segunda-feira, 20 de setembro de 2010
Aventura 15: A Batalha de Lindsey , Ano 490
Na primavera do ano 490, os heróis enfrentaram os bandos de saxões no norte e retornaram para Salisbury no primeiro dia de Litha, no solstício de verão. Após quinze dias, debaixo de chuva e se alimentando com pequenos animais caçados ao longo do caminho ou contando com a hospitalidade dos aldeões, os heróis finalmente chegam em casa. Algar vai ver seu filho e esposa em Winterburne Gunnet e Sir Enrick vai para as suas terras em Dinton. Lady Marion recuperada dos ferimentos da Batalha de Figsbury já retornou ao castelo de Sir Amig, seu pai,em Tishead.
Winterburne Gunnet
O forte, nas terras de Algar está sendo construído, a altura do morro foi duplicada, e a paliçada já está sendo levantada no topo. A ponte de arco de pedra já está pronta. Muitas famílias de servos de vilas que não estão sobe o domínio de nenhum senhor e também alguns que costumavam trabalhar para Odirsen II e Sir Edgar chegam e tomam posse das cabanas que outros servos, mortos em Salisbury, moravam. Em uma casa improvisada perto da vila, Lady Adwen, suas quatro pagens, Björk o servo da casa e o arauto Danton estão instalados.
Algar para o cavalo na frente da casa e apeia. Seus cavalariços levam o animal. Ele tira o elmo, tem várias novas cicatrizes. Está vestido com a sua armadura e entra na casa. Baronesa Adwen está com Brian no colo, enrolado em um pequeno cobertor marrom, ele já tem um mês de vida. As pagens penteiam os cabelos de sua mulher. Quando ele entra todas se ajoelham.
Lady Adwen: “Algar você voltou! Estava preocupada, há luas não manda notícias. Temia pelo pior.”
Ela diz o abraçando e dando um beijo.
Barão Algar: “Desculpe querida! Foi uma campanha longa. Fomos até a Cornualha atrás de Gorlois. Depois até o norte em Lindsey caçar saxões para o Rei.”
Baronesa Adwen: “Você soube? Lembra de Lady Gwiona? Aquela Lady que iria casar com Edgar antes dele desaparecer há três anos? Pois é, ela foi morar em um convento e se suicidou há duas semanas. Pobre criatura. Estão dizendo também que o feudo abandonado do Cavaleiro é assombrado.”
Barão Algar: “Não estou gostando disso! Qualquer hora tenho que ir até lá! Nunca se sabe.”
Dinton
Nas terras de Sir Enrick as obras também estão avançando. E a colheita indica ser próspera. Os campos já estão todos cobertos pelas plantas que formam um tapete de cores variadas. Os Homens do Pântano estão trabalhando e nas horas vagas recebem treinamento militar. São rápidos e resistentes. E demonstram aptidão para serem lanceiros. Já as crianças estão há um ano praticando com o arco diariamente e estão melhorando. O Padre Carmelo estabeleceu um regime de disciplina, tornando os homens cada vez mais habilidosos e obedientes.
Padre Carmelo: “Sir Enrick! Meu senhor, estive conversando com os engenheiros que contratou. Depois de muita briga os convenci de que dá para desmontar o Fazedor de Viúvas e montá-lo onde o senhor quiser. Outra coisa meu senhor, nós precisamos de uma recompensa para os homens. Eles trabalham o dia inteiro e treinam nas horas vagas. O ritmo é puxado. Eles não reclamam, mas acho que seria muito bom deixá-los felizes às vezes.”
Sir Enrick: “Então faça o seguinte. Organize um banquete para eles. Com muita comida e música. Nada de álcool! Vocês sabem como eles ficam quando bebem.”
Padre Carmelo: “Senhor! Tem outra coisa! Uma mulher com uma criança de um ano de idade mais ou menos veio lhe procurar. Era uma plebeia. Não a deixamos entrar e ela não quis dizer o que queria. Ela se chama Irwen e falou que o Senhor não deve lembrar dela. O neném se chama Uren. Ela veio de Hantonne só para lhe ver. Disse também que um dia volta, mas os homens da guarda a mandaram embora e disseram para não mais retornar.”
Sir Enrick: “Bom, vamos esperar então! Droga...”
Nos feudos, dos nobres de Salisbury, todos recebem os mensageiros do Conde Roderick:
“Nobres de Logres. Na primavera vocês fizeram um grande esforço em nome de nosso Rei. Arriscaram as suas vidas em Lindsey e salvaram vidas. Mas infelizmente não foi suficiente. Como Vossa Majestade prometeu iremos partir em uma campanha para o norte. O Rei saxão Octa e Eosa reuniram uma força enorme nessa região vindo de todos os cantos da Germânia. Muitos saxões desembarcaram em navios com cabeças de Dragão nas praias do norte da Britânia e se movimentam próximo a Lincoln. A cidade prepara-se para ser sitiada e os seus moradores temem por sua segurança. Com as plantações destruídas, para não fornecer alimentação para o inimigo, eles possuem pouca comida e estimo que Lincoln cairá em menos de um mês. A região de Lindsey está sendo pilhada e todos os feudos destruídos e sendo anexados. Muitos assentamentos inimigos já foram estabelecidos. O grande exército Saxão deve ser derrotado a qualquer custo. Se não os neutralizarmos agora, Logres também será invadida e saqueada. Isso uniria nossa boa terra com Sussex e metade da Britânia cairia em mãos saxônicas. Nossas famílias seriam escravizadas e as nossa cultura destruída. Nos reuniremos nas muralhas de Sarum em dois dias para impedirmos essa tragédia que paira sobe nossas cabeças.”
Cidade de Lincoln, Lindsey.
Após dois dias todo exército do Conde Roderick se reúnem do lado de fora das muralhas de Sarum e partem para o norte. Aproximadamente sessenta e cinco cavaleiros e cento e quarenta soldados formam a guarda pessoal do Conde Roderick. Mais os soldados e arqueiros de cada cavaleiro totalizam uma força com dois mil homens. Fora os escudeiros, cavalos de carga, carroças com alimentação, armas, bebidas, engenheiros, mulheres e vasculhadores de corpos. Os heróis e suas milícias comparecem cumprindo o seu dever de vassalagem. O encontro entre Sir Enrick e Lady Marion é emocionante mas ao mesmo tempo discreto por estarem em um exército, mas os dois estão bastante apaixonados.
A estrada romana fica lotada com a passagem de vocês. O dias estão ensolarados. Os aldeões abrem caminho para passarem. As crianças correm ao redor. Sir Enrick, Lady Marion e o Barão Algar seguem na vanguarda com os Cavaleiros da Cruz do Martelo, Sir Amig, Sir Elad e Conde Roderick. Os dias são quentes e a noite o exército monta acampamento ao longo da estrada com milhares de fogueiras acesas. Ao amanhecer inicia-se novamente marcha. Os dias passam lentos e tediosos. Muitas pessoas e animais são vistos sendo trazidos de Lindsey. Os moradores da região começam a fugir dali. A alimentação trazida é relativamente suficiente e os escudeiros também caçam pra reforçar as refeições.
Depois de dez dias eles chegam na região de Lindsey nas muralhas de Lincoln. A cidade tem aproximadamente cinco mil habitantes, uma das maiores de Logres. Por fora das muralhas podem se ver as torres da catedral local. Também se vê do lado de fora o famoso portão em arco em formato de ogiva gótica com duas torres de vigia de cada lado com arqueiros prontos a atacar qualquer um que tente cruzar as muralhas sem permissão. O castelo no alto da colina em meio a neblina do amanhecer projeta a sobras nas tropas estacionadas e acampadas na parte sul das muralhas. A cena é impressionante. Milhares de barracas das mais variadas cores com igual quantidade de cota de armas. Cavalos, lacaios, mulheres, soldados e cavaleiros estão por todos os lados. O cheiro de comida, esgoto, fedido por causa do calor, e bosta de cavalo, preenche o ar.
A cidade está um caos com os soldados bêbados e entediados andando pra cima e pra baixo. O romano, Duque Ulfius, já está presente com seu exército. A tenda real ocupa o centro do lugar cercada por sua guarda pessoal. Eles entram no acampamento pelo corredor central os homens os saúdam. Logo que as suas tendas estão prontas Príncipe Madoc vem os receber.
Príncipe Madoc: “Olá amigos! Como foram de viagem?”
Barão Algar: “Você sabe Alteza! Chuva, dias longos! Conversas intermináveis! Enfim, um pé no saco mesmo.”
Madoc: “O meu Pai está preocupado. Parece que o inimigo está se movendo mais ao norte. Em breve nossa força terá que se movimentar para não ser atacada de surpresa e temos metade dos homens que precisamos. Dizem que Gorlois virá. Muitos duvidam! O que vocês acharam dele?”
Sir Enrick: “Um Arrogante!”
Barão Algar: “Um idiota!”
Depois do almoço todos vêem o brasão do Duque Gorlois entrando pelo corredor central formado pelas tendas. Ele vem na frente seguido por milhares de soldados. Ao lado dele sua esposa vem junto, cavalgando. Todos ficam impressionados com a beleza da mulher.
Sir Dalan: “Dizem que ela é descendente direta da Dama do Lago. Por isso é tão bonita!”
Ele acena com cara de bobo para a mulher. Ela só inclina a cabeça com um leve sorriso quando passa.
Sir Jakin: “Não sei, dizem também que o duque a escolheu só por causa de sua beleza. Dizem que na verdade ela era camponesa.”
Sir Enrick: “E daí? Eu também era!”
Sir Jakin: “Ops!”
E todos disfarçam e cada Cavaleiro sai para um lado.
Um nobre vestindo armadura de couro com cabelos curtos negros e cavanhaque da mesma cor caminha com ar preocupado por entre as barracas procurando algo. Quando vê Sir Enrick e Sir Algar se aproxima fazendo uma reverência:
Sir Ynir: “Como vão senhores? Sir Ynir ao seu serviço, sou o xerife de Lincoln. Espero que estejam sendo bem tratados aqui. Como sabem preciso manter a lei e a ordem dentro da cidade. Fora destes muros é problema de vocês. O total de pessoas quase dobrou na cidade e tudo está de perna para o ar. Com a chegada do Conde Gorlois são 2.000 cavaleiros e 5.000 soldados de infantaria. O poços não estão dando conta do consumo de água. A cidade está uma sujeira. Algumas brigas e furtos ainda são toleráveis meus senhores mas o que aconteceu eu não posso permitir. Estou indo em cada lorde, devolvendo os problemas para eles. São mais de cem ocorrências senhores.”
Ele bate as mãos e seis soldados com o brasão da cidade no peito, uma águia verde de asas abertas no fundo amarelo. Carregam quatro homens com o brasão de Sir Enrick. Cabisbaixos e trazidos pelos dois braços eles jogam os homens de joelho na frente dos Cavaleiros.
Sir Ynir: “Peguei os seus soldados com objetos roubados da igreja. Além do mais foram acusados pela família do comerciante de tecidos, Wes Kirten, de terem abusado de sua filha. Espero que os senhores façam a justiça e que sirvam de exemplo para todos os seus homens. Afinal os senhores estão aqui para nos protegerem ou para nos trazerem mais dor de cabeça?”
Sir Enrick: “Vagabundos! Fanfarrões! O que é que estão pensando! Vocês são os meus soldados. Não são iguais aos outros arruaceiros. Levam o meu brasão no peito. Tenham honra! Eu lhes dei tudo e retribuem assim? Se acontecer de novo e eu vir vocês bebendo novamente e aprontando barbaridades arrancarei pessoalmente suas cabeças! Agora vão seus vagabundos!”
Sir Ynir: “Achei a pena muito branda meu senhor. Mas por hora estou satisfeito! Vamos homens!”
E o xerife e seus soldados se retiram.
Após ao almoço os Cavaleiros estão sentados do lado de fora da tenda quando Sir Amig chega acompanhado de três aldeões. Eles estão muito assustados.
