quinta-feira, 27 de junho de 2013

Aventura 36: Rei Supremo: Ano 510



No início do ano 510, no dia 2 de fevereiro, um rapaz chamado Arthur retira a espada  sagrada, Excalibur, pela segunda vez da pedra, na Catedral de São Paulo. Assim, mais lordes se juntam a causa. No dia 31 de março do mesmo ano, comemoração do Beltane para os pagãos e a chegada da páscoa para os cristãos, ele o faz novamente diante de uma multidão de mais de 30.000 plebeus e centenas de Lordes. 

Reconstrução: 

A Taverna do Menestrel Dançarino passou a ser a casa de Arthur e seus cavaleiros nos últimos meses que tem vivido na cidade. É um dia cinzento e garoa em Londres. A cidade já está sem entulhos e começa a ressurgir no vale do Tâmisa. As casas de madeira vão sendo reconstruídas com a ajuda de todos. Alguns lordes deixam o orgulho de lado e ajudam nas obras, já que o próprio Arthur e seus cavaleiros fazem o mesmo. Sir Sagramor está em uma das casas, se equilibrado no alto da armação de um telhado, pregando cravos com uma marreta, com seus braços negros cheios de músculos.

Sir Sagremor: “Passem aqui para cima uma viga dessas aí. Koimoúntai? Os dois meninos aí. O corvinho do Algar e o educadinho.” 

Cormak e Breno, os jovens escudeiros de doze anos, o primeiro um garoto Irlandês descendente de dinamarqueses filho do Barão Algar Herlews e o segundo filho do matador de gigantes Sir Oswalt Stanpid, que perdeu sua vida na batalha do pântano de Netley. Eles sofrem para erguer a viga, enquanto o cavaleiro de peles escuras, Sagremor, ri de seus esforços tentando levantá-la.

Arthur está no alto da casa, trançando a palha de um telhado. O Barão Brian está ajudando a escavar as fundações de uma estalagem logo abaixo.

Arthur: “Se continuarmos assim, até o próximo inverno a cidade estará de pé novamente. Olhe, é Merlim!” 

Do meio da multidão, que se acotovela trabalhando nas ruas estreitas, Merlim para e observa o que eles estão fazendo. 

Merlim: “Muito bem, rapazes! Londres está renascendo das cinzas. Vou precisar que vocês se reúnam na taverna. É um assunto urgente!”

Taverna do Menestrel Dançarino:

Arthur, Conde Robert, o Barão Brian, seu escudeiro Breno Stanpid, o escudeiro Cormak que ficou em Londres para servir Arthur, enquanto o seu Senhor, Sir Bernard, foi a Dinton, devido aos boatos de que o seu feudo foi saqueado pelos saxões. Sir Kay, irmão de Arthur, Sir Accolon, Sir Sagramor e seus escudeiros, Bedivere e Gawain se reúnem em uma mesa do Menestrel Dançarino. Merlim fecha a porta da estalagem enquanto sua coruja, Arwain, pousa em seu ombro.

Merlim: “Cavaleiros... Tenho uma notícia... Dia primeiro de maio será a coroação de Arthur como Rei de Logres. Mas... Precisaremos de muitas libras para prepará-la. Então vocês devem desconfiar o que devem ter que fazer. Bem... terão que ir até Sussex para pegá-las. Terá um navio preparado para vocês daqui alguns dias, um presente do pai de Arina, da frota do Rei dinamarquês Hrothgar, chamado de Amante das Ondas. Ah, Arthur! Você fica.”

Arthur: “Ah não! Isso não é justo!”

Nesse momento um garotinho rechonchudo, com o nariz sujo e comendo um pão, sai de trás dos barris de vinho.

Merlim: “Berel! O que você fazendo aqui escutando a conversa dos adultos? Cadê o seu pai?”

Berel: “O Pai disse para eu descer porque a minha mãe está morrendo. Faz um tempão que ela só diz: ai meu deus, ai meu deus, de novo, ai meu deus, estou sentindo, ai meu deus!”

Merlim (grita): “Bag! Desça e venha cuidar do seu filho, seu devasso!”

Bag: “Não posso, Merlim! Estou rezando aqui pra minha perna crescer de novo. O resto está em dia! Não vai roubar o menino como você fez com o Arthur, hein? Majestade você, está aí... Mil perdões garoto, quer dizer meu rei.”

Arthur: “Ainda não sou rei Bag...”

Merlim: “Bem! Venha Berel, eu não vou te sequestrar, não precisa ter medo. Vamos ver a pedra da Excalibur.”

E os dois saem da taverna enquanto Merlim faz um gesto no rosto do garotinho.

Berel: “Onde eu estava mesmo?”

O Druida olha para Arwain que voa e pousa no ombro do Barão Brian. O pássaro encara o cavaleiro enquanto um pequeno excremento desce pelo seu ombro. 

Merlim: “Cuide bem dela, rapaz.”

