinzas no ar. O chão é coberto por folhas e está duro, coberto de gelo. Eles também percebem que os saxões caminham sempre em marcha forçada e se deslocam com muita velocidade. Agora entendem como conseguem cruzar a fronteira rapidamente, saquear e retornar sem serem pegos. Ao meio dia param à sombra de uma parede de rochas. Vários cipós descem lá de cima. Os heróis sentam bastante cansados. OS saxões parecem comentar a respeito e riem. Um deles oferece um alforge de água. Edwin trás um pedaço de carne seca oferece a eles. Um dos homens aponta o pescoço de Algar e falam a palavra “Thunor”, “Thunor”

Edwin para Algar: “Eles querem saber porque você reza para o Deus Thunor?”

Barão Algar: “É o deus dos meus antepassados. Aqueles que deixaram o norte e migraram para a ilha. Na verdade ele é o mesmo. Só que o chamo de Thor.”

Edwin: “O certo é Thunor! Parece que meus guerreiros não odeiam mais tanto vocês.”

Então seguindo viajem depois de algum tempo caminhando eles escutam o som do rio se aproximando. Edwin ergue a mão. Todos param e ficam silenciosos. Ele faz um som imitando uma coruja. Do outro lado respondem. Então um grupo com uns cinquenta guerreiros saxões aparecem. O que surpreende é que eles estavam muito próximos e totalmente ocultos na floresta. São os homens de confiança de Edwin e seus clãs. Eles se cumprimentam. Eles se sentam em grupos de dez e doze homens e várias fogueiras são acessas para se aquecerem. Dois homens são enviados por Edwin e partem para Magouns como batedores e assim os britânicos aguardam o retorno deles enquanto sentam em círculo com Culinan, Aethelwold, Wistan, Sithric, Egbalth.

Edwin: “Culinan está preocupado se vocês darão conta de combater.”

Egbalth fala sério em sua língua: “Egbalth diz que a sorte as vezes pode até salvar um homem mas só se ele tiver coragem. E quer saber o que vocês acham disso.”

Barão Algar: “Eu concordo!”

Edwin: “Aethelwold diz que vocês estão acostumados a lutar montados e que no chão o combate é bem diferente.”

Barão Algar: “Estamos acostumados sim a lutar no chão. A Cavalaria é uma vantagem que não abrimos mão, mas nas últimas campanhas temos lutado a pé nas paredes de escudo.”

Wistan parece discutir com o Aethelwold.

Edwin: “Olha só, Wistan defendeu vocês! Tempos estranhos estes! Sithric quer saber de vocês porque estão mudando de Deuses. Os vários que acreditam já não são suficientes? Este deus preso na cruz dos romanos não parece forte como Odim ou um guerreiro como Thunor.”

Sir Enrick: “O Deus novo é único, mas as pessoas que o cultuam nem sempre são más. São as pessoas que querem poder que o usam errado.”

Edwin: “Wistan disse que uma vez quando invadiram a Britânia um padre disse que o seu Deus fazia milagres e que fazia milagres. Joguei uma lança nele, depois duas, na terceira já estava morto. Não vi nenhuma magia acontecer. Egbalth disse que um dia a Britânia será deles e que se quiserem se juntar a eles serão bem vindos!”

Os Britânicos riem junto com os saxões.

Edwin: “Homens, lutaremos ao anoitecer de amanhã. Teremos tempo de nos preparar adequadamente.”

Então vem a noite e uma neblina cai deixando a noite com as temperaturas abaixo de zero. E todos começam a ouvir o som do gigantesco tambor. Todos se olham amedrontados. Os saxões tocam os martelos de Thunor pendurados no pescoço. O frio é intenso e fica impossível ficar ali. Os homens conhecedores da região preparam uma caverna próxima para passar a noite, tirando alguns bichos entocados e uns ossos. Todos entram e se preparam com as peles trazidas para dormir. Sithric traz três cobertas de pelagem de urso e lhes dá. Com a fogueira no interior e longe da entrada a temperatura beira o suportável na floresta úmida.

Algum tempo depois muitos homens já dormem e os roncos ecoam pelas paredes de pedra da caverna. Os heróis percebem também que não foi colocado ninguém de sentinela apesar da fumaça que sai do interior da caverna. Algar chama a atenção de Edwin para tal fato.

Edwin: “Sentinelas? Esses Britânicos! Quando nascemos nosso fio já foi tecido pelas fiandeiras. Se morrermos era porque o nosso destino já estava determinado desde sempre, nem um minuto a mais nem a menos. Sentinelas! O medo não nos serve de nada.”

Durante a madrugada todos os saxões dormem no acampamento despreocupadamente.

Barão Algar: “O que você acha alteza?”

Madoc: “Ficar sem sentinela o c...! Vamos nos revezar. Estes saxões contam com a sorte sempre.”

Então os três se revezam como sentinelas próximos a entrada da caverna. No turno de Algar ele escuta o som de galhos quebrando, passos e uma respiração acelerada. Surgindo na entrada escura, ao amanhecer, em meio a neblina chega um dos batedores que tinham partido no fim da tarde. Ele está em péssimas condições. Branco de frio. Sem elmo com a armadura de couro danificada. O rosto cheio de ferimentos. E com os olhos cheio de medo. Edwin enche um chifre de hidromel e dá para ele beber, enquanto o homem se cobre com peles e se aproxima da fogueira. O batedor fala em sua língua com Edwin que traduz.

Edwin: “Nos aproximamos e observamos escondidos pela noite de cima de uma árvore alta que desse possibilidade de enxergarmos parte do interior do lugar e nada. Depois descemos e a medida que chegávamos mais perto lanças voaram, armadilhas dispararam e um bando de homens mascarados como criaturas das profundezas nos atacou. Erick, o outro batedor, foi morto. Eu me joguei nos arbustos e rastejei no gelo até o sul. Algum tempo depois achei o rio e acompanhei a margem até aqui. Desenharei no chão para mostrar o que vi.”