Aldeões: “Meus senhores (se ajoelha) Meu nome é John Silverstone. Trabalhava nas terras do Conde Lindsey, morto na última primavera. Desde então ficamos nos escondendo dos saxões e andando a esmo pelos campos. Nossas famílias foram mortas ou levadas como escravos. Foi uma tragédia. Quando os senhores estiveram aqui e atacaram alguns bandos desses bárbaros, mês passado, ficamos seguros por um tempo, mas há semanas vêem chegando barcos cheios deles e formaram um exército. Eles estão próximos a Abadia de Beale. Mataram todos os monges, os crucificaram e depois os empalaram. Roubaram todo o ouro e prata dos religiosos. É o maior exército que já vi, estão deixando um rastro de destruição e morte. Pelo menos dez mil saxões devem estar ali.”
Sir Amig: “Marion, Enrick e Algar. Avisem o Conde Roderick imediatamente. Avisarei o Rei.”
Área de Comando
Próximo a tenda real existem mais duas um pouco menores. Uma do Conde Roderick e outra do Conde Ulfius. Toda área é cercada por Cavaleiros destes lordes e do rei para garantir a segurança.
Sir Brastias: “Barão, Enrick, Lady Marion! O que querem?”
Sir Enrick: “Temos que ver o conde. É urgente!”
Sir Brastias: “Certo! Mas terão que deixar as suas armas aqui!”
Barão Algar: “Fiquem com elas!”
No interior da tenda do Conde Roderick seus arautos tomam nota das suas unidades. Ele está sentado em um trono de madeira tomando, em uma taça cravejada de pedras preciosas, vinho. Um pagem do Conde anuncia as suas presenças.
Conde Roderick: “Por favor podem entrar Cavaleiros! Mi Lady, como está? O que traz os senhores aqui?”
Então eles contam o que os aldeões disseram.
Conde Roderick: “Dez mil lanças? Droga! Perderemos muitas vidas para defender nossas fronteiras! Tempos difíceis. Sentem-se por favor. Sir Enrick, eu preciso de todos os meus cavaleiros na primeira carga. Você estará lá. Nas unidades de arqueiro gostaria que Marion as comanda-se. Os homens a respeitam muito Mi Lady, dizem nas fileiras que és descendente das Valquírias.”
Marion agradece fazendo um gesto com a cabeça.
Marion: “Ficaria honrada de comandar os arqueiros Conde!”
Eles estão aguardando na tenda quando Sir Amig entra.
Sir Amig: “Cavaleiros! O rei solicita sua presença no conselho de guerra. É pra hoje! Mexam-se!”
No interior da tenda real do acampamento, a maior, cercada pelos guarda costas do rei ricamente decorada com estátuas de dragões, tapetes, velas, trono de madeira de carvalho trabalhada, o rei os aguarda. À sua frente um grande mapa das cidades da região. O Conde Roderick, Sir Elad, Príncipe Madoc, Duque Ulfius, Sir Amig, Duque Gorlois e Merlim estão presentes bem como outros vários cavaleiros que eles ainda não tiveram a oportunidade de conhecer. Quando entram todos olham para os Heróis. O Rei Uther diz:
Rei Uther: “Senhores, aproximem-se. Nos ajudem a banir estes malditos Saxões para o inferno. O ataque contará comigo no centro do exército, Duque Ulfius comandará o flanco direito e o esquerdo o Duque Gorlois. Estimamos muitos saxões. Nosso exército tem 7.000 soldados. O Conde Roderick comandará o batalhão de Salisbury e vocês irão ao centro na unidade de Sir Elad.”
Príncipe Madoc: “Pai, meus espiões dizem que o filho de Hengest, Octa, é um grande herói. Disseram que seu primo Eosa é tão grande que ele não consegue montar um cavalo sem encostar o pé no chão.
Sir Dalan: “Quanto maior o homem, maior o tombo.”
Sir Bag olha feio para Sir Dalan que o aponta com o polegar para baixo desdenhando do cavaleiro. Todos riem.
Príncipe Madoc: “Além disso, eu ouvi os comerciantes dizendo que exército saxão só dobrou em números no outono passado, quando toda uma nova frota de navios chegou da Germânia.”
Merlim: “Vossa majestade me permite dizer que soube por fontes seguras que os dois reis Saxões vieram por causa da Excalibur. Um deles já tem uma espada encantada mas quer capturá-la como presente para o seu irmão. Se Excalibur cair em mãos erradas será o fim de tudo senhores. Acredito que essa ambição poderá ser o ponto fraco deles. Os bárbaros fariam de tudo pra ter Excalibur em suas mãos. Sir Enrick, preciso de seus engenheiros e de um tribuchet. Mande-os me encontrar na floresta próximo a praia.”
Sir Enrick: “Sim Merlim! É todo seu!”
Ninguém entende nada. Rei Uther dá de ombros, Sir Amig faz um gesto para os Cavaleiros mostrando que Merlim é louco. O druida olha para o Veterano, que acha que o Druida não o observava e que tenta disfarçar rapidamente.
Sir Amig: “Poderíamos ir rolando até o inimigo patrão. Quer dizer, Majestade.”
Todos sacodem a cabeça negativamente.
Sir Elad: “Amig! É sério! Então, vamos a estratégia do ataque que realizaremos. Como sabemos os saxões não possuem arqueiros e combatem a pé. A região de Lindsey é pantanosa e cheia de lodo. Isso dificultará um pouco a carga. Por isso temos que tomar cuidado para que não sejamos atraídos para lutar na lama.”
Conde Roderick: “Mas é inevitável daqui até as montanhas Pennine no norte, tudo é um grande charco Majestade. Para mim o problema maior é se esses filhos de uma cadela se embrenharem na floresta. Dez mil bárbaros nos atacando em guerrilha no mato tornando inúteis nossas flechas e a cavalaria seria fatal. Precisamos impedir isso.”
Todos concordam
Duque Gorlois: “Gostaria de ouvir vocês. Dizem por aí que andaram fazendo amizades com saxões. Falem um pouco como eles são, talvez isso nos ajude em batalha.”
Sir Luc, comandante de Gorlois, olha com ironia para Algar
Sir Enrick: “Eles não são muito disciplinados! Mas são rápidos para marchar e corajosos.”
Sir Amig: “Esses guris! Eu não disse Majestade que eles fazem amizade com tudo que caminha e respira! Saxões! Amigo de bárbaros! Conversam com Cavalos. Só faltam me dizer que são amigões de Odin gurizada, daí eu me aposento. E se o atrairmos para a praia? Formamos nosso exército lá e esperamos. Os saxões estariam presos entre as falésias e o mar. Arqueiros lá em cima. E no final podemos subir alguns quilômetros para o norte e meter fogo em seus navios. É melhor lutar na areia do que em um pântano. O que acham?”
Rei Uther: “Gostei da idéia! Como atraí-los para a praia é problema de vocês. Cavaleiros da Cruz do Martelo. Estão encarregados dessa missão! Movimentaremos nosso exército até a praia. Ao amanhecer estaremos lá. Não falhem ou o inimigo pode vir pela mata, ou contornar Lincoln e aí seríamos trucidados. Se os saxões morderem a isca teremos uma boa chance de vencê-los. Façam os desgraçados seguirem o rio Humber até a sua foz, contornarem a floresta e descerem em direção ao sul, onde os aguardaremos e os esmagaremos. Posicionarei os arqueiros nas falésias para terem uma vantagem de altura. É arriscado mas vale a pena tentar! É isso homens estão dispensados! Partam imediatamente!”
A noite de verão na ilha é abafada e úmida, especialmente onde Lincoln está situada, perto do mar. A noite é de céu claro e a lua ilumina as terras de Lindsey. Os heróis se reúnem com os seus Cavaleiros na área central de suas tendas. Todos ali estão com cara de preocupação.
Sir Jakin: “Atrair dez mil saxões para onde o Rei quer não vai ser fácil. E então, como vai ser? ”
Sir Bag: “Temos que enganá-los, deixarem pensar que estão indo para um local seguro, com vitória fácil. Mas precisa ser algo que atraia a força inteira e não somente um destacamento bárbaro. Algo tão cobiçado que os dez mil homens correrão atrás como animais famintos. Atrairemos essa idiotas com algo que eles queiram muito.”
Sir Enrick: “Poderíamos pedir o estandarte para o rei. E disfarçarmos alguém de Vossa Majestade. Eles acharão que Excalibur está ali.”
Sir Amig está atrás com outros cavaleiros mais velhos escutando eles falarem.
Sir Jakin: “Alto, forte e mais velho. Acho que já sei quem será disfarçado de Rei.”
Sir Amig: “Não olhem pra mim! T
todos sacodem a cabeça lentamente com um riso irônico.
Sir Amig: “Droga! Vamos lá! Esses garotos um dia vão conseguir me matar!”
O Barão Algar e Sir Enrick vão até a Tenda real para pedir permissão para fazerem isso.
Rei Uther: “Só se for com uma condição. Tirem sarro de Sir Amig daqui até o acampamento saxão!”
Barão Algar: “Com muito prazer Vossa Majestade!”
Conde Roderick se aproxima com um garoto: “Leve esse garoto com vocês, chegou com os Aldeões, é filho de um deles, ele conhece bem a região!”
Então Barão Algar, Sir Enrick e os Cavaleiros da Cruz do Martelo partem em direção a praia iluminados pela lua cheia. Quando estão saindo vêem Merlim e os engenheiros entrando na floresta próxima a praia. Atravessam a pequena faixa de mata e atingem a nascente de um pequeno rio e descem por uma trilha as falésias até a praia. O grupo segue contornando a floresta à esquerda que não pode ser vista por causa das falésias de dez metros de altura. E o mar escuro surge à direita, enquanto escutam o som das ondas trazido pelo vento. Gaivotas voam por sobe as suas cabeças e a areia fofa dificulta um pouco a viagem. Depois de três horas, na direita eles vêem a cidade portuária de Red City com as tochas acesas. Alguns pescadores estão ali pescando a luz da lua e se ajoelham quando eles passam em velocidade. Os heróis cavalgam horas e horas sem paradas para descanso.
As duas da manhã eles chegam em um pântano. Mesmo montados, estão com a água barrenta até a cintura. O garoto na garupa de Hefesto conduzido por Sir Enrick guia o cavaleiro pelo pântano mal cheiroso e eles conseguem chegar do outro lado com segurança. Da margem o garoto guia Cavaleiro por Cavaleiro até que todos conseguem passar. Logo à frente eles vêem a muralha da cidade de Winteringham, à beira do rio Humber. O lugar está todo escuro. Logo à frente várias colunas de fumaça saem da cidade. Dezenas de corpos estão caídos ali na entrada do lugar. Mulheres, crianças, velhos e adultos.
Sir Amig: “Os saxões estão saqueando e queimando tudo pelo caminho. Esses pobres coitados foram atacados pelas costas em fuga. Estão cheio de ferimentos nas mãos. Tentavam se defender.”
Garoto: “Estamos há cinco quilômetros da Abadia de Beale meu senhor! Vamos subir em uma colina para observar melhor, sigam-me.”
Lá de cima eles podem ver a distância a Abadia de Beale e um gigantesco acampamento. Milhares de tendas, fogueiras e homens andando por entre os corredores. A Abadia está no centro ainda fumegante. O acampamento é tão grande que parece ser uma pequena cidade de tendas. Parece um formigueiro de homens andando pelos corredores formados pelas barracas.
Sir Amig diz retirando sua armadura: “Me ajudem a tirar essa porcaria. Vou rastejar para tentar observar, precisamos ver a situação pra ver o que faremos. Não sejam cagões. Quem vem comigo?”
Barão Algar: “Eu e Enrick!”
Usando a noite e os arbustos eles rastejam sem armaduras. Os sentinelas estão espalhados ao redor do acampamento e conversam tranquilamente ao redor de fogueiras e não os vêem. Eles observam um estandarte com a figura no centro de um lobo e sangue pingando desenhado. A abatia, de pedras sólidas, está com os vidros e paredes avariados. Uma pilha de corpos fumegantes pode ser vista fora do acampamento. A tenda maior, do líder saxão está no centro e ao redor dezenas de guerreiros. Esses usam cota de malha. Portam lanças e espadas. São maiores e mais fortes que os outros.
