sábado, 4 de setembro de 2010

Aventura 14: A Paz de Excalibur, Ano 490


Após ao anoitecer no Campo de Batalha de Figsbury, são acesas centenas de fogueiras por todo o lugar. A cruz queimando com os ossos calcinados de Edwin e Wistan em sua base arde sem parar. E os servos dos Lordes, habitantes das vilas e de Sarum empilham os corpos. Os mortos cristãos são separados dos pagãos. Os primeiros são enterrados em uma cova coletiva no pé do morro das ruínas, onde, a luz de tochas, padres rezam por suas almas, junto de dezenas de familiares e os outros são queimados em uma grande pira funerária na face sul, também junto de seus familiares enquanto os arqueiros de Avalon cantam um suave mantra de despedida. O corpo de Sir Alein foi levado por seu pai e o corpo de Odirsen II foi recolhido por sua ex esposa e filhos. Sir Hervis e seu Arauto, bem como o batedor inimigo foram retirados do alto da paliçada e removidos das cruzes onde estavam amarrados com mais de cinquenta flechas pelo corpo, cada um, e enterrados como anônimos junto ao morro com os outros. Melion foi levado por noviços de Avalon para Glastonbury onde será colocado em um barco e levado pelas fadas, em uma cerimônia secreta, onde somente os druidas poderão participar. O rei e sua guarda pessoal já foram embora. Sir Warren também partiu com seus escudeiros e cavalariços. Sem dizer uma palavra ele abraçou Algar e deixou a planície desolada. Sir Bellias e Briant estão unidos novamente pela dor da perda Alein e foram montados ao lado da carroça que levou o corpo do Paladino, seus filhos e mulher. O Almirante Gwenwynwyn já zarpou com poucos homens para Hantonne. Na despedida ele deixou para Algar a estátua de madeira de Netuno que levava à frente de seu barco. Com um aperto de mão ele disse: “Foi uma honra Algar!”, subiu sério em seu barco e desceu o Bourne.

Perto das barricadas à oeste das ruínas

O Barão Algar, junto de Bruce, Madoc, Sir Bag, Sir Jakin, Sir Dalan estão sentados ao redor de uma das fogueiras tomando hidromel. Estão todos suados, cheirando mal, com sangue e terra nos cabelos e no rosto. O cheiro de morte está por todo o lugar.

Bruce: “Aos corajosos homens que tombaram em combate meus amigos! Que encontrem a paz e bebam tudo que puderem, lutem quanto aguentarem e tenham quantas mulheres quiserem nos salões do Vahalla!”

Sir Dalan: “Que batalha senhores! Fez Bayeux parecer uma guerra de barro entre crianças! Se não fosse a sua idéia da paliçada estaríamos mortos. Conter a infantaria inimiga foi essencial. Eram muitos, apesar dos arqueiros não os deixarem respirar um minuto.”

Madoc: “O povo está dizendo meu amigo que você conjurou os cavaleiros da morte para te ajudar! Quer dizer que eu venho ajudar e você leva a fama de feiticeiro! Nenhuma glória para o desgraçado do Príncipe!”

Algar: “Pois é meu Príncipe, mas a sua ajuda foi de grande valia.”

Madoc: “Só consegui convencer o rei no meio da tarde de que vocês precisariam de ajuda. Então pedi voluntários da guarda pessoal de meu pai, colocamos nossos disfarces e saímos como loucos de Camelot até aqui. Anda bem que quando chegamos tínhamos muito a fazer ainda.”

Sir Bag: “Ouvi dizer que Marion lutou como uma Valquíria hoje à tarde. Ela colocou aqueles arqueiros pra correr. E lá em cima, o que aconteceu? É verdade que ela encarou com uma adaga dois cavaleiros de Elite de Odirsen II?”
Algar: “É verdade! Ela pulou nas costas de um deles e o degolou, mas o outro a atacou com uma pesada espada e a feriu gravemente. Não sei se sobreviverá.”

Sir Bag: “Que a Deusa a ajude! Uma guerreira, uma mulher! Quem diria! Ela está entre a vida e a morte! Essa menina vale ouro. Mais que vocês, seus bandos de cueca azedos.”

Sir Jakin: “Parece que o flecha ligeira ficou tão desesperado com o ataque violento que a Marion sofreu que ao tentar salvá-la, lá em cima, sem nenhuma erva, pano, ele não conseguiu ajudá-la. Só vi o guri correr descer como um louco com ela no lombo de Hefesto e passar voando em direção à retaguarda. Logo depois, Sir Amig ficou sabendo e Dylan também e correram para lá. Vamos torcer para que dê tudo certo.”

Sir Dalan: “Temos que nos preparar para o pior. Se ela não recebeu os cuidados adequados, deve estar deixando o nosso mundo em breve.”

MEIA HORA ANTES

Retaguarda norte, área de socorro

Dez tendas enormes na retaguarda ao norte, tem os brasões da deusa da cura, Brigit, uma chama saindo de duas mãos com as palmas viradas para cima, hasteados na frente. Fogueiras estão acesas na frente de cada uma delas. E pilhas de corpos vão aumentando no lado de fora a medida que os feridos vão morrendo e trazidos para fora. Ali, ao redor, pelo menos seiscentas pessoas se acotovelam esperando notícias de seus familiares. Cavaleiros formam um círculo ao redor da área para evitar a entrada de pessoas que atrapalhem o trabalho ali dentro.

Enrick passa com dificuldade entre aquele número enorme de pessoas e para Hefesto na entrada de uma das tendas, antes dos Cavaleiros.

Cavaleiro: “Alto que vem lá?”

Sir Enrick: “Sou eu cavaleiro preciso passar! Rápido é uma emergência.!”

Cavaleiro: “Senhor Flecha Ligeira, por favor, pode entrar!”

No interior da tenda está uma bagunça. Cinquenta mulheres com túnicas azuis, com uma meia lua de prata afiada na cintura e tatuada na testa uma cruz com um quadrado no centro, formado por outros quadrados concêntricos correm com as mãos e roupas sujas de sangue de uma lado para o outro. Uma centena de mesas tem homens deitados em cima. Uns parecem bastante feridos, espumam e viram os olhos. Outros estão sentados e parecem ter quebrado uma perna ou um braço. Outro homem sem o antebraço grita de dor enquanto três servos o seguram e uma das mulheres o socorre. No canto Enrick vê a sombra de um homem, refletida no couro da tenda e gritando “Não!” e o seu braço sendo amputado. Uma das curandeiras de Avalon se aproxima.

Curandeira: “Pois não senhor?”

Sir Enrick: “Minha mulher está morrendo!”

Curandeira: “Meu deus é Lady Marion, venha me siga!”

Em uma mesa vazia Enrick coloca Marion deitada. Ele está com a armadura e mãos cheias de sangue. Ela está com o maxilar no lado direito quebrado. E um corte na clavícula fundo. Enquanto o seu coração pulsa, com a pressão das batidas, o sangue jorra para fora do ferimento no mesmo ritmo. Por vezes s guerreira delira e geme de dor.

Curandeira: “Já tentou curá-la senhor?”

Sir Enrick: “Sim, mas falhei.”

Curandeira: “Temo lhe dizer que não temos muito a fazer. É muito grave. Se tentarmos uma cirurgia, ela morrerá instantaneamente.”

Neste momento, Enrick escuta a voz de Sir Amig acompanhado de Dylan. Eles vêem o Cavaleiro e vão até ali.

Amig: “Minha filhinha! Minha princesinha! O que fizeram com você?”

Dylan: “Enrick, como ela está?”

Enrick: “Temo lhe dizer amigo. Ela está muito mal.”

Curandeira: “Somente um milagre poderia salvá-la senhores, desculpem, fizemos tudo que podíamos!”

Dylan: “Esperem aqui! Onde está Hefesto, Enrick?”

Algar e os cavaleiros conversam quando chega Dylan montado no cavalo de Sir Enrick.

Dylan: “Marion está morrendo! Ela não resistirá! Me ajudem amigos! Estou desesperado! O que podemos fazer? Alguém tem algo que possa ajudá-la?”

Os cavaleiros se olham e abaixam a cabeça e a balançam negativamente. Algar chama o seu Cavalariço e mexe em sua algibeira. Até que acha um alforje e sorri.

Algar: “Eu acho que tenho.”

Todos os cavaleiros se levantam e se olham.

Sir Bag: “Vamos na frente, Algar, abrindo caminho. Montarias escudeiros, rápido seus inúteis!”

Cavalgando em velocidade, Algar, Dylan e Bag abrem caminho, atrás vêem os outros cavaleiros. Quando chegam na porta da tenda, os cavaleiros que fazem a segurança abrem passagem. Enrick vê todos os seus amigos se aproximando por entre as mesas. Sir Amig segura a mão da filha, e não tira os olhos do rosto dela. Ele não olha para ninguém. O Barão Algar dá o Elixir para o Flecha Ligeira.

Algar: “Tente isso amigo. Um dia você me ajudou a salvar minha esposa. Hoje é meu dia de retribuir.”

Sir Enrick se aproxima e Marion tem a cabeça levantada e o líquido é despejado em sua garganta lentamente pelo Cavaleiro preocupado. Aparentemente tudo está como antes. A respiração da guerreira continua acelerada e o sangue a jorrar. Sir Bag anda de um lado para o outro. Então ele para de costas.

Sir Bag: “Deusa, sei que já matei, arranquei cabeças, falo palavrões e como mais que um touro. Deixe a menina de ouro viver, por favor! Eu prometo não por mais uma gota de bebida em minha boca. Eu nunca te pedi nada, me atenda sua desgraçada filha da p...!”

Então Marion tosse e sussurra algo. Todos olham para ela. Com dificuldade e um leve sorriso no rosto ela diz.

Marion: “Não xingue a Deusa Bag”

Neste momento a hemorragia parece ter parado. Ela está com os olhos abertos. Sir Bag ri. Sir Amig, respira aliviado. E todos os cavaleiros se cumprimentam. Derrepente ela fecha os olhos e a respiração diminui. A curandeira se aproxima.

Curandeira: “Deixe me ver!”

Ela pega no pulso da guerreira. Coloca as mãos no ferimento, depois na testa e conclui.

Curandeira: “Está tudo bem. Elá está dormindo! Agora saiam e deixe-nos trabalhar. Ela vai levar luas até estar bem. E precisará de uma cirurgia em breve para sobreviver. Amanhã vocês poderão visitá-la.”

Então eles saem da tenda e se reúnem fora dali.

Sir Enrick: “Obrigado amigo! Mas o que era aquilo?”

Barão Algar: “Presente de casamento de uma sacerdotisa de Avalon. Nunca tinha usado. Estava esquecido em minha algibeira. Parece que a Deusa deixou a água do poço das fadas para salvar Marion.

Sir Amig: “Venham garotos, sigam-me!”

Sir Amig caminha à frente em passos decididos até a área de prisioneiros. Passa pelos homens que fazem a guarda que o cumprimentam. Os Cavaleiros da Cruz do Martelo olham e quase uma centena de inimigos estão sentados, outros deitados, outros conversando, até que chegam em um grupo só de cavaleiros, mantidos vivos somente para se pedir resgate para as suas famílias.

Sir Amig: “Quem foi o bravo cavaleiro que tentou matar Lady Marion?”

Primeiro nenhum prisioneiro diz nada.

Sir Amig: “Vamos, se não falarem pagarei pelas suas vidas e os torturarei até que me respondam!”

Os outros Cavaleiros apontam para um dos homens sentado mais atrás. Sir Amig vai até ele o levanta do chão pela gola da armadura. Sir Enrick o acompanha.

Sir Amig: “Venho exigir o meu direito de pai!”