Descrição do forte Magouns: O forte tem duas torres de vigia com bases largas. Com dois lanceiros. A paliçada tem uns seis metros de altura. Com estacas pontiagudas. Dois portões de madeira ao sul. O lugar fica no alto de um morro de barro escuro. No interior existe um pátio também de terra. E no fundo ao norte do portão os alojamentos. Um foço protege o lugar na base do morro. A mata acompanha a face norte e oeste. O rio fica no oeste próximo há uns dez metros da construção. Existe um moinho e uma ponte maior que a largura de uma carroça onde dá para atravessar o rio. Os jutos usam a ponte para levar grãos para alimentar os soldados.

Edwin: “Temos um líquido que trouxemos nos alforjes grandes. Chamamos de bafo de dragão. Aprendemos a fazê-los quando invadimos terras além do horizonte no oeste. Precisamos levar alguns deles até o muro lá em cima e ateá-los fogo. O que vocês acham?”

Barão Algar: “Podemos atear fogo no moinho, realizar um cerco e os matarmos de fome.”

Sir Enrick: “Um cerco só com sessenta homens seria inviável.”

Edwin: “Eles poderiam também usar sua mulher como refém. Por isso precisamos realizar um assalto rápido.”

Madoc: “E temos pouco tempo, se demorarmos Odirsen II poderá desferir o primeiro golpe com o seu exército.”

Edwin: “Algar, isto tem que ser feito com cuidado pela face oeste do forte. Do contrário pelo Sul e pelo Leste, onde estão os portões, ficaríamos exposto na planície e no norte queimaríamos os alojamentos onde pode estar cativa Lady Adwen. Se viermos da floresta na face norte podemos chegar no oeste pelo rio tendo a chance de usar a mata para nos ocultarmos.”

Barão Algar: “Exatamente! Vamos fazer isso!”

Os guerreiros e os heróis vão acordando. Depois de assarem umas linguiças e batatas e guardá-las nas algibeiras, para que não parem de caminhar nem mesmo na hora do almoço, a força saxônica parte em marcha. A caminhada é longa e novamente muito rápida, sempre seguindo o rio para o sul, com todos tentando manter silêncio a maior parte do tempo. Eles começam a rir e falar em suas línguas.

Edwin: “Eles estão perguntando se vocês na Britânia estão acostumados a sempre marchar como mulheres?”

Até que no fim da tarde chegam à fronteira da floresta de Perdue. Ainda não escureceu então o exército faz uma parada. Dali onde estão ainda não dá para ver o forte Magouns.

Edwin: “Estamos próximos. Hoje à noite lutaremos.”

Ele fala algo em sua língua e um saxão trás as suas armas. Os outros homens os observam.

Edwin: “Agora somos do mesmo exército. Usem da melhor forma as suas habilidades. Faremos da melhor forma a nossa parte e espero que vocês dêem o melhor e você Alga,r poderá ir com a sua mulher para casa.”

Os heróis concordam afirmativamente. Então ali, em meio as rochas na floresta com alguns homens sentados lá em cima outros embaixo, próximo aos britânicos, eles começam os preparativos para o combate. Vêem também os saxões carregando os alforjes de couro grandes cheios de uma substância com um cheiro ocre. Os guerreiros, um ajuda o outro a ajustar as suas armaduras de couro amarradas. Com fivelas ajustam os seus braceletes. Pegam um pó de uma algibeira e passam nas mãos. Encaixam os escudos e regulam a tira que usam para segurá-lo. Depois pegam suas espadas e machados e uma pedra de amolar e vão afiando as lâminas. Um deles passa a pedra de amolar para eles. Os saxões pegam um pedaço de carvão queimado que trouxeram na alforje e começam a pintar o rosto um do outro com riscos e formas.

Edwin: “Para camuflar! Culinan disse que se quiserem que os jutos os vejam brilhar no meio da noite como os seus brancos traseiros britânicos é melhor nem passarem carvão na cara.”

Joga um carvão queimado para os três que também se camuflam.

Então colocam os elmos e seus escudos e armas e ficam de pé aguardando. Eles olham um para o outro se incentivando. Fazendo sinais e concentrando forças para enfrentar o combate. Testando os golpes com as armas. Edwin fala com eles por um tempo. Eles respondem levantando as suas armas. Eles falam algo e apontam para os três britânicos.

Edwin: “Estão dizendo que agora na beira do abismo vocês lutarão lado a lado e que estão prontos a morrer juntos com vocês por isso! O Clã de Wistan está à postos, venham!”

Wistan se aproxima com os seus homens e os cumprimenta. Então todos começam a bater a cabeça um no outro e a gritar. E todos se aproximam para fazer o mesmo. Algar dá um soco no rosto de Enrick que retribui e os dois riem. Madoc só sacode a cabeça se divertindo com aquele bando de guerreiros loucos.

Edwin: “Para dar sorte Príncipe! Então vamos homens! Hoje é uma noite perfeita para morrermos!”

O exército saxão começam a caminhar todos armados, protegidos com as armaduras, cotas de malha e escudos em riste. O frio e o silêncio é enorme na noite escura e se deslocam para o sul seguindo a margem do rio pelo lado esquerdo.

Madoc: “Se espalhem e cuidado, se caminharmos muito juntos podemos ser presa fácil!”

Ao caminhar se esgueirando na escuridão vendo muito pouco o caminho. Usando as folhas para permanecerem ocultos. Eles se guiam pela pouca claridade que entra emanada pelas tochas no topo do monte. Derrepente um som seco seguido de um assobio cortando o ar é ouvido e um grito de dor de vários homens. Quando olham para trás vêem as pernas de alguns homens de Aethelwold caindo para um lado e os seus troncos para o outro. Pelo menos seis deles. Todos mortos instantaneamente. Duas lâminas em X montadas em dois longos bastões de madeira se cruzaram horizontalmente, disparadas por um tendão de búfalo, e cortaram os homens ao meio. Matando-os instantaneamente. Suas entranhas ficam espalhadas no chão fumegantes devido ao frio.