Sir Amig: “São os heorthgeneats! Nobres! Guerreiros selvagens. O orgulho do povo saxão. Combatem e assassinam em um piscar de olhos. Tiram vidas aos montes. São a elite dos guerreiros bárbaros.”
Então eles vêem saindo da tenda principal primeiro um homem forte e alto. Com cabelos longos ruivos crespos e barba cobrindo todo o rosto. Usa cota de malha e neste momento ele coloca seu elmo, em formato de um rosto frio e assustador, cobrindo toda a sua face. Leva um machado de duas faces com o cabo todo esculpido.
Sir Amig: “Esse é o Rei Octa!”
Depois surge um homem. O mais alto que eles já viram em toda as suas vida. Ele tem cabelos negros longos e grossos e sua barba comprida vai até o peito e os olhos da mesma cor, dão uma aparência agressiva. Seu rosto emana crueldade. Ele é bem mais alto que Sir Bag. Leva um martelo de guerra quase do tamanho dele com o qual nenhum deles conseguiria combater. Ele gira a arma que assobia no ar. Não usa nenhum elmo e veste uma pele de urso por cima de sua loriga de couro.
Sir Amig: “Eosa! Não precisa falar nada respeito dele, não é?”
Um último homem sai da tenda. Ele é do tamanho normal. Leva uma espada e seu escudo redondo. É bem loiro e pele clara. Parece ser bem musculoso. Veste um elmo em forma de cabeça de Javali. Leva em suas mãos uma clava longa cheia de espinhos pontiagudos feitos de metal.
Sir Amig: “Eomund, o Germano! É filho de Odda, como cresceu. Eu matei seu pai na batalha da Frisia. Dez anos atrás. Se herdou a habilidade paterna estamos encrencados. Foi ele que trouxe os reforços da Germania. Vamos voltar, logo vai amanhecer e está na hora de prepararmos a armadilha.”
Então os três cavaleiros retornam a colina onde os outros aguardam. Vestem as suas armaduras novamente e preparam as suas armas. Sir Amig veste por cima de sua proteção, o brasão do Rei Uther.
Sir Amig: “Um toque pessoal. Empréstimo do patrão, que dizer do rei!”
O veterano retira a coroa com o dragão de dentro de sua algibeira pendurada no cavalo e a coloca na cabeça.
Sir Bag e Sir Dalan se ajoelham.
Barão Algar: “Vossa Majestade! Quanta realeza! Uma terra, Um Rei e um barril cheio de Hidromel!”
Sir Dylan: “Temos uma bela isca!”
Sir Dalan: “Você quer dizer uma bela bisca!”
Sir Amig: “Quietos seus idiotas. Isca ou bisca é o caralho! Vida longa a mim! Vamos fazer essa loucura ou não?”
Eles esperam amanhecer e então os Cavaleiros da Cruz do Martelo descem pela colina em alta velocidade com seus cavalos. Sir Amig cavalga na frente disfarçado de Rei Uther levando o brasão dos Pendragon. Algar e Enrick vem logo atrás. Eles gritam e fazem barulho. Eles vem contornando a borda do acampamento e Sir Enrick começa a disparar o seu arco. Os saxões um a um vão caindo flechados estrebuchando de dor. Até que como formigas, quando um formigueiro é pisado, os guerreiros começam a correr de um lado para o outro. Várias unidades bárbaras começam a se formar. Os homens de Octa e Eosa começam a afrouxar as tiras de couro de seus escudos de tília e encaixá-los no braço. Pegam seus machados, martelos e espadas. Vestem seus elmos. As vozes do inimigo ficam altas. Os Cavaleiros de Sarum podem escutar: “Excalibur, Excalibur!”
Os comandantes começam a correr pelas fileiras dando ordens para os seus homens. Em menos de uma hora os bárbaros estão armados e o grande exército começa a se movimentar e deixa para trás as fogueiras acessas e as tendas vazias.
Com o inimigo em seu encalço os Cavaleiros partem em direção a praia. Apesar dos bárbaros serem rápidos, são tantos homens e eles não conseguem manter uma unidade. Os mais rápidos, uns cinquenta, vão na frente com cavalos roubados nos saques que fizeram. Os outros chegam depois. São tantos saxões que o mar de pessoas ocupa toda a extensão de terra. A quantidade é tamanha que a multidão vai até o horizonte. A perseguição leva duas horas. Então os heróis chegam ao pântano novamente. O tempo que leva pra entrarem ali faz com que os saxões, em trote rápido com os seus cavalos em marcha forçada na dianteira, cheguem perto o suficiente para arremessarem lanças.
Sir Jakin: “Cuidado, chuva de lanças!”
As lanças caem sobe os Cavaleiros que atravessam o Pântano lentamente. Mas as armaduras resistentes e o escuro da noite faz com que os heróis recebam apenas cortes e arranhões. Logo eles deixam o pântano para trás. Os saxões correm desordenadamente, sedentos por uma vitória fácil, cobrindo uma área de oito quilômetros.
Sir Dalan: “Eles devem estar esperando nossos cavalos cansarem para nos alcançar. É impressionante a resistência desses bastardos.”
E o tempo vai passando. À frente eles olham toda a extensão vazia da praia. As ondas quebrando à esquerda. Olhando às vezes para atrás eles vêem aquela multidão correndo e os gritos os xingando. Os heróis cuidam para mantê-los em seu campo de visão e não perderem contato, já que com cavalos melhores deixariam os bárbaros comendo poeira. Depois de oito horas de perseguição eles podem ver o suor saindo das crinas e pescoços dos cavalos. Os animais estão com as línguas de fora.
Enquanto eles fogem pela areia branca com cascalhos da praia. No horizonte podem ver uma quantidade enorme de soldados e cavaleiros. Na praia com o sol forte, depois do almoço, o exército do Rei Uther prepara-se para o embate. Eles podem ver na vanguarda os principais estandartes. Do Conde Ulfius, De Gorlois e dos Pendragon. Os homens quando assistem os heróis chegando levantando poeira, formada por areia, e milhares de saxões os perseguindo ficam loucos e começam a gritar os incentivando. Estão boquiabertos com a coragem. A medida que se aproximam vêem algumas flechas com penas brancas no chão, fincadas, eles as deixam para trás. O rei grita levantando a mão. No momento que o inimigo passa pelas flechas.
Rei Uther: “Arqueiros! Atenção! Disparar!”
Centenas de flechas sobem zunindo pelo ar vindo do alto da falésias e passam por cima de suas cabeças e começam a cair. Muitos guerreiros inimigos não viram o exército ao fundo da praia e não estão preparados para serem atingidos. Eles caem flechados se afogando no sangue e gritando de dor. Aos berros os comandantes saxões conseguem parar a força inimiga há quatrocentos metros e iniciam um recuo desordenadamente. Eles estão assustados. O rei então manda disparar mais uma vez e mais alguns inimigos caem flechados nas costas tentando recuar no meio da confusão.
Rei Uther: “Sejam bem vindos Cavaleiros!”
“Parece que tem um pessoal atrás de vocês?”
Sir Enrick: “Nem me fale Majestade!”
Sir Amig se aproxima e entrega a coroa ao rei prestando uma reverência.
Sir Amig: “Foi muito bem cuidada Patrão! Quer dizer, Vossa Majestade!”
Rei Uther: “Cavaleiros da Cruz do Martelo! Tomem suas posições!”
Do lado dos homens de Logres uma onda de adrenalina e ansiedade se misturam. O medo sendo controlado para se transformar em bravura e o ódio pelas coisas más que o inimigo vem fazendo matando e pilhando o povo de Logres deixa todos furiosos. Todos viram muita morte e dor causada pelos bárbaros e sentem que é hora de mandá-los para o inferno dá onde nunca deveriam ter saído. Agora que os saxões estão há uma distância segura eles se organizam. Dá para ver o Rei Octa, o gigante Eosa, e Eomund no centro de sua força. Todos estão em silêncio porque é bem evidente que o exército inimigo está em vantagem. Os saxões começam a bater nos escudos. Se ouvem os sons das ondas quebrando na faixa de três quilômetro de areia que tem as falésias de dez metros servindo de muralha se misturando aos berros do inimigo. O tempo vai passando e depois de meia hora nenhuma das forças se move. A ansiedade e tensão é máxima. As bocas estão secas e o medo deixa todos ansiosos. O sol brilha forte no céu com poucas nuvens. Passa pela cabeça de muitos de que se for para morrer que seja rápido e sem muita dor. O Rei percebendo o medo manda os cavaleiros manterem posição na frente para impedir o avanço do inimigo. Então ele cavalga pela primeira fileira.
Rei Uther: “Guerreiros de Logres! Mais uma vez estamos na beira do abismo. Neste belo lugar. Na beira do mar. Em um dia ensolarado. Acho que é um bom dia para deixarmos esse mundo se for preciso. Não vou mentir para vocês meus súditos. Para alguns será o dia de sua morte. E esses saibam todos, os verdadeiros heróis, não serão esquecidos. Muito menos suas famílias. Quando se derrama sangue por uma boa causa e para proteger quem amamos, faz a selvageria e o caos de uma batalha valerem a pena. Não temam leais súditos. Todos que partirem serão recebidos no Paraíso ou abraçados pelos Deuses nos salões. Para outros, não tão afortunados, será o dia que não esquecerão e contarão para os seus filhos e netos sobre a heróica Batalha de Lindsey. Onde enfrentaram uma horda de Saxões em maioria e os vencemos. Onde combateram o rei Octa e o fizeram implorar por misericórdia. Onde lutaram ombro a ombro com o seu rei. Onde protegeram o seu irmão de armas ao seu lado dando a vida em troca. Se lembrarão do dia que mandaram uma multidão de saxões direto aos portões do inferno onde serão recebidos por uma horda que irá lhes perturbar pela eternidade! Conto com vocês. Com Cada homem, com cada Cavaleiro, com cada mulher de valor. Empunhando cada arma com tanta vontade como se fosse a última coisa que vocês pudessem fazer. Lutem como um verdadeiro filho do Dragão! Cheio de fúria! Cheio de força e poder. Porque a essência de um verdadeiro guerreiro está aqui, dentro de nossa alma. Sacrifício homens! Não existe paz sem isso! Pensem nos seus amigos perdidos! Pensem em suas famílias! Lutem por eles. Unidos! Logres!”
Derrepente rompendo a calmaria da batalha o grito de Octa, o Rei inimigo, enche a planície. E seus homens formam uma parede de escudo com pelo menos dois mil guerreiros perfilados. O som alto das madeiras sendo encaixadas uma nas outras os deixa em alerta. Eles se escondem atrás de seus escudos com as armas levantadas. Mais um grito e eles começam a avançar.
PRIMEIRA HORA DE COMBATE
Do alto da falésia Marion pode ver lá embaixo a horda de saxões. São pelo menos mil homens correndo na areia da praia em formação de paredes de escudos. Marion em seu cavalo cavalga de um lado ao outro incentivando seus arqueiros. Os mil arqueiros olham atentos e concentrados para Lady Marion. Ela usa toda a sua forte personalidade para os manter em alertar. Merlim está em seu cavalo branco parado ao lado da formação.
Merlim: “Marion, pegue essa flecha! Ela vai ser bem útil. Eu te avisarei a hora de usá-la.”
A flecha é vermelha, com uma fita amarela enrolada e com runas desenhadas nela. Ela é leve como uma pena.
Logo se ouve a voz de Marion enchendo a planície.
Marion: “Pensem em quem vocês amam. Em suas vidas. Imaginem a flecha como uma extensão do coração de cada homem que se sacrificará no solo sagrado da Britânia. Atenção! Preparar! Ao meu comando! Disparar!”