Ele empurra o homem em uma das estacas, onde tem o brasão de Algar tremulando, e o segura com a mão esquerda. O homem, com os olhos assustados, não fala nada. Então Sir Amig retira seu punhal da cintura e o degola, soltando o homem que leva sua mão até o pescoço que vai se enchendo de sangue. Lentamente ele cai de joelhos e se afogando cai em espasmos de bruço sem vida.

Sir Amig: “Está feito!”

Ele limpa sua adaga na grama e a guarda na cintura novamente.

Sir Enrick: “Saiba que isso não vai acontecer novamente! Protegerei Marion e a amarei!”

Sir Amig: “Fique em paz guri. Afinal ela está viva. E ela é uma mulher forte. Não precisa de proteção. Só alguém que a ame de verdade já basta. Vamos para Sarum, dormiremos no Castelo de Roderick. Temos o funeral de Sir Alein pela manhã!”

No dia seguinte, depois de se banharem e dormirem, no salão de audiência do Conde Roderick os clarins acordam a cidade às seis da manhã. Sir Dylan, Sir Jakin, Sir Dalan, Sir Amig, Sir Bag e seus escudeiros acordam.

Sir Amig: “Mexam-se homens! Hora de acordar vagabundos!”

Depois de se banharem e os escudeiros prepararem as armaduras de metal polida e os vestirem, um grupo de servos entra carregando uma maca de madeira. Em cima está Sir Alein e o colocam em uma das mesas do salão. O Cavaleiro está vestido com uma armadura com detalhes de seu brasão gravado no peitoral em ouro. Ele tem o rosto pálido e usa seu elmo com uma cruz na face. Nas mãos junto ao seu peito leva a espada com a empunhadura com a cruz irlandesa que Algar o tinha presenteado. Ele foi lavado e não se nota nenhum ferimento sofrido. Parece estar em paz. Só Madoc, Algar, Enrick e seus Cavaleiros estão no salão. Sir Bag fala olhando para o morto.

Sir Bag: “É amigo! Foi uma honra lutar ao seu lado! Um homem bom é muito raro existir hoje em dia.”

Sir Jakin: “Nunca atacou ninguém! Só revidava os inimigos! Grande Cavaleiro.”

Sir Amig: “Pois bem homens, nossos cavalos estão prontos lá fora. Escoltaremos a carruagem desse grande homem até a Catedral. Vamos!”

Sir Bellias e Briant estão ali fora aguardando e ambos abraçam Algar.

Sir Bellias: “Uniremos nossa família novamente sobrinho!”

Sir Briant: “Contem comigo para isso!”

O corpo de Sir Alein é colocado na carruagem, puxada por seis cavalos com as cores do cavaleiro morto e a escolta, no pátio do Castelo, sobe em seus cavalos. Todos as montarias estão vestidas de negro. A ponte levadiça desce e o Príncipe, Barão Algar e Sir Enrick e os Cavaleiros da Cruz do Martelo vão ao lado da carruagem. Sir Amig segue atrás. Depois de descer a rampa que leva ao castelo eles vêem a multidão que está nas ruas de paralelepípedo. Choram e atiram flores antes da carruagem passar. Somente o som de um bumbo compassado marca o ritmo da comitiva fúnebre.

Quando chegam o sino da Catedral de Santa Maria toca. Eles descem dos cavalos e cada um pega do lado a maca que é erguida acima das suas cabeças e levam o corpo de Sir Alein para dentro da Catedral. Dentro da igreja as pessoas estão com velas acessas nas mãos e se ajoelham enquanto o corpo passa. A viúva, Lady Keity, e os dois meninos choram na primeira fila. O rei está sentado em um trono elevado, sozinho, atrás do altar. Bispo Roger, Padre William e Hanz de Duplain, esperam para celebrar a missa. Eles olham com pesar para o corpo do cavaleiro. A maca, com o corpo, é colocada em um pedestal de mármore na frente do altar. O Príncipe Madoc, Barão Algar, Sir Enrick e os outros sentam-se na primeira fila. Lady Adwen está do outro lado confortando a viúva.

A cerimônia em Latim dura quase quatro horas. O bispo conclui enquanto Sir Amig dá uma cotovelada para Sir Bag, que roncava alto, acordar.

Sir Bag: “Mas, hein?”

Sir Amig: “Silêncio, idiota!”

Bispo Roger olha feio para Sir Bag e depois conclui: “Que o nome desse homem! Um exemplo de virtude, bom pai e esposo. Amigo fiel e guerreiro Britânico corajoso não se perca no tempo. São Alein será o padroeiro dos cavaleiros cristãos de Sarum. Nunca o esqueceremos! Nossa Majestade irá falar”

Todos dizem Amém.

Rei Uther: “Muitas perdas tivemos meus bons amigos. Famílias destruídas. Homens corajosos que enfrentaram a morte. Heróis que nos deixaram. Sir Alien era um desses guerreiros que serviam de exemplo para toda a ordem da Cavalaria. Para nunca esquecermos de seu legado, o nome da planície que se estende entre Figsbury e Laverstock se chamará a partir de hoje, Campos de Alein.”

Então, todos os Cavaleiros da Ordem da Cruz do Martelo, Sir Amig, o Conde Roderick e Madoc levantam a maca onde Sir Alein está deitado. Em um dos nichos, no lado direito da igreja, em uma tumba retangular de mármore ele é colocado. Depois é uma lápide de mármore lacra a sepultura. Posteriormente será colocado a figura esculpida do cavaleiro deitado, com a sua armadura e espada. Está inscrito em galês na parede logo acima do túmulo. “Sir Alien, Cavaleiro da Cruz do Martelo, viveu, lutou e venceu. A morte é só uma passagem para uma vida nova, maior do que Sir Alein deixou, coroada de glória.”

Um coral de crianças, filhas dos nobres cantam, enquanto todo vão abraçar e confortar a viúva. Então o Bispo Roger encerra a missa de réquiem.

Bispo Roger: “Vão em paz e que uma nova era floresça da união entre nossos povos e nossas crenças.”

Na saída da igreja na frente da Catedral todos se reúnem. O Rei já partiu pelos fundos da igreja, junto com Madoc,o Conde Roderick, Sir Briant e Bellias. Sir Elad está ali também.

Sir Elad: “É, a vida continua Cavaleiros. Sir Enrick, tem se falado muito bem na corte sobre o senhor! Este aqui eu pude treinar e me orgulho muito. Depois que Algar me salvou dos saxões me mostrou que estava pronto. Acho que essa batalha foi sua formatura garoto. Meus parabéns!”

Sir Enrick: “Obrigado comandante! É uma honra!”

Sir Amig: “Aos que interessarem (olha para Enrick) Marion passou por uma cirurgia na madrugada. Ela está bem e foi levada pelos Druidas para um local desconhecido para ela se recuperar. Sabem como são esses Druidas. Um pessoal quieto, cheios de mi, mi, mi, mi, mi e versinhos. Mas na hora do pau, eles matam todo mundo e não deixam nada pra nós nos divertirmos.”

Barão Algar: “É verdade! Botaram os arqueiros de meu irmão pra correr!”

Sir Amig: “Pois bem, Sir Enrick! Marion está viva. Você também! Eu também! Vejam que coisa né? (todos os cavaleiros baixam a cabeça e disfarçam). Parece que você gosta dela. Ela também. Eu não! Quer dizer, gosto de você, mas só de pensar alguém colocando a mão em minha princesa e fico com vontade de...! Flecha Ligeira, eu sei bem que raio de flecha é essa...”

Sir Dylan: “Calma pai. Respire fundo. Faça como ensaiamos. Vai!”

Sir Amig: “No início da primavera, um dia antes do Beltane. Eu gostaria de ter a honr... (Dylan: Honra) A honra de visitar o seu feudo para combinarmos os detalhes de seu... (Dylan: Ca..., Ca...). Não consigo, (Consegue pai, vai ter que conseguir) Casamento! Pronto falei!”

Sir Enrick: “Lhe receberei com muita hospitalidade! Hidromel, comida! Será uma alegria sua visita!”

Sir Amig: “Quero sua família como testemunha Barão. Um amigo seu já abandonou a coitada da filha do Sir John Smith. Enrick te transformo em flecha capada, hein? Se acontecer o mesmo. Então até mais ver. Meninas! ”

E Sir Dylan e Sir Amig montam em seus cavalos e vão embora.

Sir Bag: “É guri! Que sogro, hein? Boa sorte!”

Sir Enrick: “Nem me fale!”

Sir Dalan: “Casa ele com a sua mãe Bag!”

Sir Bag: “Ela me daria bronca e ele me encheria de porrada!”

Sir Jakin: “Mudando de assunto! Eu estava conversando com um dos cavaleiros do Rei e soube que no próximo verão iremos caçar dois reis saxões que se aproveitaram de nossos problemas para nos atacar e pilhar. Octa e Eosa. Dizem que são cruéis e assassinos.”

Barão Algar: “Que venham sem problemas! Adoro arrancar umas cabeças saxônicas!”

Então vem o natal, cada homem vai para os seu feudo, o frio fica intenso. Todos os nobres juntam-se as suas família e aproveitam o tempo de calmaria para curar os ferimentos e tentar esquecer os momentos tristes e relembrar os gloriosos.

Passa o tempo, o gelo derrete e o frio vai embora e começa a primavera de 490. A temperatura na Britânia é agradável essa época do ano, por volta dos vinte graus. As lebres começam a correr pelos campos. Os ursos acordam. As raposas e lobos brincam nas florestas. Filhotes de todas as espécies ressurgem e os pássaros cantam.

FEUDO DO BARÃO ALGAR: Winter Burne Gunnet

Nas terras de Algar os servos acordam logo que o sol surge, comem seu mingau de aveia e um pouco de queijo e dirigem-se as terras e começam a plantar. Com arados de madeira, ajudados por cavalos eles riscam a terra e plantam aveia, cevada e trigo. Três dias por semana trabalham nas terras do Barão. Do dia da Lua até o dia de Odim. Do dia de Thor em diante a produção é destinada a eles próprios, mas metade dessa produção também vai para o Barão. A produção de Hidromel vai bem também. A próxima safra vai sendo preparada para ser curtida em barris de carvalho.

Mais da metade dos servos de Algar morreram na batalha de Figsbury. A grande maioria dos aldeões, agora em Winterburne Gunnet, são crianças e mulheres. O feudo produzirá três libras este ano devido a falta de trabalhadores. Lady Adwen está em casa sentada, porque já está com uma barriga bem grande e com as pernas inchadas. Algar está lá embaixo sem camisa, no sol, na terra vendo seus servos trabalharem.

Servo Björk: “Meu senhor! Precisamos resolver este problema de falta de trabalhadores. Se continuarmos só com mulheres, velhos e crianças nossa colheita tende a cair a cada ano que virá!”

Barão Algar: “Então faça o seguinte. Procure feudos com excedentes de servos e espalhem a notícia por Salisbury que estamos precisando de mais trabalhadores. Não podemos ficar assim nas próximas safras. Do contrário a fome pode vir.”

Arauto Brichan: “Senhor! E não esqueça da dívida que temos com Gondrik Stanpid. Sobraram cento e vinte cavalos. Mais oitenta foram perdidos na batalha. São mil e seiscentas libras de dívida meus senhor.”

Barão Algar: “Sim, teremos que alguma forma juntar esse dinheiro. Falarei com os Cavaleiros que participaram na campanha. Se for preciso até com o rei.”

