A Batalha de Terrabil encerrou a rebelião dos Lordes que não dobraram seus joelhos ao jovem Arthur Pendragon. No local da Batalha, as doze espadas dos reis rebeldes foram colocadas em círculo, onde foram enterrados, ao pé de um carvalho sagrado. Com o final da rebelião, as terras além da muralha de Adriano dobraram os joelhos ao novo rei e o norte pôde florescer novamente. As irmãs de Arthur, Morgawse, Morgana e Elaine enviaram seus embaixadores e reconheceram o governo de seu irmão. Rei Lot foi traído no campo de batalha pelo rei saxão mais poderoso da ilha: Ælle, o qual tinha se aliado, e usado para aniquilar o exército do Pendragon. Em meio ao combate teve seu braço cortado pelo Barão Brian.
No momento a Britânia está unida por um High King e sobe o estandarte de Arthur Pendragon, agora com 22 anos. As perguntas que não se calam são: De quem são esses méritos? Merlim? Os Cavaleiros e reis Vassalos? A Excalibur que jaz quebrada em segredo? Arthur seria realmente o escolhido ou um embuste e marionete de Avalon?
Grande Salão da Torre Branca:
É o inverno de 514. Estão sentados à mesa do grande conselho, Sir Kay (irmão adotivo de Arthur), Barão Brian (Marshall da Britânia), Sir Sagramor, Sir Ector (pai adotivo de Arthur), Conde Robert e Sir Bernard. Seus escudeiros estão logo atrás, próximos à parede, prontos a serví-los.
Rei Arthur: “Cavaleiros, como estão? Não há notícias de Merlim. Alguns dizem que o poder usado para ludibriar Lot foi tanto que provavelmente esgotou o Druida. Outros falam que ele pode ter sido aniquilado ou morto pelas mãos de Lot ou pelo seu próprio poder.”
Todos ficam em silêncio sem saber ao certo o que dizer.
Rei Arthur: “Então, amigos. O Rei Leodegrance me visitou no último outono. E... Como direi isso... Devido aos serviços prestados pelo seu exército, irei me casar com Guinevere na primavera do ano que vem. Na verdade Merlim não está aqui para me dizer se é o correto. Mas, Leodegrance me apoiou desde que retirei a espada da pedra e devo isso à ele. E claro, a moça tem bons dotes… Bem Cavaleiros, nos veremos daqui uma passagem de lua. Bom retorno as suas terras.”
Feudo WInterbourne Gunnet: Algumas luas atrás.
Homens novos e mais velhos acompanhados por garotas e mulheres estão sentados, ao redor do fogo. Estão presentes alguns bebês de colo, algumas crianças aprendendo a andar e outras engatinhando, em meio aos cachorros, no grande salão nórdico dos Herlews. No elevado, onde está o trono de Brian, está sentado o Arcebispo Carmelo e ao lado dele, também sentado está Breno Stanpid. Todos falam ao mesmo tempo e está uma gritaria generalizada.
Arcebispo Carmelo (observando a confusão): “Acalmem-se todos! Isso não vai levar a lugar nenhum. Pelo amor de Deus, rapaz. Você engravidou essas 6 Ladies?”
Breno: “Você sabe como é, Arcebispo. Eram tantas delas…”
Arcebispo Carmelo “Fiquem quietos! Deixe me ver se entendi direito. Tem duas meninas de 14 anos, uma adolescentes de 16, duas mulheres, uma com 22 e outra com 25.”
Lady: "E eu Arcebispo?"
Arcebispo Carmelo: “Pelo amor de Deus, uma viúva de 50 anos Breno! Filhas de aldeões, nobres, uma delas prometida para a Igreja. Você não escolhe mesmo rapaz! Realmente você tem fincado sua espada até em vão de cerca, Codorna. E são todos meninos! Sua fama lhe precede meu rapaz. Quem gostaria de falar primeiro?”
Aldeão: “Esse nobre aí. Esse rapazinho. Senhor, sabe, padre! Nós mandemo nossa filha pra ajudá o rei e esse fio de uma égua emprenhou ela. Agora arguém tem que bancá, sabe?”
Sir Francis: “Sou um cavaleiro pobre! Um homem do povo! E venho buscar a honra que arrancastes de minha pombinha! Quero um duelo singular com esse filho da mãe.”
Arcebispo Carmelo: “Infelizmente terá que chamá-la de outro galináceo, Senhor. Ele é somente um escudeiro Sir Francis. Mas, Seu Senhor, Barão Brian ficará feliz em duelar com você.”
Sir Francis: “Barão Brian? Mas aqui não é o feudo de Laverstock?”
Arcebispo Carmelo: “Não, WInterbourne Gunnet.”
Sir Francis: “Ah… então eu me enganei… Opa, desejo tudo de bom, está tudo certo, viu? Imagina, Barão Brian é um homem de ouro.”
Arcebispo Carmelo: “Mas fazemos questão que fique! Por favor, até ele chegar.”
Sir Francis: “Não, imagina se ia tomar o seu tempo! Vou até deixar a minha espada como presente.”
O Cavaleiro gordo, entrega a espada e vai deixando o salão fazendo reverência. Suas calças caem. Ele tropeça e desaparece rapidamente pela porta do salão.
Arcebispo Carmelo: “Proponho uma pensão de uma libra anual para cada Lady. E a possibilidade de cada filho gerado por Lorde Breno se tornar um cavaleiro. Se não cumprir sua parte, o rapaz será destituído de seu título de escudeiro e não poderá se tornar um cavaleiro.”
FASE DE INVERNO
Resumo: Sir Bernard e seu escudeiro Cormak vão para Silchester, debaixo de neve, e descobrem que o território se restringe a 1/4 do que era anteriormente. O Rei Ælle está expandindo as fronteiras de Sussex para o oeste. Eles tema a notícia de que Sir Enrick está desaparecido. Dizem que a última vez que foi visto, ele partiu vestindo a sua armadura negra. Alguns contam que viram o herói montado em Hefesto. O seu cavalo sacrificado há alguns anos.
Já, ao norte de Salisbury, O Barão Brian manda erguer, na entrada de seu feudo, uma estátua de seu pai, Barão Algar Herlews, lutando com o seu machado. Todos os dias os pagãos depositam vísceras aos pés do herói imortalizado em pedra.
ANO 515, um dia antes do casamento:
Após uma passagem de lua todos retornam de seus feudos à Londres.
Sir Bernard e Cormak:
As estradas Reais estão cheias de aldeões, crianças, velhos, pais e mães. Nobres com carroças levando os seus familiares, cheias de presentes, com todos os seus cortesões os acompanhando. Logo ao cair da noite fica difícil de se enxergar a estrada do rei e Sir Bernard decide montar acampamento. Dali eles podem ver, por entre as árvores, as diversas fogueiras acesas e ouvir ao longe conversas, risadas e um pouco de música. Sir Bernard fica com o primeiro turno. De repente seu escudeiro, Cormak, sai do pavilhão.
Cormak: “Senhor, escutei um grito abafado de socorro. Parece ser de uma garota.”
Sir Bernard: “Venha! Rápido!”
E os dois correm por entre as folhagens.
Barão Brian e Breno:
Sir Brian e seu escudeiro Breno, deixaram Winterbourne Gunnet, há alguns dias, em direção à Londres. À beira da estrada está lotada de tendas. No meio da madrugada o escudeiro Breno, fazendo o seu turno de vigilância, sente uma mosca pousar em seu rosto. Instintivamente ele a espanta. Depois mais 3 fazem o mesmo. Um bando delas começa a voar ao redor de seu corpo. Um enxame delas forma uma nuvem que entra em sua boca, e outras atrapalham a sua visão. O Barão Algar sai do pavilhão, cambaleando, cegado pelos insetos e se afogando com as varejeiras que tentam entrar em seu nariz e garganta.
Em meio ao breu de tantos insetos uma silhueta surge e se aproxima dele. Um som, um urro, uma mistura de som humano e algo de outro mundo sai de sua boca. A presença se aproxima mais... O rosto do cadáver deformado pelo fogo, as runas desenhadas em seus braços e as unhas negras se revelam. O Barão Algar enxerga um demônio, uma sombra negra, com unhas longas e olhos vermelhos. É Mefistófelis. Mas, quando Brian olha novamente ele a reconhece: É o Padre Pertoine Pendragon, ex protetor do Selo de Salomão e fundador da Universidade de Oxford.
Sir Bernard e Cormak:
Os gritos continuam abafados. Bernard começa a correr pela mata. Ele sente o som se aproximar. Uma voz feminina parece se libertar da garganta e pede ajuda para ser calada mais uma vez. Bernard vê a silhueta de dois homens. Um segurando uma moça e outro montando em cima dela. Ela está na eminência de ser estuprada. Ao redor, mais afastada nas sombras, existem mais cinco moças amarradas e amordaçadas. Tudo de valor colocado em um saco de couro de foca e oito cavaleiros cheios de virotes de bestas mortos.