Quando os Cavaleiros olham na mesa novamente estão alguns tesouros da Britânia: a lança Gungnir, o Braceletes de Brutus, O elmo de Algar e o seu corno de guerra dourado. A essa altura Merlim já desapareceu.

Sonho:

Numa das madrugadas, após um dia pesado de trabalho como escudeiro, Breno Stanpid tem um sonho: 

Oswalt, seu pai, aparece diante do garoto. Eles estão num campo onde existe uma grande casa celta. É Epona, o aras de sua família, antes de ser destruído pelos saxões, do jeito que seu tio Enrick contava. Eles estão apoiados em uma cerca olhando os cavalos Stanpid. 

Oswalt: “Filho! Como você está?” 

Breno: “Estou bem, pai!”

Oswalt: “Eu não caminho mais entre os homens... Eu voltei para a nossa verdadeira casa filho. Você sempre gostou de cavalos, não é? Nossa família sempre foi muito ligada à eles e a essa terra. Meu sonho era, depois que tivéssemos paz, reconstruir o nosso Aras. Sabe, eu nunca fui um pai muito ligado à você. Acho que por isso você admira tanto seu tio. Mas, agora vejo as coisas melhores. Parece que um véu saiu diante de meus olhos. Você era tudo para mim e por isso lutei tanto; pra você ter uma terra melhor pra viver. Agora chegou a sua vez. Quero que vá até ao Pântano e ....”

O sinos da catedral de São Paulo acordam todos na estalagem. Todos os cavaleiros de Arthur acordam para mais um dia de trabalho nas ruas de Londres. A grande mesa, no andar debaixo, onde o taverneiro Harvey prepara ovos, salsichas e vinho quente fica lotada. 

Arthur: “Bom dia amigos, estou podre! Desde que tirei a Excalibur não tenho conseguido dormir. Os cavaleiros mais velhos acordam antes de amanhecer e dormem antes de anoitecer não sei como conseguem. Vamos ter que planejar como vamos até Sussex.” 

Cormak: “Mas Merlim disse que não poderia ir.”

Arthur: “Ah, não sou do que é feito os reis. Estamos atolados, juntos nessa, até a cabeça! Sim ou não? Vamos ter que pensar uma maneira de sair da cidade sem Merlim nos ver. Ei, Breno? Que cara é essa?” 

Breno: “Sonhei com meu pai! Tenho certeza que ele está morto. Ele disse para ir num pântano. Acho que vou até Netley. Posso, Barão Brian?”

Barão Brain: “Então você quer ir até um território invadido, em número reduzido, debaixo de chuva e lama? É claro que pode. Eu e Cormak iremos com você.”

Arthur: “Breno, se quiser meu cavalo, Hengroel, está a sua disposição. Esse é um dos que seu avô criou com as suas próprias mãos depois de cego pelos saxões."

Breno: “Obrigado, Senhor!”

Arthur: “Faça o que tiver que fazer. Quando retornar partiremos.”

Pântano: 

É o final do inverno e as estradas já descongelaram, quando o Barão Brian e os escudeiros Cormak e Breno partem de Londres está garoando e faz frio. Os saxões ainda não retornaram esse ano. Milhares de peregrinos caminham por todas as estrada em direção à cidade de Londres. Por toda a extensão cavaleiros, dos lordes que aceitaram Arthur, se colocam à margem da estrada. Eles usam um broche em suas capas com a runa da resistência celta. 

Quatro dias depois eles avistam o pântano de Netley com a águas negras calmas entremeada pela bruma da manhã. Uma leve brisa sopra enquanto os pássaros pescam. Nem sinal de que ali morreram milhares de pessoas na Batalha do último ano. 

Eles se aproximam da margem de barro negro. Então os três ouvem uma risada e passos na água. O Barão Brian vê uma menina dançando e rindo por entre as brumas. Os dois jovens escudeiros só ouvem a voz da garota. Brian reconhece a menina que cresceu ao lado dele, irmã de seu amigo Sir Bernard: Ellen, filha de Sir Enrick. Ela usa um vestido branco que flutua, enquanto ela gira dançando ao redor. A menina passa através de Breno que sente que o corpo etéreo da garota é feito de água. 

Ellen: “Ele te pediu pra te dar um presente. Foi difícil achar no meio de tantas outras coisas mortas e perdidas.” 

Nesse momento, da água negra do pântano, surge uma mulher com água negra pela cintura. Toda vestida de véus que flutuam ao sabor do vento. Ela é muito parecida com a garota que some por entre as brumas. Em suas mãos, na horizontal, uma espada toda trabalhada, com desenhos na lâmina, uma face com um gigante talhado no pomo e outra no centro da guarda. Esculpida com a cabeça de um falcão de cada lado e uma serpente em cada ponta aguda da guarda.