FEUDO DE ENRICK

No feudo de Sir Enrick o trabalho na terra também não para. Os seus servos, vindos da vila do pântano, trabalham por dois. Eles tem forte resistência e disposição. As crianças também ajudam. Elas tem em média onze anos de idade. Alguns deles se converteram ao cristianismo mas a maioria ainda cultua os antigos deuses. O Padre Carmelo trata todos com atenção e igualdade e ele já os ensinou a falar galês. A produção deste ano renderá cinco libras, já que morreram também, parte dos homens na batalha de Figsbury. Nos pomares cheios de fruta, nas plantações o trabalho vai do amanhecer até o pôr do sol. Os cavalos Stanpid, sobreviventes da Batalha, estão todos confinados em um área de pasto separados do gado, por uma cerca de madeira.

Sir Enrick nota que os homens do Pântano e o Padre Carmelo, fazem muito barulho à noite depois do trabalho. O som de marteladas e cerrote atrapalham o sono do Cavaleiro. Lá de cima da casa pode se ver eles levando troncos grandes de um lado para o outro, atrás das estrebarias.

Sir Enrick: “Padre! Que barulheira é essa? Vocês estão me deixando maluco. Não durmo direito há dias.”

Padre Carmelo: “Sir Enrick, meu senhor, quando era soldado, eu lutava na infantaria romana. Mas, era de uma legião especializada em aterrorizar o inimigo. Por favor me siga!”

Chegando atrás da estrebaria Sir Enrick vê uma coisa alta, com uns cinco metros de altura, coberta por uma lona de couro enorme.

Padre Carmelo: “Permita-me lhe apresentar senhor! O orgulho da força romana. Montamos em dez dias. Este eu batizei de Fazedor de Viúvas.”

Ele retira a capa de couro e um trebuchet enorme aparece. É grande e com duas rodas de cada lado para os homens correrem dentro e armá-lo rapidamente.

Padre Carmelo: “Os homens do pântano queriam lhe presentear por ter lhes ajudado. Eu sugeri esse brinquedinho. Homens empurrem!”

Então o trebuchet vai sendo empurrado até a margem do lago virado para a área de caça.

Padre Carmelo: “Entrem nas rodas! Corram bons homens!”

Eles correm dentro das rodas e o enorme braço desce se retesando envergando para trás. Quatro deles colocam uma grande pedra, que estava na beira do lago.

Padre Carmelo: “Tenha a honra de puxar a alavanca senhor!”

Sir Enrick puxa para trás a alavanca de madeira e o grande braço da arma de cerco sobe com uma velocidade incrível fazendo o ar assobiar. Os homens acompanham o movimento boquiabertos. Quando trava lá em cima. A pesada pedra voa. Os homens aplaudem. Mas é tão forte o impulso que passa da área de caça e lá na frente se choca com o muro de pedra do feudo. Derrubando-o como se fosse feito de gravetos.

Padre Carmelo: “Ops! Pode deixar que iremos concertar meu senhor! Espero que tenha gostado do presente.”

Sir Enrick: “Muito obrigado homens! Farei bom uso desse brinquedinho.”

Muitas obras são feitas no feudo de Sir Enrick. Um Motte and Bailey começa a ser construído elevando-se a colina onde fica a casa grande. Troncos, sons de martelo e serrote. Cordas levando materiais e terra estão por toda a parte.

FEUDO DE ALGAR: Winter Burne Gunnet

É próximo a data de Beltane. Num dia de Frea, Sir Amig e Sir Dylan, na hora do almoço, surgem batendo a terra das botas na entrada do salão de Algar. Trovão e Martelo vem os receber na porta. Lady Adwen e Algar almoçam pato assado com laranja e repolho. Dois serviçais estão de pé ao lado da mesa colocada à frente do trono.

Sir Amig: “Soube que nesse feudo tem um barão meio afeminado! O rei me mandou vir comer a bun... Oh como vai Lady Adwen? E essa barriguinha! Logo teremos um bebê correndo por aqui. ”

Sir Dylan: “E aí irmão! Recuperado?”

Barão Algar: “Fisicamente sim. Mas perdi três irmãos! Não é fácil. Mas a vida segue em frente.”

Sir Amig: “Servos! Me sirvam comida e hidromel. Vamos amanhã até as terras de Enrick? Lady Marion me mandou um recado que me arrancaria a barba se fosse fazer um pedido formal destes, mas eu sou um homem das antigas. Do tempo que mulher que mostrava o joelho recebia ouro para nos dar uns momentos de intimidade.”

Ao amanhecer a pequena comitiva parte para o oeste com o Barão Algar, Sir Amig, Sir Dylan, Lady em seus cavalos e Lady Adwen viaja na carroça de lona coberta. Dois cocheiros, três escudeiros e dois servos de Algar os acompanham.

Um mensageiro de Sir Amig chega na noite anterior na grande casa do feudo de Sir Enrick.

Mensageiro: “Bom dia senhor! Sir Amig manda lhe avisar que está à caminho para lhe visitar.”

Dinton: FEUDO DE ENRICK

Ao anoitecer da véspera de Beltane a comitiva de Sir Amig chega ao feudo de Sir Enrick, segue pela estrada de terra e para à frente da casa.

Sir Amig: “Sir Enrick! Tem um belo trebuchet no seu quintal. Dá pra jogar um bando de saxões pro outro lado do canal com ele.”
Sir Enrick: “Pois é Sir Amig, você viu? Grande não é? Não vejo a hora de usá-lo.”

Sir Dylan: “Sir Enrick como vai irmão? O velho está ansioso! (fala baixo) Na verdade acho que ele está adorando.”

Depois do Flecha Ligeira levá-los caminhar pelos campos. Mostrar o trebuchet, a vila e as obras que estão ocorrendo e banquetearem. Sir Amig olha sério.

Sir Amig: “Bom, então Algar, Enrick e Dylan, hora de conversarmos!”

Lady Adwen se recolhe para o quarto e os Cavaleiros se reúnem na mesa de banquete.

Sir Amig: “Pois bem garoto! Você sabe muito bem porque estou aqui. Em parte é minha culpa que vocês se conheceram no torneio. Por outro lado sempre quis um homem que fosse cavaleiro e lutasse com coragem, como sempre foi em nossa família. Você já provou ser um homem de valor. Mas gostaria de saber. Quais sãos as suas intensões com minha filha?”

Sir Enrick: “As melhores Senhor! Gostaria de casar com ela. Temos muito em comum e acho que seríamos felizes. Eu a amo!"

Sir Amig: “Bom, guri, eu soube que você e o Barão estão com uma dívida alta com o seu pai. Como pretende pagar?”

Sir Enrick: “Se for preciso faremos uma campanha militar. Arrecadaremos dinheiro dos Vassalos do Barão Algar. Conversarei com o Príncipe. Acho que em breve saldarei essa dívida já que não quero prejudicar o meu pai."

Sir Amig: “Então faremos assim, abro mão do dote do casamento para ajudar vocês, certo? Mas tem uma condição. Vai ter que me chamar de pai! Ou melhor, paizão. Ou nada de casamento. No próximo ano nos encontraremos no castelo do Conde Roderick. A Catedral de Santa Maria estará pronta e teremos a cerimônia. Temos um acordo então filho?”

Sir Enrick: “Sim Senhor!”

Sir Amig: “Como é que se diz?”

Sir Enrick: “Sim pai...paizão!”

Sir Amig: “Então, vi que você Enrick tem uma excelente área de caça. Não temos praticado desde o último ano. Para comemorarmos a união do Flecha Ligeira com a minha filha vamos caçar. Podemos levar as lanças de caça e os falcões para abater aves também.”

Eles conversam mais um pouco sobre os problemas nas colheitas, qual a melhor forma de produzir Hidromel e Cerveja. Relembram estórias de aventuras. E depois Algar vai para o seu quarto com a sua esposa grávida, cedido por Enrick, enquanto ele, Sir Dylan, Sir Amig e seus escudeiros dormem nas longas arquibancadas do salão. Preparados pelos servos para dormir com pelegos e cobertas feitas com penas de ganso. Apesar de Sir Amig roncar a noite inteira Sir Enrick, consegue descansar um pouco.

Ao amanhecer eles vestem as roupas de caça. Camisa de algodão, por cima loriga de couro. Uma grande luva do mesmo material para levar um falcão ou coruja de caça. Vestem calça de montaria beje e bota de montaria preta. Uma algibeira, com uma alça transversal, é carregada cheia de carne. Cada um leva um chifre de caça na cintura. Os falcões vão pousados em seus braços com os olhos vendados. Lá fora os cavalos estão prontos. Seis cachorros de caça setters brincam em volta dele. Três escudeiros os aguardam.

Sir Amig: “Bom dia Algar! Bom dia Enrick. Bom dia, o que?”

Sir Enrick: “Mais que droga! Bom dia paizão!”

Sir Amig: “Estão prontos para aprenderem como homens de verdade caçam?”

Então o grupo desce a colina onde está a casa, os cachorros na frente, Dylan, Sir Amig e os heróis atrás e por último os três escudeiros. Contornam a colina e a estrada entra no bosque, na área de caça. A umidade da floresta e a temperatura amena torna fácil a cavalgada.

Sir Amig: “Vamos aquecer três horas com os falcões e depois vamos para os bichos maiores. ”

Primeira Hora

O grupo entra em uma parte da mata, com relva verde e árvores espaçadas. Chegam em um córrego cristalino de fundo de pedras.

Dylan: “Deixamos nossas montarias aqui e vamos em frente. Escudeiros nos sigam. Fiquem longe atrás.”

Sir Amig: “Vamos ver se achamos algo por aqui. Os animais sempre vem beber nos córregos. Silêncio. Quem lidera?”

Barão Algar: “Enrick, tenham a honra por favor!”

Enrick faz um sinal discreto para os cachorros estalando a língua. Os cachorros ficam em silêncio e farejam as árvores e arbustos. O líder da matilha enfia o focinho em uma toca e tira um coelho de lá. Outros cachorros latem e cercam um arbusto e três codornas correm assustadas. Sir Enrick se aproxima do coelho tentando cercá-lo mas o animal é tão rápido não consegue ver para onde ele foi. Derrepente ele passa debaixo das pernas do Cavaleiro e se enfia em um buraco na base de uma árvore. Sir Amig segura o riso para não espantar as codornas.

Algar observa . A codorna corre por entre as patas dos cachorros. Some por um instante, então ela voa o suficiente para em um rasante chegar do outro lado do córrego. O Barão retira a venda do falcão. O pássaro avista a codorna e fica ansiosa e começa a piar. Quando Algar dá o sinal o animal sai com toda a energia em velocidade. Curva para a esquerda acima da presa e com as patas a atinge. Rodando, os dois pássaros caem e o falcão bica o pescoço de sua presa matando-a instantaneamente. Um cachorro atravessa o córrego e traz o animal abatido para o Barão. O falcão retorna para o seu braço e é alimentado com pedaços de carne.

Sir Amig: “Belo movimento rapaz! Timing perfeito! Parabéns!”

Os falcões de Sir Amig e Sir Dylan cada um, conseguem abater una das codornas.

Segunda Hora

Sir Amig: “Seguimos em frente então!”

O grupo caminham em silêncio. Passo a passo espreitam por entre as árvores. Nessa parte da mata, as árvores estão mais perto das outras e o bosque fica mais denso.
Os cachorros correm até um carvalho e ficam embaixo latindo. Se apoiando no tronco eles olham para os heróis.

Sir Enrick observa e enxerga na copa da árvore dois kite pousados. O Flecha ligeira se aproxima lentamente da árvore, pisa em um graveto fazendo barulho e solta o falcão. A ave de rapina voa circulando tentando chegar na presa mas o barulho espanta os kites que voam rápido e somem por entre as copas das árvores. Sir Amig balança a cabeça. Sir Enrick fica irritado.