Bernard vem por trás do homem e o estripa de baixo a cima. O homem para instantaneamente de tentar violar a moça e cai morto em cima dela. O outro tenta acertá-lo com o escudo, ele desvia e golpeia. Como manteiga a sua espada, a Sanctu Gladius, a arma que um dia pertenceu a São Paulo, decapita o bandido. A moça afasta o cadáver e corre assustada até Bernard. Ela tem lágrimas nos olhos.
Moça: “Por favor, mande seu escudeiro para longe, estou seminua e constrangida. Pobres cavaleiros. Fomos pegos de surpresa. Peça para ele libertar minhas Aias, por favor.”
Então ela fita os olhos de Sir Bernard e eles parecem se reconhecer imediatamente. Ele vê um rosto lindo e perfeito. Ela coloca a mão no lábio do cavaleiro e ri constrangida.
Moça: “Bernard? É você?”
O Cavaleiro nunca poderia esquecer daqueles olhos verdes e cabelos loiros como o sol. É Brina, a menina que ele dançou, quando criança e foi treinado em Tishea. Então começa a chover forte. Refrescando o calor da noite de primavera. Os dois ficam encharcados e ela começa a tremer de frio.
Brina: “Você parece machucado. Venha ao meu pavilhão, vamos dar um jeito nisso. Aias, vão com o escudeiro. Ele as protegerá e dará um enterro digno aos cavaleiros que me protegiam. Todos eram pais e bom esposos.”
Cormak distraído com as Aias da moça, vê os dois sumirem nas sombras. Dentro do pavilhão ela começa a tratar de um ferimento pequeno que Bernard sofreu no ombro. Em um determinado momento o casal olha um no rosto do outro. Aquele momento parece levar uma eternidade. Então se beijam. O desejo os arrebata. Os corpos molhados, ela tremendo de desejo e o turbilhão de emoções os tomam por inteiro.
Brina: “Que assim seja!”
E eles fazem amor…
Barão Brian e Breno:
A criatura, que se transformou Pertoine, agarra Brian retirando um naco de seu pescoço. Depois ele o imobiliza urrando e babando com os seus olhos vermelhos. A criatura começa a golpear o peito do Barão tentando quebrar os ossos e então as unhas começam a furar a sua carne tentando chegar a cavidade de seu peito. Ele quer o coração do Cavaleiro. Enquanto isso o escudeiro Breno se afoga com as moscas e luta para se livrar delas.
Nesse momento uma luz parece vir fraca de uma lado da mata. Ela invade a escuridão do enxame de moscas. Pertoine urra colocando as mãos nos olhos e, apesar da alta luminosidade, Brian e nem Breno não são cegados pela intensidade daquela luz pura e branca. De repente todas as moscas caem ao mesmo tempo mortas, fazendo um tapete de insetos. E a criatura morta viva, que se tornou Pertoine, some na escuridão.
Olhando em direção a luz, misturada a brumas, Brian e Breno distinguem a silhueta de um grande cervo branco com uma grande galhada. Ao lado dele o contorno de um leão da mesma cor. Montando a criatura o contorno de uma mulher usando uma coroa que parecem feitas de galhos e flores.
A luz se torna cada vez mais fraca e as brumas cobrem tudo lhes impedindo a visão. Uma plebéia velhinha sai de dentro de uma tenda e corre até o Barão. Vários aldeões se aproximam.
Galena: “Pela Deusa! Como você está meu filho. Vocês sumiu como se tivessem sido arrastados pela escuridão, para dentro do lado oposto do véu. Dei a volta no carvalho e vocês estava aqui. Olha meu filho, temo que essa marca em seu pescoço ficará aí para sempre…”
Chegada de Sir Bernard em Londres, na Torre Branca:
Depois de enterrarem os corpos dos cavaleiros, Sir Bernard e o escudeiro Cormak seguem viagem, escoltando Brina e suas Aias. Então, do alto da colina todos vêem a grande Londres, reconstruída, no vale do Tâmisa. As casas são feitas de madeira. A grande catedral de São Paulo, brilhando ao sol da tarde, e no outro extremo a torre branca. Eles passam por milhares de pessoas, entram por um dos 11 portões, passando pela ponte levadiça e seguem no meio da multidão que abre caminho. Brina viajou o tempo todo com o rosto coberto por um capuz, na garupa de Sir Bernard, e não disse uma palavra a viagem toda.
Eles cruzam as muralhas que levam aos jardins da Torre Branca. Todos os Lordes e soldados se curvam e abrem caminho enquanto o grupo vai em direção ao castelo. O Rei Arthur os aguarda, ao lado de Brian e seu escudeiro Breno e todos os cavaleiros da guarda real que já chegaram. Brina retira o seu capuz.
Rei Arthur: “Brina! Vejo que chegou em boas mãos!”
Brina: “Não me chame assim, Majestade. É como meu pai me apelidou quando eu era criança. Quer dizer princesa, na língua antiga.”
Rei Arthur: “Desculpe, mi Lady.”
Brina: “Obrigado, meu Senhor. Fomos atacados na floresta, apesar de viajarmos ocultas como pediu meu pai. Alguém sabia que víamos para cá e matou meus cavaleiros. Felizmente, Sir Bernard nos salvou.”
Rei Arthur: Sinto muito pelos seus cavaleiros, eram bons homens. Como sempre os Stanpid salvando nossos nobres. Fez muito bem, amigo! Estas linda essa manhã, senhorita. Seu pai lhe aguarda em seus aposentos. Seja bem vinda, futura rainha! Seja bem vinda: Princesa Guinevere.”
Guinevere, sem olhar Bernard nos olhos, faz uma reverência ao Rei. Ela se retira seguida por suas Aias enquanto Arthur abraça Bernard pelos ombros.
Rei Arthur: “Obrigado, meu amigo! Estou em dívida com você. Você salvou o futuro do nosso reino quando salvou minha noiva! Deve estar cansado! Vamos beber, Senhores! Amanhã é dia de por os grilhões em minhas vergonhas! Venham!”
Sir Bernard: “Terei que recusar, Majestade. Preciso resolver algo urgente. Vamos Bruma! Rá!”
E Sir Bernard some, montado em sua égua, por entre a multidão de Londres, confuso e com Guinevere em seu coração.
Casamento de Arthur:
Naquela manhã Londres amanheceu cheia de convidados. Os nobres cobrem os arredores da cidade com milhares de pavilhões e estandartes coloridos. A cota de armas do Pendragon tremula em cada torre da muralha. Em cada construção, dentro da cidade, bandeirinhas cruzam o céu, deixando a cidade suja de terra toda colorida. As ruas estão lotadas de nobres. Os moradores da cidade recebem os Lordes em suas casas e são pagos pelo tesouro real. Os milhares de plebeus ficam restritos aos arredores da cidade onde o novo Rei mandou servir carnes, frutas e toda bebida que o povo pode beber. Uma parte desses plebeus, escolhidos por senhas, são sorteados para participarem da cerimônia. Existe música e alegria por todos os lugares.
Os cavaleiros de Arthur e seus escudeiros saem em escolta, usando suas melhores roupas e armas. O Rei segue na frente. Sir Bernard, o Barão Brian, Sir Kay, Sir Sagramor, Conde Robert, Sir Lancelot e os recém ordenados cavaleiros Sir Bedivere e Sir Gawaine (filho de Lot) também integram a guarda pessoal do rei. Os escudeiros carregam os estandartes de seus senhores. Os milhares de nobres que lotam as ruas, misturados com os plebeus, abaixam a cabeça enquanto o Rei passa. O caminho de rosas, feito para Guinevere passar, com a sua montaria acompanhada por seu pai, se estende pelas ruas de terra. Eles desfilam pela cidade, enquanto o irmão de criação de Arthur, Sir Kay, carrega o estandarte dos Pendragon. Então chegam a Catedral de São Paulo, agora reconstruída. A nave da igreja está lotada com os Reis Vassalos e a alta nobreza. Igraine, Sir Ector, pai de criação de Arthur, Condessa Ellen e seu filho mais novo com 8 verões; o jovem Dragonet, Baronesa Adwen, mãe do Barão Brian, Sir Bag, muito animado apesar de não ter uma das pernas, sua esposa e seu filho cada vez mais crescido. Sir Dylan e suas três mulheres, o Rei Alain de Carlion e sua Rainha, os irmãos Reis Francos Ban e Boors senhores de Saint Michel, Rei Pellinore, Reis e Lordes da Caledônia, da Cambria, da Cumbria e do Norte se destacam entre os convidados.
Rei Arthur: “Bem, chegou a hora meus amigos. Sei que minha vida vai mudar a partir de agora. Me desejem o melhor.”
Eles percebem que Arthur não leva Excalibur na cintura e sim a espada de Madoc, emprestada por Lancelot para o casamento. Alguns dizem que Enrick, o herói celta, pai de Sir Bernard a entregou pessoalmente a Lancelot, há algumas luas. Outros testemunharam e juraram que Enrick estava sujo de tinta vermelha, nas unhas, no rosto e nas mãos quando esteve em Londres.
