segunda-feira, 26 de abril de 2010
Aventura 7: Nos domínios de Hades, Ano 487
Após a viagem à Londres, a desarticulação da guilda Mão Negra e a descoberta da intriga que Odirsen II vinha armando contra seu irmão Sir Algar, os heróis chegam à Salisbury. As prometidas Lady Gwiona e Lady Adwen não saem de suas cabeças e muita coisa parece que vai mudar nos próximos meses com o casamento. É dia de Beltane e faz um ano que enfrentaram Sir Garowin.
Sir Edgar está chegando em casa depois da aventura em Londres junto com Sir Algar. Tem sido anos difíceis, com campanhas cansativas e mortais, onde muitas vidas foram perdidas em vão. Muita coisa mudou desde que eram jovens escudeiros e agora se tornaram homens importantes em Logres. Com a grande soma de libras que acumulou nos últimos anos, Sir Edgar, pode tornar o seu feudo um lar respeitado, cristão e ao mesmo tempo digno dos salões romanos de antes da queda do grande império. A muralha de pedras possue torres com telhados em formato de V invertido ao longo da construção, com arqueiros permanentes, que asseguram proteção. O estandarte romano de seu pai e sua cota de armas tremulam na ponta de cada torre. Uma ponte de madeira com a murada em detalhes na forma da letra X passa pelo riacho que circula a propriedade. Dois grandes portões de madeira em arco dão acesso ao interior e a estátua de bronze de Póstumos Vitorino empunhando com a mão esquerda a Sanctu Gladius e com a direita saldando aqueles que chegam com o cumprimento típico romano foi colocada entre eles. Os homens de guarda, vestido como soldados romanos, batem as lanças com a chegada de seu Senhor e abrem um dos portões. Seguindo a estrada de paralelepípedos que serpenteia toda a terra de Sir Algar pode se ver ao longo do caminho, árvores grandes, algumas carregadas de frutas, pássaros voando, abelhas preparando o mel. Lebres e filhotinhos de raposas brincam por entre as árvores. Diferente de outros feudos a grama e o mato são aparados e cortados rentes ao solo. Alguns servos estão ali realizando este trabalho que é feito semanalmente. O caminho se inclina e em um ponto da via, que fica no alto de uma colina pode se ver lá embaixo, no vale a vila dos servos. Dezenas de casinhas no estilo inglês, feitas de pedra cinza e telhados de palha. Cachorros vira latas andam livremente em meio as galinhas. Algumas cabras leiteiras e coelhos ficam presos em pequenos currais. Uma igrejinha de madeira simples, fica ao lado. No alto da colina oposta existe uma igreja grande para os padrões feudais, a Capela de São Paulo. Na Capela a Sanctu Gladius é exibida em uma urna de ouro com vidros no altar principal nos dias santos e nas missas de domingo. A construção é feita de pedras como a muralha, mas possue colunas de mármore branco e o chão é feito do mesmo material trazido de Roma. A porta é toda adornada e no topo um grande crucifixo de pedra maciça ergue-se imponente. No teto e paredes existem pinturas de São Paulo enfrentando uma grande besta saindo das profundezas da terra e um cavaleiro com a Sanctu Gladius em suas mãos o defendendo. Bancos longos e um altar de ouro, adornado por cruzes e cálices vindos das campanhas do senhor destas terras preenchem o lugar santo.
Olhando à direita de onde está a igreja, existe uma colina mais alta e no topo uma área plana. Em cima deste outeiro, chamado pelos locais de Outeiro de Jesus Rei, foi erguida a grande casa de Sir Edgar. Dali pode se ver do outro lado as três gigantescas áreas formadas por várias léguas de terra. Divididas por sebes de pedra e eras. Na esquerda às terras dos servos onde vários deles colhem grãos de aveia, trigo, hortaliças e legumes. A do meio, onde várias cabeças de gado pastam e separados por uma cerca de pedras em um banhando deitam-se alguns búfalos. Dezenas de ovelhas estão sendo tosquiadas, carneiros, javalis, galinhas e vacas leiteiras estão em currais separados. Num pequeno lago, alguns patos se refrescam. Uma construção longa, feita de madeira serve para confinar os animais durante o inverno. Na direita os servos que devem trabalhar na terra do senhor neste dia colhem as frutas do pomar, os grãos e legumes. Carroças andam de um lado ao outro levando as colheitas. Como o clima britânico dificulta a produção de uva e por consequência a produção de vinho. Uma casa de madeira foi construída logo a frente das colmeias para se fermentar e produzir hidromel. Neste lugar também é feito o queijo e ao lado em um grande forno de pedra o pão destinado a todos os servos e a casa do senhor. Movido por bois, o moinho trabalha do nascer do sol ao anoitecer. Descendo a colina da igreja e chegando atrás do outeiro existem um aras, e um círculo para se treinar os cavalos. Existe também um campo de tiro com arco para treinamento. E os alojamentos da milícia do Cavaleiro. A grande área ao lado descampada permite praticar ataques e marchas. As armaduras usadas são romanas, bem como os escudos e elmos. Lanças e gladius são produzidos pelo ferreiro trazido de Roma para se fixar ali, onde tem sua forja jogando fumaça para o alto quatorze horas por dia ao lado do destacamento militar. Uma construção de pedra cinza com o teto plano é protegida por guardas permanentes e uma torre com arcos. Os cavalos de guerra, os de carga, armas e armaduras, bem como os escudeiros ficam ali. Na área leste entre o outeiro de Jesus Rei e a muralha se estendem uns cinquenta quilômetros quadrados de bosques onde Sir Edgar e seus convidados praticam a caça.
Subindo com as montarias pelo caminho de paralelepípedos se vê a grande casa térrea. Cercado por colunas que sustentam a entrada em formato de triângulo de pedra branca, esculpido está uma mão empunhando a Sanctu Gladius. De um lado Póstumos Vitorino e do outro São Paulo, os dois vestidos com túnicas romanas com louros em suas cabeças e com os indicadores apontado para a espada sagrada gravada no mármore. O chão da sala principal é feito também de mármore vermelho e branco em padrões hexagonais. Cadeiras, espreguiçadeiras e baús e uma mesa grande para banquetes preenchem o local. O teto é feito de pedras formando padrões quadrados. Uma grande lareira adornada por anjos esculpidos no próprio mármore existe ali. As portas são todas de correr com detalhes em ouro e prata. Tapeçarias religiosas mostrando a via cucris e uma maior, ocupando destaque, conta sobre a batalha de Mearcred Creeck, a luta contra Swered, depois contra Sir Morris e a recuperação da espada milagrosa. Lá fora uma grande varanda com colunas permite a vista da área de treinamento e das terras cultivadas. Um jardim com fontes construído ali no grande platô se estende após a varanda. Árvores frutíferas cercam o outeiro. Colado a casa principal, com acesso pela varanda, existe uma segunda construção quadrada. No interior quatro colunas, a frescos decoram mostrando Netuno e Jesus protegendo as embarcações. No teto, entre as colunas, uma abertura retangular e no chão no mesmo formato desta abertura existe uma piscina de banhos termais.
E é ali que Sir Algar e Sir Edgar estão conversando e tomando banho nas águas fumegantes que sobem para fora da casa depois da viagem de volta. Um serviçal fica de pé próximo com toalhas e togas para quando saírem. Outros traz vinho e repõe os queijos e frutas consumidas. Os heróis conversam sobre a aventura em Londres e seus casamentos.