Então todos em um movimento puxam as cordas de canhamo e disparam. As flechas assobiam cortando o ar e cobrem com uma sombra mortal a areia branca. O inimigo olha assustado tentando levantar o escudo pesado feito de madeira de tília e a bossa de ferro. Os bárbaros atingidos pelas flechas rolam pelo chão formando uma esteira de corpos manchando a areia branca de sangue. O homem no centro com mais braceletes parece ser o comandante. Ele cospe, esbravejando com os seus homens. Mil homens caem flechados. A maioria grita estrebuchando de dor.
Mas os saxões são corajosos e não se deixam abater pelo ataque. A formação com um escudo encaixado no outro continua cerrada. Os guerreiros da retaguarda substituem os da vanguarda.
Rei Uther: “Preparem-se Cavaleiros de Logres. Quero o centro e os flancos em linha. Precisamos de espaço para pegar velocidade. Cavalaria, se apresentar para o combate!”
Então toda a linha com mil cavaleiros dá um passo à frente. Os heróis olham ao redor e Sir Amig, Sir Dylan, Sir Dalan, O Príncipe Madoc, Rei Uther, Sir Elad, Conde Roderick, Sir Bag e Sir Jakin estão prontos. Todos desejam boa sorte um ao outro.
Sir Dalan: “É a nossa hora senhores! Protejam-se da melhor forma! Aqueles que morrerem! Ficarei com as suas mulheres!”
Todos riem.
Rei Uther: “Cavaleiros do Rei apresentar armas!”
Então todos os cavaleiros fecham os seus elmos, ajustam as alças de seus escudos e dão golpes no ar testando as suas armas. Eles olham a infantaria saxônica se aproximando. Eles tem os olhos em fúria e correm muito rápido, mesmo em formação de combate. O coração dispara e uma leve tremedeira é sentida.
Rei Uther: “Cavalaria, avançar! Juntos!”
E os cavalos começam a trotar em velocidade média, todos juntos, o trote no chão macio de areia pode ser ouvido por toda a praia. Uma nuvem de poeira levanta enquanto mil cavaleiros se preparam para se chocarem com o inimigo. De um lado o mar escuro da Britânia e do outro as altas Falésias formando um amplo corredor.
Rei Uther: “Formação fechada! Cavalguem para o caos! Aumentar velocidade!”
A velocidade é tamanha, tudo estremece, eles vêem o rosto do inimigo se aproximar, notam as barbas e dentes amarelos, instintivamente começam a gritar, e a respiração acelerada dentro do elmo é ensurdecedora. E aí vem a explosão com os cavalos se chocando contra os escudos inimigos e o impacto sentido em cada junta de seus corpos.
O centro conseguiu uma boa investida contra os saxões. Furando a parede de escudos e matando ou ferindo gravemente o inimigo. Na direita parece que Duque Ulfius sofreu certa resistência e muitos Cavaleiros e montarias morreram. Mas Gorlois na esquerda também conseguiu realizar um ataque perfeito. Muitos bárbaros correm para o mar e outros tentam voltar para as suas fileiras assustados.
SEGUNDA HORA DE COMBATE
O som da batalha rompe pela praia abafado o som das ondas. No início da segunda hora Marion vê lá de cima os inimigos mortos na praia e uma massa formada de sangue e carne está espalha em uma linha onde o inimigo tentava formar uma parede de escudos mas foi atingido pela pesada carga da Cavalaria real. Merlim está ao seu lado.
Merlim: “Menina! Quando eles correrem para nos atacar atinja-os com as flechas e prepare-se, porque alguns deles tentarão chegar aqui em cima para nos matar.”
E é o que acontece, o Rei Octa, atrás no centro do seu exército aponta com o seu machado para Eosa à direita. O gigante, bem acima de seus homens grita algo e um grupo com pelo menos quinhentos homens saem do flanco direito com os escudos erguidos e marcham para onde começa a falésia. Por ali se tem acesso ao topo da formação através de uma rampa natural de terra e areia. Os arqueiros começam a tremer e a se olharem assustados.
Arqueiros: “Meu deus! Vamos morrer!”
Marion: “Não temam homens! Vivos ou mortos! A deusa estará do nosso lado! Não desperdicem a glória de matar ou morrer pelo aço! Vamos! Em linha, preparar!”
Então, Marion puxa o seu cavalo vigorosamente e o empina, chamando a atenção de seus arqueiros. Os mil arqueiros pegam suas flechas das alijavas e preparam-se. O vento que vêem no mar sopra forte dificultando os disparos. Toda a tropa se vira um pouco para a direita para compensar a trajetória, mirando o mar, que quebra em grandes ondas. A voz de Marion é ouvida por toda a unidade e juntos disparam novamente.
As flechas saem dos arcos e alçam vôo. Ela parecem sair muito para a direita. Na trajetória parabólica que fazem são carregadas pelo vento fazendo-as caírem da direita para a esquerda atingindo o inimigo. Mais gritos de dor, e homens em convulsões feridos em uma mistura de sangue e areia é visto no centro do campo de batalha. Todos os que subiam são mortos rapidamente.
No centro do combate a batalha está acirrada. A Cavalaria enfrenta os últimos sobreviventes da carga final. Logo mais saxões correm desordenadamente, mesmo sem nenhum comandante bárbaro dar ordens. Agora a luta vira um caos. Com homens se espalhando em direção a falésia e outro bando atacando a cavalaria. Neste momento a infantaria vem lhes apoiar. Como precisam chegar ao mesmo tempo que o inimigo também correm sem formação de combate. Milhares de homens lutam se trombando com os seus escudos. Os comandantes de cada flanco. Ulfius na direita e Gorlois na esquerda também avançam tentando manter seus homens sem perder a formação e deixar os homens lutarem à esmo sem comando o que levaria a derrota rapidamente.
Logo após a carga, Algar e Enrick, enfrentam os saxões que chegam correndo para apoiar a primeira linha que lhes atacava. Por entre os cavalos eles vêem os infantes de seu exército correrem com suas cotas de malha e capacetes pontudos. Logo quatro saxões surgem à frente. Eles tem lanças e espadas. Que já estão sujas de sangue. Eles não pensam duas vezes e atacam os cavalos tentando os derrubar.
Sir Enrick vai descendo seu martelo de batalha com golpes rápidos e vigorosos. Quebrando elmos e desfigurando rostos. Algar estoca com a sua lança sagrada, Gungnir. Ela vai penetrando escudos e corpos abrindo caminho por entre os saxões. Até que Algar é cercado por um bando deles e seu cavalo é atingido em meio o caos. O animal empina e o Barão cai de cima de sua montaria na areia. Um infante de Logres olha para ele enquanto Sir Enrick mata o saxão que tentava atingir Algar que se levanta rapidamente com alguns arranhões.
Infante: “Bem vindo a infantaria Barão!”
Barão Lagar: “Então vamos avançar!”
Os corpos dos inimigos somem em meio a multidão que luta ao redor deles. Os heróis conseguem ver Jakin quebrando crânios com seu mangual e Sir Amig girar o cavalo abrindo um perímetro de segurança ao redor dele e dar pequenos piques com o cavalo usando a força da montaria para arrancar cabeças e braços que se levantam tentando golpeá-lo. Vêem também um infante receber um golpe com uma clava cheia de espinhos nas costas, saindo pelo seu peito cada ponta da terrível arma, quando saem o homem cospe sangue e cai morto. Depois um outro bárbaro gira o machado acertando um homem de logres do seu lado esquerdo, lhe arrancando o braço na altura do ombro, e depois gira a arma pesada para o outro, com habilidade, entrando em diagonal no meio do rosto de um outro homem. Somente dentes quebrados e sangue sobram debaixo do elmo do infante de Uther.
TERCEIRA HORA DE COMBATE
Alguns saxões conseguem dar a volta por uma trilha que sai da praia e leva ao topo da falésia. Eles correm pela planície sem unidades e vão se espalhando em uma linha. O chão de areia e vegetação treme enquanto eles correm. Uns mil homens chegam ali em cima. Eles se lançam na direção dos arqueiros. Instintivamente as linhas da unidade de Marion se vira em direção a carga inimiga. Isso leva um tempo impedindo-os de dispararem. A distância diminui e o combate corpo a corpo se torna inevitável. Os saxões os encontram e golpeiam por cima, por baixo, abrindo barrigas, espalhando entranhas. Ossos, costelas quebradas e crânios abertos fazendo um som como se dezenas de melancias fossem abertas com uma martelada. Marion tenta, a todo custo, manter seus arqueiros lutando. Eles começam a entrar em pânico.
Marion: “Lutem pelas suas vidas! Agora vocês são infantes! Saquem as suas espadas por Avalon! Me sigam!”
Os Arqueiros apavorados sacam as suas espadas, mas sem escudos, eles confiam as suas vidas a apenas a lâmina de suas armas. Neste momento merlim saca uma espada longa de seu manto branco e empina o seu cavalo na frente da unidade dos arqueiros de Logres.
Então o sangue de Marion congela, quando vê um bando de Cavaleiros, pelo menos oitocentos saírem de dentro da floresta à sua esquerda. Eles surgem bem ao sul, dois homens os lideram. Um tem um cabelo espalhafatoso saindo do seu elmo fechado. Estão todos armados e usando armaduras prateadas. Eles cavalgam em direção ao mar e descem por uma trilha que leva da falésia até a praia.
Neste momento um saxão chega correndo e tenta acertar com a bossa do pesado escudo redondo o focinho do cavalo para deixá-lo assustado e arrancar Marion da sela de sua montaria.
O Cavalo empina suas patas. Marion com dificuldade tenta se equilibrar. Um dos saxões golpeia as patas do Cavalo. O animal ferido cai. Marion rola e levanta cheia de areia com seu punhal. O saxão dá um passo à frente com um machado de guerra curto e golpeia. Ela se abaixa. Ele acerta o rosto dela com o escudo. Ela cambaleia, com o nariz e o rosto pitado de azul, sangrando. Quando ele golpeia novamente ela retira um cordão duplo de um dos bolsos da calça de couro marrom. Em cada ponta existe uma bola de pedra e joga nas pernas do saxão. Elas vem girando pelo ar e se enrolam. Ele tenta andar e não consegue. Então Marion gira pelo lado onde está o escudo até as costas de seu inimigo. Com uma corda de cânhamo, que estava enrolada em sua cintura, ela enforca o bárbaro, pendurada em suas costas. O homem cambaleia. Fica com os olhos esbugalhados. Vai ficando com a língua de fora até que cai de joelhos e depois para trás morrendo com o rosto roxo por não respirar.
O Barão Algar e Sir Enrick estão no centro do combate. Olham para trás e vêem o Rei Uther cercado por sua guarda pessoal comandada por Sir Brastias. Nos flancos a luta continua agressiva já que a cada minuto chegam hordas de inimigo de sua retaguarda. O chão está coberto por cadáveres de infantes de Logres e de saxões. A luta torna-se difícil no chão de areia. Não se vê o chão branco por muitos quilômetros. Está tomado de homens lutando e corpos. A areia está vermelha e escorregadia, devido ao grande número de vísceras e partes humanas espalhadas pelo chão.
Então os heróis escutam uma gritaria atrás deles e o som abafado dos cascos de cavalos a toda velocidade na areia. Quando olham para trás vêem estandartes se aproximando. Eles descem vindo por atrás da retaguarda do exército de Logres em direção ao mar. Vêem em grande velocidade. São mil homens. Não mais que quatrocentos acompanham o Rei e o Príncipe. Eles usam um pendão com uma águia preta em um fundo vermelho e uma faixa dourada. Os homens se aproximam montados usando armaduras prateadas. São uns oitocentos Cavaleiros. Cavalgando à frente do grupo com a espada apontando para onde está o rei, surgem Sir Jaradan e seu pai Sir Lockian, o Espantalho. E eles caem como lobos famintos atacando em uma carga a tropa pessoal do Rei pela retaguarda. Rei Octa dá uma risada sinistra de cima de seu cavalo, reconhecendo seu aliado.