Cerimônia:
Então o Rei Arthur atravessa a nave da igreja ao som do coral. Todos os presentes se curvam. Lá na frente está o Arcebispo Carmelo vestido como sempre com o seu hábito marrom com a bainha puída. Na lateral do altar, os bispos estão com cara de poucos amigos vestidos, obrigados por ele, a usar a mesma túnica simples. Os cavaleiros seguem o Pendragon e se posicionam em uma meia lua atrás do altar, de frente para os presentes, na Igreja. Os escudeiros se posicionam nas paredes laterais portando os estandartes de seus Lordes. Os nobres da outra geração estão todos bem idosos, curvados, andando com dificuldade. Menos Adwen que mantém a sua beleza de dezoito anos, apesar de ter idade avançada.
Então as trompas soam e Guinevere surge na porta da Igreja. Com um vestido branco, os cabelos loiros soltos, carregando flores do campo entregue pelos presentes nas ruas. A beleza dela encanta à todos. Sir Bernard, louco de amor não resiste aquela visão.
Sir Bernard: “Não!"
As pessoas mais próximas escutam e ficam chocadas. Por sorte Arthur não ouviu o Cavaleiro apaixonado.
Rei Leodegrance de Cameliard leva a linda moça até o jovem Arthur que parece hipnotizado pela sua beleza.
Rei Leodegrance: “Diante de meus antepassados eu lhe recebo como um filho, Rei Arthur Pendragon. Nosso sangue a partir de hoje, aos olhos de Deus, será um só.”
Rei Arthur: “E eu lhe aceito como um Pai, Rei Leodegrance de Cameliard, e prometo que nossas famílias se unirão em sangue diante dos olhos de Deus.”
Então Guinevere e Arthur caminham juntos e se ajoelham perante ao altar de mármore desgastado pelo tempo.
Arcebispo Carmelo: “O casamento deve ser o caminho no qual o homem e a mulher se ajudam mutualmente. Este é um dia de alegria! E é muito bom que as pessoas de todos os lugares possam compartilhar desta celebração, pois este é, como todos os casamentos deveriam ser, um dia de esperança. Quanto mais doamos de nós mesmos, mais enriquecemos a nossa alma, mais nos superamos em amor, mais nos tornamos nosso verdadeiro ser e a nossa beleza espiritual é revelada por inteiro. Na medida em que nos movemos na direção de nosso parceiro no amor, seguindo o exemplo de Jesus Cristo, o Espírito Santo é vivificado em nós preenchendo nossas vidas com luz.”
Então eles amarram a mão do noivo ao da noiva. Arthur e Guinevere olham um no olho do outro. Guinevere tem lágrimas nos olhos e olha rapidamente para Bernard que faz o mesmo contrariado. Igraine se posiciona com a coroa da rainha atrás de Guinevere e Sir Ector faz o mesmo, atrás de seu filho adotivo.
Rei Arthur: “Eu, Rei Arthur Pendragon, High King da Britânia lhe recebo como minha esposa. Prometo lhe proteger, respeitar e te amar até os fins de meus dias.”
Guinevere: “Eu, Guinevere de Cameliard, de minha parte, te recebo como marido, protetor e prometo lhe amar, ser fiel e gerar filhos e continuar sua linhagem ancestral.”
Arcebispo Carmelo: “Que assim seja! Eu os declaro marido e mulher.”
O Rei Arthur se aproxima da noiva e lhe beija a testa. Enquanto todos se ajoelham.
Arcebispo Carmelo: “Vida longa a rainha, vida longa a rainha! Vida longa ao Rei! Vida longa ao Rei!”
Todos levantam-se seguindo as saudações de Carmelo. Então, o Rei Arthur e a Rainha Guinevere saem pelo corredor central da Igreja, enquanto seus Cavaleiros os acompanham. Lá fora uma carroça, enfeitada com as cores do rei, leva o casal real. Os súditos lançam rosas e sementes de maçã para dar sorte. Todo o jardim, dentro das muralhas da Torre Branca, no extremo oeste da cidade, foi transformado em um imenso salão de banquetes, coberto com tecidos enormes de cedas azuis e amarelos. Mesas e mais mesas longas foram colocadas ali cercadas por barris de vinho, sidra, cerveja e hidromel.
Presentes:
O casal real senta em seu trono, num elevado, à frente das centenas de mesas longas e aguardam a chegada dos nobres convidados. Todos fazem uma fila e esperam serem anunciados para parabenizar o Rei.
Arauto: “Anuncio a chegada do Barão Brian Herlews, filho do Barão Algar Herlews, Marshall da Britânia, Senhor de Winterbourne Gunnet, Winterbourne Stock e Pitton, sua mãe Baronesa Adwen e seu escudeiro Breno Stanpid. Para lhe fazer votos e entregar um presente, Majestade e minha Rainha!”
Barão Brian: “Majestade! Trouxe um presente que conquistei em campo de batalha! Um presente digno de um rei.”
Então Breno trás um escudo, todo negro, com dois dragões, de frente um para outro, desenhados.
Barão Brian: “O escudo que o Rei Aelle roubou dos Celtas. Recuperado por mim. Um dos 12 tesouros da Britânia. Ele é seu, Rei Arthur Pendragon."
Todos aplaudem impressionados com a generosidade do Barão com o seu rei.
Breno: “Majestade! Eu fiz esse pequeno quadro com as suas leis esculpidas na madeira.”
Rei Arthur: “Obrigado Breno! Um presente simples para um homem simples."
Arauto: “Anuncio a chegada de Sir Bernard Stanpid, filho do Duque Enrick Stanpid e seu escudeiro Cormak Herlews.”
As duas portas do salão são abertas. Enquanto cinquenta homens entram ali arrastando uma grande mesa redonda. Fazendo um barulho, contra o chão de pedra, que ecoa por todo o jardim da Torre Branca. A mesa foi pintada com radiais que se intercalam em azul e amarelo. Dá para se perceber as marcas de ponta de flecha. As manchas de hidromel e cerveja. Riscos de machados e espadas. Os nobres convidados olham desconfiados e indignados. Uma mesa redonda, sem uma cabeceira para o Rei se destacar entre seus súditos é uma ofensa grave.
Sir Bernard: “Majestade! Essa mesa era uma roda de Trebuchet que ajudou meu pai a proteger a Britânia. Minha madrasta, Lady Marion, a escolheu para ser colocada nos salões de meu pai, Duque Enrick Stanpid. É nela que os Cavaleiros da Cruz do Martelo se sentavam para contar seus feitos e decidiam como proteger o nosso povo.”
Arthur, fascinado, desce do seu trono passando a mão no tampo, acompanhando o formato da mesa. Ele ri, quando no lugar do lendário Algar Herlews lê uma inscrição feita com um punhal, meio apagada: “Eu amo, eu mesmo!”
Rei Arthur: “Escutem todos! É aqui, nesse lugar que os melhores da Britânia se sentarão. Pois foi nessa mesa que os melhores já se sentaram. Principe Madoc, Sir Enrick, Barão Algar, Sir Bag, Sir Oswalt, Sir Amig, Sir Dylan, Sir Berethor, Sir Alein, o Rei Alain, Arina, Lady Marion, Sir Caulas, Sir Léo, Sir Jakin, Sir Verius, Sir Galardoum, Sir Bruce, Sir Dylan. Somente os melhores ocuparam esses acentos! A elite! Os Cavaleiros da Cruz do Martelo! Como lembra o brasão dos Herlews! E todos, quando estavam juntos, sentados aqui, não eram separados por ranking ou nascimento elevado! Nem por dinheiro ou terras. Eram iguais... Eram irmãos! Eram um só para golpear. Falei 19 nomes dos maiores heróis que essa ilha já viu. E serão dezenove assentos que teremos nessa mesa. Eu ocuparei o vigésimo e aqui não serei o Rei, serei um deles. Sempre que nos reunirmos contaremos os nossos feitos, para que os outros sejam obrigados a também realizá-los. Para se sentar nessa mesa, o homem terá que provar o seu valor! Terão que ter força, lealdade e honra! Como os homens e mulheres de outros tempos tiveram! E esses se sentarão aqui nesse circulo. Numa irmandade que só será quebrada pela morte e lembrada pela eternidade. Esses que tiverem esse privilégio e o dever de ocuparem esse acento serão conhecidos como: Os Cavaleiros da Távola Redonda!”
E os nobres convidados aplaudem e elevam as suas taças de bebida saudando Bernard Stanpid e o Rei Arthur Pendragon.
Leva algumas horas até o casal real receber todos os convidados para o banquete. Carroças e mais carroças são levadas cheias de presentes para um lugar seguro nas profundezas da torre. Dentre os quais uma matilha de quarenta cachorros de caça dados por Sir Gawaine para o rei que ficam soltos pelo jardim. Talvez mais de mil nobres comparecem a comemoração.
Rei Arthur (para os seus cavaleiros): “Se todos esses atendessem nossos chamados em tempos de guerra. Seríamos uma força imbatível.”
Então, ele se dirige à todos.