Após o banho termal Sir Edgar e Sir Algar, no final da tarde, estão em frente a grande casa quando vêem a comitiva de Sir John Smith chegar. As quatro Ladies, três filhas e mãe, estão em uma carroça conduzida por um servo e seu pai cavalga à frente com seu cavalo de guerra todo enfeitado com suas cores, azul e branca e uma armadura prateada que brilha ao sol do fim de tarde. Oito Cavaleiros fazem a sua escolta igualmente bem armados e com suas reluzentes armaduras. Lady Gwiona, olha um pouco tímida mas com um pequeno sorriso ilumina o dia de Sir Edgar. Sir John desmonta e dispensa os cavaleiros, que em formação se dirigem ao vale até a área dos alojamentos militares. Enquanto as moças descem da carroça e fazem uma reverência. Lady Gwiona pega as mãos de Sir Edgar e lhe inclina a cabeça docemente. Sir John presenteia Sir Edgar com Daniel, um leão, simbolizando a sua força e a coragem. Eles conhecem o feudo de Sir Edgar e Lady Gwiona diz que será muito feliz ali. O banquete ocorre no salão principal. Então à noite, um grupo formado por quatro sacerdotes druidas trazendo tochas e montando cavalos, uma das montarias está sem sela e sem ninguém em cima e vestidos de branco, com seus capuzes e barbas longas e com pequenas foices de prata na cintura, chegam ao oiteiro. Eles aguardam do lado de fora.
Sir John smith: “Então tenha uma boa noite Sir Algar! Que Deus ou a Deusa, Jesus, Maria, Odim ou como quer que o chamemos o abençoe. As eras passam, os homens mudam, mas os deuses continuam os mesmos. É chegada a hora meu bom rapaz! Nos vemos em Stonehenge.”
Sacerdote druida: “Olá Cavaleiros! Estamos aguardando aquele, que nesta noite de Beltane será o avatar do Deus. O consorte da Deusa que renasce a cada primavera!”
Então, quando Sir Algar sai da casa o sacerdote mais velho lhe pergunta:
Sacerdote Druida: “Apresente-se homem. Hoje serás o veículo para o deus Kernunos. O véu entre os mundos se juntará esta noite e você e Lady Adwen representarão todos aqueles que crêem na velha tradição. Desvestirá as suas culpas e a sua carne humana. Voltará a origem do mundo. Deixará somente seus instintos lhe guiar. Estás pronto?”
Sir Algar responde positivamente. Então, eles começam a andar em círculos em volta de Sir Algar que parece enxergar um círculo de energia.
Sacerdote Druida: “Monte no cavalo e partamos para próximo à Stonehenge. Lá você será preparado para a cerimônia. Vamos!”
E então Sir Algar e os Druidas partem para a mata próxima ao círculo de pedras sagradas. É meia noite. Então, convidados vindos de todos os lugares de Logres se encontram em Stonehenge. Um campo enorme se estende ao redor da antiga construção e está cheio de tendas e serviçais cuidando das montarias. Sir Edgar e a família de sua futura esposa estão sentados ao redor do círculo sagrado. Centenas de convidados chegam em seus cavalos e carroças com os estandartes de cada nobre e cavaleiro. Entre os mais respeitáveis estão o Príncipe Madoc, que ficou feliz de seus amigos terem desfrutado da hospitalidade quando foram para Londres e se hospedaram em Windsor, castelo de sua posse. O Conde Roderick está presente junto com a Condessa Ellen e seus filhos. Sir Amig, cobra o casamento também de Sir Edgar e conta que é viúvo mas que consegue lutar bem ainda com as duas espadas. Sir Elad, Marshall do condado de Salisbury, que foi quem os treinou, aconselha Sir Edgar a ajudar a unir as duas religiões e diz que a amizade entre os heróis de religiões distintas e que lutam ombro a ombro são um exemplo para todos os britânicos. A nova e velha religião andando juntos. Sir Bag e sua mãe Lady Carmine chegam e o herói descobre que a mãe do grande cavaleiro o chama de Junior e o trata como um menino de dez anos. Merlim e a grande sacerdotisa de Avalon, Nineve, chegam ao círculo sagrado. Mãe Yarrow de Padstow e Sir Jakin, o escudeiro que hoje é Cavaleiro e que os ajudou a achar Sir Garowin na aventura da barreira de espinhos, chegam juntos. A sacerdotisa da antiga religião presenteia Sir Edgar com um bornel com água curativa de seu poço sagrado. Enquanto o jovem Cavaleiro se ajoelha e diz estar honrado de estar ali.
Lady Sofia, sogra de Algar, diz palavras sábias à todos: “Irmãos, não esqueçam que a máxima das duas religiões é a mesma, amar ao próximo! Podemos chamar a Deusa de vários nomes, um deles pode ser Maria. Os antigos deuses sempre buscam um meio de sobreviver.”
O tio de Sir Algar, Sir Bellias, um cavaleiro pagão aposentado, sem um dos braços e seus filhos Sir Dalan, um galante cavaleiro e Sir Alein um cavaleiro cristão bondoso, primos de Sir Algar, vem dar apoio aos heróis na luta que está se iniciando entre Algar e seu irmão Odirsen II. O irmão de Sir Algar, Melion, um aspirante Druida que teve autorização para vir no casamento de seu irmão também está presente.
Tochas estão espalhadas por todo o local e um caminho foi marcado que leva do Stonehenge a mata próxima. Dezenas de sacerdotes druidas estão ali, bem como as sacerdotisas. Todas as mulheres usam coroas de flores na cabeça. Um grupo de homens com a cabeça raspada e com chifres formados apenas por um chumaço de cabelos, sem camisa, de tangas de couro e pintados todos de vermelho batucam tambores. Assados de lebre, javali, ganso, pato, carne de boi, pernil de cabrito, ovos, frutas, carneiro, vinhos, carne de porco, bolo de mel, barris de vinho importados de Roma, hidromel e cerveja tomados em chifres ritualísticos são servidos pelos empregados. Alguns animais são abatidos ali e seu sangue espalhado pela relva. Um boneco de quatro metros de altura é queimado representando a Deusa. Todos conversam animadamente sentados na relva ao redor das pedras sagradas comendo e bebendo. Os homens pagãos usam chifres e as mulheres jogam cálices de leite no solo para que a mãe terra lhes dê frutos no ano que virá. O mastro de Beltane com fitas coloridas foi fixado no chão e vários convidados dançam ao redor. Cornucópias estão espalhadas por todo o local e os convidados se servem à vontade. Sir Edgar leva a sua noiva para dançar nas fitas de Beltane e mostra que sabe respeitar os ritos de outras religiões.
Então, próximo dali na beira de uma lago, onde se pode ver as tochas e os convidados a distância na escuridão, o druida mais velho ordena a Sir Algar:
“Vista somente está tanga de couro de alce. Prepare o seu espírito. Sinta como a natureza entra em harmonia com seu corpo, escute os tambores à distância. Respire lentamente! Este é um grande dia. O véu está cada vez mais estreito.”
Então os sacerdotes pintam o corpo inteiro de Sir Algar de azul e desenham runas verdes nestas pinturas. Um colar com pedras também verdes com uma lua nova na esquerda, uma cheia no centro e uma minguante na direita é colocado ao redor do seu pescoço. Então uma pele de Gamo com chifres lhe cobre a cabeça e ombros. Uma adaga é colocada em sua mão. Então Sir Algar caminha solenemente até Stonehenge. Os quatro druidas o acompanham dois na frente e dois atrás com tochas em suas mãos. Quando está chegando ali com os tambores rufando, Merlim, todo de branco, com seu cajado, longa barba e capuz levanta-se e sobe no altar de pedra no centro do local sagrado. Todos formam um círculo ao redor das pedras. Ele diz levantando o seu cajado.
Merlim: “Hoje! Todos os presentes neste círculo sagrado não são mais nobres ou plebeus. Hoje todos aqui são iguais porque são frutos da Deusa. Gerados por ela e seu consorte. Quando só existia escuridão ele nasceu de seu ventre e gerou seus filhos, a cada ciclo da natureza ele renasce e depois morre e assim a roda do tempo gira.”
Todos os presentes, mesmo os cristãos, sentem uma sensação de transe com a voz poderosa do Grande Mestre. E vêem o círculo pulsar de energia. Então Nineve sobe ao seu lado e diz com o poder que emana das grandes mulheres de Avalon.