Ao mesmo tempo, Algar escuta o canto do kite. Olha para o alto. E vê passando o pássaro por cima de sua cabeça vindo de suas costas. Então o herói libera o seu falcão que começa a bater as suas asas rapidamente. Ele sobe enquanto a sua presa permanece nivelada na mesma altura. Quando o falcão está bem acima das copas ele encolhe as asas e desce muito rápido. No último momento ele expões as garras ponte agudas e fura o dorso do kite matando-o na hora. Ele faz uma curva e volta na direção do Barão, solta a presa à sua frente e pousa na luva de couro.

Algar: “Mais um prato pro jantar!”

Sir Amig não consegue caçar nada e Dylan conseguiu pegar um kite de tamanho médio.

Sir Amig: “Mas vamos bicho preguiçoso. Que droga! Você tá tirando sarro da minha cara. Me deu uma pomba pra eu caçar genro!”

Sir Enrick: “Que é isso Paizão?”

Sir Dylan: “Mas pai ,você faz mas barulho que um gigante dançando, andando pesado desse jeito. Está assustando todas as suas caças.”

Terceira Hora

Nesta parte da floresta existe um clareira. Os heróis ficam dentro da mata observando o campo aberto.

Sir Amig: “Devagar, um passo de cada vez. Jantar! Vem pro Amig aqui!”

Sir Dylan: “Quieto pai!”

Os cachorros sentam ao lado do grupo. Com a ordem de Sir Enrick eles correm pelo descampado e em zig zag uma lebre cinza corre enquanto os cachorros a cercam tentando mantê-la naquela área. Outros três cachorros espantam um esquilo que subia uma árvore o levando para a clareira também. Sir Enrick observa a lebre correndo e espera o momento exato de soltar o seu falcão. Quando retira a venda o falcão treinado localiza a presa e começa a piar. Ele bate as asas e fixa a visão na lebre que corre para um lado e para o outro tentando escapar. Enrick solta o seu falcão. A lebre corre para o lado oposto. Ela vai fazendo curvas. Então volta, o cachorro tenta espantar a lebre novamente mas ela é mais esperta e morde o seu rabo correndo para a mata desaparecendo em um buraco no chão.

Já o esquilo é muito ágil e é muito difícil enxergá-lo. Algar o mantém em seu raio de visão. O falcão se prepara para voar. O esquilo escapa dos cachorro e corre para um árvore na esquerda e começa a subi-la. O falcão é liberado pelo Barão. Ele voa em linha reta e faz uma curva com sua grande asa para esquerda. O falcão pega o esquilo no bico enquanto ele tentava subir em uma árvore. O esquilo se debate enquanto voam. Então o falcão pousa, o sacode matando-o e deixa o animal ali enquanto volta até o braço de Algar, bicando a luva pedindo recompensa. O cachorro líder da matilha pega o esquilo na boca e trás até o herói.

Sir Amig: “Quase escapou. Bicho valente!”

Sir Amig captura uma outra lebre e Dylan não tem sucesso nessa hora.
Sir Amig: “Muito bem rapazes! Muito bom praticar com esses pássaros. Vamos assar uns bichos desses e descansar um pouco.”

Quarta Hora

Os escudeiros começam a fazer uma fogueira e a limpar algumas das caças para os heróis comerem. Os falcões são colocados em um poleiro improvisado com um galho e encaixados entre duas árvores. Então eles limpam os animais abatidos, retiram as entranhas, deixam o fígado, coração, rins. E assam as caças e os miúdos temperados com ervas colhidas na mata.

Sir Dylan: “Pois é meus amigos! E a profecia que Merlim tem falado? Vocês ouviram? No campo de batalha ele falou: A chegada do rei que unirá a Britânia.”

Sir Amig: “Não sei se é uma grande galhofa do velhote Druida. Nunca sabemos se estão nos manipulando para fazermos a sua vontade ou se estamos fazendo a vontade da Deusa. Temo por Madoc.”

Sir Dylan: “Um amigo meu, Cavaleiro na corte do rei Uther, me contou que a Vossa Majestade tentou de todas as formas negociar com o Duque Gorlois e o homem não quis conversa. Esta se transformando em um rebelde.”

Sir Amig: “Dizem que a mulher dele enfeitiça os homens. Que seus encantos vão além do corpo perfeito e do rosto bonito.”

Sir Dylan: “Outra coisa que soube é que os saxões estão se armando e ficando cada vez mais fortalecidos no norte. Depois de alguns anos eles parecem querer por as garras de fora novamente. Será que teremos guerra novamente?”

Sir Enrick: “Eu espero que não! Chega de mortes!”

Barão Algar: “Enrick, o que aconteceu. Você não conseguiu caçar nada rapaz.”

Sir Enrick: “Se estivesse usando meu arco tinha pego todos.”

Barão Algar: “Sua arma serve para lutar a distância. Tem que usar uma pra lutar de perto. Uma que não destrua a caça. Uma arma de homem.”

Sir Enrick: “Arma de homem? Você não consegue puxar a corda e manter um alvo na mira em nem um milhão de anos. E Barão! Você não reclamou quando vencemos a Batalha de Figsbury.”

Sir Amig: “Chega de falar garotos. Sigamos em frente então. Deixem os falcões aí. Escudeiros cuidem do acampamento. Vamos caçar algo com as próprias mãos. Lanças de caça escudeiros.”

Quinta Hora

Sir Amig: “Vamos em linha, passo a passo, devagar! Vamos tentar achar a trilha. Temos mais quatro horas até o por do sol.”

Sir Dylan assobia e os cachorros vão um pouco à frente, bem quietos. Farejando e os guiando.

O grupo caminha em silêncio se esgueirando pelas árvores e folhagens tentando não fazer muito barulho. Tentando sentir o cheiro do ambiente. Procuram por pegadas na terra, ou galhos quebrados, tufos de pelo. Buscando a trilha de algum animal. Eles entram em uma área com árvores não muito fechada. A luz entra pelos galhos das copas. O chão é de terra preta com folhas caídas e grandes raízes de árvores se cruzando. Sir Enrick acha uma trilha que leva até umas folhagens e samambaias por entre os grandes carvalhos. Eles ficam com mato até a cintura. Não se enxerga o chão muito bem. Mas cheiro de urina animal pode ser sentido. Sir Enrick fazendo gestos para manterem o silêncio os guia saindo da área de samambaias seguindo a trilha e chegam próximos a um lago com plantas com flores vermelhas flutuando. O grupo escuta sons de pássaros e cigarras. Derrepente vêem um vulto preto, bem maior que um cachorro, passar correndo por entre as folhagens. Os cachorros começam a segui-lo. Com as lanças de caça à frente eles aceleram o passo seguindo o cachorro e se escondendo pela mata. Já podem ver o animal correndo, mas não distinguem qual é. Dois cachorros passam por ele e o assustam. Mas um dos cachorros é ferido. Eles escutam o som. Então o animal dá a volta. E volta em sua direção. Mais dois cachorros são feridos pelo animal feroz. Saindo do meio de uma folhagem de flores surge um javali. Ele tem nas presas o sangue dos cachorros e urra. É a sétima hora da caçada. Final da tarde.

Sétima Hora

Sir Amig: “Cuidado garotos! Esse é assassino!”

Algar tenta acertar com a lança o Javali. Ele é bem maior que um cachorro. O animal corre em direção à Sir Enrick que também erra. O animal foge. Os heróis correm atrás dele em meio a mata. Sir Dylan e Sir Amig estão ainda tentando chegar no local de encontro com a fera. Então Enrick e Algar conseguem alcançar o animal novamente. Sir Enrick o acerta, o animal grita e abre um corte com o dente afiado no seu braço. Algar erra a estocada com sua lança e leva uma mordida no braço abrindo muitos cortes. Sir Enrick acerta o lombo do animal tentando furar o coro duro que não o neutraliza. Mas Algar consegue um golpe certeiro entrando pela mandíbula do bicho saindo pelo topo do crânio. Antes de morrer o Javali vira a sua cabeça, em mais um ataque, abrindo um corte no pescoço do Barão.

Barão Algar ofegante: “Ufa! Já enfrentamos exércitos! Inimigos poderosos e quase morremos tentando caçar esse bicho! Credo!”

Sir Amig: “É isso aí garotos. Muito bem! Esse deve ter quase cem quilos. Acho que por hoje é só. Está anoitecendo. Foi muito divertido! Parabéns.”

Ele pega o Javali põe nas costas e sai animado com um sorriso no rosto carregando o pesado animal. Eles caminham um pouco, vão até a área que os escudeiros ficaram esperando com os falcões. Os cachorros correm na frente. Eles amarram o javali em uma estaca com as patas do animal pra cima e o carregam junto com os outros animais que tinham sido caçados. Eles voltam, pegam os cavalos e pela estrada de terra seguem em direção à casa de Sir Enrick. Quando chegam Padre Carmelo os espera na frente

Padre Carmelo: “Rápido Barão, é Lady Adwen. Ela está no quarto”

Quando os quatro heróis entram, o chão está cheio de água misturado à um pouco de sangue. Duas servas seguram as mãos da Lady que se contorce, branca, embaixo de um dos lençóis.

Lady Adwen: “Oi meu amor! Chegou a hora! Seu filho está nascendo!”

O Barão Algar fica branco de nervoso.

A Serva, uma senhora bem velhinha lhes fala: “Esperem lá fora senhores! Ou vão atrapalhar!”

Eles esperam no lado de fora do quarto no corredor de pedra. Duas tochas iluminam as paredes de pedra. De lá de dentro eles escutam alguns gemidos e gritos.

Sir Amig: “Isso é pior que lutar contra os saxões!”

Ele trás um chifre com hidromel para cada um dos presentes.

Passa uma hora. Silêncio, seguido de respirações ofegantes de Lady Adwen e sons dela fazendo força.

Sir Dylan: “Calma amigo, paciência! Vai valer a pena.”

Passam-se duas horas. Mais gemidos de dor. E derrepente se ouve um silêncio. Seguido de um suspiro de alívio e um choro. A serva abre a porta.

Serva: “Podem entrar, em silêncio!”

Ela diz apontando para Sir Amig que faz uma careta para a velha.

Quando entram, Lady Adwen está dormindo debaixo dos lençóis e um bebê embrulhado em uma coberta é entregue para Algar.

Sir Amig: “Desembrulha o bichinho!”

Quando o nenê é desembrulhado um menino aos berros está em suas mãos. Quando Algar o trás para perto ele para de chorar e olha para os olhos do Barão.

Sir Amig: “Qual o nome do rapazinho?”

Algar: “Brian! Será um dia um grande herói em logres!”

Sir Dylan: “Apesar das coisas que aconteceram com a sua família. A vida continua amigo. Seja bem vindo Brian!”

Então a serva pega o nenê e o coloca embrulhado novamente nos braços de Lady Adwen que dorme exausta.

Serva: “Agora saiam. Deixem os dois descansarem. Eles lutaram bastante.”

Sir Amig: “Vamos assar o javali e bebermos até desmaiar!”

Então Sir Amig, Dylan, Enrick e Algar vão para o salão de banquetes em reforma de Sir Enrick. Acendem o fogo, Sir Amig dispensa os serviçais e ele mesmo assa o javali em uma estaca girando o animal em cima do fogo.

Sir Amig: “Agora vou fazer minha bebida especial que só preparo quando nascem os filhos dos amigos.”

Então ele pega Hidromel, mistura com rum, corta algumas ervas aromáticas e coloca dentro de um balde grande de madeira. Abre uma pequena garrafa, que levava na cintura, com líquido amarelo e despeja.

Sir Amig: “Uisgebaugh, água da vida, presente do Bruce. Mandrágora colhida pelos druidas na lua cheia.”

A bebida começa a fumegar.