Rei Arthur: "Como diz a nossa tradição, senhores! Eu escolherei pessoalmente 3 pessoas para que eu e minha bonita esposa possamos presentear. Você escudeiro, como é o seu nome?”
Tor: “É Tor, Majestade. Sou filho do Rei Pellinore.”
Um menino loiro, de cabelos curtos e com metade do rosto tomado por rosácea.
Rei Arthur: “Peça o que quiser rapaz!”
Tor: “Bem, como já tenho 18 anos gostaria de me sagrar cavaleiro.”
Rei Arthur: “Se ajoelhe meu bom rapaz!”
Então, Arthur saca a espada, que um dia pertenceu ao falecido Madoc, seu meio irmão, e nomeia o rapaz, que derrama lágrimas de alegria.
Rei Pellinore: “Coisa bela, não é, Brian? Você ouviu? Não, eu acho que também não... Será?”
Depois, Arthur chama um menino que trabalha assando as carnes na cozinha e lhe dá seu broche da resistência Celta. Já que o menino não conseguiu fazer o pedido pois perdeu a voz na hora de falar com o rei. O garoto sai chocado já que sabe que quando vender esse broche para algum nobre, que não o possui na corte, não mais terá que trabalhar pelo resto da vida.
Rei Arthur: Sir Bernard, se aproxime por favor! Quero dizer diante de todos que não lhe perguntarei o que desejas de presente. Quero que Bernard Stanpid é culpado pelo que aconteceu. É culpado pelo meu fim. Pois hoje abandono a vida promiscua de um homem solteiro e me cubro com o amor de minha rainha. Quero que todos no reino saibam que se não fosse esse Cavaleiro esse casamento não teria ocorrido. Pois esse grande amigo salvou minha rainha da morte.”
Todos aplaudem entusiasmados.
Rei Arthur: “Ajoelhe-se, Sir Bernard Stanpid! Eu lhe nomeio, Campeão da Rainha! Agora, poderei dormir tranquilo, sabendo que Guinevere terá todo proteção de um dos meus melhores amigos e cavaleiros.”
Ele levanta Sir Bernard, pelos ombros e o abraça.
Banquete:
O Banquete tem início. O primeiro dos 35 pratos é servido: Um caldo de mariscos. A bebida corre por entre as mesas enquanto os bardos se alternam animando a festa.
Rei Pellinore: “Olá de novo Brian! Bela prenda cedida para o Rei. Quem latiu? Quem?” (vira bem rápido para Breno) Foi você? Será? Aqui? Será?”
Barão Brian: “Sim! Eu vi! Olhe lá fora, ela passou por lá!”
Então Pellinore corre por cima da longa mesa, derrubando pratos e bebidas. Logo passa montando o seu cavalo e desaparecendo pelos portões da torre branca.
Sir Tor: “Olá amigos! Sou Tor! Nem acredito que o Rei me sagrou cavaleiro, vocês viram? Qual a maior virtude de ser um cavaleiro, meus Senhores?”
Barão Brian: “Já deveria saber, rapaz! Lealdade para com seus irmãos de armas e o seu Rei, força para derrotar os seus inimigos e honra, porque sem ela, lealdade e força não nos vale de nada."
Um cavaleiro da mesma idade que os heróis se aproxima. Ele não é alto. Tem os cabelos raspados. Mas é forte, dá para perceber que seus braços são cheios de músculos e tatuagens. O cavaleiros é da largura de três outros enfileirados e não deve possuir um traço de gordura em seu corpo.
Sir Lamorack: “Como vão? Sou Lamorack! Que idéia nobre Sir Bernard. Quem se sentar aquela mesa terá que merecer. Participarão das justas, amanhã? Dizem que o torneio durará pelo menos três dias! Me desculpem, lá foi o meu pai lá para fora atrás daquela coisa... Até mais ver.”
Conde Robert: “Olha se não são as damas de compania mais feias da corte. A prima da amiga, da amante de Sir Kay, que é amiga da mãe da prima de segundo grau da Lady Uffingham que estou cortejando, me assegurou que você, Sir Bernard, andou passando à noite com a nova Rainha. Você está maluco meu amigo? Passando a espada na mulher do rei!”
Sir Bernard pega Conde Robert pelo pescoço se esticando até o outro lado da mesa.
Sir Bernard: “Fique quieto seu idiota! Não aconteceu nada! Fecha essa boca!"
Sir Bag e Sir Dylan ficam os observando de longe.
Sir Bag: “O que o Pimenta, o Tá raso e Tá fundo o Bastardo e os Codornas estão cochichando aí?”
Barão Brian: “Nada, estamos discutindo sobre cavalos!"
Sir Bag: “O Pimenta, venha aqui e me conte como cortou o braço daquele filho de uma égua do Aelle!”
Cheio de orgulho o jovem Barão Brian, descendente de nórdicos, sobe na mesa onde estão os cavaleiros mais veteranos.
Barão Brian: “Estávamos em meio a um combate sangrento. Abri passagem praticamente sozinho por entre os saxões e os homens de Lot! Então me vi cara a cara com Aelle. Ele me atacou, mas desviei de seus golpes com coragem. Pois vocês sabe, eu sou muito corajoso e praticamente venci sozinho a batalha. Então Aelle me atacou e eu corajosamente cortei o seu braço sem piedade. O Rei saxão apavorado fugiu com o rabo entre as pernas com medo de mim. E assim capturei o 12º segundo tesouro da Britânia. O escudo do dragão.”
Sir Bag: “Esse é pescador como era o pai. Dá próxima vez ficamos bebendo e você vai sozinho vencer a Batalha!”
Barão Brian: “Conte comigo!”
E todos os cavaleiros próximos caem na gargalhada junto com o corajoso Barão.
Os heróis percebem um cavaleiro pobre entre os convidados. Ele está sozinho e come pouco. Parece tímido. Uma das armas não possui ornamento, mas a outra é uma espada finamente trabalhada. Usa uma armadura de couro fervido e um elmo aberto. Suas luvas também são de couro e as botas desgastadas.
Sir Lancelote: “Sir Balin, o cavaleiro das duas espadas. Homem cheio de mágoas. E então, prontos para terem os traseiros chutados nas justas amanhã? Souberam do prêmio? O campeão será sagrado o primeiro cavaleiro da Távola Redonda! 15 bardos cantarão as conquistas do grande campeão por toda Britânia e receberá muitas libras, um feudo e uma cota normanda.”
Sir Bernard: “Eu vou ganhar isso! Eu prometo à vocês!”
Sir Lancelote: “Terá que passar por mim antes meu amigo.”
O arauto bate várias vezes no chão com sua lança até que os bardos param e o salão se silencia.
Arauto: “Vossa Majestade Arthur Pendragon e Rainha Guinevere de Cameliard! Anuncio a chegada de Sir Accolon de Gaul!”
Então, uma figura monstruosa adentra o salão. Seu rosto está com a pele toda cicatrizada e enrugada em pontos aleatórios. Suas orelhas não existem mais, bem como o nariz se foi. Seus olhos soltos na órbita esquadrinham todo o salão. Os cabelos se foram e no lugar pode se ver a junção dos ossos do crânio. Feridas cobrem as partes descobertas pela pele na junção do maxilar e na gengiva exposta sem a proteção. Muitos dentes se foram por conta disso. Ele caminha até à frente do casal real e se prostra.
Rei Arthur: “Seja bem vindo, Sir Accolon!”
Sir Accolon: “Obrigado, Majestade! Estou bem! A dor trás a tona quem verdadeiramente somos. Rainha Guinevere és bela como dizem! Só estou vivo graça ao seu sangue, Rei Arthur Pendragon. Quando vi a morte me levando embora desse mundo e me entreguei a ela, fui levado para a Caledônia por sua irmã, Lady Morgana. Ela andava atrás do corpo de seu marido depois da batalha de Terrabil. Eu estava em um mosteiro, tentando ser salvo pelas freiras, onde ela pernoitou com sua guarda e me achou deixando a vida num quarto, sozinho. Devo minha vida à ela. Amanhã participarei no torneio de justas e não terei pudor em derrotar meus irmãos de armas.”
Todos percebem frieza nos olhos do monstruosos Cavaleiro.
Rei Arthur: “Que bom que esteja pronto para lutar novamente! Seja bem vindo, meu amigo!”
Um cavaleiro veterano, Sir Aengus Storm, bebe com os mercenários Irlandeses. Sua barba longa está suja de pedaços de comida e seu cabelo longo e ensebado grisalho vai até a cintura. Ele já está visivelmente bêbado.
Sir Aengus: “Nunca deixe um desafeto longe, jamais! Se o matá-lo outros virão atrás de você. Então mantenham seus aliados próximos e seus inimigos mais próximos ainda. É o que sempre digo!”