Nineve: “Eu ouço um clamor no céu, eu sinto a terra tremer. Haverá criatura que não sinta o seu perfume. O orvalho da noite adivinha a brisa da manhã? Vem grande mãe porque o seu círculo já foi fechado. Ergueram-se adagas em seu nome, cálices, braceletes, anéis de fogos viventes. Vem grande mãe e renasça no coração dos homens e proteja o das mulheres, porque a sua religião é a mais antiga e todos nós somos seus filhos. Que assim seja!” (NOTA: Neste momento caiu um raio e um estrondo enorme aconteceu do lado de fora de meu apartamento. Os jogadores ficaram assustados. Eu adorei! Se tivesse jogando AD&D teria que dormir e depois ler o pergaminho para conjurar mais um desses).
Então um leve tremor de terra é sentido. O som de trovão é ouvido e o rufar dos tambores aumenta.
Merlim: “Abaixem-se e reverenciem o deus, o consorte da Deusa nesta noite de união e de Beltane.”
Então, todos os convidados, sacerdotes e sacerdotisas se ajoelham e baixam a cabeça enquanto o deus, consorte da deusa passa. Sir Algar sente que atravessou o véu. Somente os tambores marcam o ritmo de seus passos, mas percebe que não são mais os tambores que são ouvidos e sim o coração de uma grande criatura que lhe aguarda no interior da floresta, o Gamo Rei. As pessoas ao redor somem enquanto o Cavaleiro pagão caminha atravessando o círculo de pedra e ruma ao caminho marcado pelas tochas até a mata. As estrelas enchem o céu, mas constelações não vistas à milhares de anos surgem diante de seus olhos, os séculos regridem e o tempo caminha inverso. Uma grande lua cheia ilumina a noite. Os sentidos começam a ficar cada vez mais sensíveis e o som de toda a natureza é ouvido como uma sinfonia. O cheiro de tudo, do lago, do fogo, dos animais, das plantas penetram o seu espírito. A visão fica aguçada e mesmo no escuro da mata é possível ver as trilhas. Parece estar mais alto e forte, ágil e veloz. Agora Sir Algar não é mais ele próprio e sim o consorte da deusa, o deus que vem a cada Beltane para tornar o mundo fértil novamente. Então, procurando o grande animal, o deus corre silenciosamente se esgueirando por entre as árvores. Os convidados só vêem Sir Algar passar e adentrar a mata. Então todos relaxam e voltam a conversar, comer e beber.
Enquanto isso, Sir Algar do outro lado do véu transformado no deus e com seus extintos animais aflorados rastreia pela floresta a trilha do Gamo Rei farejando a mata e se esgueirando pelas árvores na escuridão. Então, eles se encontram e os dois saltam no ar. A lâmina da adaga ritualística de Avalon manejada por Sir Algar corta o pescoço do animal que ao mesmo tempo tenta atingi-lo com a sua enorme galhada. Os dois caem em lados opostos e giram. O Alce ataca Sir Algar com as patas dianteiras mas só acerta o chão úmido da mata. O Cavaleiro então gira no ar e enfia a adaga no ventre do animal e o rasga, projetando suas entranhas para fora. Sir Algar banhado no sangue do alce olha o animal golpeado que urra com o ferimento, o vapor sai de seu nariz e boca. As patas da frente sedem e logo as de trás não sustentam o pesado animal. Com o olho aberto ele tomba de lado com a língua para fora com o ventre aberto e com uma poça de sangue em volta de seu corpo. O coração que retumbava feito um tambor vai diminuindo o ritmo até que para completamente e somente o som da noite é ouvido.
Olhando ao redor existe uma gruta. Com cipós e folhagem caindo pela entrada. Lá de dentro se vê uma luz emanando. Um perfume suave vêem a seu nariz. Algar sente uma batida de coração pulsando no mesmo ritmo que o seu. Escuta uma respiração vindo dali. Nos corredores da caverna, inscrições rupestres milenares representando o deus e a deusa existem por toda a parede e as mesmas runas desenhadas no seu corpo preenchem o teto baixo. Em uma sala da gruta, iluminada por tochas em um altar de pedra está Lady Adwen. Ela está nua, usando uma guirlanda de flores na cabeça, no pescoço tem a meia lua de prata de Avalon e braceletes. Também runas desenhadas cobrem seu corpo. Ela olha para o Sir Algar docemente. O Cavaleiro se aproxima e a beija vagarosamente. O ritmo dos tambores voltam e em uma explosão de sons e luz as duas almas se unem. Finalmente o ritual se encerra.
Merlim no círculo sagrado olha para a mata e diz: “A união está consumada! Comemorem, é Beltane, deixem-os descansar, os veremos pela manhã!”
Todos brindam e o casal dorme no interior da caverna. Então, as comemorações seguem madrugada a dentro. Alguns casais se afastam para mais intimidade e outros bebem até cair. Outros dançam e cantam. Aos poucos os convidados dormem debaixo do orvalho e outros em suas tendas. Lady Gwiona fica todo tempo de braços dados com Sir Edgar até que seu pai a chama para dormir na tenda. Ela se despede e obedece. Esta noite de sono é estranha para Sir Edgar. Um sonho lhe invade o espírito.
SONHO: Sir Edgar se vê em meio a uma Bruma perdido. Caminhando com sua armadura romana e a Sanctu Gladius em suas mãos. Derrepente se vê em um deserto escaldante. A medida que caminha por entre as dunas parece não haver nada ali. Mas no alto de uma delas vê uma grande cidade murada. No interior dela em uma colina existe uma grande mesquita de cúpula dourada. Homens entram e saem com animais amarelos estranhos, como cavalos, mas são gordos com pernas finas e tem duas corcovas nas costas. Os homens usam mantos negros e cobrem o rosto com panos. Derrepente uma luz branca e pura lhe cega. E de dentro dela se materializa um ser vestindo uma armadura e uma espada que emana uma chama azul. A armadura é a mais espetacular que o cavaleiro já viu, brilha mais que o ouro. Então o ser abre suas asas brancas e sua aura brilha em pura luz.
Gabriel: “Sir Edgar! Sou Gabriel o arcanjo de deus. Estive nos momentos mais importantes da humanidade enviado por nosso pai para ser seu arauto. Lhe trago uma importante mensagem diante dos portões sagrados de Israel. Infelizmente aqui se derrubará muito sangue em vão. Isso me traz muita tristeza já que amo o seres de carne como o altíssimo me ensinou em sua própria presença. Vocês são emanações de seu coração. E lhes digo, receberás uma visita nos próximos dias e ela lhe guiará até o outro lado. Meu exército está pronto e o seu coração, está?”
Então, Sir Edgar acorda assustado. Já é de manhã. Sua cicatriz no ombro do combate contra Swefred lateja e dói muito. Quando sai da tenda os sacerdotes druidas, Nínive e Merlim já deixaram o local. Ao amanhecer o casal, Lady Adwen e Sir Algar acordam e vestem os mantos druidas que foram deixados no interior da caverna e aparecem sobe o aplauso de todos. Os convidados um a um cumprimentam o casal, entregam presentes que são colocados pelos servos de Algar em dezenas de carroças. Lady Gwiona e sua família chamam Sir Edgar, que está na entrada de sua tenda e a mãe de Lady Adwen, Lady Sofia que se aproximam e ficam ao redor do casal, já que são considerados sua família. Sir Dylan vem os cumprimentar com o seu pai, Sir Amig.
Sir Dylan: “Parabéns Sir Algar e Lady Adwen! Sejam felizes. Estou de volta meu amigo e na próxima campanha lutaremos lado a lado.”
Sir Amig tenta falar todo cheio de pompa e cerimônia com toda etiqueta e educação: “Sir Algar! Quem diria! És um homem casado! Para a minha alegria e sua felicidade. Estou honrado com a sua bela conquista e por ter encontrado tão bela jovem. Também tranquilo e feliz quanto a minha Marion. O senhor é um a menos para eu cortar os bagos e dar para os javalis comerem.”
Sir Dylan: “O que é isso pai! Que vergonha!”
Sir Amig : “Mas estou falando em tom de cerimônia!”