Madoc: “Esse lugar deve estar cheio de armadilhas. É o lugar mais vulnerável do forte. Prestem atenção, todo cuidado é pouco!”

Caminhando mais alguns metros eles avançam se movimentando com todo cuidado e devagar. Em silêncio ouvem o gelo quebrando no solo congelado e as respirações aceleradas de medo tentando atravessar o perigoso terreno. A mata se afunila e a trilha chega a ponte de arco de pedra que permite somente o exército passar em fila única para depois de atravessá-la poder dar a volta até a face oeste do forte. Então Sir Enrick enxerga no chão antes da entrada da ponte um fio, feito de cipó. Olhando as árvores ao redor acha dois troncos de cada lado da ponte, enormes, suspensos por cordas e duas lâminas prontas para cortá-las e esmagar quem passe por ali. Então Enrick sobe na primeira árvore, escorrega e machuca sua perna. Tenta mais uma vez, sobe até a primeira lâmina e com seu martelo a entorta. Desce, faz o mesmo na árvore do outro lado. Depois joga uma pedra e percebe que desativou o mecanismo.

Edwin: “Vamos! Ninguém disse que ia ser fácil!”

Então a força saxônica atravessa a ponte, viram para o oeste e depois para o sul novamente seguindo o reflexo das tochas que iluminam o forte. Depois de uma meia hora escondidos pelas sombras da noite e das folhagens caminham e conseguem ver na saída da floresta um morro de barro preto e um forte lá em cima. Somente a murada pontiaguda e as duas torres são vistas no topo. Tochas iluminam o lugar ao longo da paliçada e nas nuvens baixas a luz reflete em vermelho. O foço na base da colina está cheio de água e reflete também a luz. Antes existe um rio, uma ponte de madeira larga, cabendo duas carroças lado a lado e um moinho do lado de cá da margem. Ao lado da ponte o batedor que tinha morrido, está sustentado por estacas de madeiras. O corpo está perfurado por estacas pontiagudas disparadas por alguma armadilha que tinha no solo e o atravessa saindo pelas clavículas, topo do crânio e barriga. Sua expressão de dor com a língua para fora é assustadora. E um cheiro forte de alquimia emana do foço e chega em seus narizes.

Edwin: “O que vocês acham?”

Barão Algar: “Tem mais que água nesse foço.”

Edwin: “Vamos ver a profundidade disso!”

Edwin faz um sinal para Sithric que sinaliza à dois homens para se aproximarem do foço. Eles vão abaixados levando um bastão e passam por um trecho de uns duzentos metros atravessando a ponte até que chegam à beira do foço. Um deles se ajoelha e o outro coloca um escudo na frente dele para protegê-lo. Ele usa uma vara e mede a profundidade. Vira para trás mostrando a marca da água impressa na madeira. A profundidade é de aproximadamente 2 metros. Algar vê uma lança pegando fogo surgindo lá de cima. Ele grita alertando os homens. Ela cai em trajetória parabólica e vem descendo deixando um rastro de fogo até que atinge o poço que vira um inferno explodindo em uma bola de fogo grego que ilumina a noite e atinge os dois saxões que tentam escapar daquele inferno. Eles caem com o deslocamento de ar. Eles pegam fogo e debatem-se por um tempo até que morrem enquanto o foço arde em chamas. Mais nenhum guerreiro inimigo aparece.

Edwin: “Malditos!”

Os outros saxões sacodem a cabeça enquanto olham o muro de fogo que queima sem cessar. Começa um burburinho, os comandantes das unidades próximas brigam com seus guerreiros.

Edwin fala com Wistan que sacode a cabeça afirmativamente e depois dirige-se à Algar:

“Algar, os homens dizem que vocês vão ter que mostrar que são valentes se não irão embora imediatamente. Que não vão dar sua vida se vocês não demonstrarem que estão dispostos a morrer por eles também.”

Wistan neste momento enfia sua adaga no ventre de um de seus homens que estava mais rebelde. Todos os outros se calam.

Edwin: “Alguém mais? Algar, é melhor você subir com o Wistan e os seus homens para levar os sacos de fogo lá pra cima, lidere o ataque, mostre que é bravo e corajoso. Cuide para que os homens não ponham em lugar errado expondo sua mulher a mais perigo que ela já corre. É melhor Enrick ficar aqui e dar um tiro com uma flecha incendiária. Vamos por esses muros abaixo. Podemos atravessar pulando ou pensar um jeito melhor para fazê-lo. Alguma idéia?”

Barão Algar: “Bom, podemos pegar as peles que estamos vestindo, molhá-las e encharcarmos nossas roupas. Teremos que pular e atravessarmos o muro de chamas rapidamente para não nos queimarmos.”

Sir Enrick: “Ficarei aqui para disparar uma flecha incendiária.”

Então no meio da mata o clã se reúne e se prepara. Wistan beija o martelo de Thunor. Estão em 12 homens, já que Enrick ficará na base do morro. Primeiro os próprios homens de Edwin se aproximam com os alforjes com o bafo de dragão e os atiram na base do morro por cima das chamas. Lá de cima nenhum sentinela é visto e nem atiram neles.

Edwin: “Eles não conseguem os enxergar com todo esse fogo.”

Fazendo mímicas Wistan e Algar se entendem e no três os dois liderando e os outros doze homens se atiram contra as chamas. Devido ao peso da cota de malha, Algar cai no foço em chamas. Ele afunda na água pega impulso e quando sobe a superfície sente a mão de Wistan o puxa para fora das chamas com força. Algar tem os cabelos, barba e pele queimadas levemente. O morro é mole e úmido, o gelo do inverno está descongelado, provavelmente foi molhado pelos jutos para dificultar o avanço. Se apoiando com as mãos tentando subir eles avançam lentamente cada um com uma alforje cheio de combustível volátil.