Sir Amig: “Senhores, lhes apresento a bebida mais conhecida da Britânia. A qual somente eu, o cavaleiro mais casca grossa do rei, detém o enigma me passado pelas mãos do próprio Bile. A bebida somente provada pelos homens mais corajosos da ilha. Mais saibam que poucos sobreviveram a ela. Bebam por sua conta e risco. Senhores esta é a traiçoeira, a perigosa, a quase mortal bebida. A famosa: Highway to Hell!”

Dá um gole na mistura verde dentro do balde de madeira e faz uma careta. A fumaça sai pelo nariz.

Sir Amig: “Bem vindo ao inferno rapazes!”

E eles começam a dar um gole na mistura fumegante e passam para o outro. A cada gole, os olhos dos heróis parecem desfocar. Os sons vão e vem. Às vezes tudo fica escuro.

Sir Amig: “Parabéns Barão! Que seu filho seja um grande cavaleiro e que seus inimigos tremam diante dele.”

Barão Algar: “Que Brian, lute melhor que nós e conquiste mais que todos.”

Sir Dylan: “Que tenha as mulheres mais belas e mais ouro que todos nós juntos!”

Sir Enrick: “Que meu filho, que virá no futuro, lute ombro a ombro com Brian e que os dois sejam grandes heróis!”

Sir Amig: “Vou contar uma estória pra vocês. Sabiam que no início quando Marion falava de você Enrick eu queria te cortar a flecha fora. Mas sabe que quando soube que salvou o príncipe na viagem de barco, quando invadimos Bayeux e na batalha de Figsbury onde você lutou como um guerreiro Britânico me convenceu guri. Mas cuidado! Se magoar Marion te esquento a bunda.”

Sir Amig: “Pode deixar Paizão! Mas você está bêbado ou gagá porque você viu eu salvar o Príncipe seu velho bêbado!”

Sir Amig: “Eu vou falar uma coisa. Uma vez. E amanhã quando estiver bem. Sóbrio, negarei até a morte. Eu amo vocês seus porqueira.”

Todos estão muito mal e tontos. Aos poucos parecem que vão desmaiar.
Sir Amig antes de apagar os sacode e fala: “Esqueci de avisar. Amanhã pela manhã temos que ir na missa. Conde Roderick mandou rezar uma missa para a colocação da lápide de Sir Alein e exige nossa presença.”

E todos desmaiam. Pela manhã acordam com muita ressaca e dor de cabeça. Sir Amig está roncando ainda. Dylan acorda e coloca a mão na cabeça.

Sir Dylan: “Ai minha cabeça! Parece que uma cavalaria passou por cima de mim.”

Sir Amig: “Ai meu deus! Alguém me ajude!”

Ele vomita só água.

Sir Enrick e Algar estão destruídos. Com dor de cabeça e ressaca.

Sir Amig: “Escudeiros! Preparem nossas montarias! Vamos vomitar na Catedral de Santa Maria. Estamos atrasados.”

Eles cavalgam deixando o feudo de Sir Enrick. Estão muito enjoados e passando mal. A dor de cabeça e a tontura, enquanto o cavalo trota, parece aumentar. Depois de duas horas de cavalgada finalmente eles chegam a Sarum. Passam pela ponte levadiça no portão oeste da cidade. Os guardam abrem caminho por entre as dezenas de pessoas que entram em Sarum. Pelas ruas eles cavalgam, estão atrasados. Eles descem dos cavalos e entram na igreja.

Sir Dylan: “Melhor sentarmos aqui atrás e fingirmos que estávamos aqui o tempo todo.”

Eles dormem todos encostados um na cabeça do outro. Sir Amig e Sir Enrick roncam. O Bispo lá da frente do altar olha meio desconfiado tentando descobrir o que está acontecendo. O pouco que os heróis conseguem ver da cerimônia é entrar a lápide com Alein esculpido em cima, igual a quando estava no dia de seu enterro. E a pedra é colocada por cima da primeira lápide. Seguido de uma missa de quatro horas em latim. Até que logo no final da missa, Duque Ulfius de Silchester, entra correndo pelo corredor principal subindo rapidamente a escada até o altar.

Duque Ulfius: “Desculpem a interrupção padre. Senhores, fiz a viagem em dois dias de Silchester até aqui. Em nome do Rei venho lhes solicitar para que marchem para o oeste em Glastonbury. O Rei Uther liderando seu exército está marchando para lá e chegará em cinco dias. Depois dos homens reunidos, iremos a Cornualha para exigir do duque de Gorlois o que é de direito de nossa majestade. Exigir que o Duque cumpra suas obrigações. Ele, há alguns dias, desafiou Vossa Majestade através de uma carta onde ofendia a autoridade real. Há tempos esse rebelde está provocando o nosso rei. Vocês lembram, em Mearcred Creek e no cerco em Bayeux ele não enviou suas tropas para ajudar Logres. Nos encontraremos lá senhores! Boa jornada!”

Conde Roderick se levanta lá nos bancos da frente do altar: “Vocês ouviram homens! Preparem-se o mais rápido possível. Partiremos depois do almoço.”

Conde Roderick e Sir Elad atravessam o corredor principal da Catedral para do lado dos Cavaleiros dormindo e cheirando álcool.

Conde Roderick: “Bêbados na igreja! Se recomponham. Amig, você depois que passou a andar com esses garotos acha que tem a idade deles. E vocês, deveriam ter vergonha de se apresentar na Catedral desse jeito. Tomaram a estrada para o inferno, não é? Se apresentem depois do almoço, sóbrios de preferência, seus parlapatões! Como estão sem homens em suas fileiras por causa da Batalha de Figsbury só exigimos as suas presenças no exército real. Amig convoque seus homens imediatamente. Algar, Dylan e Enrick lutarão com você. Cavaleiros!”

Sir Amig chama um de seus escudeiros e manda o garoto ir ao seu feudo convocar seus homens. Os heróis vão até o mercado da Águia. Comem um espetinho de carne e bebem muita água do poço perto da estátua que dá nome a feira. Logo começam a se sentir melhor. Então fora das muralhas, se reúnem com o exército do Conde Roderick. Cada vez mais Cavaleiros vem de suas terras. Logo Sir Bag, Sir Jakin, Sir Dalan também chegam.

Sir Bag: “Meus amigos! E aí, alguma novidade?”

Barão Algar: “Sou pai Bag! Brian nasceu e Sir Amig nos levou passear na Estrada para o Inferno.”

Sir Bag:“Parabéns! E quanto a bebida, isso explica a cara de que foram pisoteados por gigantes. Então, vamos ter que ir para Cornualha é?”

Sir Jakin: “Lá vamos nós de novo. Será que teremos combate?”

Sir Dalan: “Combate eu não sei, mas a minha preocupação é se vai ter mulher.”

Então Sir Dalan vê uma vendedora de flores na feira, ela é muito bonita, de seios fartos e cabelos lisos pretos. Ele vai até lá e começa a ajudá-la e a conversar com ela.

Então, depois de algum tempo um chifre soa e todos ouvem a voz do Conde Roderick.

Conde Roderick: “Atenção Cavaleiros do Rei, preparar para partir!”

Primeiro dia:

O exército se reúne fora das muralhas de Sarum e parte logo após o almoço, pegando a antiga estrada romana para o oeste até Wells. Os heróis viajam no meio da grande fila, junto com os soldados de Sir Amig e cruzam todo o trajeto com mercadores levando suas carroças carregados de aveia, trigo, cebolas, abóboras, galinhas, coelhos. Um sacerdote druida vestido de branco apoiado em seu cajado que os cumprimenta. Mendigos, ex-soldados, que perderam partes do corpo em batalhas, caminham ao longo da fila pedindo esmolas. Diversos feudos são vistos, plantações, alguns castelos. As condições da estrada são boas. O exército caminha em uma fila composta de dois homens marchando lado a lado. E os cavaleiros também viajam dois a dois. Ao anoitecer acampam no lado exterior do forte Vagon. Dezenas de fogueiras são acessas. Alguns homens jogam, outros cantam, outros bebem e se divertem com mulheres.

Sir Amig: “Rapaizinhos! Estava conversando com o Conde Roderick. Parece que os nossos espiões viram que o Conde Gorlois tem homens de prontidão em suas terras. Temem um
ataque da força do rei.”

Segundo dia:

Um pouco de chuva cai ao amanhecer do segundo dia, os escudeiros recolhem as tendas, e o exército do Conde adentra a floresta de Selwood. O caminho é bom mas as copas das árvores diminuem a luminosidade. Dos dois lados a mata é bem fechada. Alguns cervos passam correndo. A quantidade de pessoas viajando ali diminui consideravelmente. Ao anoitecer eles estão exatamente acampados no centro da floresta. Na escuridão da mata todos podem ver as fogueiras acesas e as conversas dos outros soldados. Dois escudeiros ficam atirando pedras na mata, na escuridão.

Sir Bag: “Parem seus idiotas! Dizem que essa floresta tem espíritos milenares adormecidos. Não convém perturbá-los. Cuidado senão o rei Pellinore pode pegar vocês.”

Escudeiro: “Que estória é essa meu senhor?”

Barão Algar: “Esta é a lenda do rei pagão, que reinou no ano trinta de nosso senhor e que abandonou tudo para caçar uma criatura fantástica. Então, com a sua partida, o seu reino foi invadido e os seus inimigos destruíram sua família. Os dois, caçador e criatura estão condenados a este destino para sempre. A besta emite sons de cachorros de caça e isso sempre a trai, apesar de ser mestre em se esconder e disfarçar. Assim o Rei localiza a sua trilha, mas nunca consegue pegá-la e será sempre assim até o fim dos tempos. Estávamos uma vez, irresponsavelmente, diga-se de passagem, tomando banho de rio na floresta na fronteira da Cornualha quando ele apareceu. ”

Sir Dalan: “Que papinho, hein? Só falta você me dizer que conhece o Odim em pessoa.”

Algar sorri e fica em silêncio,

Sir Enrick: “Quietos e vamos dormir! A caminhada vai ser longa!”

Mas estranhamente Enrick e Algar acordam no meio da madrugada. Tudo está em silêncio. Todo o exército parece estar adormecido. Somente os dois Cavaleiros estão de pé usando armadura completa e empunhando suas armas. Estão dentro da tenda de campanha. Derrepente parece que as paredes se encolhem e só resta escuridão... Eles são transportados imediatamente para o meio da floresta. Não vem mais o exército, nem as fogueiras, nem a estrada. Estão na escuridão total. Um ponto de luz se aproxima logo à frente. Algar parece por uns momentos ver a floresta emitir Bioluminescência. Uma mulher loira toda vestida de branco carregando uma tocha se aproxima. Ela parece ter uma aura branca e usa uma guirlanda de flores na cabeça.

Fada: “Bem vindos cavaleiros! Sigam-me!”

A cerca de cem metros ela afasta uma folhagem e logo a entrada de uma caverna surge.

Fada: “Venham filhos da britânia.”

Após percorrerem um corredor de pedras escavado com paredes cinzas irregulares os dois saem em um salão redondo muito antigo. As paredes estão esculpidas com dois sarcófagos abertos na posição vertical com armaduras negras completas no interior um de cada lado.

O chão é uma rosa dos ventos preta e beje feita em mármore brilhante que aponta para cada um dessas aberturas esculpidas na parede. Derrepente várias tochas dispostas pelo salão se acendem todas ao mesmo tempo. Nas paredes os heróis podem ver pinturas rupestres da deusa e do deus da religião antiga. Uma música de flautas e tambores começa a tocar cada vez mais rápida. Um brilho e uma sensação de embriaguez permeia tudo. Sir Enrick fica tomado por aquela sensação estranha. Muita energia emana daquele lugar. Eles tem clarões de mulheres nuas dançando. Parecem ter intimidades com elas. Derrepente as armaduras negras começam a se movimentar e os cercam. Um frio profundo emana delas. Somente o som das partes metálicas são ouvidos a cada passo que dão. Os dois Cavaleiros escutam no interior de sua mentes:

“Caminhamos junto com o homem desde a criação. Geramos o caos, a morte, o sofrimento, o genocídio. Onde a luz existe a sombra. Tivemos vários nomes através das eras. Reis, camponeses, nobres, sacerdotes, todos eles já nos serviram. Aqueles que a religião nova chama de demônios nada mais são do que a a contra parte escura da alma do homem. Os antigos me chamam de Tchort e vocês de medo. Respondam cavaleiros! Qual o seu maior temor? Enfrente-os se forem capaz!”