Dama do Lago: “Bernard Stanpid. Ela serviu seu pai enquanto ele caminhou entre os vivos. Agora ela servirá à você. Receba a espada que tornou o seu pai uma lenda entre os homens. Receba, do fundo da lama negra da Britânia antiga, a espada de agora em diante nominada: Quebra Gigantes!” 

Breno Stanpid, se ajoelha diante da Dama do Lago e solenemente, com lágrimas nos olhos,  recebe a herança de seu pai. Agora o garoto sabe, finalmente, que Oswalt Stanpid está morto.

A Chave de Salomão:

Quando o Barão Brian e os escudeiro Breno e Cormak retornam à Londres, passando montados em meio aqueles milhares de pessoas que entram e saem pelo portão da charneca. O Padre Carmelo chega afobado, puxando o seu hábito, para poder caminhar mais rápido.

Padre Carmelo: “Me sigam, por favor! Os homens que estavam retirando os escombros da Abadia estão todos mortos.” 

Barão Brian: “Qual o estado dos corpos?”

Padre Carmelo: “Melhor vocês verem por si mesmos, Barão.”

Eles deixam os seus cavalos na estalagem do Menestrel Dançarino. O grupo caminha, seguindo o padre afobado, por entre a multidão, nas ruas apertadas. As pessoas carregam ferramentas, madeiras, baldes e pedras. Eles fazem uma vênia enquanto  os nobres passam. Então o grupo chega na beira da escada rachada. Subindo, no topo dela, eles vêem o centro do lugar, escavado na terra. Ali estão as arquibancadas de mármore quebradas e cheias de entulho. O cheiro de podridão do gado morto e de sangue se misturam. Um esqueleto carbonizado jaz ali. Nem sinal do cadáver do Padre Pertoines. Ao redor do centro, existem dez corpos de pedreiros, mutilados, decapitados e rasgados ao meio. Nem sinal dos olhos ou dos corações deles.

Tom: “Sou Tom, Mestre Construtor, meus Lordes! Os franceses são os únicos que sabem construir abadias. Eles vieram atrás de prata quando souberam que estávamos reconstruindo Londres. Há dias vinham exigindo o pagamento, do contrário, parariam de trabalhar. Eu expliquei que em breve teríamos libras para pagá-los. Mas, parece que acharam algo quando chegaram no centro do templo. Passaram a trabalhar só a noite. Essa manhã todos estavam assim, menos um.  Nós o chamávamos de Jacque, o pedreiro; Em francês seu nome é Jacque, le Masson... Alguns homens viram ele subir num barco e Masson disse à eles que o que tinha era melhor que ouro mas tão perigoso que alguém ou várias pessoas teriam que protegê-lo. Então partiu para a terra dos francos, com uma série de pergaminhos e não foi mais visto.” 

Barão Brian: “Vocês sabem o que isso significa, garotos? Tem alguém por aí com algo tão poderoso que pode destruir meio mundo.”

Então Bedivere, o escudeiro de Sir Accolon sobe as escadas cobrindo o rosto por causa do cheiro dos mortos.

Bedivere: “Merlim mandou avisar que o navio está pronto, Barão.”

O Amante das Ondas:

No porto movimentado, navios chegam e partem trazendo provisões de reinos aliados além da Britânia, da Dinamarca, da Terra dos Francos e da Gália. O grande navio, de calado baixo, com 10 remos de cada lado e a grande vela, com o brasão com o Dragão pintado dos Pendragon, está cheio de provisões e com os remadores a postos. 

Breno: “Como Arthur tinha pedido, vamos ter que dar um jeito de levá-lo conosco. Que tal um barril para Vossa Majestade?”

Barão Brian: “Fale baixo ou o velho vai escutar!”

Cormak: “Quem? Merlim?”

Merlim: “O que tem eu meu rapaz?”

Barão Brian: “Ã? É que temos que pegar um barril de hidromel para nos aquecermos no mar.”

Sir Kay, Sir Accolon, Sir Sagramor, os escudeiros Bedivere, Gawain e o Conde Robert os aguardam à bordo. O Barão Brain, Breno e Cormak carregam um barril de hidromel. Eles passam por Merlim, que os observa sério, enquanto os três fazem força para levá-lo à bordo. Um piscar de olhos é suficiente para a mão de Brian e Cormak escorregarem e o barril se estatelar no chão de madeira do porto, lançando Arthur com tudo para fora dele.

Merlim: “Vocês estão loucos? Arthur, Brian! Vocês sabem quantos lutaram para se ter um novo rei? E se perdermos você rapaz? Agora trate de voltar para a estalagem e você Brian, vai pilotar o barco. Dá próxima vez lhes transformarei em sapo, cabra ou o diabo que o valha. Bem, eu estarei resolvendo outros assuntos importantes. Voltem vivos, por favor e não façam besteira!”

Rei Arthur(desanimado): "Boa sorte, meus amigos..." 