Sir Dylan: “Não basta pai, desculpem!”
Presentes recebidos por Sir Algar e Lady Adwen: 240 libras, 1 feudo do Rei Uther, 2 Feudos de herança. Quilos de móveis, louças, peles de animais, cálices de ouro, pratos de prata, adagas, garfos e facas, símbolos religiosos pagãos, tapeçarias, anéis, braceletes, colares, roupas.
Então Sir Algar e sua esposa se despedem de todos e vão para o seu feudo. Todos pintados de runas eles cavalgam, Algar em sua montaria de guerra e a Lady Adwen segue em seu cavalo. Atrás todos os seus servos seguem e sua milícia, protegendo as carroças com os presentes. Sir Edgar, depois de se despedir de Lady Gwiona e sua família também segue para o seu feudo.
Na manhã seguinte o servo responsável pela casa principal, Robin, vai até a grande área verde com fontes onde Sir Edgar brinca com Daniel, seu Leão de estimação.
Robin: “Meu senhor! Padre William está aí e temo que não traga boas notícias. Onde o senhor quer recebê-lo?”
Sir Edgar: “No salão principal! Rápido!”
Padre William: “Meu bom Cavaleiro! Como está? Saí de Sarum cavalgando o mais rápido que pude. O senhor tem que estar preparado para o que eu vou lhe falar.”
“É Lady Gwiona e sua família. Ontem, voltando para as suas terras foram atacados na ponte do arco em Camelot. A guarda pessoal, os servos, as meninas, Sir John e Lady Sioned estão todos mortos.”
“Lady Gwiona não foi achada. Se prepare para o pior meu bom homem. Seja forte. No lugar do ataque não foi encontrado nenhuma pegada dos atacantes. Todos os corpos não tinham ferimentos. Foi como se algo sugasse suas almas e deixassem somente as carcaças. Temo que se Gwiona ainda estiver viva, o tempo corre contra ela. Farei os preparativos do funeral da família inteira em Sarum. Recomendo que o Senhor investigue o que está acontecendo, cada minuto conta. É um dia negro na história de Logres.”
Encolerizado Sir Edgar se prepara nos alojamentos. Veste sua armadura, embainha a Sanctu Gladius monta em seu corcel de guerra e parte para a ponte do arco na floresta em Camelot. Seu mensageiro vai até o feudo de Sir Algar e o avisa, imediatamente ele se despede de sua amada Lady Adwen e cavalga a toda velocidade para se encontrar com seu amigo Sir Edgar. À beira do rio de águas claras e de fundo de pedra Sir Edgar caminha na margem do rio Test. Ele acha o broche de Lady Gwiona com a Santa Maria e o menino Jesus em seu colo, caído por entre a lama. Sir Algar chega e sente uma energia horrível emanar no lugar. A cicatriz de Sir Edgar começa a doer muito. Algo caminha pela margem do rio. Eles vêem uma sombra e um rosto que os observa por de trás de uma árvore. Suas grandes unhas saindo de uma mão enrugada e cinza seguram o tronco da árvore, enquanto ele observa com o corpo por de trás. Seus grandes chifres pontudos e uma mandíbula longa com dentes ponte agudos, bem como suas orelhas pendentes tornam a criatura assustadora. Uma asa de penas negras e uma longa cauda em flecha se meche de um lado ao outro. A Sanctu gladius vibra com a presença de tal espírito mau.
Mefistófeles: “Olá Cavaleiros! Sou Mefistófeles, o arauto de Samael. O mestre tinha razão, ele sabia que vocês viriam.”
Sir Edgar: “Onde está Lady Gwiona maldito?”
Mefistófeles: “A garota? Ela foi levada para o outro lado rio. Depois do que vocês fizeram com o primeiro guardião do mestre, Sir Mors! O que vocês esperavam que o mestre Samael fizesse? Se deixarem suas armas sagradas ao meu cuidado, eu prometo que terão tudo que quiserem em vida. Mas terão que ir embora agora e nunca mais voltar. Aceitam?”
Sir Algar: “Não aceitaremos criatura infernal!”
Mefistófeles: “Macacos sem pelo, sub-raça, vocês e a sua fé. Aberrações de barro. O nosso pai ditador os abandonou também! Que mundo é esse que vivem, onde um mata o outro por ouro. Sir Edgar, eu estava lá quando você matou Sir Garowin, quem era você para julgá-lo e matá-lo. Vi você matar os homens do bordel sem piedade. Sir Algar, eu vi você degolar seus inimigos e os atirar ao mar enquanto eles imploravam pelas suas vidas. Vocês mentem. Mentiram para os aldeões e eles acabaram enforcados e vocês não fizeram nada. Eu estava lá em cima das muralhas enquanto sufocavam e se mijavam enquanto morriam. Porque vocês são melhores que aqueles que habitam as profundezas? Os anjos caídos. Só a um jeito para vir ao nosso reino cavaleiros, e é morrendo. Se não vierem por bem, irão por mal.”
A criatura então sai de trás da árvore, deve ter uns três metros de altura e rugue e de sua boca, dezenas de moscas saem voando com uma névoa negra os envolvendo. Cheiro de enxofre e de podridão predomina. Ele os ataca. Tudo ocorre muito rápido. Os heróis tentam se defender mas o poder da criatura infernal é muito grande. Um turbilhão de moscas e bruma negra bloqueiam a luz solar, envolve os Cavaleiros e sugam as suas almas. Tudo fica escuro como se estivessem caindo. Derrepente eles vêem flashes de suas vidas. Nascimento, infância, paixões, treinamento, batalhas, ordenação de cavaleiros, heroísmo e o rosto de todos aqueles que mataram. Sentem o coração parar e o último suspiro sair dos pulmões. Então os heróis vêem seu corpos caídos ao lado do rio que corre do lado material para o mundo dos espíritos. Eles não tem ferimento aparente. Mefistófeles olha do outro lado véu mortal com um leve sorriso maligno e aproxima sua mão da Sanctu Gladius, ela ao mesmo tempo pulsa e brilha, bem como o chifre de ouro e Gungnir. Então uma luz cegante emana e envolve tudo. Surge então um ser celestial em sua armadura reluzente e sua espada conhecida pelos cristãos como a sopro de vida e ataca Mefistófeles. Batendo as asas brancas ele voa na altura das árvores. O demônio o ataca com sua aura e moscas. O anjo se defende com seus escudo. Então ele gira no ar acertando o pescoço da criatura com a espada e a lança com os pés no peito à relva. Quando cai o demônio afunda dois metros no solo com o impacto. Levanta e tenta fugir, mas o anjo lança a espada que gira no ar e enterra em suas costas saindo pelo peito. A criatura maligna desaparece em um enxame de moscas que voa desaparecendo na floresta. Miguel olha com piedade para seus corpos sem vida, retira da algibeira pendurada nos seus cavalos duas moedas e as coloca debaixo de suas línguas. Elas se materializam do outro lado do véu em suas mãos. Ele olha o mundo material.
Miguel Arcanjo: “ Bravos Cavaleiros! Nós anjos e demônios não temos livre arbítrio, bem ou mal essa é a maior dádiva dos homens. Nós, seres divinos, não podemos caminhar pelas esferas que não fazem parte de nossa natureza. Os anjos veem do paraíso e se materializam no mundo material e os demônios do mundo inferior só podem se deslocar do tártaro até o mesmo mundo material. Nunca, anjos iluminados poderão descer ao inferno ou as criaturas caídas de Samael ascenderem ao paraíso. Isso só é possível através da alma humana que pode transitar pelos vários mundos. Anjos e demônios só podem se encontrar no mundo dos homens. Vocês terão que tentar salvar uma parte de seu coração Sir Edgar, Lady Gwiona, você e ela são um só, feitos do mesmo pensamento e amor de deus. Já estiveram juntos em outros tempos e você precisa salvá-la, sua alma quer fazer isso e o destino é inexorável e você não a abandonará do outro lado do rio. É a sua missão, já que ela já fez isso por você em outros eras. Se não conseguirem, a Sanctu Gladius cairá nas mãos de Samael e o mundo sucumbirá em escuridão. Enfrentem os seus destinos, a fiandeiras já estão tecendo e girando as suas rocas, fazendo os fios que determinarão os rumos de suas vidas. Só posso ajudá-lo Cavaleiro de Cristo de uma maneira.”