Ele passa a mão na bunda de uma serviçal. Agarra a outra e lhe rouba um beijo. Sua filha, Lady Enora, está sentada com suas aias, em silêncio, olhando para baixo, logo atrás dele. Lady Enora olha para Brian de longe. Seus olhos parecem querer dizer alguma coisa. Ela faz um sinal para o cavaleiro se encontrar a sós com ela. Os dois se retiram do lugar mais movimentado da festa e se reúnem na penumbra do jardim. Mas o pai dela percebe o movimento.
Sir Aengus: “O que você quer com a minha filha?”
Barão Brian: “Gostaria de conhecer melhor a sua filha!”
Sir Aengus: “Nunca! Se não fosse filho de Algar eu chutaria o seu traseiro gordo.”
Brian sem saber o que fazer com o cavaleiro lhe encarando com o punho fechado corre dali por entre a multidão quando vê um menino, filho de Lady Enora. Ele tem cabelos loiros avermelhados e deve ter uns 4 anos. O menino corre para cima e para baixo por entre as mesas com outras crianças, filhos de outros nobres. Ele é a cara de Brian.
Baile:
Outros Bardos assumem o posto. Ian, voz de prata, entra com o seu alaúde acompanhado por flautistas, um percussionista tocando tambores e um outro tocando viela de roda. A música fica animada. O Rei Arthur e a Rainha Guinevere se levantam. Ela vai puxando as mulheres em uma fila e o Rei faz o mesmo com os seus cavaleiros. As filas ficam de frente uma para a outra. A dança ocorre com Sir Bernard e Barão Brian dando um show de habilidade, enquanto os meninos Breno e Cormak mostram que não sabem nada dessa arte.
Demanda do Cervo Branco:
Quando a dança acaba todos aplaudem animados. Então, o som de pessoas espantadas vêem do fundo do espaço reservado para o banquete. Todos vêem um movimento. Parece um grande animal. Latidos de cachorro, o rugido de um felino. Um grande cervo salta uma mesa. Depois outro animal arremessa no ar um caneco de vinho que se derrama no colo de Sir Bag. Um leão branco que passa por cima das mesas derrubando pratos, canecos, pessoas, tentando alcançar o outro animal. O leão salta e consegue morder o cervo. Mas os dois animais se embolam e irrompem para fora das muralhas. Os 40 cachorros de caça, que Gawaine presenteou o Rei, se arrepiam com a cena e correm atrás do leão e do cervo, por entre as mesas, causando mais confusão. Imediatamente um dos cavaleiros presentes, que os heróis não conhecem, diz: “Deixe comigo Majestade!” Ele chama o seu escudeiro que lhe traz uma lança de caça. Rapidamente eles escutam o som do cavalo sumir através do portão da Torre Branca.
Então, uma mulher entra no salão. Ela é bela e misteriosa. Apesar de ser jovem emana uma força nunca antes sentida pelos presentes. Seus cabelos cacheados castanhos, assim como os seus olhos. Em sua cabeça usa uma coroa de flores e gravetos. Seu vestido parece refletir e decompor a luz em cores. Em sua testa a meia lua de Avalon. O véu parece se deslocar com ela enquanto caminha. Os cavaleiros seguram no cabo de suas armas esperando pelo pior.
Nimue: “Parabéns pelo casamento, Rei Arthur Pendragon! Rainha Guinevere, lhe estendo os cumprimentos. Não sei se essa aliança seria boa para as antigas tradições da ilha. Por isso não posso garantir que serão felizes.”
Ela olha para Sir Bernard.
Rei Arthur: “Quem é você, Senhora!”
Nimue: “Sou Nimue! A nova Senhora de Avalon. Tem dado muita atenção ao novo cristo, Majestade. Vejo que casou aqui na Catedral, diante do Cristo. Além do mais aquele leão é meu, ou melhor, era nosso, não é Bernard? Sempre tive a compania desses animais que caminham pelo véu e pela terra dos homens. Cervos e leões. Novos e velhos ciclos!”
Rei Arthur: “É bem vinda, Senhora! Mas não pode entrar em minha corte e tratar meu casamento com reprovação.”
Um cavaleiro se aproxima de Nimue.
Sir Willian: “Fora bruxa! Saia daqui, está destratando o rei.”
Ele agarra a Senhora de Avalon. Os cristãos concordam. Sir Bernard tenta impedir, mas é empurrado para longe, pelo homem determinado, e a leva dali se misturando a multidão
Sir Bag: “Estava tirando água do único joelho que tenho e vi aquele cavaleiro levar a Senhora de Avalon em seu cavalo negro. O desgraçado me derrubou, se fosse nos velhos tempos…”
Rainha Guinevere: “Rápido! Cormak, atrás do Cervo. Breno, vá atrás do primeiro Cavaleiro desconhecido que partiu e do leão de Nimue e capture-os.”
O Rei Pellinore já está montado em seu cavalo no pátio.
Rei Pellinore: “Irei atrás da Senhora de Avalon e de Sir Aengus, minha rainha! Ela deve saber como manter cativo aquela peculiar criatura! Raaaaaaa!”
Demanda do Cervo Branco, Cormak:
Cormak segue com facilidade os cachorros de caça que perseguem o Cervo Branco pela cidade. Os 40 animais derrubam tendas e pessoas, assustam cavalos e causam o caos. Um cavaleiro romano, se coloca na perseguição, emparelhando com o escudeiro Irlandês, passando pela multidão em festa que abre caminho. Eles deixam os portões de Londres a toda velocidade.
Sir Vedius: “A glória será minha e nenhum escudeiro irá me roubá-la.”
O cavaleiro romano consegue a dianteira, se aproxima com a espada levantada e golpeia o pescoço do Cervo Branco que é decapitado em um corte só. O animal se embola levantando terra enquanto os cachorros mordem o corpo e o sangue respinga para todos os lados.
Sir Vedius: “A galhada desse animal, pertencente a bruxa de Avalon, ficará bonita pendurada em meus salões. Deseja travar combate, escudeiro?”
Lady Calista: “Não, Vedius, meu marido! Ele é só um menino. Já basta ter provocado Avalon.”
Sir Vedius: “Não se intrometa Calista! Só existe um Deus! E o novo Rei sabe disso! Quem descordar disso que me enfrente!”
Então vários aldeões que acampam próximos, correm para assistir o confronto. Sir Vedius desce de seu cavalo, ostentando a sua armadura romana vermelha. Uma grande cruz cristã é pintada em seu escudo redondo. A luta ocorre rapidamente. O Cavaleiro tenta derrubar Cormak com a bossa do escudo, mas ele gira e dá um golpe mortal de baixo para cima. Mas, Lady Calista se joga na frente tentando proteger o seu marido! O golpe rasga a mulher de baixo até em cima a matando instantaneamente. Sir Vedius grita de desespero e olha para Cormak com ódio. Então ele tenta degolá-lo com um golpe horizontal da gladius. Cormak se abaixo e se move para as costas do romano e com um golpe seco do machado o decapita.
Demanda de Nimue, Rei Pellinore:
O Rei Pelinore é o primeiro a chegar na Torre Branca, no meio da madrugada em meio à festa. Ele está acompanhado pela jovem Senhora de Avalon na garupa de sua montaria. Ela parece sorrir com um ar de esperteza.
Rei Pelinore: “É mesmo, minha Senhora? Eu tentarei capturar a criatura desse jeito!”
Nimue: “O Rei Pelinore me salvou. Obrigada, Rainha Guinevere. Mas, infelizmente ocorreu um incidente.”
Rainha Guinevere: “Isso para que entenda que existem bons cristãos, como eu, Nimue.”
Rei Pelinore: “Se me permitem. Infelizmente, por incentivo da Senhora de Avalon, Sir Willian, que sequestrou a Senhora de Avalon, não caminha mais por entre os vivos. Mas, com a festa, a estrada estava cheia de nobres e aldeões ainda chegando para o torneio. Existia um casal de plebeus e pareciam terem sido assaltados. O homem estava morto e a moça me pediu ajuda. Decidi que deveria seguir a Senhora de Avalon para salvá-la. Infelizmente, quando voltamos ela tinha sido morta por lobos atraídos pelo sangue de seu marido.”
Nimue: “Como vê, Rainha Guinevere. Nem sempre boas ações levam a atos de bondade. De boas intenções alguns lugares estão cheios...”
Rei Arthur: “Já chega Sacerdotisa! Parabéns, Pellinore, os seguidores da Deusa lhe agradecem. Espero que seu resgate tenha saldado minha dívida com Avalon. Apesar de Sir. Willian ser um bom homem.”
Ela faz uma pequena reverência e se retira aos aposentos. Depois da grande festa, muitos nobres estão dormindo nos jardins da Torre Branca. A maioria retorna as estalagens, pavilhões. Os altos nobres pernoitam nos quartos do próprio castelo.
Demanda do Leão e o Cavaleiro, Breno:
O escudeiro Breno, passa pela ruas de Londres. As pessoas indicam por onde o cavaleiro e o leão passaram. Já está amanhecendo.
Lorde: “O cavaleiro capturou o Leão. O feriu e o levou para fora de Londres pelo portão do Bispo.”