O Amante das Ondas é manobrado pelo remadores sobe o comando do Barão Brian. Desde pequeno o Cavaleiro, descendente de nórdicos, foi criado dentro dos barcos. Brian ordena a abertura da vela e ela se enche de vento. Aproveitando a vazante da maré eles chegam ao estuário do rio Tâmisa ao anoitecer. Param na praia natural formada pelo cascalho trazido pelo mar e dormem dentro do barco para se protegerem do frio da noite. Ao amanhecer, o Amante das Ondas enfrenta a arrebentação para chegar em mar aberto. Apesar do dia de Sol as grande ondas dificultam a navegação e uma onda acerta o barco na lateral. No último momento, quando um naufrágio está para acontecer, Brian grita.

Barão Brian: “Remos na direita! Vela na esquerda, Cormak!”

O Barco aponta para o centro da onda.

Barão Brian: “Todos os remos na água! Vela ao centro!”

Incrivelmente o Amante das Ondas dá uma guinada e salta as ondas pegando velocidade e atingindo o mar aberto. Naquela noite eles dormem em uma das praias de Sussex. Na manhã seguinte, se aproximando do rio que leva ao interior das terras saxônicas do Rei Ælle, o escudeiro Breno  tem uma visão assustadora no horizonte

Breno: “Um navio pirata saxão se aproxima!”

Os homens barbudos, começam a vestir suas cotas de malha e a retirar os escudos colocados no costado de seu barco. A velocidade do barco pirata saxão é bem maior que o Amante das Ondas, carregado até o bojo de provisões para a viagem. Logo os saxões estão em cima deles lançando ganchos e saltando para dentro do barco.

Barão Brian: “Espadas! Defendam o barco!”

O que se segue é um duelo entre as duas tripulações. Brian comanda seus homens em um combate por suas vidas, levando os garotos a seguirem seu Senhor matando três bárbaros. O comandante saxão, percebendo a agressividade dos britânicos e que perdeu metade de sua tripulação salta para o seu barco e aos berros manda seus homens regressarem cortando os ganchos de abordagem e zarpando para longe. Dois remadores Britânicos morrem no combate. Eles atiram os corpos ao mar ao mesmo tempo que adentram a ilha  Britânica em território saxão. 

A Caverna:

Quando navegam através do rio sinuoso, por entre a floresta, a coruja de Merlim alça vôo. Eles a seguem por metade do dia, até que pousa em um galho de salgueiro e fica os observando. Depois que atracam e desembarcam do barco a coruja começa a voar novamente. 

Conde Robert: “Eu, Kay e Accolon iremos ficar protegendo barco. Se o perdermos em Sussex poderemos não voltar para casa. Bedivere e Gawain levantem acampamento.”

Barão Brian: “Sagramor, Cormak e Breno venham; a coruja levantou vôo novamente. 

Ao anoitecer eles chegam no que parece um monte de pedra e limo, mais alto que as muralharas de Londres. Então eles ouvem uma voz vinda do alto das copas. 

Glaucius: “São os homens de Arthur! Eles voltaram.” 

Então eles descem com cordas lá de cima. Quando se aproximam, com as suas bestas presas as costas, se ajoelham diante dos Lordes. 

Barão Brian: “Levantem-se homens. Viemos buscar libras para o reino. Como podemos entrar na caverna?”

Glaucius: “Senhor, como sabe o portão frontal está selado. Existe uma entrada no topo do monte. Mas, ele está lá dentro senhor, se arrastando por entre os salões baixos; dominando o alto salão. Farejando e esperando. Alguns homens sentiram cobiça e foram até lá... Nunca retornaram. ”

Barão Brian: “Quem está lá?”

Glaucius (com os olhos cheios de medo): “O Dragão que Merlim conjurou da última vez que esteve aqui.”

Barão Brian: “Cormak, retire a armadura e suba com a corda e a amarre lá em cima. Você é o mais ágil de nós.”

Cormak: “Eu, tirar a armadura? Como assim?”

Barão Brian: “Cormak! Tira essa porra dessa cota de malha, pegue o seu machado, a corda e suba essa pedra maldita!”

Então Cormak, meio a contra gosto, começa a tensa escalada. As pedras negras e quebradiças dificultam a subida. Arriscadamente ele chega ao topo e amarra a corda a lançando lá para baixo. O próximo a subir é Breno, agora com a ajuda da corda. Ele começa a escalada e há dois terços do topo sua mão segura uma pedra como apoio, mas ela se solta e Breno despenca lá de cima. A corda freia a velocidade da queda e os braceletes de Brutus parecem proteger os seus braços. Mesmo assim o escudeiro atinge o chão com hematomas no rosto, algumas costelas quebradas e torções. Ele fica inconsciente. Seu irmão Brian o socorre impedindo que sua saúde se agrave. Os homens do bando branco fazem uma vigília enquanto Brian tenta subir mas sofre alguns ferimentos. A situação começa a ficar perigosa para ele e então o Barão decide ficar cuidando de seu irmão Breno. Sagramor, apesar do tamanho, usa a sua força para atingir o cume. 