Eles podem ver Sir Brastias em meio aos seus Cavaleiros, mais da metade já mortos. Os Cavaleiros do Rei viram a carga se aproximar mas não conseguiram girar rápido o suficiente para se defenderem. O Rei está no centro vulnerável. Madoc está junto e começam a lutar pelas suas vidas sendo atacados por seis inimigos cada um. O Rei Uther é quase degolado e outro golpe de espada lhe acerta o elmo quase o levando a desmaiar. Os sobreviventes da carga tentam defendê-los mas estão em menor número. Sir Brastias toca seu chifre de alerta e grita.
Sir Brastias: “Ajudem! Salvem o rei! Deus tenha piedade de nossas almas!”
Sir Elad: “Vamos homens homens! Juntos!”
Os Cavaleiros da Cruz do Martelo, Sir Elad e Sir Amig cavalgam lado a lado. Sir Enrick em uma passagem rápida grita.
Sir Enrick: “A mão Algar!”
Algar estica seu braço e pega impulso subindo na garupa de Hefesto.
Sir Enrick: “Logres! Vida longa ao rei!”
Sir Bag: “Abram caminho soldados! Saiam da frente!”
Recuando da linha principal da batalha, há duzentos metros na retaguarda, aos berros mandando a infantaria abrir caminho, eles chegam a toda velocidade onde o rei e o príncipe estão. Rei Uther está com o rosto com um hematoma e metade da sua armadura quebrada. Um filete de sangue corre de dentro do elmo de Madoc que parece também ter recebido um ferimento por entre as placas da armadura debaixo da axila e não consegue levantar a espada para golpear direito. Sir Jaradan era considerado o melhor espadachim da corte de Roderick, ele desarma rapidamente quatro cavaleiros reais e os mata com estocadas rápidas. O Espantalho tira vidas usando a força bruta de sua espada e cavalo com eficiência.
Rei Uther: “Matem-os, estamos encurralados aqui!”
Primeiro eles tem que enfrentar os cavaleiros inimigos. Cada cavaleiro da Cruz do Martelo engaja em uma luta com os homens do espantalho.
Algar e Enrick na mesma montaria são atacados por dois cavaleiros do Espantalho. Eles golpeiam forte. E os cercam com suas montarias. Os dois heróis aparam os golpes com os escudos e contra atacam tentando achar uma brecha nas pesadas armaduras dos inimigos. Até que uma estocada da lança de Algar entra pela frente do elmo de seu oponente e o Barão sente o ferro ceder e depois a suave textura da carne humana sendo dilacerada. O sangue jorra pelo pescoço do adversário moribundo. Quando retira a arma o corpo do cavaleiro cai dependurado pelo estribo e seu cavalo fica andando a esmo por entre os homens lutando. Sir Enrick recebe um golpe de espada forte no ombro. Ele se curva dando involuntariamente o pescoço para ser atingido. O inimigo golpeia novamente mas no meio do movimento desfalece. A parte de cima do martelo do Flecha Ligeira, ponte aguda, já tinha penetrado no ventre de seu oponente.
No final da terceira hora a batalha o exército do Rei Uther está cercado. Milhares de saxões vem do norte e enquanto o centro e o flanco do Exército de Logres mata centenas de bárbaros. Logo surgem mais. Na retaguarda a cilada do espantalho tentando matar o rei leva os homens a lutar desesperados. São oitocentos cavaleiros atacando a posição de Uther e seus duzentos cavaleiros tentando protegê-lo. O Perigo é eminente. No alto da falésia os arqueiros estão sendo dizimados e Marion e Merlim lutam corajosamente.
QUARTA HORA DE COMBATE
Os arqueiros usam suas espadas e adagas contra saxões enfurecidos, que os odeiam mais que qualquer outra unidade. Bem armados e protegidos, peritos em luta corporal eles conseguem desfazer a linha e a cercar o inimigo. Os corpos dos arqueiros vão enchendo o solo e manchando de sangue a falésia. Provavelmente não sobreviverão a próxima hora de combate. Os bárbaros continuam a chegar em grupos lá em cima. Parece que o inferno nunca vai acabar.
Merlim manobra o seu corcel branco, eles não tentam o atacar, pois o temem mais que tudo. O Druida tenta proteger alguns arqueiros, se entrepondo entre o inimigo, mas é impossível. Enquanto salva alguns, outros morrem mais ao lado. A linha é muito grande.
Marion se levanta próximo ao seu cavalo morto. Ela olha e seu arco e a flecha dada por Merlim está no animal caído. Entre ela e o cavalo morto dois saxões se atiram contra a guerreira, eles usam martelos e machados para tentar abatê-la. Os dois homens golpeiam ao mesmo tempo. Marion pula para trás dando uma cambalhota no ar, algo sai da mão dela. As armas dos inimigos enterram na areia. Um deles, com o machado, cai morto segurando o punhal de Marion enterrado inteiro em sua na barriga. Ela aterriza abaixada em posição de ataque já com a sua gladius nas mãos. O saxão com o martelo joga a arma e seu escudo e corre para a mata próxima em pânico.
Consequência: Merlim se aproxima.
Merlim: “Agora menina! Atire a flecha!”
Marion retira a flecha vermelha, enrolada por uma fita amarela, dada por Merlim de sua alijava e a encaixa na corda do arco. Ela parece ser bem mais leve que o normal. Quando ela encaixa em seu arco longo Merlim passa a mão sem tocar na flecha. Ela se incendeia na ponta. Então a guerreira dispara para cima. A flecha vai ganhando altura bem rápida deixando um rastro de fumaça branca e zunindo com um som muito agudo. Todos no campo de batalha vêem aquilo sem entender direito o que é. O som diminui e quando chega lá em cima a flecha some em uma explosão branca e um estrondo. Todos se encolhem assustados.
Lá no meio da floresta escondidos os engenheiros vêem a flecha sinalizadora. Os heróis escutam o som do trebuchet de Sir Enrick, o Fazedor de Viúvas, sendo posto em ação. Eles escutam uma gritaria e olham para o alto e vêem uma bola de fogo surgindo, cortando o ar, vindo da mata. E o druida Merlim fazendo o movimento das mãos como se tivesse conjurando um feitiço. Os saxões olham tocando nos martelos de Thunor no pescoço. E a bola de fogo, feita com um barril cheio de azeite, irreconhecível pois está em chamas, cai no meio das tropas lá embaixo ateando fogo tanto em homens de Logres quanto nos bárbaros.
Os saxões ficam assustados não tira os olhos de Merlim que empina o seu cavalo balançando a sua espada que parece brilhar. Eles começam a recuar andando de costas. Merlim grita.
Merlim: “Agora vou transformá-los em pedra!”
Então eles viram e começam a correr dali. Alguns caem e tropeçam. Outros pulam da falésia lá embaixo totalmente aterrorizados, alguns quebram as pernas deixando para trás centenas de feridos e mortos espalhados ali no alto. Os arqueiros sobreviventes riem e se cumprimentam. Dos quinhentos arqueiros, somente uns cento e cinquenta estão vivos.
Ali embaixo na praia as linhas inimigas saxãs aliviam um pouco a pressão recuando assustados com a possibilidade de vir outra bola de fogo lá de cima conjurada por Merlim.
Sir Elad: “Temos espaço Cavaleiros do Rei! Me sigam! Avante!”
Então Sir Elad gira o cavalo dando as costas pra os homens do Espantalho e Cavalga rápido. Todos os Cavaleiros da Cruz do Martelo fazem o mesmo. Algar desce de Hefesto e monta em um outro que estava sem ninguém andando sem rumo por entre as linhas. Enquanto isso o Rei e o Príncipe tentam sobreviver com poucos homens formando um círculo. Já tem suas armaduras e armas bastante avariadas. Estão cercados.
O Barão Algar, Sir Enrick, Sir Amig, Sir Dylan, Sir Dalan, Sir Jakin, Sir Bag o seguem ombro a ombro. Atrás pelo menos quatrocentos cavaleiros de Logres deslocam-se para o mar. Eles podem ouvir o inimigo.
Inimigo: “Estão fugindo! Covardes! Abandonaram o seu rei!”
Então os cavaleiros do Espantalho os perseguem sem manter a unidade achando que os cavaleiros em fuga serão uma presa fácil. Então Sir Elad dá a ordem.
Sir Elad: “Curva para a direita homens, pelo mar!”
É aí que os Cavaleiros de Logres, bem treinados, conseguem fazer a diferença. Fazem uma curva, esporando e usando seus joelhos com a montaria uma ao lado da outra. Mantendo nem meio metro de distância um do outro, pegando o inimigo desprevenido, Sem nenhuma formação de ataque. Elad com sua espada cortando no ar grita:
Sir Elad: “Apresentar armas! Morte! Morte aos inimigos do Rei!”
Os heróis vêem o mundo tremendo e os inimigos se aproximando em suas armaduras reluzentes. A velocidade é tão grande que quase não podem ver quando se cruzam. Dando tempo apenas de dar um golpe no tempo de uma batida do coração. As armas cortam o ar e os homens contam com a sorte, naquela ínfima porção de tempo, para atingi-lo.
E a explosão entre as duas cavalarias acontece. De lado se vê os cavalos e cavaleiros passando. Muitos animais e homens caindo. Cavalos estrebuchando no chão com o ventre aberto. Corpos e mais corpos.
Enrick e Algar sentem suas armas acertarem algo. Não sabem se foi cavalo ou cavaleiro.
Todos estão estão suados, cheios de areia e sangue. Com a maioria dos Cavaleiros do Espantalho mortos ou feridos os que sobraram fogem pelo mesmo caminho que vieram. Sir Jaradan e Espantalho ficam próximos de Madoc e do Rei Uther. O alto e forte Rei joga a sua montaria contra o Espantalho e pula no homem. Os dois caem rolando pela a areia. Uther mancando se levanta. Já o Espantalho tenta, mas parece que quebrou a perna. Uther chuta o seu rosto. Ele cai com a cara no chão se afogando com a areia. Uther o pega pelos cabelos.
Rei Uther: “Você não serve nem para espantar corvos seu merda!”
Então com a Excalibur brilhando como prata ele corta o pescoço do homem como manteiga e fica com a cabeça pendurada pelos seus cabelos ruivos. O tronco sem vida, com a pesada armadura prateada, cai espirrando sangue na areia branca. O rei cospe na cabeça decapitada que está com os olhos virados e a língua de fora.
Madoc inicia uma luta com Jaradan, um espadachim muito superior à ele. O Príncipe tem seu braço muito ferido e não consegue levantar adequadamente o seu escudo. Sir Jaradan vê Uther matar o seu pai e diz.
Jaradan: “Ficarás sem herdeiro maldito!”
QUINTA HORA DE COMBATE
Rei Uther: “Formar parede de escudos infantaria! Avançar, os saxões estão voltando!”
No início da quinta hora de combate os saxões após o recuo decidem voltar. Eles formam uma grande linha com um escudo encaixado no outro. Ocupando toda a extensão da faixa de areia da praia. A luta na areia está equilibrada. A vantagem é que o exército de Logres conseguiu repelir os ataques pela retaguarda as custas da morte de muito dos seus homens. Pelo menos quatro mil homens de logres contra cinco mil saxões avançam em marcha lenta um em direção ao outro. Os dois lados batendo suas armas nos escudos trocam insultos. Os dois lados passam por homens mortos e feridos pisoteando-os. Na retaguarda Uther observa a certa distância a luta que irá começar entre Sir Enrick, Barão Algar, o Príncipe Madoc e Sir Jaradan. Como está montado em Hefesto, Sir Enrick chega antes dos trezentos cavaleiros sobreviventes da carga que também corre para socorrer o príncipe.
Jaradan e Madoc vão andando em circulo com os seus cavalos buscando uma brecha na defesa do outro. Jaradan um exímio espadachim espera pacientemente. Quando Madoc o ataca ele em movimento circular encaixa a lâmina de sua espada na do Príncipe e faz com que o pulso do Príncipe gire também. Logo a espada voa e Madoc fica desarmado. Jaradan abre seu Elmo.