As armaduras sacam suas armas e partem para cima dos heróis. Eles lutam como se enfrentassem os seus maiores medos. Golpeiam, mas as armaduras lutam muito melhor impregnadas de sentimentos negativos. O mármore do chão é quebrado com os golpes das assombrações. Outros acertam os dois heróis. Eles tem flashes novamente de fadas os rodeando. Tudo começa a girar rápido e vertiginosamente. E eles são transportados para o mesmo lugar na floresta que encontraram a mulher que apareceu na floresta. Agora ela surge duplicada, atrás, e os entrega um pano para cada um, com uma planta no formato de um triângulo central e desenhos circulares saindo de seus vértices. As fadas falam ao mesmo tempo.

Fada: “Vocês atenderam o chamado. Não deixem, como ocorreu aqui, que o medo os derrote. Esse é o presente do nosso mundo para o de vocês. Em breve a tênue Bruma aproximará os dois lados e a profecia se cumprirá. Ela começa a ser vivida nos próximos dias quando as três cabeças de leão surgirem. Vocês estarão lá e nos ajudarão a cumpri-la. A Bretanha será uma. As custas de muitas vidas e sacrifício. Pois a era do caos em breve chegará. Vocês estarão no meio da tempestade. E como tudo tem um preço. A dor virá. O Dragão maior perderá a força pois estará perdido em seus desejos. E tudo ruirá!”

Terceiro Dia:

É o terceiro dia e eles acordam assustados, deitados nas camas de campanha, dentro da tenda. Quando Sir Enrick e o Barão Algar abrem suas mãos o pano com a planta está ali. Eles parecem preocupados. O exército segue viagem pelo dia inteiro e chega nas muralhas de Wells. A cidade tem uma paliçada de madeira e é um motte and bayle. Na parte baixa fica a pequena vila e depois de passar por uma segunda paliçada e um foço existe uma colina de terra negra artificial com um castelo forte em cima. A cidade é bem barrenta, esfumaçada e suja para os padrões de Sarum. O acampamento enorme é montado. Os soldados estão proibidos de entrarem na cidade para evitar confusões. Somente cavaleiros e nobres poderão fazê-lo. Sir Elad, Conde Roderick, Sir Amig, Sir Bag, Sir Dylan, Sir Jakin, Sir Dalan incluindo Sir Enrick e Algar estão no castelo da cidade onde o regente Sir Onofre, um cavaleiro veterano com cabelos brancos curtos, usando uma amadura completa, os recebe. Ao anoitecer existem poucas pessoas nas ruas. Somente o som de cachorros latindo e a conversa vindo da taverna local. O castelo de Wells é simples e a corte tem poucos integrantes. Mas Sir Onofre se esforçou para servir um bom banquete. Algumas ladies e cavaleiros do regente estão presentes ouvindo os músicos e sentados na grande mesa. Umas trinta pessoas estão ali. Antes de entrar todos deixam as armas lá fora com seus escudeiros. Seis anões fazem malabares e cospem fogo para entreter os convidados.

Sir Onofre: “Então Cavaleiros! Quer dizer que tiveram muita ação no inverno do ano passado. Dizem que a batalha que travou com o seu irmão Barão, quase levou Logres a derrocada.”

Barão Algar: “É, mas tinha que ser feita! Lá em Logres não temos medo de lutar.”

Sir Mathew: “Sir Luc! Se lembra dele Algar? É meu primo. Comandante da fronteira da Cornualha. Uma vez ele te desarmou. Mas dizem por essas bandas que o seu amigo lhe salvou com uma espada romana e te livrou de ser morto.”

Barão Algar: “Foi falta de sorte eu diria. Dá próxima vez quem sabe, ele não ficará com o pescoço próximo a lâmina do meu machado.”

Sir Lockdunam: “Chega homens, são nossos convidados. Deixem me apresentar. Estão vendo aquelas beldades? Foram convidadas para lhes fazer compania. Se é que vocês me entendem. Aquela ali é Lady Silmur. É muito bonita, cabelos pretos lisos, olhos verdes, filha de um nobre, Sir Cleremond, proprietário de seis feudos em Somerset e possuidor de um excelente grupo de arqueiros. Ela parece ser bastante comunicativa e aceita as duas religiões. A outra ao lado dela é Lady Morgus. Tem uma beleza regular, cabelos loiros e lisos, usa um véu na cabeça. Anda com as roupas todas fechadas. Tímida, muito católica. Ela é filha de um duque chamado Arnold proprietário de dois barcos e vinte feudos. Possui um grande exército. E aquela que está rindo ao lado é Lady Simone. Beleza peculiar, cabelos ruivos crespos, olhos negros, sardas, mulher com personalidade forte, possui uma pequena meia lua tatuada na testa mostrando ser adepta da antiga religião. Fala o que pensa. Seu pai é um cavaleiro defensor de Avalon. Não possue muitas terras mas é capaz de dar a vida pela antiga crença, Sir Florence, seu pai é muito respeitado pelos druidas. Sigam-me por favor.”

Lady Silmur: “Fala-se muito do Cavaleiro que era plebeu e impressionou o rei no torneio em Camelot. Mas ninguém tinha me falado que ele era tão grande e forte. Peça o que quiser Flecha Ligeira. O que quiser mesmo. ”

Sir Enrick: “É uma honra Milady. Mas terei que lhe agradecer educadamente. Está vendo aquele cavaleiro barbudo, arrotando e contando piadas? Pois é! É meu sogro. Casarei em breve.”

Lady Silmur fica emburrada e irritada com as palavras de Sir Enrick.

Lady Simone: “Estou cansada das mesmas intrigas e conversas da corte. Sempre a eterna briga entre Cornualha e Logres. É muito bom ter gente nova para conversar. E às vezes passar a noite.” Ela diz mordendo os lábios olhando para Algar.

Barão Algar: “Pois é. Veja bem Senhorita. Estou muito feliz de visitar Wells e conhecer tão bela dama. Mas sou casado e tenho um bebê em casa me esperando.”

Lady Simone: “É uma pena Senhor! Pensei que os homens de Logres eram mais atirados.”

Sentados os heróis vêem Sir Bag disputando uma queda de braço com alguns cavaleiros e vencendo todos. Eles quando são derrotados dão moedas de ouro para o Cavaleiro que ri e se diverte. Algar observa e para o seu espanto vê Sir Dalan se beijar ardentemente com uma nobre atrás de uma tapeçaria. Só que um detalhe. Ninguém contou a ele que ela é mulher de Sir Mathew.

Sir Mathew, vê de onde está sentado, Dalan beijando sua mulher.

Sir Mathew: “Mas o que está acontecendo aqui?” (Ele bate na mesa)

“Seu desgraçado! Pagará com a vida por essa ousadia!”

Ele e mais nove cavaleiros de sua guarda caminham em direção a Dalan irados. Os outros Cavaleiros de Wells falam: “Deixem disso!”, “Estamos do mesmo lado”, “Calma!”

Eles se aproximam com o pulso fechado.

Sir Mathew: “Vamos ver se os homens de Sarum sabem brigar ou se são só matadores de padres.”

Algar levanta da mesa e corre até Sir Dalan. Os outros Cavaleiros da Cruz do Martelo fazem o mesmo. Sir Amig pede licença e cai na porrada também. Sir Enrick fica sentado comendo uma grande coxa de peru e tomando hidromel enquanto móveis voam. Pratos servem de armas e garrafas são quebradas. O Barão Algar começa jogando um barriu vazio em um homem que tonteia com o impacto. Sir Enrick se levanta passa desviando dos golpes, serve-se novamente de hidromel e volta para a mesa. Outro homem acerta Algar no rosto com uma garrafa. Algar lhe dá uma chave de pescoço e depois um soco no meio do rosto e o homem cai desmaiado. Então Sir Enrick, depois de acabar a sua refeição calmamente vai até o homem que sobrou, pega uma tocha na parede e acerta o rosto dele que gira. Algar quebra uma garrafa em sua cabeça levando-o a desmaiar. Eles olham ao redor e vêem Sir Bag bater com a parte de fora de sua mão. O Cavaleiro inimigo bate com a cabeça na parede de madeira e cai desmaiado. Depois ele se vira, pega outro homem pelo pescoço e bate sua cabeça na mesa. Sir Amig vem correndo e enfia uma coxa de peru dentro da boca do homem que sufoca e desmaia. Sir Dalan leva um chute no nariz que quebra e sangra.

Dalan: “De novo não!”

Ele puxa uma tapeçaria e joga no seu adversário, que fica confuso e quebra uma cadeira nele, tirando-o de ação. Sir Jakin, depois de apanhar muito, soca um dos homens bem maior que ele. O homem tonteia cai de joelhos mas não apaga. Sir Bag vem e dá um chute no queixo e finalmente ele desmaia.

Sir Jakin: “Obrigado”

E Jakin leva uma garrafada que o faz desmaiar. Sir Dylan pega uma tocha, joga um jarra de vinho no homem e acende. O seu adversário corre pegando fogo e se joga no chão. Lady Silmur e Simone ajudam a apagar as chamas com seus vestidos. O homem fica gemendo de dor. E finalmente Sir Amig se abaixa duas vezes, desviando de socos, segura as costas com dor e leva um direto no queixo.

Sir Amig: “Baaaaag!!!!”

Sir Bag pega um dos anões que fazia malabares e atira no homem. Anão e alvo se chocam e caem desmaiado embaixo da mesa enquanto um cálice de hidromel vira e despeja todo o seu conteúdo neles. Sir Amig muito macho com um dos olhos fechados ferido diz.

Sir Amig: “Mais alguém? Fique aqui Bag.”

Conde Roderick: “Homens chega! Sir Onofre! Obrigado pela hospitalidade mas temo que se ficarmos, a festa pode ficar ainda mais agitada! Vamos Cavaleiros, carreguem Jakin.”

E todos os Cavaleiros da corte de Wells ficam em silêncio boquiabertos com a confusão. E com um certo medo de apanhar. Quando eles se retiram Lady Silmur, Simone e até mesmo Lady Morgus dão um tchauzinho com o rosto apaixonado para os heróis.

Conde Roderick enquanto sobem em seus cavalos: “Seus irresponsáveis idiotas poderíamos ter sido mortos lá dentro! Mas, gostei de ver! Esses pé rapados de nariz empinado pensarão duas vezes antes de mexerem com os Cavaleiros de Sarum!”

Então eles retornam ao acampamento e dormem.

Quarto dia:

Ao amanhecer o exército parte para o Sul. Não existe uma estrada e sim uma planície com poucas colinas verdes suaves. Finalmente eles chegam à cidade sagrada de Glastonbury. A abadia enorme pode ser vista em cima de um morro muito alto, que se ergue à cima dos muros de pedra, a beira de um lago, coberto de brumas, que se perde no horizonte.

Sir Jakin: “Amigos aqui as duas religiões se encontram”.