Sir Sagramor: “Cormak, seu amigo viverá. Vamos acabar com isso logo. Onde é a entrada?”

Cormak: “Ali, naquele buraco.”

 Sir Sagramor: “Então pode ir na frente!”

Cormak: “Droga!”

No topo do rochedo existe pouca vegetação. Um calor emana lá de dentro e os musgos não nascem mais ali. A passagem é um buraco no chão do tamanho da boca de um poço. Quando Cormak desce, ele acende uma tocha e ilumina o chão todo de rocha negra e irregular. O calor que vem lá de dentro é sufocante. O enorme Sir Sagramor, o sarraceno, vem logo atrás acendendo uma segunda tocha. Existe um caminho à direita e outro em frente. Os dois optam por seguir em frente. Um córrego exige que eles atravessem a nado até o outro lado. Mais uma vez eles seguem em frente, até que Cormak escuta um som de algo se retesando e um estralo da trava de um mecanismo.

Sir Sagramor: “Cormak, você armou uma armadilha! Não se mova por nada nesse mundo.”

Sagramor consegue se mover atrás de uma coluna de rocha, que vai do chão ao teto, e iluminar o fio, que se mistura com a escuridão, que vai até o mecanismo. 

Sir Sagramor: “São doze bestas armadas, apontando diretamente para onde viemos. Duas delas estão miradas para você. Eu vou cortar o fio e quando eu der o sinal, você salta no chão o mais rápido que puder.”

Sagramor saca o seu punhal de lâmina curva.

Sir Sagramor: “Agora!”

Cormak salta o mais rápido que pode. Os dois virotes de besta passam próximo ao seu rosto. Ele pode sentir o deslocamento de ar, enquanto escuta o eco dos virotes batendo na parede escura oposta, ao mesmo tempo que Sagramor se esconde atrás da pilastra de pedra. 

Sir Sagramor: "Tudo bem, Irlandês?"

Cormak: "Essa foi por pouco."

Então a dupla segue em frente e vira em uma passagem à direita e começam a descer por uma rampa natural de pedra. O cheiro de excremento, mijo e sons secos de algo grande e arranhando, o que parece ser uma porta oculta pela escuridão, ecoam pelos corredores da caverna. Quando os dois aventureiros acham a passagem bloqueada  Sagramor decide arrombá-la.

Sir Sagramor: “Fique atrás Cormak. Esteja preparado, o que está nos esperando atrás dessa porta já farejou a nossa presença.”

Cormak corre e bate o seu ombro contra a porta. Uma, duas até que na terceira o que a bloqueava se quebra, do lado de dentro, e ela vem abaixo. Do outro lado existe um túnel escuro e por alguns segundos tudo fica em silêncio. Mas então o som de passos, de vários deles tilintando nas moedas de ouro e prata que cobrem o chão, se aproximam rapidamente. Sagremor ilumina a passagem com a tocha. Seus olhos negros parecem querer saltar das órbitas quando ele enxerga algo vindo do túnel. Então ele grita.

Sir Sagramor: “Javalis! Saque o seu machado Cormak, lute ou morreremos aqui mais rápido do que pensa!”

Enquanto dois javalis urram correndo pelo corredor, lado a lado, em uma carga contra o cavaleiro e o escudeiro, as grandes prezas e a baba escorrem dos animais. Atrás deles, restos de osso humanos podem ser vistos na penumbra. O animal salta agressivo abrindo um buraco na barriga de Cormak que cai desmaiado de dor. O outro abre a lateral do rosto de Sagramor que tenta atacá-los com a sua massa com cabeça de urso. Sagremor tenta salvar o garoto a todo custo atacando os dois animais ao mesmo tempo. Ele finca o seu punhal no cérebro de um javali e o outro ele acerta com a massa fazendo metade da cabeça da besta afundar. Num último ataque os dois animais enfurecidos correm em direção ao garoto inconsciente. Sagramor salta chamando a atenção deles. Um de cada lado, as bestas abaixam a cabeça para furá-lo dos dois lados. Sagramor salta e as duas criaturas se acertam. Uma atravessa o pescoço da outra. Sagramor num golpe de misericórdia, gira explodindo as cabeças enganchadas uma na outra, matando os dois animais.

O Cavaleiro sarraceno pega o alforje na cintura do garoto, abra a rolha e cheira. Ele levanta a cabeça de Cormak.

Sir Sagramor: “Beba isso garoto, é a sua água do poço sagrado. A morte não te levou por pouco. Isso vai te tirar a dor e estancar o sangue.”

Cormak: “Obrigado! Você salvou minha vida.”

Sir Sagramor: “Foi corajoso. Não fale! Vou retirar você daqui.”