Jaradan: “Bastardo! A morte é o que merece! E a terá em breve! Quando seus Cavaleiros chegarem, você já estará liquidado. E esses merdas aí não são páreo para mim.”
Madoc está de costas para o Flecha Ligeira e Jaradan de frente para os dois. Jaradan está pronto para matar o Príncipe ferido. Mas percebe que se fazê-lo não dará tempo de se defender. Ele vira o cavalo na direção de Enrick e diz antes de fechar o seu elmo.
Jaradan: “O Plebeu barra bosta e o assassino de padres! Vou palitar o dente com vocês seus filhos de uma cadela!”
E começa o combate. Jaradan muito rápido acerta Enrick. Sua armadura absorve o dano mas quase arremessa o Flecha Ligeira de cima de Hefesto. Ele contra ataca. Jaradan absorve o pesado golpe do martelo em seu escudo. Algar chega e entra no combate.
Barão Algar: “Agora o filho do Corvo matará o filho do Espantalho!”
Os dois dão um golpe ao mesmo tempo. Mas a lança sagrada do Demônio do Norte oferece tanta resistência e brilha em um dourado cegando e fazendo com que a espada do hábil espadachim voe de suas mãos. Jaradan olha assustado para Algar e não vê o pesado martelo de Sir Enrick se deslocar com um golpe na horizontal da direita para a esquerda que lhe acerta na têmpora, destroçando o seu elmo arrancando a viseira e causando fraturas em seu crânio. Jaradan está com o Elmo aberto, da para ver que de seu nariz verte muito sangue. Ele perde a consciência rapidamente e o seu cavalo, assustado com o impacto, sem controle, corre para o mar. O cavaleiros cai e é arrastado pelo estribo e mesmo no raso em meio a espuma do oceano ele se afoga. O Cavalo se assusta com algumas ondas que quebram e sai dali arrastando Jaradan por quilômetros, passando pelos homens feridos que buscaram refúgio na retaguarda e sumindo no horizonte com todos os ossos do corpo quebrados, espalhando pedaços de armadura e deixando um rastro vermelho de sangue. Dizem que acharam o corpo do Cavaleiro há duzentos quilômetros de Lincoln totalmente em carne viva. O filho do Espantalho passou a ser chamado, desde este dia, como Jaradan, o Sem Pele.
Madoc: “Obrigado amigos! Pensei que ia conhecer meus antepassados!”
O Rei Uther se aproxima a pé enquanto os Cavaleiros também chegam. Sir Amig, Sir Bag, Sir Dylan e Sir Dalan também estão com eles.
Rei Uther: “Deixe me adivinhar! Cavalos Stanpid, não é?”
Sir Enrick: “Isso mesmo Majestade!”
Sir Jakin desce do cavalo e o cede para o Rei Uther que o agradece.
SEXTA HORA DE COMBATE
Na sexta hora de combate os heróis e seus amigos estão na retaguarda. Eles observam as paredes de escudos se aproximando. Atrás vêem os comandantes de cada flanco. Quando estão à cinquenta metros começam a correr um em direção ao outro. Gorlois grita.
Gorlois: “Flanco esquerdo parar!”
A parede de escudos continua sem o flanco esquerdo Então o flanco direito do inimigo com Eosa entre as fileiras gritando para os seus homens avançarem se lançarem sobre o centro, agora desprotegido, preparando-se para fazer uma carnificina. Os homens de Gorlois só assistem a tragédia.
Rei Uther: “O que? Traidor! Maldito! Vamos Cavaleiros, rápido! Neste momento senhores, perdemos a batalha! Logres cairá em mãos saxônicas!”
Então o Rei Uther e seus cavaleiros saem em uma carga desordenada em desespero. Quando eles estão à meio caminho entre o flanco esquerdo de Gorlois e o direito de Eosa. Eles ouvem o estrondo das paredes de escudos se chocando mais uma vez, vêem o empurra empurra acontecendo. Alguns homens caem mortos substituídos por outro. E Eosa e seus homens se lançam ao centro e começam a chegar na parte de trás da parede do exército de Logres. Gorlois então grita apontando com a sua espada.
Gorlois: “Agora! Cornualhaaaaaaaaaa! Morteeeeee! Marchem para a guerra!
Então o flanco esquerdo corre. Antes os homens de Eosa matam. O gigante gira o seu martelo de guerra muito maior que um homem e ceifa vidas. Espalhando miolos, quebrando ossos aos montes. Pegando a unidade da ponta do flanco central de costas. Sentindo o frenesi da batalha eles vislumbram a vitória. Mas Gorlois vêem e inteligentemente ataca as costas do inimigo com seus Cavaleiros se lançando em uma carga forte e letal. Assim Gorlois consegue abrir um corredor enorme entre a falésia e eles para o Rei e seus cavaleiros chegarem na parte de trás do exército inimigo. Gorlois cumprimenta o Rei com um movimento da cabeça cheio de sangue inimigo em sua armadura quando eles passam em alta velocidade pelo Conde da Cornualha.
Uther: “Vamos! Gorlois é um gênio. É a nossa chance. Sigam a Excalibur! Um reino, uma terra e um Rei! Carga!”
A espada brilha iluminando o dia. Os heróis se sentem revigorados, parecem não sentir mais seus ferimentos. Entrando em frenesi. Mesmo suados e lutando à seis horas. O som parece sumir e tudo fica em câmera lenta. Eles vêem quando passam ao lado do centro homens sendo atingidos e o sangue sendo espirrado. Dentes voando e corpos caindo em um spray de suor e sangue misturado aos cabelos longos e elmos partidos. O Rei Uther, O Príncipe Madoc, os Heróis e os Cavaleiros da Cruz do Martelo passam muito rápido em formação entre a falésia e a linha de combate que se reduziu em central e flanco direito lutando próximo ao mar.
Uther: “Curva a direita! Não tenham misericórdia!”
Eles chegam na parte de trás da parede de escudos inimiga e olham os corpos caídos nas fileiras, atropelam mais um tanto que se arrasta com membros decepados e ferimentos graves e chegam no centro da batalha. Na parte de trás do inimigo. O cercando. Cada deles atacam os bárbaros de costas que nem os vêem se aproximarem em uma carga frenética e forte. Os cavalos saltam o pequeno monte de cadáveres e os Cavaleiros de Logres matam sem pensar. Com os olhos vidrados em frenesi. A canção da espada canta.
No final da sexta hora, bem no centro, atacando o inimigo de costas, eles podem ver o Conde Gorlois. Ele empina o Cavalo e derruba uns cinco homens, enquanto golpeia com a sua espada os homens que o tentam cercar. Então em um pequeno espaço ele consegue esporar o Cavalo e trotar rápido se chocando contra o cavalo de Eosa. Gorlois, muito menor, se agarra com o impacto na crina de sua montaria jogando seu escudo para usar sua mão esquerda como apoio e não cair. Eosa, tão grande não consegue se equilibrar e ele e o seu cavalo caem entre seus homens e os Cavaleiros de Gorlois. Sua montaria se levanta e ele também. Agora sem o seu escudo, ele gira desesperadamente seu martelo para todos os lados. Mata três cavalos, mais dez infantes. Leva uma estocada no ombro, continua a girar o longo martelo. Alguém lhe atira uma lança que sai pelas suas costas. Ele grita. Gira para o outro lado e mata mais dois homens lhes partindo o crânio. Gorlois salta do cavalo e lhe corta a panturrilha. Ele cai de joelhos. Então alguém o degola ele derruba o martelo. Sem arma se debate, puxa um Cavaleiro de cima de seu cavalo pela perna e lhe quebra o braço. Gorlois leva um soco de Eosa e cai para trás com o rosto ferido, cuspindo sangue e dentes. O gigante pula em cima dele para tentar sufocá-lo. Antes leva uma machada nas costas que não é o suficiente para neutralizá-lo. Quando pula em cima de Gorlois, o conde está com a sua espada levantada. Eosa é transpassado no estômago se debate gritando pegando Gorlois pelo pescoço, o esganando. O Conde está branco e vira os olhos. Até que a pressão alivia e Eosa cai morto se debatendo em espasmos. O Conde embaixo fica inconsciente.
O flanco esquerdo saxão sem liderança e assustado se desmancha e os poucos sobreviventes correm em debandada para todos os lados. Os soldados de Gorlois ajudam a levantar o conde.
Conde Gorlois: “Essa passou perto!”
SÉTIMA HORA DE COMBATE
Enrick e Algar estão lutando forte, ao lado do Rei, na parte central da batalha. O inimigo começa a não aguentar a pressão e ceder terreno. Derrepente a linha central desaba, logo a frente o rei inimigo Octa surge em seu cavalo.
O Rei Uther grita: “Capturem o desgraçado! Quero ele vivo!”
Vários heorthgeneats bem armados estão ao redor do seu rei, seu estandarte com uma cabeça de lobo pingando sangue, o acompanha levado por um deles. Sir Bag, Dalan, Amig, Jakin, Conde Roderick, Sir Elad engajam cada um com um homem da guarda pessoal do Rei Saxônico. Dois destes atacam os heróis liderados pelo Rei Octa. Eles urram e gritam palavras um para o outro. A única coisa que os Cavaleiros entendem é a palavra “Thunor!”
O inimigo está desmontado e tenta usar suas lanças. Mas a Cavalaria de Logres fecha o cerco e eles ficam em um espaço muito pequeno para manejá-las com habilidade. Logo um a um tombam mortos. Deixando o Rei Saxônico exposto. Algar o fere no ombro. Desviando dos golpes de machado do guerreiro. Octa mata um dos Cavaleiros da guarda do Rei. Agora é a vez de Sir Enrick que lhe acerta um golpe tão forte nas costelas que o homem abaixa sua guarda. Algar lhe acerta no meio do rosto com a bossa de ferro de seu escudo. O homem cospe seus dentes em meio a sangue e saliva. Até que uma machadada de baixo pra cima desferida por Sir Amig arranca parte de seu couro cabeludo e o Rei Saxão cai prostrado com os olhos virando e as armas dos Cavaleiros do Rei lhe apontando por todos os lados.
Pelo corredor aberto pelo conde Gorlois, a luta se mistura. Octa está bastante ferido. Seus braços estão cheios de lacerações. Um grande hematoma fecha um dos seus olhos. Seu braço direito está quebrado, totalmente fora de ângulo. A cota de malha em diversos pontos está toda rasgada e sangue escuro jorra. Ele urra como um animal selvagem, cheio de ódio. Um pedaço do escalpo que foi arrancado por um golpe de lâmina deixa a mostra um pedaço de osso. Com poucos dentes, devido a um golpe que deixou seu elmo em frangalhos ele fica ali cercado sem ter para onde ir. Agora o centro do exército inimigo desaba e só resta o flanco esquerdo com pouco mais de dois mil e trezentos homens. A praia está tomada de corpos que se estendem desde a falésia até a parte rasa do mar, com os cadáveres boiando.
OITAVA HORA DE COMBATE
O exército inimigo vendo que o seu Rei foi capturado e o seu estandarte nas mãos do Rei Uther Pendragon começa a recuar.
Rei Uther: “Fujam covardes! Os homens de Logres não se renderão jamais. Seus bostas!”
E cospe no chão empunhando a Excalibur com a outra mão. Merlim observa tudo lá de cima com o rosto satisfeito. Eomund grita para os Germânicos tentarem mais um último ataque desesperado. Mas sem o apoio do centro e do flanco direito os homens do Conde Ulfius começam o massacre. Um a um os saxões são mortos. O pânico invade as tropas inimigas e quando começam a correr para longe dali. O campo de batalha vira um abatedouro. As tropas do Rei Uther com carga total começa a perseguição do inimigo. Eomund, o Germano cavalga à frente tentando escapar.
Sir Amig: “Ouviram bem Cavaleiros do Rei! Começar a matança! Se banhe no sangue inimigo! Quero cabeças arrancadas, barrigas abertas e ossos quebrados. Ao caos senhores!”