Alguns metros depois lanças começam a zunir em seus ouvidos. Nos degraus de barro e nas sombras projetadas pela paliçada Algar, Wistan e seus homens tentam avançar sem serem notados. O Barão consegue mas, um dos saxões tenta se esconder atrás de um degrau de lama negra. Uma lança o atinge. Ele cai rolando morro baixo e cai no foço em chamas. Uma explosão ocorre devido ao saco de resina e piche que carregava.

Quando finalmente vão chegando no topo, existe uma faixa plana de uns 20 metros até o muro. O ângulo das torres de vigia, construídos no centro do forte para proteger todos os lados, não permitem mais vê-los ali. As lanças dão uma trégua.

Neste momento alguns jutos surgem em cima da paliçada e começam a jogar pedras tentando remover os alforges. Sir Enrick mira, diminui a respiração, os batimentos cardíacos. Puxa a corda e a flecha risca a noite e acerta as algibeiras. Quando a explosão ocorre ela ilumina o forte Magouns e nesse momento Algar, Madoc, Wistan e seus homens atingem a base da colina. O fogo cobre toda a paliçada e os homens que estavam ali atirando lanças e pedras são arremessados para dentro do lugar gritando em chamas. Os saxões comemoram. E o tambor volta a rugir em cima do muro. Todos ficam em silêncio novamente.

Wistan e Algar umedecem as peles de urso no morro na terra molhada e saltam novamente pelo muro de fogo. O Barão consegue, desta vez, atravessá-la. Wistan cai no fosso e Algar o ajuda. Ele sofre queimaduras leves. Os dois se cumprimentam e estão quites. No final da primeira hora de combate, dois homens que foram ao morro, tombaram com as lanças atiradas. Um deles está com uma delas traspassando-o no meio da espinha. Ainda está vivo e tenta se arrastar pelo morro. O outro morreu à meio caminho do topo. E ainda um dos homens, mais baixo que os outros caiu dentro do foço e não conseguiu sair no meio da confusão e foi carbonizado. Sua caveira preta mostrando os dentes amarelos fica flutuando enquanto é consumida pelas chamas. Seu alforje rolou para dentro do poço e explodiu.

O clã de Wistan e os heróis ficam reduzidos a nove guerreiros.

O Muro está em chamas e uma coluna de fumaça preta sobe para o céu encoberto.

Madoc: “Vamos esperar! É só uma questão de tempo para o muro ceder.”

Então, três homens com baldes de madeira surgem no alto da paliçada tentando apagar o fogo. Enrick saca suas flechas e atira. O primeiro homem leva uma flecha por entre o pescoço e cai para o lado de dentro. O segundo olha para o homem atingido e é flechado no olho. Tenta puxá-la enquanto urra de dor, sumindo também. O terceiro se expõe pendurando-se, consegue jogar um pouco de água mas leva uma flechada nas costas e cai lá de cima rolando pelo morro até atingir o fosso.

Depois desses três homens serem abatidos nenhum outro apareceu para tentar apagar as chamas que estavam consumindo a murada. Os homens começam a gritar algo, que os Britânicos não entendem, apontando para Enrick. Edwin começa a rir e bate no ombro do arqueiro.

Edwin: “Você agora tem um apelido. Eles te chamam: Enrick Flecha Ligeira.”

No início da segunda hora de combate, depois de algum tempo todos escutam um som. A muralha inteira estala enquanto o fogo a consome. Então a paliçada começa a ceder e se inclinar para frente. Quando finalmente as cordas que unem os troncos, que formam o muro, são consumidas, ela vem abaixo. Várias partes de estacas vem rolando em chamas e brasas. Empurram os corpos que ficaram caídos e são arrastados até o foço. A grande quantidade de madeira traz uma grande massa formada por barro, troncos e água. Ela entope o foço em muitos pontos apagando o fogo grego. Todos comemoram.

Edwin: “Tragam o Irlandês!”

Então nesse momento o escravo Irlandês é trazido. Ele olha assustado, Edwin o joelha, o garoto se debate um pouco mas é dominado quando o saxão o pega pelo pescoço e grita: “Thunor!” e corta o pescoço do garoto em nome de seu deus com a adaga espirrando sangue para todos os lados.

Edwin: “Preparem-se! Vamos subir!” Ele diz enquanto o corpo do garoto cai sem vida.

O sacrifício parece ter deixado os guerreiros mais entusiasmados, agressivos e fortes. O irmão de Egbert, Sithric, se aproxima e fala para Algar e Edwin traduz.

Sithric: “Se você tombar pelas mãos do inimigo posso ficar com o chifre de ouro? Não se preocupe, não roubo e não traio. Conquisto através de uma luta justa como você fez contra o meu irmão. Ou peço, como é o caso!”

Barão Algar concorda afirmativamente com a cabeça.

Neste momento os homens ficam de pé em linha, cada líder de clã ao lado de seu grupo. Eles batem no escudo e falam em sua língua todos juntos. Os líderes vão falando algo para cada um dos seus homens. Eles vão ficando com os olhos cheios de ódio. E bem agitados. Então, todos começam a falar juntos e Edwin vai traduzindo:

“Eu olho para o meu passado. Séculos de sangue e glória. Pelas mãos de meus ancestrais vivemos. Com o aço de nossos deuses matamos. Pela sobrevivência de nosso clã nos sacrificamos. E através do tempos até o fim do mundo morreremos cobertos de glória no caos! Que nossos inimigos saibam que estamos prontos para matar ou morrer sem misericórdia. Os deuses estão sorrindo. Atacar!”