Breno toma a estrada de terra e encontra o leão ferido, caído na beira da estrada, já fora do acampamento que circula Londres. Um aldeão morto por golpe de espada está caído próximo ao animal. Do lado um cavaleiro, usando uma cota de armas azul com um chifre de caça pintado no centro, está pronto para matar o jovem escudeiro com uma lança. Ele a arremessa. Breno espora e salta de lado com o seu cavalo, desviando da arma de arremesso e trota sacando a sua espada, “A quebra gigantes”, e ataca o outro homem montado. O Cavaleiro desconhecido saca a sua espada mas o rapaz, um hábil cavaleiro, já está em cima dele com a ponta da espada encostada em seu pescoço.
Cavaleiro: “Calma, garoto! Tenho assuntos inacabados na corte e achei que agradaria o nosso Rei matar o animal de estimação da Senhora de Avalon. Eu derramei sangue no dia do casamento do nosso rei quando esse idiota tentava proteger o animal. Ninguém conhece essa cota porque é a primeira vez que a uso. Queria cobri-la de glória e construir uma nova história sobre ela, já que a da minha família foi manchada de sangue. Vamos levar o animal até a corte e lá aceitarei o destino que a nova Rainha me incumbir.”
Torneio Primeiro Dia:
Ao amanhecer a abertura do torneio ocorre na praça central de Londres, à frente da Catedral de São Paulo. A arena de justas é montada ali, no local onde ocorreu o Supreme Collegium e Arthur foi reconhecido como o novo rei. Ao redor foram erguidas arquibancadas. No centro, elevado, o camarote real com a cota de armas dos Pendragon. Cores azuis e amarelas. Os cavaleiros desfilam com os seus cavalos usando as suas próprias cores. Nos últimos dias já foram realizadas as prévias, fora dos muros da cidade, para os Cavaleiros menores. Ele será suplente, se alguém morrer ou se ferir. O Rei Arthur e Nineve estão sentados em seus tronos. Os reis, barões e duques mais velhos estão sentados ali rindo e bebendo. A rainha Guinevere terá a honra de escolher os cavaleiros que irão se enfrentar. Serão 16 Cavaleiros com mais glória e mais um cavaleiro desconhecido tentando um ato heróico e se cobrir de glória.
Em uma cerimônia rápida Sir Bag, antes do início da competição, recebe o título de Barão. Ele pega o diploma e finge que vai limpar a bunda com ele. O Rei Arthur ri se afogando com o seu caneco de hidromel.
Sir Bag: “Sou da escola da vida, Majestade!”
Depois, apoiado em seu cajado, equilibrado na única perna que possui, ele abraça o rei, muito feliz. Logo, a competição tem início.
Sir Kay X Sir Lamorack:
Sir Kay e Sir Lamorack se cumprimentam levantando as suas lanças. Os dois investem um em direção ao outro. No último segundo Lamorack desvia a lança de Kay que explode em seu escudo e acerta o ombro, do irmão de Arthur, que se estatela no chão, para trás do seu cavalo. Os escudeiros correm para acudi-lo. Sir Kay, fica no chão e se levanta aos poucos e sai acenando enquanto segura o braço dolorido. Sir Lamorack recebe os aplausos da platéia e os agradece desfilando com o seu corcel.
Sir Sagramor X Sir Boors:
Sir Sagramor, muito forte e sem muito agilidade não é páreo para o Rei Francês Boors. Que magro e rápido vence o gigante sarraceno o derrubando de sua montaria.
Conde Robert X Sir Tor:
Conde Robert, mesmo com o problema em sua perna, usando um cavalo Stanpid derrota o recém ordenado e inexperiente Sir Tor, filho do Rei Pellinore.
Sir Lancelot X Sir Balin:
Lancelot e Balin se colocam no fundo da arena. O selvagem fecha o elmo e cumprimenta seu adversário. Lancelot leva o seu cavalo até a velocidade máxima. Balin faz a velocidade diminuir dando mais tempo para pensar. No momento do encontro a lança acerta o meio do peito de Lancelot que voa de lado se chocando contra o chão rolando várias vezes, quase sendo pisado pelos cavalos. Mas ágil, Lancelot se levanta com escoriações, caminha um pouco mas não aguenta de dor e cai com várias costelas quebradas. Mesmo assim ele sai carregado da arena mostrando o seu polegar.
Sir Accolon X Sir Gawaine:
Sir Accolon não cumprimenta nem o rei e muito menos os espectadores. Diferente de Sir Gawaine. Os dois cavaleiros cavalgam um de encontro ao outro. Na primeira passagem nem Accolon e nem Gawain conseguem um sucesso. Na segunda investida a égua que Gawaine monta tenta sair de perto da cerca que divide a pista. Ele puxa as rédeas e derruba sua lança. Accolon percebe e sem piedade nenhuma investe com toda força e acerta o meio do rosto de Gawaine, que não enxerga de um dos olhos, dá uma cambalhota para trás no ar e cai sem consciência com o elmo destruído. O cavaleiro sai carregado, para o seu pavilhão, pelos escudeiros, respirando com muita dificuldade com fraturas múltiplas no rosto.
Sir Bernard X Rei Pellinore:
Leva pelo menos 10 minutos para Pellinore se concentrar. O povo todo indica para onde o Cavaleiro deve ir sem pensar na criatura peculiar que ele persegue a anos. Então os dois largam. A primeira passagem, mesmo Sir Bernard sendo um cavaleiro mais habilidoso não resulta em acerto para nenhum dos lados. Mas na segunda Sir Bernard atinge o ombro do Rei Pellinore, que olhava para o lado procurando algo na multidão e cai do seu cavalo. Sir Bernard avança para a próxima fase.
Sir Aengus X Rei Alan de Carlion
Sir Aengus Storm, o pai de Lady Enora, cavalga rápido contra o Rei Alan. Ele ataca forte e não desvia um centímetro, rente a cerca. Apesar da lança de Alan acertá-lo ele permanece como uma rocha em cima de seu corcel de guerra. Já a sua lança derruba o magro Rei Celta, que com agilidade amortece a queda e se levanta rapidamente aplaudindo Sir Aengus. O cavaleiro, cheio de orgulho, ri e agradece o público passando com o seu cavalo, trotando ao redor da rena.
Sir Brian X Sir Bedivere
Barão Brian cavalga forte em direção a Bedivere. O mais belo cavaleiro. O rapaz segura a sua lança com a mão oposta já que a outra foi perdida em batalha. Na passagem Brian, apesar de não ser muito hábil com a lança faz um ataque vigoroso. A lança de Bedivere explode em lascas no Barão mas a do Barão acha uma brecha entre o escudo e o cavalo do belo cavaleiro que é arremessado de sua sela. Bedivere se levanta um pouco dolorido e faz uma reverência ao Barão, que desfila pela arena.
Anoitece:
Ao anoitecer todos se reúnem no salão, para mais um banquete. Um grupo de malabaristas, atiradores de facas e cuspidores de fogo entretém à todos.
Então Breno e um cavaleiro entram pelo salão de banquetes. Eles estão de costas para o salão. Ninguém vê o rosto dos dois.
Rainha Guinevere: “Breno Stanpid. Como foi a sua demanda?”
Breno: “Foi cumprida minha rainha. Mas esse homem matou um aldeão e feriu gravemente o leão.”
Cavaleiro desconhecido: “Se me permite, Majestade!”
Nimue: “Não o permita falar, Arthur Pendragon. Esse homem busca glória sem honra, derramou sangue e feriu um animal de Avalon apenas por orgulho e fama. Exijo a cabeça desse cavaleiro!”
Sir Balin se levanta e vai até próximo ao trono sem o cavaleiro desconhecido perceber.
Sir Balin: “Chegou a hora de me redimir, Senhora de Avalon!”
Cavaleiro desconhecido: “Espere...”
Balin saca a Julgadora, com a sua lâmina vermelha carmim, e golpeia. O Cavaleiro desconhecido tenta se proteger mais a espada corta a sua luva articulada, atinge o seu pescoço e arranca a sua cabeça. O corpo cai de lado tremendo enquanto a cabeça rola e bate no início da escada de madeira do elevado onde está o trono real abrindo a viseira.
Sir Balin: “Balan! Essa cota de armas, não é a nossa. Meu irmão... Porque?”
Balin olha para a espada de lâmina vermelha e lembra das palavras da Dama do Lago: “Essa espada será o seu fim. Matará com ela quem mais amou.”
Então ele saca a sua adaga, olha nos olhos da Senhora de Avalon e corta a sua própria garganta de orelha a orelha. O homem cai no chão se afogando em seu próprio sangue. Ele se debate por alguns segundos e por último agarra a barra do vestido azul da Senhora de Avalon, deixando a marca de sua mão manchada de sangue morrendo com os olhos esbugalhados, olhando para ela.
Nimue com frieza o observa com o rosto severo. Num clima terrível, enquanto muitos tem os olhos cheios de lágrima e se retiram do salão de banquetes, os corpos são levados por lanceiros de Avalon enquanto Nimue deixa o salão, levando a julgadora sagrada, que foi forjada com o sangue de Sir Amig em sua lâmina.