O Anjo com a sua armadura brilhante prateada e com um brasão gravado na altura do peito com uma cruz vermelha. Gira a inscrição e a armadura desmonta de uma vez em várias peças que caem pelo chão. O corpo do anjo se ilumina. Então ela se materializa à frente de Sir Edgar no mundo etéreo.
Miguel Arcanjo: “À partir de hoje essa armadura, forjada pelos anjos na casa de nosso pai, é sua, Sir Edgar. Esse símbolo, que será chamada de cruz templária, será carregado por seus descendentes daqui a seiscentos anos até os portões da cidade sagrada. Na jornada de hoje não dêem ouvidos aos sortilégios da escuridão. Serão proferidos para lhes deixarem fracos.”
Então, a Gungnir se projeta para o lado etéreo, junto com a Sanctu Gladius e o chifre de ouro. Pois, elas são sagradas, existem em ambos os planos de existência. Neste momento o arcanjo Miguel some em luz e um barco de madeira escura, com uma lanterna na proa e outra na popa, empurrada por um homem de pé, encapuzado, com um manto negro, remando, vem pelo rio e estaciona na margem à frente. Fumaça emana da base do barco que parece flutuar alguns centímetros. O barqueiro tem mão esquelética e não dá pra ver o seu rosto.
Caronte: “Sou Caronte, o barqueiro. Trouxeram minha moeda?” “Subam! Vamos começar a travessia!”
O barco zarpa em direção oposta ao mundo material, o céu vai ficando escuro e sem estrelas. Caronte rema lentamente enquanto a fumaça emana do barco e atravessa as águas escuras. Para trás não se vê mais nada. Só um breu total lhes envolve e as lanternas do barco iluminam a água. Sanctu Gladius e Gungnir pulsam em uma luz branca e cintilante. A medida que avançam só se escutam o som do remo na água. Não se tem noção do tempo que foi percorrido. Podem ser horas, dias ou anos. Em uma bifurcação o barco pega o caminho da direita. Sir Edgar e Algar vêem o nascer do sol no horizonte, e o rio percorre uma linda terra, emanado uma aura luminosa, frutos dourados nas árvores de todas as espécies, temperatura agradável e um perfume suave enche o ar. Lebres correm, pássaros multicoloridos cantam e voam de uma lado ao outro. Flores de todas as espécies e a relva de um verde vivo é iluminada pelo sol que brilha em um céu azul. Uma melodia perfeita e suave traz paz. Sir Edgar vê a distância pessoas usando mantos brancos, sentados na relva, rindo e conversando. Os animais estão junto com elas, enquanto outros cantam e parecem muito felizes.
Caronte: “Campos Elísios! Ou melhor, para a nova crença, Paraíso!”
Aos poucos o céu vai ficando escuro e cinza, como se uma tempestade estivesse se formando. Até que novamente o breu toma conta de tudo. Então uma caverna aparece e o rio corre para dentro dela. Ao adentrar o lugar, com estalactites e o eco do som do remo empurrando o barco, a energia é pesada. Um calor começa a ser sentido e o cheiro de enxofre e de decomposição. Sombras se movimentam. Grandes filetes de lava escorrem pelas paredes depois da margem e como cascatas de fogo atingem a água do rio gerando muita fumaça. Logo à frente existe um porto de madeira. Em estacas cabeças com crânios formam um portal sinistro. O barco encosta.
Caronte: “Última parada o Tártaro. Senhores, bem vindos ao inferno, a morada dos condenados. Adeus!”
Existe um espaço entre o porto e um gigantesco portão com colunas. O solo é estéril e negro feito de rochas vulcânicas, cobertas de cinza. A iluminação vem de um rio de lava vermelho que corre na frente do portão. Uma ponte liga esse espaço ao grande portão negro pintado com runas nunca antes vistas. Os detalhes ao redor destas gigantescas portas são feitos de ossos humanos e a própria porta é revestida de pele humana tirada de centenas de cadáveres e diamante. O cheiro de podridão é predominante. Uma pilha de ossos jazem próximo a grande passagem. Derrepente quando se aproximam uma Hidra, a guardião dos portões, surge com nove cabeças de dentro de uma caverna do lado direito do portão. E os ataca.
Os heróis sacam suas armas sagradas. Sir Edgar tenta chegar ao corpo da criatura mas duas cabeças se colocam à frente. Imediatamente Sir Algar sopra o chifre de ouro, mas não parece surtir efeito algum à criatura. A luta permanece acirrada e Sir Edgar se pendura em um dos pescoços longos enfiando a gladius, que abre um caminho de luz acompanhando a trajetória do golpe em um deles e degolando a cabeça ao lado que tentava lhe morder. Sir Algar é golpeado com o crânio de uma delas mas estoca com a Gungnir furando a mandíbula longa da criatura. Eles lutam corajosamente, até que Sir Edgar sente sua fé e coragem crescer cada vez mais e sua aura vermelha, dos bravos guerreiros romanos, se expande para todos os lados em uma explosão. A Hidra sente a energia emanada pelo herói e suas cabeças restantes ficam expostas aos golpes. Por fim Sir Algar rasga as escamas da última cabeça, que poderia oferecer perigo, enfiando a lança quando ela veio tentar lhe abocanhar. O gigantesco crânio do animal cai em cima do herói causando alguns ferimentos. Então, o animal cambaleia enquanto alguns dos pescoços pendem para os lados. O grande corpo da criatura cai se debatendo espalhando pó da rocha par todos os lados e o sangue da hidra banha os pés dos heróis. O sangue da Hidra tem propriedades curativas e regeneram os ferimentos que Sir Algar teve durante o combate. Sir Edgar teve que decapitar a cabeça da criatura para que Sir Algar pudesse sair debaixo de tamanho peso.
Sir Algar se aproxima do portão e bate com força mas nada acontece. Então os dois decidem adentrar na caverna da Hidra pisando em centenas de esqueletos e corpos em decomposição. Eles vêem brilhando no fundo do túnel uma pilha de metais reluzentes que sobe para o alto e desaparece na escuridão da abóbada que some em um escuro infinito. Algo sussurra na escuridão: “A pilha dos avarentos. Todos os tesouros de todos egoístas e aqueles que juntaram ouro com a morte dos seus semelhantes estão aqui. Vislumbrem a essência do homem.”
Próximo a pilha existem dois objetos peculiares. Um redondo do tamanho da palma de uma mão. Ele é de metal circular e tem um círculo com inscrições e no centro um triângulo com uma serpente desenhada.
Retornando os heróis encontram um encaixe para o objeto encontrado no centro dos dois gigantescos portões. Quando o coloca ali uma grande roda com correntes do lado esquerdo abre as portas do inferno. É impossível enxergar o teto de tão alto. Somente escuridão. Após o portão uma rampa de rocha vulcânica leva a uma grande planície de pedra que se abre em centenas de quilômetros. Sombras e vultos são vistos e os rios de lava que cruzam o vale iluminam um pouco o caminho. Uma das ramificações deste rio circulam a colina de rocha à frente, onde no topo existe um castelo rodeado por um muro de bronze com um portão de ferro com grades horizontais e verticais. Um caminho adornado por crânios leva a uma rampa natural que sobe ao topo da Colina onde ele foi erguido. No final da descida que leva a planície um grande cão com três cabeças os aguarda. Cérbero olha os heróis com fúria.
Sir Algar: “Será que tudo aqui tem que ter mais que uma cabeça?”