E todos os homens começam a correr em direção a ponte e depois ao morro. Pisam nas partes da paliçada que caíram e extinguíram o fogo no foço e começam a subir. Devagar vão avançando e subindo. Ninguém fala nada e todos estão com os seus escudos erguidos. Até agora nada. Então eles vêem vários troncos de carvalho lá em cima. Derrepente eles são rolados e começam a descer em velocidade alta. Alguns saxões pulam para o lado, outros conseguem achar um pequenos degrau na lama onde o troco salte e passe por cima. Outros com pouca sorte são abarroados com violência e as pesadas toras passam por cima de seus corpos esmagando crânios, quebrando ossos e levando outros até o foço onde muito feridos se afogam e morrem em agonia. Sir Enrick e o Barão Algar se protegem em um pequeno degrau, formado pelas ondulações do morro, que salta por cima deles sem atingi-los.

Sem ter tempo para pensar eles vêem o inimigo pela primeira vez e uma fila formada por vinte jutos. Uma grande parede de escudos redondos é formada. E por trás deles um outro grupo pode ser visto. E suas pontas de lanças surgem. E é aí que o inferno realmente se inicia, uma tempestade de lanças é atirada à esmo de trás da parede de escudos e começa a tirarvidas. Na escuridão da noite só se escutam os zumbidos e os gruindos de dor.

Na subida as lanças vão zunindo e passando próximas. Algumas acertam Enrick, o ferindo. Mas a cota de malha reforçada o protege dos ferimentos mortais. Algar, valente, sobe e somente um projétil o atinge desequilibrando-o, sem causar-lhe ferimento. Ele se agarra na lama gelada e continua a subir. No clã de Wistan dois homens foram mortos pela tora. Um jaz com o crânio aberto esfumaçando enfiado na lama gelada e outro com as duas pernas geme de dor paralítico há meio caminho da subida. Um outro terceiro foi transpassado por uma lança que o matou instantaneamente quando atingiu seu rosto. Nos outros clãs as perdas também foram pesadas. Duas dezenas de corpos cobrem o morro, eles estão em quarenta homens.

O clã de Wistan era formado por nove homens. Neste momento do combate totalizam seis.

Madoc: “Droga, muitos caíram! Traduza Edwin, lutem juntos, não dispersem, vamos em linha. Parede de escudos, parede de escudos. Por Adwen, Algar!”

Neste momento todos começam a ouvir novamente o som como se fosse um gigantesco tambor.

Edwin: “O dragão está acordando!”

No início da terceira hora de luta a força saxônica forma uma parede de escudos sólida. Ela está no topo do morro já na parte plana há vinte metros da linha inimiga. Os jutos estão todos usando máscaras de couros com pele. Eles batem as armas nos escudos os chamando para o combate. No fundo do forte, perto da outra parede iluminada pelas tochas, um guerreiro de cabelos loiros longos e barba, com cota de malha e sem elmo observa de cima de um pequeno morro. Ao seu lado existe um bonito cavalo. Com uma machado ele abate o equino enquanto olha para seus inimigos. O animal cai se debatendo com o ventre aberto e o homem enfia a cabeça nas entranhas do cavalo e sai gritando com o rosto todo coberto de sangue, desaparecendo na parede de escudos.

Edwin: “Ordric cara de sangue!”

Do outro lado o inimigo bloqueia a entrada do forte Magouns com outra parede formada pelo mesmo número de homens que os saxões estão. Atrás deles o grupo que atirava lanças saca machados de uma face e os atiram por cima dos guerreiros que o protegem na vanguarda. Agora a formação do exército de Edwin erguem os escudos. Enrick, Madoc e Algar só escutam aquelas dezenas de machados baterem em suas proteções. Alguns homens vão caindo feridos ou mortos pelo caminho.

Finalmente as duas paredes de escudos estão frente a frente. A do inimigo estática tentando guardar posição. A dos saxões começa a caminhar. Os dois lados gritam um para o outro. O cheiro de álcool, os dentes amarelados, os cabelos e barbas sebosos enquanto gritos de insultos são proferidos mutualmente vão se aproximando. Com as armas em guarda protegidos atrás dos escudos dentro de seus elmos com a respiração acelerada as linhas se aproximam.

Madoc grita: “Cabeça de porco!, Cabeça de proco! Correr juntos!”

Edwin traduz e as forças de Edwin entendem imediatamente o que o Príncipe ordenara. Algar, Madoc, Enrick, Edwin e Wistan na dianteira, eles organizam os homens para tentar romper uma parede de escudos, uma formação em formato de ponta de lança, a melhor forma de romper uma linha inimiga estática se for realizada de forma correta.

Edwin: “Trombem com força, trombem com violência, morte, morte!”

Finalmente trombam com violência contra a parede inimiga, o som é de um trovão e os gritos de violência ecoam pelo morro maldito. Com o forte impacto a linha inimiga recua, alguns inimigos caem, outros são mortos sem chance de defesa quando perdem o equilíbrio e não conseguem se defender com seus escudos. Sir Enrick abre a guarda de seu inimigo com o impacto, que expõe o tronco. O pesado martelo de batalha cai esmigalhando a clavícula. O homem desce o braço que sustentava a espada cai e leva um chute no rosto sendo pisoteado pela linha que avança. Algar tromba com o inimigo que consegue absorver o impacto quando os escudos se encontram. O Barão força e vence na força a disputa. O homem se desequilibra para trás ergue a mão com o machado em riste. Mas Algar é mais rápido e amputa o antebraço de seu inimigo que grita segurando a parte que sobrou desaparecendo no caos da batalha.

No final da terceira hora de combate, dos integrantes do clã de Wistan um saxão morreu no choque das paredes de escudos. O impacto foi tão grande que ele caiu por cima cima de seu inimigo e o outro juto atrás o golpeou duas vezes nas costas com um martelo de guerra. O Príncipe Madoc sumiu na confusão das linhas se misturando.

O clã de Wistan eram seis homens na terceira hora e agora totalizam agora cinco.

Já fazem quatro que os homens lutam. O inimigo já atirou tudo o que tinha para tentar barrar o avanço. Já esqueceram o frio e o medo e nas suas cabeças não passa nenhum pensamento. Os guerreiros somente deixam seus músculos agirem matando e derrubando o próximo oponente até que chegam na segunda linha de inimigos. Também percebem que a luta ainda não acabou. Mais da metade dos dois lados já está fora de ação. Agora todos os jutos do forte se unem em uma força só e se atiram no combate com violência. Existe medo no rosto deles porque os heróis e as forças de Edwin já estão dentro do forte. Eles estão desesperados e lutam com tudo que tem.