O acampamento é erguido fora dos muros da cidade. E os pagens de Uther já chegaram e preparam a tenda real e a área destinada a sua corte. Na hora do almoço, todos vêem o brasão dos Pendragon surgindo no final da estrada romana e centenas de soldados e cavaleiros chegando. O Rei Uther vêem na vanguarda com o Príncipe Madoc, Merlim e o Conde Ulfius. Todos abaixam as cabeças para o saldar. Escoltado por cinquenta cavaleiros com armaduras reluzentes. Com quase dois metros de altura, cabelos compridos grisalhos e cavanhaque, o rei Uther usa seu manto de pelo de urso branco por cima da sua armadura adornada em ouro. Na cabeça a coroa com pedras preciosas coloridas em formato de um dragão com olhos de rubi. Seus anéis feitos em ouro e prata e um medalhão com runas antigas junto com o crucifixo pende de seu pescoço. Ao alcance da mão todos podem ver a empunhadura da Excalibur. O Príncipe Madoc logo os vêem e sorri.

Príncipe Madoc: “Olha só quem está perdido em Glastonbury!”

Ele desce da montaria e os abraça.

O Rei Uther lhes sorri satisfeito e espora seu cavalo até o centro do acampamento onde sua tenda, seus pagens, escudeiros, mulheres e cavalos o aguarda. Merlim o segue. Os cinquenta homens da guarda pessoal do rei lhes acenam. Foram eles que lutaram ao lado de Madoc em Figsbury. Todos os presentes olham os heróis com admiração. Outros com certa inveja. À noite enquanto os Cavaleiros aguardam na tenda de campanha, Sir Amig chega.
Sir Amig: “Vamos garotos! O rei quer lhes falar!”

Na presença de Sir Elad, O conde Roderick, Duque Ulfius, Sir Brastias (guarda costas do rei), do príncipe Madoc, Merlim e dos quatro reis Vassalos de outras regiões, que trouxeram seus exércitos, o Rei Uther os recebem na tenda ricamente adornada. O interior parece um palácio com decoração, obras de arte, bardos, arautos, mulheres bonitas, comida e bebida à vontade. Merlim está sentado em silêncio com a cabeça coberta pelo capuz branco do manto de Druida.

Rei Uther: “Cavaleiros o Duque Ulfius de Silchester gostaria de conhecê-los!”

Conde Ulfius: “Barão! Escutei muito sobre os seus feitos. Então você é o plebeu que impressionou com a habilidade no arco Vossa Majestade e virou um nobre? Interessante! Eu não lhe conheço de algum lugar Barão?”

Barão Algar: “Sim! Eu lhe conheci quando estávamos buscando o Cavaleiro romano de Camelot desaparecido, Sir Julius.”

Conde Ulfius: “O que? O Senhor é o comedor de maçãs? Melhorou muito seus modos rapaz! Amadureceu muito. Acho que a vida de guerreiro lhe fez bem. Vocês estiveram em Bayeux, não é? Souberam que o pretor Syagrius foi derrotado pelo rei franco Claudas no último verão?”

Barão Algar: “O Príncipe colocou no devido lugar aquele homem insolente e arrogante.”

Sir Enrick: “Fico feliz que ele tenha sido derrotado. Se pudesse tinha enchido aquele homem de porrada.”

Rei Uther olha para Madoc: “Tenho certeza de que a decisão de meu filho foi a melhor para o reino naquele dia. Apesar de não conseguirmos o número de soldados esperados para irmos a Cornualha por causa da covardia de alguns, são nobres assim, como vocês, que preciso do meu lado e de meu filho. Agora que resolvemos a confusão que Odirsen II, que deus o tenha, causou. Podemos nos concentrar nos outros Lordes que não nos apoiam e conseguirmos que nos sigam pela força da palavra ou do aço.” ( E toca em Excalibur)

Merlim: “A antiga tradição do reino conta com a sua fidelidade! Pelo rei, pelo reino e pela grande mãe. Os espíritos me contaram que vocês enfrentaram os seus medos. Mostrem o presente que as fadas lhes deram.”

Quando mostram a planta seca, Merlim levanta se aproxima e sobre põe a palma da mão direita nelas que ficam verdes e vivas novamente até que se retorcem em forma de um pequeno dragão e caem no chão se transformando em sangue imprimindo o desenho na terra. Merlim olha preocupado.

Todos os presentes ficam em silêncio.

Rei Uther: “Não vamos deixar que isso nos deixem preocupados. Estamos no caminho certo. As nossas crenças estão vivas graças à vocês. Só nos resta agora defender Logres e unir todos em um mesmo ideal. Avalon está do nosso lado, a igreja cristã também. Não há o que temer. Por isso vamos exigir de Gorlois sua submissão a minha autoridade. Nem mais nem menos. Tenho um pedido para lhe fazer Enrick. Deixe-me cavalgar Hefesto. Preciso de um cavalo imponente como ele e veloz para intimidar meus inimigos. Obrigado senhores! Podem ir então Cavaleiros da Cruz do Martelo.”

Sir Enrick: “Será uma honra senhor!”

Na metade da manhã do quinto dia o exército formado por três mil homens levanta acampamento e segue para a Cornualha. O Rei, o príncipe, Merlim e a escolta real cavalgam à frente do exército com o estandarte dos Pendragon. Sir Enrick e o Barão Algar cavalgam lado a lado com os Cavaleiros da Cruz do Martelo e Sir Amig. Outra centena de cavaleiros cavalgam atrás do seu grupo, os escudeiros com as centenas de cavalos e carroças de provisões e armas vem depois e aí vem os arqueiros, os lanceiros, a infantaria leve, depois a pesada, os engenheiros e o séquito de sacerdotes, mulheres, médicos e vasculhadores de corpos. O caminho vai se estreitando até que chegam ao rio Parret ao anoitecer. Mais uma vez o acampamento é armado. Próximo da meia noite uma corneta soa no acampamento. E todos vêem duas sentinelas a cavalo escoltando um mensageiro com o escudo de Gorlois estampado no peito. Ele veste uma armadura prateada completa. Um escudo preto com um V invertido em vermelho e três cabeças de leão com as línguas para fora na mesma cor. Duas em cima em cada canto do escudo e uma no centro embaixo.

Sir Enrick: “Droga! Os três leões!”

Barão Algar: “Já começou! O destino é inexorável!”

Sir Arnald: “Sou Sir Arnald, Cavaleiro do Duque Gorlois. Trago uma mensagem urgente ao Rei Uther.”

Os homens vaiam. O Rei Uther com sua escolta se aproxima a pé do mensageiro.

Sir Arnald: “Majestade, o Duque propõe um combate para decidir essa disputa. Em campo aberto, sem truques. Ele propõe que deus decida através do combate justo quem tem razão. Vossa Majestade ou o Duque Gorlois. Ele aguardará com seu exército depois do almoço na nascente do rio Parret.”

O Rei Uther: “Pois bem Sir Arnald! Avise aquele desgraçado que me espere e que se for preciso o enviarei para conversar diretamente com Deus para resolver o problema. Lembre o Duque que traidores não terão misericórdia sobe minha espada.”

Todos ficam em silêncio enquanto o Rei Uther sai irritado, com os olhos cheio de raiva e recolhe-se na sua tenda. Os homens ouvem o rei xingando e quebrando tudo dentro da tenda real.

Sir Amig: “Não faz nenhum ano que lutamos. Lá vamos nós de novo.”

Sir Bag: “Droga, nem me despedi da minha mãezinha direito.”

Sir Dylan: “Eu pensei que Gorlois fosse querer negociar sobe a pressão de Uther. Parece que ele é bem valente.”

Sir Dalan: “Dizem que Igraine a mulher dele é um pedaço de mal caminho.”

Sir Enrick: “Chega de se meter em confusão por causa de mulher Dalan. Seu nariz agradece.”

Sir Elad: “Homens! Estejam preparados. Teremos que lutar.”

Ao amanhecer o exército se prepara para iniciar sua marcha rumo a nascente do rio. O ritual é o mesmo. Escudeiros preparando cavaleiros e cavalos. Todos se armando. Arqueiros preparando suas flechas tendo cuidado de examiná-las uma por uma. O exército marcha e o caminho torna-se lamacento e pantanoso. Uma chuva forte por causa do calor torna a jornada mais difícil, O exército se desloca em fila indiana quando o rio entra na floresta. Então saem da área pantanosa e seguem a margem do rio cercada de floresta. Entre cruzando a pequena floresta, seguindo o rio pedregoso, eles podem avistar o exército inimigo em uma colina logo depois da nascente. São milhares de guerreiros em toda extensão do horizonte. Todos parecem preocupados.

Uther: “Atenção comandantes de unidade se posicionem com suas tropas. Cavalaria à frente!”

Os heróis, seu Cavaleiros e Sir Amig cavalgam e se posicionam na vanguarda e formam quatro linhas apertadas na margem do rio com trinta cavaleiros cada. O Rei Uther, Madoc, Merlim, Conde Roderick e Sir Elad estão à frente e no centro.

Uther: “Cavaleiros do rei apresentar armas! Marchar”

Uma parede de lanças, espadas, machados, martelos, manguais e massas de guerra surgem enquanto os cavalos começam a aumentar a velocidade.

Uther: “Cavaleiros da Cruz do Martelo comigo!”

Eles cavalgam ombro a ombro com o rei e sua guarda pessoal.

A medida que se aproximam da saída da mata Sir Enrick nota de cada lado escondido entre as árvores homens com armaduras empunhando espadas do lado direito e do esquerdo arqueiros prontos para atacá-los.

Mas o Rei Uther, espora Hefesto e sozinho cavalga corajosamente à frente do grupo com Merlim e vocês tentando o acompanhar. Enrick e Algar gritam para o Rei Uther tentando avisá-lo em vão.

Uther: “Uma terra! Um rei!”

Gorlois grita: “Justiça!”

Merlim grita: “Mostre a espada para eles”.

O Rei Uther já está bem à frente e para diante dos soldados do Conde Gorlois escondidos dos dois lados empunhando Excalibur, empinando Hefesto. Ela brilha na mão do rei mesmo à luz da manhã. A luz é tão intensa que revela as tropas escondidas no bosque, fazendo as armaduras do inimigo brilharem. Eles ficam sem ação. Suspiram assustados e recuam devagar, sem dar as costas, passo a passo. O duque de Gorlois olha preocupado para seus nobres que estão redor. Eles parecem assustados e boquiabertos. O rei para no vale entre a colina e o bosque. Merlim e os heróis finalmente chegam até ele.

Merlim: “Contemplem a espada da vitória! Forjada quando o mundo era jovem.”

O Duque Gorlois por um instante conversa com seus homens. Então ele e vinte Cavaleiros da sua guarda pessoal descem a colina e se aproximam. Eles para à vinte metros.

Duque Gorlois: “Se eu me render, o que ganho?”

O rei fica indignado e prepara uma resposta ácida. Merlim sacode a cabeça negativamente.

Então Uther diz: “Toda a terra daqui até o mar para proteger em meu nome. O seu único Rei Uther.”

O Duque grita: “Eu aceito!”

O Duque e o Rei se aproximam e dão as mãos. Os dois lados os exércitos comemoram.

Uther: “Homens! A paz está celada! Escudeiros, armar acampamento! Bebida e comida para todos. Comemorem pois não perdemos uma vida neste campo hoje. E logo vocês poderão voltar para as suas famílias.”

Imediatamente um grande acampamento é armado juntando os dois exércitos. Ao anoitecer Uther e Gorlois celebram na tenda real bebendo e conversando.

Os Cavaleiros da Cruz do Martelo estão reunidos conversando ao redor da tenda real, fazendo a guarda do rei junto com os guarda costas do rei e do Duque. Por todo acampamento os homens bebem junto com o inimigo, cantam juntos, dançam, riem.

Sir Amig: “Isso se resolveu muito fácil.”

Sir Dalan: “Mas acho que foi melhor assim. Milhares de vidas foram poupadas e as terras estão seguras.”