Cérbero tem o dobro de tamanho de um leão. Os olhos vermelhos. O corpo canino musculoso. Garras enormes nas suas patas. O rabo com os pelos espalhados sem qualquer padrão. As orelhas pontudas desformes e a pelagem irregular por todo o corpo. Seu dentes pontudos são grandes e afiados e o couro cinza está coberto de sangue. Ele rosna e olha para os Cavaleiros. Está preso bem no meio da saída da rampa por duas correntes saindo de uma coleira de aço que sai de seu pescoço. Elas estão presas em duas argolas de ferro pretas presas ao solo negro. A rampa é margeada dos dois lados pelo rio de lava. Sir Algar e Sir Edgar caminham em direção ao animal que rosna e exibe seus dentes afiados. Usando sentimentos bondosos e fé, Sir Algar passa primeiro. Seu corpo passa de lado a criatura que com sua três cabeças cheira o herói. Quando ele atinge o outro lado assiste Sir Edgar passar. A fé de Sir Edgar fraqueja. O animal sente latindo e rosnando com seus enormes dentes. Sua borca aberta baba, enquanto sua respiração fica mais intensa. Mas, Sir Edgar consegue lembrar de seus antepassados e de sua linhagem romana. Finalmente Cérbero se acalma e o Cavaleiro Cristão atinge a planície dos condenados.
A medida que caminham na semi escuridão, o portão de entrada se fecha logo atrás. Barulhos de correntes e de coisas se arrastando são ouvidos ao redor do caminho na escuridão. Quando os personagens iluminam vêem homens e mulheres em farrapos, descalços, com os pés e braços cheios de feridas machucados, se arrastando no chão de pedra preta vulcânica, quando eles enxergam a luz sagrada das armas eles guincham de dor e medo. Seus olhos brilham como os dos felinos na escuridão. Alguns esticam as mãos, outros imploram por misericórdia e outros choram, alguns estão acorrentados uns nos outros e viverão assim por toda a eternidade por terem feito mal reciprocamente. A medida que caminham e se aproximam da subida que leva ao castelo de mármore negro avistam um ser alado os sobrevoando em círculos. Ele pousa à frente no caminho. Quando se aproximam notam que o ser tem um corpo feminino. Usa uma armadura de escamas verde. Uma serpente está inscrita na frente da armadura. Seus cabelos são feitos de cobras negras com olhos brilhantes. De suas costas abrem asas negras, como as de um morcego enorme. De seus olhos de serpente amarelos escorrem lágrimas de sangue. Uma voz distorcida e nervosa chega a seus ouvidos. Ela usa um chicote em sua cintura. A arma tem em seu cabo um pequeno crânio de um recém nascido no fim da empunhadura e o trabalho em volta do cabo é de prata enrolado como uma serpente. No topo da empunhadura, dois pequenos adornos em formato de asas demoníacas servem de guarda do chicote. Nas pontas das três cordas de couro que golpeiam, garras negras sujas de sangue.
Tisífone: “Quem sois vós que caminham à margem do rio Flegetonte? E com que autoridade atravessam essas terras de cabeça erguida?”
Sir Edgar saca a Sanctu Gladius e mostra a criatura. A arma brilha bem como a sua armadura sagrada.
Sir Edgar: “Sou Edgar e caminho sobe esta autoridade, ser da escuridão!”
Tisífone: “Espere, você está usando a armadura de São Miguel e a espada Sagrada de São Paulo. Quando o mestre colocar as mãos em vocês nenhum emissário dos elísios poderá tirá-los das profundezas. E você pagão? Portador da lança Gungnir! Acha que suas crendices poderão salvá-lo? Estão no domínio de Samael. No Tártaro, no inferno. Se tivessem sido bons não estariam aqui. Para os homens vocês podem ser heróis, aos meus olhos de sangue vocês são mais um de nós. Mas com as mãos sujas dele. Posso ver em suas almas assassinas que enviaram muitos para cá. Só tenho que agradecer-lhes! Agora que vocês estão aqui poderei retribuir-lhes. Atravessem o campo de papoulas à esquerda do castelo. Não pisem fora do caminho ou poderão se juntar aos condenados. Minha mãe Nix sabia que viriam e os aguarda lá.”
Então ela alça vôo e em meio a risadas amedrontadoras desaparece na escuridão da abóboda. Os gritos de dor e pavor e sons de chicotadas são ouvidos vindos de dentro da planície escura novamente. Ao chegar pela trilha que adentra ao campo de papoulas negras no lado oeste do castelo os heróis vêem uma clareira que sai da trilha que se divide e leva até aquele lugar estranho. Nesta clareira de chão estéril, rochoso e poeirento não existe nada. Então, uma mulher jovem retirando o capuz se materializa diante dos olhos dos dois Cavaleiros. Ela usa apenas um manto que cobre o seu ventre. Cheiro de incenso e mirra permeiam o ar. Sua voz suave e sensual lhes chega ao ouvido.
Nix: “Sejam bem vindos Cavaleiros. O santo e o demônio. Deve estar se sentindo em casa Sir Algar. Sir Edgar, finalmente nos encontramos frente à frente não é mesmo. Estava ansiosa por este encontro meu futuro consorte.”
Os cabelos da deusa Nix são negros como a noite, sua pele clara como a lua e as estrelas, seus olhos são azuis e sombrios como o vento gélido de inverno, seus lábios carmim e sensuais e seu corpo escultural. Ventre, seios, nádegas, pernas e rosto perfeitos. Sir Algar vê a filgia do ser emanando em cor negra e dezenas de almas em lamento vaporizando do corpo da deusa. Ela lança seus sortilégios de sedução. Sir Edgar sucumbe e começa a cair. Sir Algar com a visão da aura de Nix tem repulsa à mulher.
Nix: “Pagão, adorador de deuses mortos. Resiste a mim. Um dia tudo que crê irá sumir da face da terra. E quando seus ossos tiverem virado pó, sua existência será apagada e você rastejará até o fim dos tempos nesta terra estéril e morta. Mas antes disso posso te oferecer prazeres indescritíveis. Minhas três filhas, as três fúrias poderão lhe mostrar as sensações da dor da carne. Tisífone (Castigo), Megera (Rancor) e Alecto (Interminável) se manifestem. Eu sou sua deusa agora ,não aquela fraca que vocês adoram em Avalon.”
Sir Algar: “Blasfêmia!”
As três Erínias pousam vindas do céu escuro e se aproximam.
Megera: “Foste infiel a sua esposa Algar! Naquele antro em Londres. Pagarás.”
Tisífone: “Assassinou prisioneiros indefesos, matou inocentes!”
Alecto: “Tens ira, prazer em matar, sua alma ficará a nossos cuidados.”
Elas cercam Sir Algar que não consegue mais se mexer. Neste momento Sir Edgar também fica paralisado . Elas o golpeiam com o chicote. A dor, não é carnal e Algar sente sua alma sendo açoitada e cada golpe o leva a loucura, pois vê cada homem que tirou a vida, vê o mundo ser destruído, milhares de mortes, fome, dor. Ele começa a ser dominado pela loucura. Coloca as mãos na cabeça, tudo começa a rodar. Mas, lembra o porque de ter feito tudo aquilo e resiste corajosamente.
Sir Algar: “Fui infiel pois precisava da informação em Londres para salvar minha vida! Matei prisioneiros pois sabia que estava protegendo a vida de nossos homens e já tirei vidas com ira pois sei que estou protegendo meu rei e aqueles que eu amo.”
Então as Erínias param de açoitá-lo e ficam olhando Sir Algar assustadas pela imponência do herói.
Nix fala para Sir Edgar: “Eu sei que veio aos confins do mundo para buscar a virgensinha que o conquistou. Mas você é meu e será assim. Ajoelhe-se agora!”
E o Cavaleiro romano se ajoelha dominado pelo poder de Nix. Então ela abre seu manto negro mostrando o seu lindo corpo nu e se aproxima de Sir Edgar caminhando lentamente. Então derrepente ela para e se assusta. E a cruz na armadura de São Miguel brilha em uma luz intensa.
Nix: “Desgraçado! Maldito! Traidor! Como ousas usar a armadura de São Miguel Arcanjo nos domínios de Samael!”
Neste momento Sir Edgar tenta resistir aos encantamentos da Deusa da noite, mas ela é mais forte.