Edwin fala encolerizado com os olhos estanhados e sujo de sangue: “Matem esses filhos de uma cadela! Eles tiveram a oportunidade de nos matar quando estávamos subindo, agora chegou a nossa vez de estripá-los demônio!”

Então Edwin com o seu machado ataca com tanta fúria que os seus homens o seguem cortando cabeças e desmembrando o inimigo.

Dois homens cercam Algar, ele dá um passo à frente protegendo-se com o escudo. Inclina-se puxando o machado em arco de baixo para cima abrindo o peito do juto até as suas partes, voando sangue para todos os lados. Depois o Cavaleiro. Golpeia para o outro lado fazendo o movimento inverso abrindo o peito do inimigo até a sua traqueá, matando-o instantaneamente. Enrick com um golpe da direita para a esquerda quebra os dentes e a mandíbula de seu adversário e depois gira para sua esquerda quebrando as costelas e rompendo os órgãos, golpeando com o machado de batalha no dorso do juto. Neste momento, após quatro horas de combate eles rompem as linhas de defesa que tentavam impedir a entrada. Os corpos dos homens da última parede de escudos estão caídos contorcidos no chão. Eram os lanceiros e os arremessadores de machado. Os saxões tem o prazer de matá-los e degolar aqueles que ainda não tinham morrido.

No final da quarta hora dois homens do clã tombam. Ele é assassinado pelos dois inimigos que ele enfrentava. Eles o enganaram, na hora que um deles foi atacado pela espada do saxão, o atacado desviou o golpe e travou com seu escudo a espada do homem no chão. Desesperado ele tentava se soltar e precisou de três golpes de machado em seu pescoço para morrer. Os outros dois inimigos foram mortos logo após por Culinan, primo de Edwin. O outro foi seriamente ferido porque teve sua espada quebrada por um martelo enorme de guerra. Desarmado lutou ainda com o escudo, quebrou o rosto de um oponente, mas foi atingindo pelas costas por uma lança.

Do Clã de Wistan, somente sobraram os heróis e o próprio Wistan.

Agora na quinta hora de combate eles adentram o pátio do forte Magouns. Barão Algar, Sir Enrick, O Príncipe Madoc, com sangue nas barbas e cabelos, Wistan e Edwin se reúnem. Wistan e Edwin tiveram os seus homens dizimados porque sempre combateram na vanguarda ao lado dos heróis abrindo caminho. Os primos de Edwin Culinan e Aethelwold estão mortos caídos em meio aos corpos de seus homens e de seus inimigos da segunda parede de escudos. Oito homens de seus clãs estão vivos. Egbalth e cinco homens de seu clã chegam até o grupo, estão vivos, cheios de sangue nas armas, cabelos e roupas, cheio de cortes e hematomas. Sithric, irmão de Egbert, está morto caído de bruço agarrado em seu martelo de guerra sem a cabeça. Seus homens estão todos mortos. Existem corpos por toda a linha de defesa, aproximadamente cem cadáveres espalhados pelo chão no total. Pesadas baixas para os dois lados. Ninguém venceu o combate ainda.

Agora eles estão num total de dezenove guerreiros. Exaustos, cheios de sangue e ferimentos. No fundo à esquerda na frente dos alojamentos, está com o rosto e cabelos coberto de sangue, Ordric Cara de Sangue e os homens de sua guarda pessoal. Perto da parte da paliçada que ficou de pé os homens vêem a origem do som de tambor. Um enorme alçapão colocado no chão. Algo de dentro bate com força fazendo-o vibrar. Um enorme contrapeso com uma rede grossa cheia de rochas o impede de ser aberto.

Edwin fala para seus homens e depois para os Cavaleiros: “A alma desse excremento é minha! Ninguém se meta.”

Edwin se aproxima dos inimigos bate no escudo e fala em sua língua desafiando Ordric que imediatamente aceita e começam a se estudar.

As forças de Edwin de um lado e os jutos de Ordric do outro em silêncio assistindo. Os homens começam a lutar. Edwin golpeia, Ordric absorve o golpe em seu escudo. Edwin ataca novamente, Ordric gira e Edwin cai no barro de costas. Ordric sobe o seu machado e desfere um golpe com força. Edwin rola para a direita, e consegue dar um rasteira em Ordric que cai derrubando seu machado. Edwin pula em cima do homem sacando a sua adaga e os dois duelam. Ordric segurando a adaga para não ser esfaqueado e Edwin tentando matá-lo na altura do coração. Isso dura alguns segundos até os dois exaustos fraquejam e Edwin não consegue mais lutar. Ordric tenta se aproveitar e desfere um soco em Edwin, ele tonteia mas em um último esforça esfaqueia o peito de Ordric. O cara de sangue, urra de dor. Edwin rola para o lado exausto respirando rápido com a mão cheia de sangue e sua adaga. Os seus homens gritam e vêem na direção dos heróis. Eles estão em minoria mas sabem que é lutar ou morrer.

Sir Enrick gira o martelo de combate que bate na armadura de couro de seu adversário. O juto golpeia com sua lança e causa um ferimento no ombro do arqueiro. Nada grave, então ele gira novamente e abate o homem com um golpe certeiro no rosto. Algar desvia do golpe, o juto, também desvia da arma do Demônio da Britânia. Então Enrick salta e golpeia o homem de lado no rosto. Que gira, largando o seu escudo e pegando com as duas mãos em seu machado tentando golpear, quando Algar se abaixa e corta na altura do joelho as suas pernas.