Sir Enrick e o Barão Algar partem com os seus cavaleiros em perseguição. Eomund, o Germano, cavalga rápido, com vigor, parece em pânico e desesperado. Ele olha constantemente para trás misturado a quase mil bárbaros em fuga. Nenhum saxão o ajuda, cada um quer salvar a sua vida. Os homens de Ulfius, Roderick e Gorlois os matam sem misericórdia. Sir Enrick dispara uma flecha certeira nas costas do inimigo. Que não parece ter sido ferido gravemente. Até que alguns metros depois, cai de seu cavalo rolando na areia branca da praia.
Quando chegam nele o corpo do guerreiro loiro fica estendido de barriga para cima com o rosto virado em seu elmo em forma de javali. Seus cabelos vermelhos de sangue e os olhos azuis vidrados parecem olhar para o mar. Seu sangue vai tingindo a areia branca. Logo as gaivotas pousam em cima dele e começam a lhe bicar.
Lá a frente eles vêem dois navios saxões com a proa de dragão. Uns cem homens saltam para dentro deles. Os outros, uns quinhentos, tentam entrar mas são repelidos com espadas e machados por seus próprios irmãos de armas. E ficam na beira da praia onde são mortos por uns mil e quinhentos homens de Logres. Quando os heróis chegam ali o lugar virou um abatedouro. A água está vermelha de sangue e todos os outros saxões que ficaram na praia estão mortos. Os barcos zarpam e sua vela é aberta enquanto remam. Os homens do exército de Logres ficam os xingando e os bárbaros à bordo dando risadas e fazendo gestos ofensivos.
Sir Enrick pega a sua pederneira. Acende uma flecha e dispara. Depois outra. Mais outra.
Uma a uma os projéteis atingem uma das embarcações. A vela do navio começa a se incendiar. Rapidamente o fogo se espalha tomando conta do mastro. Os homens à bordo dos navio tentam se mexer para apagar o fogo mas está tão lotado que não tem muito espaço para se mexer. Logo o fogo desce e todo o navio vira um inferno. Os saxões começam a pular do barco e vestindo cota de malha afundam como uma pedra. A maioria deles se afogam e uns cinco são trazidos pelas ondas até aos pés dos Heróis, na água rasa do mar, ainda vivos. Somente um dos barcos escapa. Algar olha os homens molhados e tossindo água do mar salgada prostrados à sua frente. Pega o seu machado e os mata em um banho de sangue e ódio. Dá para ver o leve sorriso no canto da boca do Demônio da Britânia. Os outros soldados olham assustados com a fúria do Barão.
Finalmente depois de oito horas de combate as lutas cessam e só resta morte por todos os lados. O campo de combate está repleto de corpos, sangue e tripas que se misturam à cavalos e armas derrubadas. Os homens do rei Uther caminham pelo campo de batalha degolando os sobreviventes inimigos e acabando com o sofrimentos dos animais. Os vitoriosos se cumprimentam. Percorrendo o campo de batalha os soldados procuram itens de valor entre os corpos, armas, pedaços de armadura. Fumaça cobre o campo de batalha dos corpos que estão sendo empilhados e queimados. Centenas de aves pousam e se banqueteiam em meio aos cadáveres. O cheiro dos mortos enche o ar carregado do verão quente. Três mil homens de Logres sobrevivem. Quase mil inimigos conseguem fugir. Os que ficaram na praia feridos ou se entregaram foram executados.
Os heróis estão no alto da falésia. Sir Enrick abraça Marion com carinho, enquanto Algar observa o campo de batalha e o mar no final da tarde. Venta bastante no final do dia de verão. As armaduras e cotas de malhas estão quebras e as armas trincadas e sem fio. As ondas quebram forte na praia. Lá embaixo Madoc conversa com cada homem os parabenizando pela batalha e comandando a retirada dos feridos para a cidade de Lincoln. Sir Dalan, Sir Bag e Jakin estão sentados na areia lá embaixo bebendo juntos uma garrafa de hidromel cada um. Eles acenam para os seus amigos lá em cima. Sir Dylan distribui garrafas de hidromel trazidas em uma carroça pelos pagens do rei para cada um que está ali.
Sir Elad: “É garotos, vocês notaram? Os saxões estão cada vez mais duros de lutar. Estão aprendendo nossas táticas. Isso não é bom.”
Barão Algar: “Eu quem dia senhor! Não foi fácil! Pensei que ia morrer.”
Rei Uther: “Quando o desgraçado do Espantalho nos atacou eu também pensei que era o fim. Esses cavalos Enrick, são incríveis, vocês chegaram muito rápido. Como posso comprá-los?”
Sir Enrick: “Na fazenda Epona Majestade! Seria muito bom pois meu pai está passando por dificuldades. A guerra contra Odirsen II foi dura para todos nós.”
Rei Uther: “Ajudarei seu pai. Conte comigo para pagar metade da dívida que vocês tem com ele. Os Cavalos Stanpid são essenciais para mantermos a nossa superioridade em campo de batalha.”
Sir Enrick: “Fico muito grato Majestade!”
Gorlois com o rosto bastante machucado fala: “Quer dizer que os garotos acharam que eu ia trair o Rei? O que pensaram que eu ia fazer?”
Barão Algar: “Olha Conde! Quando o flanco esquerdo parou eu pensei: Estamos mortos!”
Gorlois: “Tática Cavaleiros! Isso é que faz diferença em uma batalha. Infelizmente tive que sacrificar vidas de nossos homens naquele momento. Mas, acima de tudo ser um comandante implica em dar ordens que ninguém gostaria de dar.”
Conde Ulfius: “A nossa sorte é que ainda esses bárbaros são fanáticos e quase não tem disciplina. Mas atacam rápidos como a língua afiada de uma mulher.”
Marion vai fazer um comentário mas Enrick a impede discretamente. Lá de cima eles escutam Sir Amig falar com um grupo de soldados sentados sem fazer nada.
Sir Amig: “Os senhores estão feridos?
Soldados: “Não senhor!”
Sir Amig: “Os senhores estão bem?
Soldados: “Sim senhor!”
Sir Amig: “Então hoje os senhores vão aprender a carregar corpos! Mexam-se vagabundos!”
O veterano Cavaleiros olha para todos lá em cima e ri enquanto os soldados saem se atropelando procurando corpos para carregar.
Em Lincon um grande banquete é oferecido aos vitoriosos. O exército acampado do lado de fora do castelo canta e bebe. No grande salão do Duque os nobres comemoram. Os heróis da batalha também estão presentes. Nas grandes mesas muita comida é servida. Vinho e cerveja são consumidos em barris que são repostos rapidamente a medida que esvaziam. O Rei Octa dos saxões está amarrado em uma coluna de madeira, sentado no chão no centro do salão. Veste só uma tanga. Está bastante ferido. De vez em quando alguns passam e cospem nele. Em um momento do banquete. Gorlois vai até ele.
Gorlois: “Por favor Dickson se aproxime e traduza! Há anos esses miseráveis, mortos de fome invadem nossas terras. Estupram nossas mulheres, roubam nosso gado e matam o nosso povo. Não existe um Britânico sequer que não tenha sofrido perdas por causa desses desgraçados. Eis aqui o que eles tem de melhor. Um rei! Então como um monarca merece lhe cobrirei de ouro.”
Gorlois tira as suas vergonhas de dentro de seu gibão de couro e mija em Octa que meio acordado e delirante por causa de seus ferimentos só geme e tosse. Todos riem com o que Gorlois faz. Sir Amig sentando com Sir Enrick, Algar, Marion e os Cavaleiros da Cruz do Martelo não parece muito feliz.
Sir Amig: “Idiota! Isso é desnecessário! O desgraçado quase nos venceu hoje! Honra meninos. É a maior qualidade de um homem. E o que viram aqui não é exemplo para ninguém.”
A certa altura do banquete uma fila de mulheres da nobreza entra no salão. Uma delas da um passo a frente. Sua beleza é de tirar o fôlego. Sua voz é como música e ela parece ter vindo de um sonho. Enquanto os bardos estão tocando, a mulher começa a dançar. Todos os nobres e cavaleiros ficam hipnotizados.
Sir Bag: “Essa é Igraine senhores.”
Então Igraine recita um poema de vitória que compôs para o Rei Uther Pendragon.
Em nossa boa ilha, Um grande homem nasceu
Nas sombras de um império que já morreu
Sua bravura é rubra como o sangue de um Dragão
Sua força na batalha mais forte que uma legião
Pendragon, Nosso bom Rei nos trouxe a vitória
Pendragon, O destino pelo aço, pelo sangue, pela glória
As fiandeiras traçaram o seu destino
Com fios de pura prata
Cavalgando pelas terras
Varrendo os bárbaros do mapa
Como um dragão feroz
Derrotou o Rei Saxão
Rei Uther de Logres és imortal e forte como o deus do trovão
O rei está fascinado, até mesmo enfeitiçado pela beleza de Igraine. Ela acaba o poema e todos aplaudem entusiasmados. Os bêbados, nobres e heróis presentes parecem estar apaixonados pela mulher. Igraine deixa o salão enquanto o Rei Uther encara corajosamente o duque Gorlois que devolve carrancudo o desafio. O dia vai amanhecendo e os presentes caem pela bebida e dormem no grande salão. O Rei saxão é levado para as masmorras da cidade.
Pela manhã Sir Elad entra no salão e diz:
“Acordem homens! Ordens do Rei. Marcharemos todos até as muralhas de Malahaut's mais ao norte. O rei tem negócios a resolver por lá. O Príncipe Madoc irá até os saxões que ainda sobreviveram para tentar matá-los. Como a escolta real acompanhará o príncipe, vocês serão responsáveis pela segurança do Rei. O exército está dispensado e os homens restantes estão voltando para as suas terras.”
A cidade é de domínio romano. E um exército comandado por um rei centurião, Petrônio Italicus, os aguarda do lado de fora, montado, com a sua guarda pessoal. A medida que vão se aproximando as fileiras do exército da cidade vão ficando em formação.
Sir Elad: “Atenção homens!”
O Rei Uther levanta sua mão e todos param. Os reis se encaram e não falam nada.
Sozinho o corajoso o rei cavalga em direção ao rei centurião que faz o mesmo. Eles param e se encaram. Tudo fica em silêncio. Descem dos seus cavalos e quando os dois se encontram no descampado, eles se cumprimentam como dois velhos amigos. Os dois lados respiram aliviados.
Sir Elad: “Ordens do rei senhores! É proibido pilhar, saquear ou agir com má intenção aqui. Quem o fizer pagará com a vida. Montem acampamento e esperem do lado de fora.”
Passam-se dois dias de visita naquela corte. Todos estão nas tendas esperando. Os dias parecem longos e chatos. Até que Sir Elad recebe ordens trazidas pelo arauto real.
Sir Elad: “Coloquem a sua melhor armadura, façam seus escudeiros as polirem. Estejam limpos e bem vestidos com as suas cores. Os cavalos escovados e as armas brilhando. Vamos para Catterick, uma cidade fortificada ao norte próximo as montanhas. O rei está fazendo alianças.”
Então os dois reis partem com a formidável escolta.
Conde Roderick: “Cavalguem ao redor dos reis, eu não quero nenhum acidente aqui.”
Pelo caminho pessoas se curvam diante da majestade da comitiva. Estandartes são levados, bem como todos os integrantes bem vestidos. Dos cavaleiros foi exigido comportamento nobre e armaduras polidas. A escolta do rei Petrônio usa uniformes e armaduras romanas. Durante alguns dias, próximo a cidade, o Rei Uther acampa, joga, pratica lutas, realiza cavalgadas. Depois de quatro dias passados com várias atividades, uma grande caçada está marcada para acontecer. Os cachorros foram trazidos e caçadores experientes irão participar. Uther leva seu falcão pousado em seu antebraço.