Então Sagramor carrega o jovem escudeiro cuidadosamente no colo e depois desce Cormak amarrado, até lá embaixo. Enquanto isso Breno já está consciente encostado em uma árvore. Já amanheceu. Agora os homens do Bando Branco tem coragem para entrar na caverna e ajudam os nobres a retirarem quilos de objetos de valor e moedas. Bolsas de couro de foca servem para carregá-los. 

Barão Brian: “Peço para que continuem a proteger o reino homens. Lá fora um novo mundo será construído e vocês serão os responsáveis por isso. Eu juro diante de meus irmãos de que serão recompensados por Arthur.” 

Glaucius: “Seu desejo é uma ordem, Milorde.” 

Logo após o meio do dia eles deixam Sussex. O bojo do grande barco, o Amante das Ondas, está lotado. A viagem de retorno ocorre de maneira tranquila até o terceiro dia quando nuvens negras cobrem o mar e o vento e a chuva atrapalham a navegação. A tempestade se torna tão forte que fica impossível para o Barão Brian, que está no leme,  enxergar a costa. Até que uma grande batida sacode o barco. Pedras rasgam o casco e a água começa a jorrar. 

Barão Brian: “Ajudem a tirar a água! Usem os elmos, temos que aguentar.”

A luta é grande mas os ventos empurram o barco para longe dos recifes. O Amante das Ondas resiste apesar da água que não para de verter para dentro do casco. Eles lutam contra o naufrágio durante toda noite. A chuva dá uma pausa pela manhã e Brian consegue usar os ventos para entrar no estuário do Tâmisa e a maré alta para chegar rapidamente em Londres, enquanto todos à bordo ajudam a estancar a água que entra no bojo do barco.

A Coroação:

Quando eles atracam em Londres, passando por dezenas de barcos, a multidão vem recebê-los no porto. Merlim está com o rosto preocupado. A coruja voa até o ombro do Arquidruida.

Merlim: “Pelo jeito a missão teve sucesso! Estão bastante feridos, rapazes. Espero que melhorem logo. Mas a coroação é hoje! Vão já à estalagem e se preparem pois já está tudo pronto. Agora temos libras para pagar os preparativos da catedral, os saltimbancos e os brasões dos Pendragon espalhados por toda a cidade. Trouxemos vinhos da França e menestréis da Aquitânia. Mercenários chegaram da Caledônia, irlandeses, galeses e franceses para protegerem a cidade. O Rei Leodegrance e o Rei Alain mandaram vir cinco navios cheios de carne e hidromel que dão para alimentar e deixar a cidade bêbada por três dias. Ah, antes que eu me esqueça, os tesouros da Britânia podem ser devolvidos agora mesmo.” 

Breno: “Mas que droga!”

Os recém chegados cavaleiros quase não podem acreditar com o que está diante dos seus olhos; peregrinos, vindos de todos os lados, fazem Londres ser tomada por dois ou três milhões de pessoas. Por muitos quilômetros ao redor da cidade um acampamento se estende para todos os lados do vale do Tâmisa. O mais incrível: nenhum incidente de roubo, briga ou morte é registrado. 

Naquele dia eles saem, a pé, da Taverna do Menestrel Dançarino. Arthur segue em frente com a Excalibur na cintura, vestido com a pele de leão branco do Príncipe Madoc, com a runa da resistência celta em vermelho, pelo sangue dos heróis derramado, pintada em seu rosto, seguido por Cormak Herlews, que manca, devido ao ferimento do ataque do javali, carregando o estandarte do Pendragon, o enchendo de glória. O Barão Brian, com Breno Stanpid, também mancando devido a queda do rochedo, exibindo orgulhosamente o estandarte em desfile dos Herlews, de fundo azul com a cruz-martelo em vermelho. Sir Kay, o irmão de Arthur, Sir Accolon, Sir Sagramor, o Conde Robert e os escudeiros Bedivere e Gawain seguem atrás. Lá fora, todos os aplaudem, enquanto eles caminham em direção a Catedral de São Paulo. Nas ruas de terra, que suja a barra de suas capas, cavaleiros e soldados com vários brasões de pequenos e grandes Lordes, fazem um cordão de isolamento que leva até a igreja. O povo pobre, magro e cansado de anos de provação, acena; muitos choram e tentam tocar no jovem escudeiro Arthur. 

A Igreja com metade da construção caída facilita com que o povo assista tudo dali. Eles conseguem ver, próximos a pedra da espada, o Duque Enrick Stanpid, Sir Ector, pai de Arthur, o Rei Leodegrance de Bedivere, o Rei Alain de Carlion, Sir Brastias, Duque Derfel de Lindsey, Sir Bag, Arina, Duquesa Ellen de Sarum e centenas de brasões de outros Lordes da Britânia. Mas nem sinal dos Reis do Norte, como Apres de Malahaut, Lot e Uriens da Caledônia.