A força inteira de defesa do forte foi dizimada. Três saxões morreram. Por exaustão de combate, já não tinham mais forças para lutar. Ordric bastante ferido no peito com o sangue enchendo sua cota de malha usa seus últimos momentos de vida para se sentar, alcançar o machado e o atirar em uma corda com o contra peso no lado esquerdo dos alojamentos. Ele despenca de dez metros de altura do alto de um guindaste de madeira e bate com força no chão levantando barro com um estrondo alto. Um cada falso se abre para cima e um criatura sai de dentro dele destruindo todas as travas de madeira que o bloqueava. Ordric cai morto.

Um gigante, a última barreira de defesa do forte. Ele urra quando sai de sua alcova. Um som ensurdecedor e horrível anuncia a sua chegada. Ele é magro e arqueado e tem uns quatro metros de altura. Seus olhos parecem humanos mas seu corpo é todo deformado. Suas mãos tem unhas negras enormes e faltam alguns dedos. Suas costelas são cobertas por uma carne infecciosa purulenta e alguns órgãos estão expostos por entre elas. Seu maxilar é deslocado para a direita e seus dentes são podres e sua língua é negra. O corpo com partes sem pele em carne viva emana um cheiro de carniça forte. Metade de seu crânio deformado é coberto por tufos de cabelos sebosos. Ele se interpõe entre os sobreviventes da força de Edwin e os alojamentos do forte Magouns.

Ele olha o cavalo abatido por Ordric pega em suas mãos e o atira na direção dos heróis. O Cavalo voa girando no ar e atinge Egbalth e quatro homens que são esmagados e com fraturas múltiplas, morrem instantaneamente, espalhando as vísceras do animal por todos os lados. Algar se abaixa, mas Enrick é atingido de raspão pelas patas de cavalo atingindo sua boca e machucando o seu rosto o derrubando. A criatura pega mais dois homens e batem um corpo no outro. Depois arranca uma torre que quebra inteira como se fosse feita de palha e a usa como bastão e atinge mais cinco homens lançando alguns no muro quebrando parte da paliçada, deixando marcas de sangue e arremessando outros por cima da cerca com os corpos sumindo na escuridão.

A força total que sobrou era formada por dezenove homens e totalizam agora cinco. Barão Algar, O Demônio da Britânia, Madoc, O Príncipe Valente, Sir Enrick, Flecha Ligeira, Wistan e Edwin, os saxões. É a quinta hora de luta e é logo depois da meia noite.

O gigante se movimenta olhando para o chão procurando os sobreviventes do primeiro ataque. Primeiro ele tenta com uma das mãos acertar Madoc, que rola e a criatura acerta o chão de barro abrindo uma pequena cratera. Wistan tenta atacar a panturrilha da criatura com sua espada que urra de dor e a acerta. O gigante urra de dor. Edwin ainda está se posicionando em volta da criatura.

O gigante pisa com toda força tentando esmagar Wistan mas ele se joga de lado, mas o impacto levanta alguns quilos de lama que o atinge como uma onda lhe arremessando no muro de madeira. Ele cai inconsciente de bruço coberto de terra. Enrick tenta acertar o gigante com flechas mirando os seus olhos mas os projéteis se perdem na noite quando a criatura desvia dos disparos. Algar vê que sobraram dois alforges de bafo de dragão, sem explodir, próximo a muralha e grita avisando Enrick. Ele corre próximo a criatura. O gigante tenta agarrá-lo mas não consegue. Algar se aproxima aproveitando o momento de distração da criatura, se esgueira pela perna que já tinha sido ferida e a acerta com o machado. A criatura tem um tendão cortado e o sangue negro escorre pelas pernas. O gigante desaba. Sir Enrick joga as duas bafo de dragão e só um alforje cai próximo. Algar vê o arqueiro, com sua pederneira acender uma flecha e atirar, ele corre enquanto a bolsa de couro explode queimando o gigante que rola para um lado, se debate e cai sem vida com um dos braços para o lado de fora da paliçada com o tronco voltado para o muro de madeira. O cheiro da carne queimada da criatura é insuportável. Uma das mãos tremem, ele vira os olhos, estremece inteiro e para de se debater com os olhos esbugalhados.

Wistan neste momento vai se levantando todo coberto de barro mancando. Eles está marrom e retira de seu ouvido lama.

Edwin olha rindo e fala: “Wistan, o marrom!”

No início da sexta hora o cenário do pátio é de devastação. Corpos de saxões e jutos jazem em poças de sangue com expressões de dor. Pedaços do corpo do cavalo estão espalhados até em cima da paliçada. O gigante está caído com um cheiro ruim misturado ao de fumaça da paliçada queimada. Tochas ardem em cima dos muros pontiagudos. Na parte norte do pátio existe o alojamento. Ele tem dois andares e tem colunas de madeira entalhadas embaixo e encima. O telhado é coberto de palha em forma de V invertido.

Os cinco sobreviventes do combate entram no primeiro andar da construção. Encontram camas de palha para os soldados, cozinha, uma mesa grande para refeição e uma sala usada para guardar armas, que está vazia. Existem pedras para afiá-las. Subindo a escadaria para o segundo andar acham o alojamento para os comandantes e em uma jaula de ferro, em um aposento adjacente, cheio de barris, com o chão coberto de palha, está Lady Adwen. Está assustada com todo o barulho que estava lá fora. Quando vê Algar ela chora.

Lady Adwen: “Eu sabia que você não ia me abandonar meu senhor! Quem são esses aí?”

Barão Algar: “São amigos!”

Lady Adwen fica no fundo da cela e com o machado o Barão Algar destrói o cadeado. E os dois se abraçam e se beijam, apaixonadamente. Mas, derrepente, escutam um barulho se aproximando e uma respiração alta, ofegante. Quando olham por entre a porta aberta enxergam um grande olho negro os observando e sentem o cheiro terrível do gigante. Com um grito medonho ele ergue a mão sem dedos coberta de sangue preto e eles vêem uma tocha nela. O rosto deformado, com uma expressão maligna, olha para o grupo e joga a tocha que vêem girando e cai dentro do cômodo onde estão. Ela bate na parede cai e incendeia a palha imediatamente e as paredes. A outra mão do gigante vem cheia de entulhos da torre destruída e obstrui a saída da sala.