Nix fala: “Nem sua fé e nem seu pai poderá lhe salvar dessa vez Edgar!”. Então ela cobre o cavaleiro que começa a perder seus sentidos e sente seu espírito sendo dragado para a boca da deusa. Neste momento, o som do pesado portão de lanças invertidas se abre e a ponte levadiça desce. Montando um cavalo negro, forte, com dentes caninos e olhos vermelhos, emanando fogo de suas patas um ser com asas de anjo negras, se aproxima descendo do grande portão de bronze do castelo. Sua armadura é romana e possue um pentagrama invertido no peitoral. Uma gladio com lâmina azul escura brilhante como se queimasse uma chama violeta vem empunhada em suas mãos. O seu elmo possue o cocar dos romanos mas queima com uma chama viva. E usa uma capa vermelho sangue. Seu rosto é cadavérico.
Sir Gadrel: “Já chega Nix, basta! O mestre quer vê-los imediatamente. Sigam-me macacos! Eu sou o segundo guardião, vocês extinguíram a aura do primeiro, Penemue, aquele que ensinou o homem a mentir. Vocês o mataram nos domínios do homem e o conheceram pelo nome de Sir Mors.”
Neste momento a energia de Sir Edgar retorna para o seu corpo emanada da boca da deusa. Ela olha com ódio para os heróis e se cobre com seu manto e desaparece. Suas filhas alçam vôo desaparecendo na escuridão da abóboda infernal. Então recuperados Sir Algar e Sir Edgar seguem o segundo guardião. Passando pelo caminho, margeado pelo rio de lavas ferventes, eles entram no pátio principal com acesso pela ponte levadiça e cruzam os muros de bronze. A construção é gótica e opressiva. Crânios disformes parecem se movimentar de posição e de expressão cada vez que são olhados. Ninguém está ali. Torres altíssimas ponte agudas se erguem em direção a abóbada negra. Gaiolas no alto da fachada com algumas mulheres e homens em seu interior é avistada no alto. Por vezes eles gritam e urram enquanto, seres alados de sombra que flutuam em volta, os cutucam com lanças e cospem fogo torturando-os.
Sir Gadrel: “Estão assustados? O pior suplício é que eles não tem o alívio da morte, apenas o desespero da dor.”
Os heróis permanecem calados. Quando chegam à frente do castelo Sir Gadrel desce de seu cavalo e se aproxima da porta. Então o terceiro portão é aberto por dois guardas. Eles são corcundas, portam armas e são como cadáveres ambulantes putrefatos. Seus rostos emanam uma maldade infinta. De suas respirações saem vapores mal cheirosos e quando os três passam próximos a eles as criaturas rosnam de ódio. Então Gadrel leva Sir Algar e Edgar ao salão de entrada do castelo. Quando entram, escutam imediatamente a ponte levadiça se fechando e os portões do castelo descendo, bem como o da sala principal. Movimentados como que por uma força misteriosa. Tochas iluminam a sala. Várias tapeçarias existem nas paredes. As obras se movimentam como se estivessem vivas e mostram os combates entre anjos e demônios. Outras, milhares de almas presas à correntes uma nas outras construindo em suplício o castelo. Um com a imagem de milhares de humanos empalados sofrendo. E o maior, a coroação de um ser alado, forte e alto. Usando uma armadura negra e asas com grande envergadura da mesma cor saindo de suas costas. E uma gladius negra existe em suas mãos. A pequena sala tem vitrais para fora, com figuras com pentagramas invertidos e brasões com a cabeça de um demônio com os chifres enrolados e dentes caninos. Dezenas de armaduras rasgadas e quebradas, com esqueletos dentro, pendem do teto alto da cor vermelho sangue. Gadrel se aproxima da outra porta e prepara-se para abri-la.
Sir Gadrel: “Venham! Chegou a hora!”
A porta é aberta. No interior de um grande salão eles vêem um grande círculo no centro da sala. Trata-se de um pentagrama gravado na pedra com inscrições e um olho no centro. As paredes são todas de mármore negro e não se nota nenhuma emenda entre elas. O salão é iluminado por algo sobrenatural, pois não existe nenhuma fonte luminosa ali.
Sir Gadrel: “Mestre, gostaria de anunciar a chegada de seus convidados, Sir Algar e Sir Edgar.”
Os heróis entram e vêem um trono preto, com crânios no topo fincados em várias pontas e onde o encosto é uma espinha humana formada por costelas. O lugar que se senta é feito de vários fêmures, bem como o lugar para colocar os braços e pés do assento. Mãos servem de enfeites dos dois lados do encosto. Um homem loiro de cabelos longos, muito bonito, vestindo uma armadura negra, com junções vermelhas carmim. Usa uma capa preta e um brasão no peito com o mesmo pentagrama que esta inscrito no chão. Ele mexe lentamente suas grandes asas negras. Deitado transversalmente e relaxadamente no trono de ossos humanos, ele brinca com uma grande serpente que desliza por suas manoplas. Atrás criaturas de olhos vermelhos se movem nas sombras. Quatro Cavaleiros formam uma ferradura ao redor do trono e os observam de braços cruzados. Todos usam armaduras romanas, Gadrel tem capa vermelha, os outros três, um possue capa marrom, outro roxa, outro verde escuro. Os cocares dos três brilham em chamas e o rosto de cada um é cadavérico e espalham maldade e frieza. Do lado das capas asas de anjo negras se abrem para os lados. Cada um possue uma espada gladius em sua cintura e de cada uma emana uma aura da cor de sua capa. Na parede no fundo atrás do trono com os pulsos presos por duas correntes está Lady Gwiona. Ela está usando um manto negro e descalça. Seus braços estão machucados pelos grossos grilhões. Ela está de joelhos de frente de cabeça baixa usando uma coroa de espinhos que ferem sua testa. Ela chora lágrimas de sangue. Ela por vezes em um movimento contínuo dominada pela loucura vira, a parte de trás do manto até as costas é aberto e podem ver que ela foi açoitada com violência.
Samael: “Ora, ora! Quem vem lá! Olha Gwiona, é seu futuro marido. Será que ele vai lhe querer depois do que fizemos com você?”
Sir Edgar: “Covarde! Empunho a Sanctu Gladius em nome de Deus!”
Os cavaleiros com ódio e raiva encaram o demônio.
Samael: “Ótimo! Deixe esses sentimentos aflorarem. É deles que esse reino é feito. Vejo que já conheceram Gadrel. Vocês estão de certa forma ligados. Foi Gadrel que subiu ao mundo material e ensinou o homem a usar a espada para matar. Deixe-me apresentar os outros, Yekun de capa marrom ensinou os homens a seduzir, Kasabel de roxo sempre foi um humanista e foi ele que incentivou outros dos nossos a procriar com sua raça, Kasyade de verde levou os espíritos ao seu mundo, os temíveis fantasmas que vocês tem tanto medo lá em cima. Deveriam erguer templos e estátuas para eles. Mas vocês, macacos, estão sempre rejeitando os verdadeiros deuses. Mas, mudando de assunto, tinha certeza que viriam até mim. Pois eu tenho algo que vocês querem e vocês possuem uma coisa que eu quero. Mas, não nos precipitemos, deixe me dar as boas vindas. Bem vindo ao lar dos condenados, onde acolhemos aquele que o altíssimo rejeita. Por isso sou o portador da luz. Um alento para aqueles que não tem onde ir pelo resto da eternidade. Sofrer aqui é melhor do que fenecer e ser descartado da existência. Hades, tártaro, Helgard ou inferno. Não importa, quando o meu pai me atirou aqui e nunca mais falou comigo as profundezas viraram o meu lar e ele é reflexo da ira que sinto por ele. Quanto a vocês, seres de barro insignificantes que roubaram a atenção dele, não merecem o amor do altíssimo. Se destroem por pouco. Se banham no próprio sangue de seus irmãos e se cobrem de glória por isso. Porque ele os ama acima de tudo eu não entenderei por toda a eternidade. Vocês se banham, cortam os pelos do rosto, do cabelo e usam essências para esconder os maus odores. Tudo para ocultar a sua verdadeira natureza. Vocês não passam de animais. Seres imperfeitos!”