Com todos ao redor e testemunhado por milhares de pessoas, nos tetos da estalagem, ao redor da lateral da Igreja, Arthur colocada a espada na pedra mais uma vez. Pessoas do povo são chamadas para tentar retirá-la sem sucesso. Então, pela terceira vez, no final de outono, Arthur retira Excalibur mais uma vez. Todos aplaudem, enquanto a alegria se espalha. Então Arthur vai até a nave da igreja, semi destruída, escoltado por seus dez cavaleiros escolhidos no último ano. No altar da Catedral de São Paulo, o aguardando, estão Merlim e o Padre Carmelo. O trono de Uther, que estava em Tintagel, foi trazido e a pedra da Excalibur é retirada por Bag, Sagremor, Arina e o Duque Enrick e colocada embaixo dele. 

Merlim: “Sente-se, por favor Arthur! Pelos deuses antigos da Britânia eu lhe proclamo defensor da tradição de Avalon, da verdade e da coragem.” 

Ele entrega para o garoto um colar; o cordão é feito como os fios dourados dos cabelos de três fada de Avalon; o pingente é uma espiral de cristal da ilha de Merlim, cheia de sangue da Senhora da ilha sagrada; a jóia então foi mergulhada no poço sagrado de Glastonbury por dez anos e a base é feita com ardósia extraído do círculo sagrado de Stonehenge. 

Padre Carmelo: “Pelo Deus uno e o Cristo, eu lhe proclamo defensor da cristandade Britânica, da humildade e do amor.” 

Então o Padre coloca no pescoço de Arthur uma cruz, feita de madeira do espinheiro de José de Arimatéia e dentro dela, em um compartimento, estão os ossos dos dedos de São Paulo Apóstolo. O conde Robert é chamado ao altar.

Conde Robert: “Pelo Reino de Logres eu lhe proclamo defensor do nosso povo e do legado daqueles que deram as suas vidas para protegê-lo com força, lealdade e honra. Sabe, Senhor, como a coroa de seu pai foi roubada pelo bando branco, eu poderei lhe entregar o meu colar de Lorde no lugar dela...” 

Barão Brian: “Com licença. Se me permite, Conde. Breno, traga a sacola de couro.”

O garoto se aproxima e entrega ao seu senhor uma sacola. O Barão Brian revela o seu conteúdo. Todos suspiram quando vêem a coroa dos Pendragon. Dourada, com um dragão de asas abertas na frente, com dois olhos de rubi vermelho e o aro, que se prende a cabeça, sendo a cauda do animal enrolada, cheias de escamas e runas há muito esquecidas. Como contou Sir Thomas Malory, no século XV, em seu livro os Cavaleiros da Távola Redonda: “Então, um dos melhores homens do reino, coroa Arthur”. No livro o autor não o identificou. Mas nós sabemos quem ele é: Sir Brian Herlews que ao caminhar em direção ao altar principal, ainda com o mármore com marcas de fogo e com os ladrilhos soltos, lembra dos feitos de seu Pai, Barão Algar Herlews e de Sir Dylan de Tishea. 

Barão Brian: “Como meu pai desejou um dia Majestade, está aqui a coroa do seu pai, o grande Uther Pendragon, para que possa servir e proteger a Britânia.”

Então o Barão Brian, se aproxima de Arthur e coloca a coroa na cabeça do jovem Rei, que visivelmente emocionado a recebe solenemente. Então, o Duque Enrick se levanta e se aproxima do novo Rei, e lhe entrega o escudo azul com as três coroas amarelas empilhadas.

Duque Enrick: “Receba em nome dos Cavaleiros de Logres o escudo de defensor do reino, Majestade.”

Merlim (para Brian baixinho): “Esse escudo é provisório, sabe? Ninguém sabe, mas vamos ter que remediar isso... o verdadeiro é um dos doze tesouros da Britânia. Se sabem contar veriam que temos onze deles. Acho que ainda não mencionei que o que deveria estar aqui é o escudo de Ælle, não é?”

Barão Brian: “O que?”

Merlim: “Mas não se preocupe hoje é dia de festa. Teremos que pegá-lo outro dia. Ah, com licença! Levante-se Rei Arthur Pendragon! Pois hoje nós lhe prestamos reverência, Majestade”

Barão Brian: “Droga!”

Todos se ajoelham, menos os sacerdotes das duas religiões, e ficam em silêncio. Brian ainda transtornado se ajoelha por último.