A noite passa e eles escutam Gorlois e Uther rindo e conversando. Quando surge os primeiros raios de sol Gorlois sai da tenda. Ele sai tropeçando bêbado.

Gorlois: “Escudeiros! Tragam meu cavalo! Arautos, mandem a corja levantar acampamento vamos embora.”

Então ele sobe em seu cavalo, a sua guarda pessoal, com cinquenta cavaleiros faz o mesmo. Esporando o seu cavalo o Duque Gorlois parte na frente e seus Cavaleiros o seguem. Duas horas depois seu exército também vai embora.

Então um mensageiro chega perto do meio dia quando todos os cavalariços e escudeiros preparam as carroças e cavalos de carga, recolhem as barracas de campanha e preparam-se para partir. Ele é levado na tenda do rei. Após alguns minutos o Rei Uther sai de lá e seu arauto toca um clarim. Todos fazem um círculo ao redor para ouvi-lo.

Rei Uther: “Atenção homens! Mensageiros de Lindsey nos enviaram um pedido de socorro. Os Saxões do norte estão pilhando e destruindo as aldeias do norte. Partiremos daqui algumas horas. Levaremos quinze dias até lá. O Duque Gorlois nos fornecerá mais tropas e comida. Preparem-se!”
Atravessando Logres pela estrada que leva ao norte o exército se coloca em marcha forçada. Os dias são puxados e os homens reclamam pela pouca alimentação, pelos dias chuvosos e pelo cansaço. Os camponeses ao longo do caminho são obrigados a ceder parte da alimentação o que também deixa todos descontentes. Se não fosse a presença do Rei as tropas já teriam dispersado ou se rebelado. Algumas brigas e assassinatos são registrados ao londo dos dez dias de marcha. No décimo dia a força chega em um dos Feudos do Duque de Lindsey. As plantações estão destruídas, os animais mortos, o castelo foi queimado. Os corpos dos camponeses e da família do nobre estão pendurados em uma árvore no alto da colina. Todos enforcados. Depois uma segunda propriedade teve o mesmo fim, uma terceira, quarta e todas as que eles atravessam, no caminho para o norte. Existem somente carroças abandonadas e corpos. Queimados, enforcados e torturados. A morte está por todo o lugar. Todos estão revoltados, o Rei parece ultrajado com o que vê.

Rei Uther: “Escutem todos! A primavera está acabando e o que restou nessas terras foi morte e destruição. Todos estão cansados e famintos. Se tivéssemos uma batalha agora perderíamos e a maior parte de nós morreria. Então eu peço para que cada comandante de unidade se separe com seus homens e caminhem para o norte cada um para uma região. Procurem escaramuças, o inimigo está em grupos separados pilhando o que encontra à frente. Só há morte por aqui e é morte que vocês deverão levar em meu nome a esses malditos, não façam prisioneiros! Vão e ao primeiro dia do verão voltem para as suas casas. Façam esse último sacrifício e tens minha palavra de que voltaremos em breve trazendo luto e morte para os Saxões! Sir Enrick e Barão Algar, preciso que me apoiem nesse ride em Lindsey. São o braço direito de meu filho, ou seja, são o meu braço direito também. Meus espiões informaram que Octa e Eosa, para ficarem com as terras de Wistan e Edwin, os saxões que o ajudaram a resgatar a sua mulher Algar. Os entregaram a Odirsen II em mais um trato sórdido que seu irmão fez em vida. Sim, eu sei de tudo que ocorre em meu reino garotos. Então, já sabem o que fazer, que isso seja mais um incentivo à vocês. Boa Sorte!”

Sir Enrick, o Barão Algar, Sir Dylan, Madoc, Bag, Amig, Jakin e Dalan partem pelos campos. Sempre cavalgando com os olhos no horizonte. Atentos a qualquer movimento. Por horas só vislumbram paisagem vazias. Mas a morte está presente. Corpos de mulheres, crianças, velhos e homens jazem pelo caminho. Os corpos femininos parecem terem sido todos violados. Muitos estão pendurados enforcados outros simplesmente com os abdomens abertos. Muitos decapitados e suas cabeças colocadas em lanças espetadas pelo caminho e o martelo no estilo saxão de Thunor desenhados em suas testas.

Barão Algar: “Que heresia!”

Sir Enrick: “Estão perto, os cadáveres ainda estão quentes. A fogueira próxima está em brasa e a seiva que sai das plantas amaçadas pelas botas ainda está viva.”

Sir Bag: “Vamos caçá-los!”

Subindo uma colina eles avistam lá embaixo uma pequena vila com umas dez casas. Fumaça levanta dos telhados, transformados em cinza, que foram queimados. Eles observam cinco saxões andando lá embaixo. Uma pilha com umas trinta pessoas ardendo em chamas existe no centro do local. Eles parecem mexer em um baú. Duas mulheres estão amarradas deixadas sentadas no chão enquanto outra é violada por um dos homens. Eles tem cabelos longos, barba, alguns são ruivos e outros tem cabelo pretos. Vestem armaduras de couro, tem escudos redondos, usam machados e elmos abertos. Vestem peles de urso pardo por cima da proteção de couro, até os joelhos, ficando com as pernas à amostra. Usam botas de pele.

Sir Amig: “Desgraçados! Atenção Cavaleiros! Cargaaaaa!”

Todos os Cavaleiros da Cruz do Martelo descem em velocidade pela montanha. São dois deles para cada bárbaro. Sir Enrick descendo a colina dispara duas vezes o arco matando dois inimigos. Jakin golpeia com seu mangual, primeiro derrubando o elmo de seu oponente enquanto Sir Bag arranca a sua cabeça com uma espada longa. Dylan usa uma massa e quebra a clavícula de seu inimigo. Sir Amig do outro lado lhe golpeia o queixo de baixo para cima com um martelo de guerra levantando o saxão do chão que gira e cai morto. Madoc nem precisa golpear, os homens sentados na fogueira são atropelados por ele e Jakin, os cavalos passam por cima deles como se não existisse ninguém ali. Eles morrem pisoteados instantaneamente.

Barão Algar: “Pô Enrick, deixe alguma coisa para eu me divertir!”

Madoc: “Vamos soltar essas mulheres. Escutem aldeãs, não viagem pela estrada, está seguro pelo lado oposto que viemos. Fujam e salvem suas vidas!”

Mulheres chorando: “Obrigado alteza!”

As mulheres partem se escondendo pelo campo e vão embora.

Sir Bag: “Sigamos em frente amigos?”

Anoitece e eles levantam acampamento. A noite passa. No horizonte podem ver o brilho de fogo refletido nas nuvens.

Sir Jakin: “Os bastardos devem estar saqueando mais uma vila! Usam as terras dos outros para sobreviverem. São como vermes os desgraçados!”

Ao amanhecer o grupo segue cavalgando pela planície, depois passam por uma série de colinas altas. Então eles avistam, em direção perpendicular, um grupo. Levam uma carroça cheia de coisas de valor como cálices de prata, pratos de estanho, braceletes de ouro, peles. Trinta crianças e mulheres caminham atrás enquanto uns vinte saxões caminham ao redor deles. Por vezes alguns deles os chicoteiam e cospem neles. Os Cavaleiros sinalizam um ao outro. Algar mostra com os dedos que são dois saxões para cada um deles. Eles esperam a caravana passar e em silêncio fazem uma curva à direita e vêem pelas costas do inimigo em uma carga veloz. Os saxões só os vêem no último segundo. Os Cavaleiros da Cruz do Martelo vem em velocidade e numa passagem rápida matam mais da metade dos saxões. Na segunda passagem quase todos os outros também tombaram. Com as mãos para cima tentando golpear os Cavaleiros da Cruz do Martelo os inimigos tem os braços e mãos arrancadas e ficam caídos no capim gemendo de dor. Outros saxões morreram atropelados. Os aldeões falam. “Obrigado senhores” , “Deus os abençoe Cavaleiros”, “Os homens do Rei nos salvaram.”

Mulher: “Vocês foram verdadeiros heróis senhores, os saxões já escravizaram centenas de aldeões. Os que acham que não aguentarão trabalhar eles matam sem piedade.”

Sir Dalan: “Senhores! Temos três dias até o Sabbath de Litha e aí poderemos ir embora.”
Sir Amig: “Mas antes precisamos fazer o nosso trabalho. Nunca se recusa um pedido do rei. Vamos em frente.”

Os homens cavalgam de dia e de noite acampam. Abatem alguns animais que acham no caminho para se alimentarem. Está garoando e fazem dois dias que não acham nem corpos de aldeões nem bandos de saxões. Até que escutam além do horizonte sons de gritos e de aço. Vêem colunas pretas de fumaça surgirem de trás de uma colina. Quando chegam no alto do pequeno monte eles vêem uma vila com umas cinquenta casas. Os moradores correndo de um lado para o outro gritando. Fumaça, os telhados em chamas. Gente caindo morta. Uns trinta saxões caminham por entre as casas, matando desde cachorros até mulheres, crianças, velhos e homens. A vila parecia estar enfeitada com flores, uma grande mesa no centro com muitas comidas e bebidas, agora, está virada no barro e na chuva. Uma grade fogueira, provavelmente ritualística, agora é usada para queimar os aldeões que são esmurrados e jogados no fogo.

Sir Jakin: “Coitados! Estavam comemorando algo!”

Sir Enrick: “Vamos em frente porque a cada minuto mais pessoas são mortas! Vamos! Atacar!”

Os saxões em maioria, quase três bárbaros para da Cavaleiro, se olham quando vêem os heróis se aproximarem. Um deles, com o rosto e cabelos cheios de sangue, enquanto mata uma mulher indefesa com seu machado cospe no chão olhando para eles.

Invadindo as trilhas por entre as casas Os Cavaleiros da Cruz do Martelo golpeiam com fúria. Arrancando cabeças, quebrando ossos e mutilando. Nenhum inimigo ali é páreo para enfrentá-los. Logo saxões jazem mortos por entre os corredores das casas e no centro da vila. Muitos aldeões estão mortos com as entranhas para fora. A terra está manchada de sangue. Mas os sobreviventes estão agradecidos. Algumas famílias se abraçam e outras choram. Algumas nem isso, todos foram mortos.

Padre: “Meus senhores! Graças a deus vocês chegaram e mandaram esses assassinos para o inferno. A maioria ia ser morto, as mulheres violadas e o restante levados como escravos. Os padres são os primeiros a serem mortos.”

Barão Algar: “Que pena, né?”

Aldeão: “É um milagre no dia do solstício de Litha! A deusa nos ajudou!”

O Padre fica calado.

Sir Amig: “Vocês estão dizendo que o solstício é hoje e não amanhã?”

Aldeão: “Sim meu senhor! Estávamos comemorando”

Sir Bag: “Então acho que foi um milagre mesmo porque já era para estarmos retornando para casa.”

Sir Amig: “Então Cavaleiros da Cruz do Martelo, cumprimos a nossa obrigação com o rei. Em breve estaremos em Sarum e teremos um belo casamento. Depois iremos caçar Octa e Eosa. Está pronto para partir Sir Bag? (Sim senhor), Sir Dylan? (Sim pai), Vossa Alteza? (Sim!), Sir Jakin? (Claro, senhor), Sir Dalan? (Sim meu Lorde), Barão Algar? (Estou pronto!) e Sir Enrick? (Sim!)”

Sir Amig: “Sim? Sim “o que” Enrick? Fala por favor? Do jeito que te ensinei!”

Sir Enrick: “Sim...Pa...Paizão!”

Sir Amig: “Isso guri! Então Cavaleiros da Cruz do Martelo sigam o paizão! Vida longa ao rei!”

E todos partem para Sarum cavalgando em velocidade, sumindo atrás das colinas de Lindsey.

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