A caçada começa no bosque próximo. Buscando a trilha de pequenos animais, os cachorros levam o grupo à uma parte da mata cerrada de árvores. Mas eles não acham nada. Então o rei vê uma lebre cinza correr e libera o seu falcão. Ele bate as asas e chega lá no alto e depois desce como um projétil cortando o ar. Com as garras pontiagudas não leva mais que dez segundos para matá-la. Um dos cachorros traz a caça. Todos aplaudem o Rei. Ele sorri satisfeito.
Sir Enrick está em seu cavalo distraído. Mas algo lhe chama a atenção. Ele alerta Algar. Os dois notam quatro homens fechando um cerco ao redor da mata onde o rei está. Eles tem pequenos machados de arremesso e arcos em suas mãos, eles se aproximam de capuzes verdes da cor da mata. Quase não fazem barulho. O Barão faz sinais em silêncio posicionando os cavaleiros. Derrepente Algar dá um grito assustando todos, inclusive os homens. Enrick dispara suas flechas matando dois deles. Algar parte em disparada com o seu cavalo acertando o pescoço do homem que cai sangrando se debatendo e morrendo logo em seguida. Um outro escapa correndo pela mata. Mas saindo de um grande arbusto Sir Bag estica seu braço e o homem olhando para trás bate com o rosto na armadura do grande cavaleiro levando-o a desmaiar. Sir Bag olha e levanta o polegar em sinal positivo sorrindo para o Barão.
Rei Uther: “Obrigado Cavaleiros! Serão recompensados e não esquecerei jamais este grande ato que realizaram! Devo a vida a vocês duas vezes. Estão vendo? Com Cavaleiros assim, quem precisa tomar cuidado? “Sigamos então! A caçada está encerrada. Esperemos então a chegada dos outros reis.”
E todos riem. Interrogados, nas masmorras por Algar e Enrick, depois de atingirem a inconsciência várias vezes, os dois assassinos sobreviventes contam que um homem a serviço de um rei os contrataram, mas que eles nunca souberam seus nomes.
Novamente os Heróis e seus homens estão acampados do lado de fora das muralhas da cidade. Ao norte da cidade existe uma grande floresta e depois uma cadeia de montanhas enorme no horizonte. Alguns reis chegam no local. Eles vieram para conversar com Uther. Acompanhando-os chega uma imensa comitiva, com guarda costas, mulheres, músicos e sacerdotes. Dentro da cidade Uther os recebe: o Rei Eurain de Reged, o Duque de Cambenet e o Rei de Garloth. Eles estão no pátio do castelo e Sir Enrick e Algar e seus Cavaleiros formados atrás do rei. Enquanto eles se cumprimentam o Rei Uther mostra excalibur para os nobres que parecem ficarem fascinados com a arma. Ali no pátio em tronos de madeira ocorre uma audiência. Uther conta sua campanha militar. Os outros Reis parecem bastante receptivos.
Rei Uther: “Barão Algar, se aproxime! Conte a esses homens como foi que o velho Merlim e vocês receberam a Excalibur da Dama do Lago. ”
Barão Algar: “Estávamos servindo em um forte no extremo oeste de Logres. Na fronteira. Então encontramos um velho pastor, enquanto patrulhávamos. Ele tinha perdido sua cabra favorita. Quando fomos atrás do animal e a capturamos o velho se revelou. Era Merlim, o Druida. O escoltamos mata adentro. Uma criatura, um cavaleiro feito de água e algas nos atacou. Mas a enfrentamos e vencemos, apesar de recebermos ferimentos que podiam ter nos matado. Entramos no lago em um barco com o Druida. Merlim abriu as brumas que pairavam por lá. E a mão da Dama do lago surgiu empunhando a espada sagrada. Foi uma experiência memorável.”
Todos os presentes ficam impressionados com a estória.
Finalmente o frio chega e a primeira geada congela os campos. Após três meses os Heróis levantam acampamento e então inicia-se a marcha para o oeste. No caminho de volta encontram a guarda real comandada por Sir Brastias e o Príncipe Madoc em um entroncamento da antiga estarda romana.
Príncipe Madoc: “Amigos! E aí como foram no norte?”
Barão Algar: “Apesar de um incidente ou outro tudo certo!”
Príncipe Madoc: “Nós fomos bem. Caçamos todos que fugiram e matamos quase todos. E por um tempo esses desgraçados vão pensar duas vezes antes de invadir nossas terras novamente.”
Rei Uther: “Muito bom filho. Vocês sabem que o príncipe Madoc, lhes tem em grande estima! Acredito que são uma excelente companhia para meu filho e quando assumir o trono gostaria que estivessem ao seu lado. São homens de minha inteira confiança! Então, quero que passassem este inverno em minha corte. Tragam suas mulheres e filhos e os Cavaleiros da Cruz do Martelo. Vocês são o martelo dos deuses em combate e a proteção divina da cruz de seu Rei. Vamos para Warwick em Werensis.”
O príncipe olha satisfeito concordando com o pai. Os outros cavaleiros olham com satisfação.
A cidade murada recebe o Rei com grandes festividades. Uma grande festa e recepção oferecida pelo regente, Sir Henri , toma as ruas todas decoradas para o natal com runas da antiga religião e símbolos sagrados da nova. No grande salão da corte, todos os nobres se reúnem. O Castelo quase dez vezes maior que o do Conde Roderick deixa os Cavaleiros de Sarum boquiabertos. Só dentro do enorme pavilhão com os brasões do Rei cabe a Catedral de Santa Maria. Centenas de pessoas banqueteiam e bebem inclusive Gorlois e Igraine. Uther não tira os olhos dela. As famílias estão reunidas. As crianças correm por entre as mesas. Todos vestem peles de animais para se aquecer. E uma enorme lareira aquece o ambiente. Risadas e conversas preenchem o ambiente festivo.
Príncipe Madoc: “Estou muito feliz amigos. Fomos atrás dos saxões e matamos a maioria deles. Prendemos seus líderes e agora eles terão que se sujeitar a nós. Agora somente o Velho Rei Ælle que mais fala do que luta caminha por aquelas terras.”
Vestindo um manto azul de veludo, bordado com runas da velha religião. Uma mulher forte de meia idade, com cabelos ruivos e a tatuagem da meia lua na testa caminha por entre as mesas conversando com todos. Principalmente com Gorlois. Todos a conhecem é Nineve, a Senhora de Avalon. Ela se aproxima da mesa onde estão os Cavaleiros da Cruz do Martelo e suas famílias e outros Cavaleiros da Cidade acompanhados de suas donzelas.
Nineve: “Apesar de alguns de vocês serem adeptos da nova religião, agradeço-os por terem ajudado Merlim a combater aqueles que queriam banir a nossa religião. Porque alguns não acreditam na grande deusa? Toda a força de Uther emana dela. Infelizmente lhes adianto que tudo tem seu preço! O nosso rei está divido entre as duas religiões. A deusa cobrará um preço por ele empunhar a espada sagrada em nome de outra crença. Com licença!”
Ela sai dali séria e preocupada.
Padre John, sacerdote do castelo se aproxima: “Essa mulher trás o mal! Ela representa crendices que nos levam ao demônio. Rituais antigos de depravação! Deus nos proteja dessa danação. Abram seus olhos.”
E vai embora. Todos ficam sérios e pensativos. Seriam só um joguete nas mãos dos Deuses novos e antigos?
Com o passar dos dias, o frio e a neve se fazem presentes. Quase ninguém sai do castelo e no interior as mulheres ficam no tear, enquanto os homens conversam, jogam e trabalham ocasionalmente suas habilidades no pavilhão atrás, com chão de areia para treinamento no inverno. Vários Cavaleiros se exercitam ali.
Sir Bag: “Vamos treinar guri?”
Sir Enrick: “É pra já gordão!”
Sir Dalan: “Vamos Barão? Vocês estão ficando gordos e preguiçosos.”
Barão Algar: “Vamos poltrão dançarino!”
Enquanto os quatro treinam e trocam golpes. Hora um acertando, depois o outro contra atacando. Sir Amig, assistindo dá palpites.
Sir Amig: “Levante mais esse escudo Algar! Enrick, deixe o seu pé esquerdo à frente. Bag, você não luta, você espanca. Parece um Dragão bêbado no cio. Dalan, muita dança e pouca eficiência. Chega cansei. Venham, os quatro contra mim.”
Algar: “Tem certeza?”
Sir Amig: “Mas do que você pode imaginar meu rapaz!”
Então Sir Amig cercado, quase não faz movimentos. Enquanto os Cavaleiros mais novos, giram, golpeiam, levantam o escudo. O Cavaleiro só desvia dando um passo para frente. Depois um para trás. Defende enquanto dá uma rasteira em Dalan que cai de boca na areia.
Sir Amig: “Dançarino! Coma um pouco de areia!”
Depois leva um golpe certeiro de Sir Enrick sem efeito algum.
Sir Amig: “Para isso que serve a armadura rapaz!”
E por último arfando mas corajoso e com o peito estufado ele encerra.
Sir Amig: “Eu falei que vocês tinham que melhorar.”
Todos os presentes os aplaudem. Madoc vem até eles rindo. Os escudeiros trazem toalhas para enxugarem o rosto e tiram a areia das armaduras com escovas.
Madoc: “Vocês gostam de se exibir, né? Tem notado que quase não vemos o rei? O rei parece entediado e infeliz. Quase não sai de seus aposentos e quando sai participa dos banquetes e nunca conversa. Nem mesmo comigo. Desde a chegada de Gorlois e de Igraine ele está diferente. O Duque pediu para retornar para a Cornualha mas o rei não permitiu.”
Na janta, ninguém vê Madoc ou sabe onde o Príncipe foi. Cai a noite e lá fora uma grande nevasca se forma. Vento e neve forte caem com uma intensidade muito forte.
Nunca tinha ocorrido uma tempestade com tanta intensidade na cidade. Todos vão dormir. Cada quarto tem camas com toldos com o Brasão dos Pendragon. Cada um tem uma lareira e uma janela estreita em formato de ogiva. O vento assobia nas torres de pedra.
No meio da madrugada Sir Enrick acorda com o barulho de conversa e casco de cavalos no pátio principal do castelo. A corte do Conde, Igraine e Nineve estão partindo do castelo. Da janela do quarto Algar vê pouca coisa e decide voltar para a cama.
Sir Enrick sai para investigar. Ele chega no pátio vazio. Os portões do castelo estão abertos e a ponte levadiça cobrindo o fosso. Dá para se enxergar muito pouco. A neve cai e as brumas tomam tudo em volta. Fora dos portões o nevoeiro se fecha como uma cortina vindo dos dois lados. O pouco que Enrick consegue ver é a figura de Nineve a cinquenta metros, como um espectro em meio ao frio e a nevasca fazendo um gesto trazendo os seus braços esticados horizontalmente até se unirem e fecharem a cortina da tempestade branca. Não se consegue ver mais nada. Sir Enrick sai do castelo em direção a ela. Nineve desaparece. Derrepente o Cavaleiro se vê perdido. O frio é intenso e ele treme congelando.
Então, tentando resistir, com espasmos musculares de tanto frio, a tempestade diminui até que se transforma, no meio da madrugada, em uma nevasca suave. O Rei e o Príncipe chegam com suas roupas de dormir.
Príncipe Madoc: “O que Nineve estava tramando! Ela me mandou a cidade para encontrar com um druida que trazia uma profecia a mim. Nunca achei o homem. Quando voltei todos estavam dormindo. Você viu quem partiu pai. Gorlois e Igraine!”
Rei Uther: “Desgraçado! Gorlois sempre age por conta própria! Cuspiu em minha hospitalidade! Ofendeu minha honra! Não aguento mais a insolência desse vassalo imprestável. Não sei como Igraine pode estar ao seu lado quando quem protege todo o reino sou eu. Marcharemos homens, no início do verão, para a guerra e teremos vingança! Quero a cabeça desse maldito em uma bandeja de prata! ”
O rei se retira batendo a porta e xingando todos e empurrando um serviçal para longe.
Sir Amig abre a porta por onde o rei saiu: “Venham homens, hora de dormir! Guardem as suas energias. Teremos guerra na Cornualha!”
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