Nimue: “Serão enterrados em um lugar digno para não esquecermos que não devemos desafiarmos os deuses e nem Avalon. Majestade…”
Torneio Segundo Dia:
O segundo dia de torneio tem início com o Cavaleiro John, um rapaz jovem de 19 verões, que busca a atenção de Arthur, e que venceu o torneio de seleção fora das muralhas de Londres, substituindo Sir Balin. A Rainha Guinevere escolhe os cavaleiros que irão duelar.
Sir John X Sir Accolon:
Mais uma vez eles entram na arena de justa. E mais uma vez Accolon não cumprimenta ninguém. Seus olhos parecem vazios. Sir John ganha a simpatia da platéia. Suas cota de arma possui uma rosa verde no centro do escudo e o seu elmo quadrado parece estar enferrujado. Os escudeiros colocam a couraça, ainda suja de sangue, de Gawaine, no cavaleiro em busca de dinheiro e glória. Os dois pegam distância e Guinevere deixa cair o seu lenço. Os cavaleiros pegam velocidade e se acertam ao mesmo tempo explodindo lascas para todos os lados. Os escudeiros entregam mais duas lanças. O cavalo de Accolon está com o ventre cheio de cortes das esporas. Eles partem mais uma vez de encontro ao outro. John sente a vitória vindo e ele levanta a lança em direção ao ombro de Accolon, que se coloca para o lado esquerdo fugindo do alcance da arma. A espora arranca mais um naco de carne da barriga do cavalo do cavaleiro deformado, fazendo ele saltar dando um impulso enorme na lança que se choca contra a garganta de John. Ele voa girando no ar e cai de costas em um dos pilares de madeira que sustentam a cerca. A nuca bate e ele é parado instantaneamente ficando numa posição de lado com os braços e pernas juntos. Os escudeiros correm até Sir John, quando tiram o seu elmo ele sangra sem parar pela boca e nariz, está branco com os olhos em choque. Rapidamente Sir John morre ali mesmo. Accolon se retira da arena sem olhar para trás com todos em silêncio. O corpo do rapaz é carregado para uma pavilhão de socorro.
Conde Robert X Rei Boors:
Mais uma vez Conde Robert dá tudo de si. Mesmo exausto ele consegue uma grande vitória contra o Rei francês Boors. Eles se enfrentam até a última lança quebrada. Mas no final, o Conde vence com muita garra, desviando do ataque e acertando o Rei Francês o derrubando de sua sela.
Sir Aengus X Barão Brian:
Sir Aengus enfurecido com Brian, por ele ter engravidado a sua filha quer derrotar o Barão de qualquer maneira. Os dois partem e se enfrentam. Primeiro a lança explode em lascas fazendo Brian pontuar. Na segunda passagem Brian acerta o ombro do pai de Enora fazendo com que o veterano caia de seu cavalo e role pelo chão de areia branca. Brian trota até Lady Enora e oferece a lança para ela amarrar seu lenço. Sir Aengus se aproxima.
Sir Aengus: “Você quer dizer alguma coisa meu rapaz?”
Barão Brian: “Quero pedir a mão de Lady Enora em casamento!”
Arthur olha para Sir Aengus repreendendo o cavaleiro por sua fúria, o povo aplaude entusiasmado. O homem olha contrariado e diz para as arquibancadas.
Sir Aengus: “Pedido aceito!”
Uma chuva de aplausos, rosas e lenços atingem o casal que se beija apaixonados.
Sir Lamorack X Sir Bernard:
Sir Lamorack duelam nas justas. Na primeira passagem Lamorack pontua. Na segunda Bernard acerta o forte cavaleiro, filho de Pellinore. No desempate Sir Bernard puxa a rédea de Bruma um pouco para o lado, fazendo Lamorack errar o alvo e manobra a sua lança direto para o peito de seu adversário, explodindo em lascas a arma, que cai de seu cavalo mas é arrastado pelo estribo. Rapidamente Lamorack corta com a sua adaga o arreio onde está preso o seu pé e rola valentemente pelo chão. Rapidamente o forte cavaleiro está de pé aplaudindo Sir Bernard. E o Cavaleiro Stanpid vai para a semifinal da competição.
Anoitece novamente:
Ao anoitecer do segundo dia, no banquete, os saltimbancos anões se apresentam encenando a batalha dos Herlews. Um anãozinho se pendura pela mão do outro em cima de uma mesa. Eles se olham, um deles fecha o olho e se solta se estatelando no chão em cima de um cachorro, que sai correndo assustado dali. O anão representando Algar com uma peruca ruiva e barba postiça, da mesma cor, levanta seu cabo de vassoura dourado sobe o aplauso de todos.
Então Cormak chega na corte.
Rainha Guinevere: “E a sua demanda escudeiro? O que aconteceu?”
Cormak: “Eu infelizmente tentei impedir a morte do cervo branco. Mas o cavaleiro romano o matou. Então, tenho testemunhas, ele quis travar combate comigo. Infelizmente a mulher dele entrou em meio ao duelo e a matei por acidente. Ele veio enfurecido e não tive escolha. O matei também."
Rainha Guinevere: “Você não ofereceu clemência, como o Rei Arthur tem pedido. Um novo tempo, Cormak! De que adianta termos leis se não a cumprimos. Ajoelhem-se todos os cavaleiros!”
O Rei Arthur é o primeiro.
Rainha Guinevere: “Eu lhes imploro para que prestem um juramento. Vocês protegerão as mulheres e terão clemência quando elas pedirem, não importa quem elas são ou fazem!”
Ela olha discretamente para Sir Bernard. E todos juram o pedido da rainha.
Padre Carmelo: “Cormak ainda é novo e aprendeu uma lição hoje, Majestade. Temos testemunhas que o rapaz não foi culpado pelo o que aconteceu.”
Rei Arthur: “Sim, todos nós aprendemos, Carmelo.”
Sir Bernard: “Tem mais de 1.000 cavalos na estrebaria. Vá limpá-los! Depois conversaremos.”
Torneio Terceiro Dia:
Todos os nobres estão reunidos para as semifinais do torneio. A empolgação é total. As ruas ao redor estão lotadas. Existem pessoas em cima das construções. Os quatro cavaleiros, Sir Acollon, Conde Robert, o Barão Brian e Sir Bernard desfilam ao redor da arena, sobe o aplauso de todos. Todos param à frente do camarote real.
Rei Arthur: “Amigos! Dos quatro aqui presentes, um sairá vencedor e coberto de glória. Confesso que a minha vontade era estar entre vocês…”
Conde Robert: “Majestade! Avancei nas justas e não há coisa no mundo que queira mais do que vencer o torneio. Mas, como seu humilde servo, lhe cedo o meu lugar! E não há nada que faça que poderá me impedir.”
Rei Arthur: “Robert! Que homenagem, meu amigo. Eu aceito lutar em seu nome com humildade e honra ao seu grande coração. Escudeiros, providenciem minha armadura. Se vencer não se preocupem. Escolherei quem bem quiser para ser o meu primeiro cavaleiro.”
Então todos aplaudem entusiasmados enquanto Guinevere olha com um ar de severa preocupação.
Padre Carmelo: “Se Merlim estivesse aqui, ele jamais permitiria que o Rei arrisca-se sua vida nas justas.”
Rei Arthur veste as suas proteções, sobe em seu cavalo. Um dos escudeiros reais lhe entrega sua lança de justa. Arthur cochicha no ouvido da jovem Rainha que é para impedir Acollon de matar mais algum cavaleiro por puro prazer.
Rainha Guinevere: “As justas começarão com Sir Accolon e Rei Arthur Pendragon”
Rei Arthur: “Que comecem as semifinais!”
Sir Accolon X Rei Arthur:
O Rei entra na arena. O Pendragon veste as suas proteções. Ele cavalga até Guinevere e salda a Rainha que amarra um pedaço de seu vestido na ponta de sua lança. Sir Accolon continua ao fundo da arena. Os dois se preparam para o duelo. Então eles esporam suas montarias e se aproximam a toda velocidade. Arthur acelera tanto quanto o cavaleiro deformado e as lanças se chocam. Uma no peito do rei e a outra no rosto de Accolon. Os dois voam de cima das montarias e caem rolando pelo chão. Os dois levantam tontos.
Rei Arthur: “A moda antiga! Escudeiros, espada!”
Sir Accolon: “Mangual!”
Os dois começam a andar em círculos. Accolon golpeia o rei. Arrancando a parte de cima de seu escudo. Arthur responde acertando o escudo do seu adversário. Accolon faz uma carga em direção a Arthur e o derruba. O Rei levanta o seu escudo que é reduzido a lascas pelos golpes secos do cavaleiro. Arthur vai se esgueirando para trás. Accolon gira seu mangual e golpeia. Arthur rola para o lado e derruba Accolon com um chute nas pernas. Mais um golpe de mangual passa perto de seu rosto, desferido, mesmo caído, pelo homem deformado. Todos percebem que Accolon está golpeando para matar.