Os heróis olham para Samael em desafio. As armas pulsam em uma energia contínua. Samael ri e fala:
“Mas, falemos de negócios, só existe um meio de chegar a mim. Me aceitando com o seu maldito livre arbítrio. Do contrário não poderei forçá-los, desgraçados.”
Sir Edgar responde: “Não te rebelastes? Como não tem livre arbítrio?”
Samael: “Porque achas que fui atirado aqui? Esse sempre foi o meu destino. Fui criado para gerar o equilíbrio. Sem o mal o bem não existe. Tenho uma proposta. Vocês me entregam a Sanctu Gladius e suas almas para lutarem ao meu lado, porque pelas leis malditas dele, lá do alto de sua arrogância divina, nenhum ser de meus domínios poderá empunhar a espada sagrada e assim dominaremos continentes. Espalharemos nossos filhos pela terra, marcharemos sobe os reinos e espalharemos a morte por todos os cantos até que o mundo conhecido seja nosso e nos cobriremos de ouro e prata. Vislumbrem a glória.”
Neste momento os cavaleiros tem uma visão de um mundo cheio de riquezas, mulheres, escravos, grandes castelos, nações se ajoelhando aos seus pés.
Samael: “Nos ergueremos acima de meu pai e levaremos os homens de barro para a luz finalmente. A iluminação do portador da luz. Eu, Lúcifer estendo minha mão a vocês. Em troca a Lady Gwiona poderá ir embora. Vocês poderão aliviar a dor da donzela agora.”
Sir Edgar: “Nunca terá nossa alma anjo caído!”
Samael se transforma e seu rosto belo vira uma carranca demoníaca e sua voz fica infernal.
Samael: “Desgraçados! Bastardos! Eu ofereço a minha hospitalidade e vocês cospem em minha face. Eu não posso enfrentar nenhuma alma humana mas os meus guardiões podem. Farei vocês sofrerem, serão empalados, depois enforcados e nada lhes aliviará a dor, pois já estão mortos, até que padecerão em loucura e me servirão. Kesabel, Gadrel, Yekun, Kasyade destruam esses seres inferiores.”
Os guardiões batem suas asas bestias ao mesmo tempo que sacam suas gladius. Sir Edgar tenta atacar com sua aura rubra mas os seres expandem as suas em cor negra e bloqueiam o ataque espiritual. Sir Algar soa sua trombeta dourada e isso atinge em cheio os demônios inimigos. Três deles perdem a trajetória e tombam no chão de mármore negro com as mãos nos ouvidos. Um deles ataca Sir Edgar mas a sua armadura divina brilha quando o demônio o golpeia. Ele agarra Kesabel e com a Sanctu Gladius brilhando corta a asa do inimigo que sangra em cor negra gritando. Sir Edgar joga o pedaço da asa aos pés de Samael. Sir Algar ao cruzar armas com a Gungnir corta a espada de Gadrel. Depois risca da esquerda para direita abrindo o pescoço da criatura e enterrando a lança em seu peito. O demônio guincha e desaba sem energia vital. Sir Edgar finalmente emana a sua aura de fé e bondade e uma luz vermelha atinge as criaturas que sentem dores abrindo-lhes feridas negras na carne. Primeiro Sir Edgar se abaixa, passando a gladius por cima de sua cabeça e depois o herói usando todo o poder da arma santa abre o inimigo da clavícula as partes baixas, dividindo-o em dois. A cabeça decaptada de Kasabel com a língua negra para fora é também atirada aos pés de Samael que o olha encolerizado. Sir Algar então, se aproxima de Yekun que voa e desvia do primeiro golpe mas leva um golpe do cabo da lança no rosto e depois em sua perna levando o anjo caído a se ajoelhar. Furando elmo e a cabeça Sir Algar transpassa o crânio do inimigo até sair a lança sagrada por baixo de seu corpo e atingir o mármore. O sangue negro voa para todos os lados quando a arma é retirada. Yekun ainda luta, ele atinge Sir Algar que leva um corte profundo em seu ombro que queima como um ferro quente, ao mesmo tempo, tem visões terríveis de dor e morte. Sir Edgar se aproxima por trás e corta a asa do último demônio que atacava seu amigo, o prende com os braços e o degola jogando a parte cortada para Samael que dominado pelo ódio e raiva se projeta ao teto, crescendo como uma sombra escura há quatro metros de altura. Ele grita apontando o dedo gigantesco para os heróis.
Samael: “Vocês irão se arrepender! Não demora muito o mundo de vocês irá ruir e mergulhará em caos. Vocês lembrarão de Samael e baterão às portas de Hades. Os próximos anos no mundo material serão meus e ninguém irá me impedir”
Então o teto inteiro desaba, o chão cai em um abismo cheio de lava onde os corpos dos demônios que tombaram contra Sir Edgar e Sir Algar estavam. O lugar onde Samael esta, o local onde Lady Gwiona está acorrentada e o piso onde os heróis estão de pé ficam intactos. Pedaços enormes de mármore racham e despencam. Sir Algar rola para um lado desviando do teto que cai tirando pedaços do chão. Sir Edgar consegue fazer o mesmo. Depois para o outro lado, mais uma vez. Quando as paredes desabam e o espaço fica restrito e não dá mais para desviar em meio aos escombros as paredes caem e na tempestade de poeiras e pedras o teto cai com tamanha violência que os Cavaleiros perdem os sentidos e ficam na escuridão sem sentir nada. Suas consciências então mergulhas na espiral do tempo. Visões vêm e vão de Miguel e sua espada, a sopro de vida. As vidas dos dois passando em flashes de trás para frente vem até que os sentidos voltam. Eles sentem o cheiro do campo, ouvem vozes, sentem o calor do sol no rosto e finalmente abrem os olhos. Diante deles Lady Gwiona, suas irmãs, Sir John e Lady Sioned, sogra de Sir Algar e Lady Sofia, mãe de Gwiona estão presentes e estão ao redor de Lady Adwen e Sir Algar que ainda estão pintados com as runas da cerimônia de Beltane. Como que estivessem viajado no tempo e espaço Sir Dylan vem os cumprimentar com o seu pai Sir Amig.
Sir Dylan: “Parabéns Sir Algar e Lady Adwen! Sejam felizes. Estou de volta meu amigo e na próxima campanha lutaremos lado a lado.”
Sir Amig tenta falar todo cheio de pompa e cerimônia com toda etiqueta e educação: “Sir Algar! Quem diria! És um homem casado! Para a minha alegria e sua felicidade. Estou honrado com a sua bela conquista e por ter encontrado tão bela jovem. Também tranquilo e feliz quanto a minha Marion. O senhor é um a menos para eu cortar os bagos e dar para os javalis comerem.”
Sir Dylan: “O que é isso pai! Que vergonha!”
Sir Amig : “Mas estou falando em tom de cerimônia!”
Sir Dylan: “Não basta pai, desculpem!”
Então Sir Edgar assustado ao lado de Lady Gwiona parece muito abalado e percebe que sua amada não pussue nenhuma daquelas cicatrizes vistas no mundo espiritual.
Sir Edgar: “Você se lembra de alguma coisa? Algum sonho meu amor?”
Lady Gwiona: “Não meu amado. Fostes tu que me contará que esta noite tinha sonhado com o anjo Gabriel.”
Sir Edgar: "Acho que nosso casamento vai ter que esperar um pouco."
Todos olham assustados com a afirmação do Cavaleiro sem entender nada e a donzela corre dali em prantos.
Então, Sir Amig olha para Sir Edgar e diz: “Não tinha percebido garoto, que armadura incrível você está usando, parece forjada pelo deuses. Usando uma dessas eu enfrentaria até o demônio em pessoa.”
E todos os presentes, menos Sir Algar e Edgar, riem com o veterano Cavaleiro.
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