Lady Adwen: “Estes barris estão cheios de fogo grego! Esse forte inteiro vai pelos ares.”

Então o fogo rapidamente começa a se espalhar envolvendo os barris e vocês. A fumaça lhes da tosse e intoxica.

Madoc: “Tirem as armaduras rápido! Vamos para cima!”

Então todos conseguem subir e estão em cima da jaula. Enrick usa toda a força que têm e arranca uma placa do telhado de palha. Muita fumaça preta sai de baixo dificultando a visão e o calor está insuportável. Neste momento as chamas começam a subir para o teto e se espalhar pela palha impedindo de se movimentarem pelo telhado. Eles estão cercados de calor e fumaça olham para baixo e vêem o rio passando.

Madoc: “Lealdade, força e honra! Ninguém vive para sempre!”

E o Príncipe pula seguido por Enrick, Algar com Lady Adwen no colo, Wistan, Madoc e Edwin voando na noite escura. Eles sentem o vento e o frio na barriga da queda, vêem as águas do rio se aproximando até que uma enorme explosão ocorre atrás. O deslocamento de ar vindo de trás os atinge e a noite se ilumina. Dezenas de escombros de madeira voam por todos os lados.

Finalmente todos atingem as águas do rio gelado e profundo. Por um momento prendem a respiração na escuridão fria do fundo do rio e depois sentem o ar quando chegam a superfície e enchem os pulmões de oxigênio. A correnteza os arrasta por alguns metros até que sentem o fundo de cascalho. Todos estão bem.

Edwin: “Sobrevivemos! Graças a Thunor! Estamos vivos”

Wistan os cumprimenta as gargalhadas não acreditando que conseguiram. Lady Adwen abraça Algar e Enrick. Todos tremem de frio. Madoc tomba exausto na margem do rio ao lado de Wistan No alto do morro está tudo em chamas e destruído. Já é metade da madrugada.

Edwin: “Vamos para a praia!”

Então feridos, e exaustos caminham no frio congelante para o sul. Quando chegam a costa de Sussex, já é de manhã. Só se vê há quilômetros uma coluna de fumaça espessa subindo para o céu no horizonte. Foi uma caminhada de algumas horas silenciosa. As ondas quebram fazendo um som alto nas rochas.

O grupo faz uma fogueira. O frio é grande e na fogueira tentam se aquecer. Algum tempo depois vêem a lanterna do barco se aproximar e Louise capitaneada por Kirk encalhar na areia.

Kirk: “Alguém pediu carona pra casa?”

Edwin: “As fiandeiras traçam caminhos interessantes em suas rocas. Precisei me aliar aos meus maiores inimigos para libertar o meu povo da fome e do medo. E você Algar agora tem a sua mulher novamente. Enrick Flecha Ligeira, Demônio do Norte e o Príncipe Valente, Madoc. A minha palavra vale muito aqui em Sussex. Vão em paz.”

Wistan fala e Edwin traduz: “Foi uma honra lutar ao seu lado guerreiro!” Ele retira o seu símbolo do deus Thunor e entrega para Enrick.

Os heróis sobem então no barco, Kirk ajuda Adwen a subir à bordo enquanto os marujos empurram Louise para o mar. Edwin fala rindo.

Edwin: “Da próxima vez que vocês vermes Britânicos lutarem contra os saxões não esqueçam que um dia nos enfrentaremos e um de nós terá que esperar o outro nos salões de Vahalla com muito, mas muito hidromel. Adeus guerreiros!”

Kirk: “Não precisa tirar água, Louise decidiu ser boazinha depois que coloquei os marujos para calafetar o casco em uma ilha próxima enquanto esperava vocês!”

E os dois acenando somem na bruma do amanhecer no mar. Os dois dias de viagem até Hantonne são calmos apesar do vento e da chuva. Então eles enxergam a cidade portuária, passam pelos grandes navios cargueiros ancorados longe das docas e atracam sozinhos no porto de madeira da cidade. Kirk desce e vai falar com um dos oficiais do rei e paga a taxa portuária enquanto desembarcam. Quando o homem vê o rosto de Madoc lhes presta reverência.

Capitão Kirk: “Foi um prazer servir-lhes senhores!”

Então vindo pelo cais, onde as gaivotas voam em meio a garoa e as ondas que quebram forte eles vêem um grupo de pessoas encapuzadas se aproximarem na direção de seu grupo. Eles tiram os capuzes e são Sir Dylan, Sir Dalan, Sir Jakin, Sir Hervis, Sir Alien, Sir Bag e Marion.

Sir Bag: “Bem vindo ao lar amigos!”

Marion dá um beijo em Enrick. E todos cumprimentam Lady Adwen.

Sir Bag: “Foi fácil achar vocês! Só foi seguir os ossos quebrados de alguns homens em Duplain na taverna, os corpos dos arqueiros congelados de Odirsen II jogados na beira do rio Test e devorado pelos lobos, os padres cantores dançarinos que encantaram Hantonne. Realmente não tínhamos dúvida de quem eram os heróis fazendo tamanhas façanhas!”

Sir Jakin: “Barão! Seu tio já teve notícias dos mensageiros que enviou para os reinos. O consílio de guerra foi convocado e os nobres se reunirão em seus salões. Os espiões contam que Odirsen II fez o mesmo. O início da guerra é inevitável senhores. Dois grandes exércitos lutarão em Logres. E nós marcharemos na vanguarda ao seu lado Barão Algar.”

Sir Bag: “Homens, vamos imediatamente para as terras de Bellias, temos uma guerra para vencer! (Retirando sua espada) Lealdade, força e honra!”

E todos sacam suas armas e repetem o lema da Ordem dos Cavaleiros da Cruz do Martelo

Nenhum comentário:

Postar um comentário