Arthur saca a sua adaga e a atira, fincando no pulso do cavaleiro que deixa o mangual cair. O Rei pega o escudo de Accolon e se prepara para explodir sua cabeça. Então ele treme tentando se controlar, enquanto Guinevere grita. Arthur volta a si atirando o escudo de Accolon para longe e se abaixando até ele e o pega pelo colarinho.
Rei Arthur: “Joga duro, cavaleiro! Isso podia ter acabado mal, meu amigo. Levem-no ao pavilhão e dêem a melhor assistência. Preciso recuperar o fôlego… Escutem todos! Não acho justo nem eu ou Accolon irmos para as finais. Estamos desclassificados por conduta imprópria e desonra!”
Arauto: “Pela humildade e generosidade do Rei Arthur. Sir Bernard e o Barão Brian vão as finais!”
Então todos aplaudem entusiasmados saldando a atitude de Arthur Pendragon.
Final do Torneio:
Depois do almoço, com os ânimos mais calmos, a arena está com a sua capacidade lotada novamente. As construções aos arredores estão cheias de pessoas mais uma vez. As muralhas estão abarrotadas de nobres e gente do povo. Vendedores de espetinhos de origem duvidosa e bebida circulam entre as pessoas. O ar está cheio de excitação. As apostas correm por entre as fileiras.
Rei Arthur: “Atenção nobres e povo de toda a Britânia! É com alegria que anuncio a grande final de nosso torneio real. O vencedor será o primeiro cavaleiro da távola redonda e será coroado com glórias. (aplausos) Que os finalistas se aproximem. Dêem o melhor de si! Boa sorte aos dois! Barão Brian e Sir Bernard se mostraram valorosos e devido a sua bravura e tudo que fizeram pela Britânia qualquer um dos dois que vencer será muito mais que merecido.”
Barão Brian x Sir Bernard
Os dois cavaleiros, grandes amigos e irmãos de armas se encontram no centro da arena. Eles se abraçam e desejam boa sorte um ao outro. Eles cavalgam até o final da arena. Naquela tarde Herlews e Stanpid se enfrentam em irmandade, pela primeira vez, um contra o outro. Não importa como foi o duelo ou quais foram os golpes que cada um desferiu. Eram dois homens que lutam pela Britânia, que sacrificam tudo o que tem pela terra e pelo seu rei, como fizeram os seus pais. E os pais de seus pais antes deles. Eram somente dois homens da Britânia, cumprindo o seu destino.
No final o Rei Arthur desce do camarote e se dirige até os competidores. Ele entrega uma bolsa cheia de moedas.
Rei Arthur: “Sir Bernard Stanpid, disputou a justa bravamente e tem se sobressaído em campo de batalha. Mais que merecido esse título. Receba o seu feudo como recompensa de seus feitos em nome da coroa e 450 libras. Está aqui a sua cota normanda e os bardos cantarão sua conquista por toda a Britânia. Em meu reinado, todos os homens e mulheres estão protegidos por nossos cavaleiros. A partir desse dia de festa, iniciemos um novo legado. Um novo círculo de irmandade. Preencheremos o primeiro lugar em nossa mesa; em nossa távola redonda construída através da herança dos nossos cavaleiros de outrora, forjada pela Ordem da Cruz do Martelo e de seus atos de sacrifícios e heroísmo! E por isso estamos aqui, nessa tarde. Sir Bernard, ajoelhe-se. Ou melhor, Barão Brian, ajoelhe-se também. (Todos aplaudem entusiasmados) Repitam esse juramento que será perpetuado por todo homem que ingressar em nossa irmandade, cavaleiros: “Na noite escura, não deixarei que o mal afaste a bruma! Sempre que receber o chamado eu irei marchar. Como um punho unido, seremos um para golpear, sempre contra vil tirania vou lutar! Levantem-se Sir Bernard primeiro cavaleiro da Távola Redonda! E Barão Brian que surge como cavaleiro da Távola Redonda. Seu pai Algar Herlews deve estar feliz e comemorando nos salões, junto com os seus antepassados.”
Todos os presentes aplaudem e gritam o sobrenome das duas famílias: Stanpid e Herlews! É um dia muito feliz para todos da Britânia.
O equilíbrio acaba:
Anoitece e o banquete de comemoração e despedida com música e comida farta tem início. Até que uma discussão ocorre nas portas de entrada do salão. É o Rei Pellinore quem está lá. E ele está de sujo de sangue da cabeça aos pés.
Rei Pellinore: “Deixe-me passar seu barra bosta! Eu quero adentrar ao ressinto! Tenho uma missiva para o Rei, mancebo! Não abati uma dezena de saxões oriundos da funesta região de Sussex para alguém me bloquear como se eu você um louco. Isso não sou! Sou? Falando nisso viste aquela peculiar cria… Não posso divagar! Maluco é isso que estava com eles.”
Rei Arthur: “Deixem-no entrar! Calma Rei Pellinore! Sente aqui! Breno sirva hidromel para o bom homem.”
Rei Pellinore: “Bem, Majestade! Eu procurava aquela peculiar criatura! Não sei se já falei dela para vocês? Poderia lhe explicar tudo sobre ela.”
Todos: “Já!!!"
Rei Arthur: “Não há vimos a dias. Foco Pellinore! Olhe para mim! Calma, continue!”
Rei Pellinore: “É que quase a capturei ontem mesmo mas ela é tão traiçoeira! Tão bela e mágica…”
Barão Brian: “Já falou isso! Ela foi embora!”
Rei Arthur: “Sim, continue olhando nos meus olhos. Prossiga!”
Rei Pellinore: “O que eu falava mesmo? Ah sim, a Criatura…"
Todos: “Não!!!”
Rei Pellinore: “Não? Ah, eu estava na floresta e então vi um bando de saxões. Era dez deles. Usavam roupas de cavaleiros celtas. Entrei no meio deles e os matei! Deixei um vivo… Porque derrepente ele tinha visto a minha presa, não é mesmo? Mas não tinha. Tinha algo com ele embrulhado em um pano com o seu brasão, Majestade. Então decidi trazê-lo comigo. Tragam-no!”
Um saxão todo ferido vem carregado pelos braços e jogado aos pés do Rei. Então Pellinore entrega algo enrolado em um pano. Arthur vai desembrulhando e em sua mão diante de toda corte está a Excalibur quebrada. Todos suspiram e parecem prender o ar por algumas batidas do coração. Diante de seu reino Arthur tem o seu maior segredo revelado.
Rei Arthur: “Sim, nobres da Britânia! Excalibur está quebrada. Há um ano Pellinore foi derrotado por mim, quando merecia a vitória em uma disputa de justa. Eu fui desafiado por esse valente cavaleiro e quebrei minha honra para vencê-lo. Quebrei além disso a espinha que sustentava o equilíbrio na Britânia. Por isso permitirei que esse homem fale, sem ao menos eu saber o quê irá falar. A partir de hoje não terei segredos com meus súditos e será assim até o fim dos meus dias. Fale, cão!”
Alager: “Falarei para que todos que seguem o Rei sem barba saibam! O Rei Ælle de Sussex envia os seus cumprimentos. Nós observamos o seu casamento adorador de gamo. Nós triunfaremos sobre o Pendragon e seus homens. Há essa altura meus homens já revelaram ao Rei dos saxões que Merlim está desaparecido da corte, talvez morto, e a espada sagrada quebrada. Roubar Excalibur não foi tarefa fácil. Mas contei com a ajuda de alguns que não simpatizam com a causa do novo rei. Sim, tem muitos que não gostam de você e que o traem. Chegou a hora do grande cachorro acordar e os milhares de guerreiros que vem se preparando há anos, marcharem sobre a Britânia. Souberam que achamos a caverna protegida pelo antigo Bando Branco? E todos foram mortos. Todo esse ouro está trazendo barcos, homens, barris e mais barris de bafo de dragão e armas em quantidade nunca vista nessa ilha. Arthur não parece tão honrado assim, diante de vocês e os Deuses parecem ter virado as costas para os celtas. O dia da vitória chegará em breve! Como diz o lema dos guerreiros de Sussex: Do ferro e do fogo nos erguemos! Os vassalos do Rei Ælle da germânia lotam os mares. No próximo verão os Celtas serão esmagados e tomaremos hidromel nos crânios de Arthur e de vocês. Será o início de uma nova era.”
Rei Arthur: “Quem são os traidores? Diga!”
Arthur grita furando com a adaga lentamente o globo ocular do Saxão.
Alager: “Never!"
Então o saxão puxa a faca em direção a sua órbita ocular atingindo o seu cérebro e o matando instantaneamente.
A corte fica em total silêncio. Arthur se senta no trono, com a Excalibur quebrada em suas mãos cheias de sangue saxônico, olhando para o chão de pedra sujo de comida, palha e hidromel. Nunca a coroa foi tão pesada ou a solidão do poder lhe atingiu tão duramente. E todos vislumbram o silêncio que precede a tempestade saxônica que chegará em breve.
FIM
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