Arthur Pendragon: “Durante toda minha vida foram colocadas pessoas especiais em meu caminho. Pessoas que jamais esquecerei e as quais aprendi coisas que levarei para o resto da minha vida. Sempre tentei dar o melhor de mim para cada uma delas. Na vida  alguns nos deixam, outros surgem, mas cada uma deixou algo em minha alma. Este era o único tesouro que eu tinha até há algumas luas. Incrível como o destino nos leva à lugares que nunca imaginamos. Sir Ector, meu bom pai adotivo, me ensinou a ser honrado e honesto. Sir Kay, meu irmão mais velho, me ensinou a ser leal. Duque Enrick, nos momentos mais difíceis demonstrou piedade, mesmo quando o inimigo nos destroçava e seus aliados pilhavam e matavam crianças e mulheres saxônicas. O Rei Nanteleode nos abriu os olhos para um novo país: A Britânia. O Barão Algar me mostrou o que é sacrifício. É uma honra me tornar Rei de Logres sobe a proteção de tantos heróis que se transformaram em lendas. Mas é uma pena que tive que perder meu pai para poder ascender ao trono e tantas pessoas terem sofrido com a fome e a morte na guerra. Meu pai foi um Rei Lendário, pelo que sei com todas as virtudes e falhas humanas que um homem poderia ter. Mas manteve esse reino de pé. Seu nome está escrito na história, selado em pedra e aço. Por isso darei minha vida, se for preciso, para que Logres se torne um grande reino novamente. Unidos mais uma vez sobe o estandarte dos Pendragon continuo com o meu maior tesouro, dessa vez multiplicado por milhões. Britânia! Honrarei o chamado de todos vocês pois a luta continua e só descansarei na morte. Lá, terei todo o tempo para permanecer calado diante à injustiça! Até chegar esse dia serei o primeiro a lutar contra ela. Que assim seja!”

Todos ao redor repetem as palavras do novo Rei: “Que assim seja!”

Padre Carmelo: “Vida longa ao Rei Arthur!”, “Vida longa ao rei!”, “Vida longa ao Rei Arthur!”

Duque Enrick: “Senhores! Apresentar armas!”

Em um corredor feito de espadas erguidas, O Rei de Logres, Arthur Pendragon, atravessa a nave da igreja em direção à saída. No final da cerimônia todos os Lordes são aguardados pelos seus escudeiros com os seus cavalos e desfilam pela cidade sobe uma chuva de sementes de maçã e gritos de alegria. 

Banquete:

Como a reconstrução da torre de Londres e da Abadia está no início, o banquete de comemoração é feita a céu aberto, no centro da cidade de Londres. O lugar foi coberto por tecido e as ruas cercadas pela guarda mercenária e por soldados dos Lordes presentes. O estandarte do Rei tremula em hastes por toda a muralha e por todas as ruas. Arthur e os nobres maiores compartilham da mesa principal, com Merlim e Carmelo, enquanto os nobres com menos influência se sentam em mesas abaixo do elevado. 

Os saltimbancos, anões, apresentam uma peça de teatro encenando o roubo do bebê por Merlim, da vida de Arthur como escudeiro do Duque Enrick, que é interpretado por um anão sem cabelos, usando armadura de madeira pintada de preto, que é carregado por cavalos de pau negros. Depois eles interpretam o jovem Rei, retirando a espada de madeira das mãos de um anãozinho, deitado no chão, vestido com uma roupa imitando pedra. Um homem, do tamanho normal, simula um gigante que luta com um anão, interpretando Sir Oswalt. Tudo isso com toques de humor, com direito a Arthur sendo transformado em pássaro, em peixe e sapo por Merlim. O verdadeiro druida, Merlim, se afoga com o hidromel de tanto rir. 

Então a comida é servida, não muita, pois não se pode dar ao luxo de não se ter reservas no verão, caso ocorra um cerco saxão à cidade. Os barris de hidromel e sidra são abertos. Tudo é servido pelos pajens e escudeiros. Cormak, ainda não acostumado com a corte, serve os lordes de qualquer maneira. Arrancando risos dos cavaleiros mais velhos e deixando as mulheres chocadas com a sua falta de educação. Breno realiza o seu serviço com toda a pompa que a circunstância exige, recebendo elogios de cada Lorde que serve.

Anoitece e a música começa. Arthur é o primeiro a iniciar o baile tirando a bela filha do Rei Leodegrance, Guinevere, para dançar. A menina é loira, muito bonita e recatada, em seu vestido verde, com detalhes bordados imitando a cota de armas de sua família; vários leões dourados. Os Cavaleiros presentes ficam fascinados diante de tanta beleza da Princesa de cabelos dourados. Especialmente Brian e Cormak que não conseguem tirar os olhos de cima da moça. Então os outros nobres se juntam a dança. O Barão Brian realiza os movimentos com tanta precisão que tira suspiros das garotas presentes. Já os jovens escudeiros Cormak e Bernard dançam tão mal que no final da primeira música sem perceber, ao invés, de estarem com os pares que iniciaram a dança, acabam dançando um com o outro arrancando aplausos e risadas de todos os convidados. 

Enquanto todos comem, bebem e dançam, o escudeiro Breno Stanpid conhece uma senhora de 40 anos. Ela conversa com o garoto e lhe faz um pedido.

Kyna: “Breno, não é? Eu preciso de um serviço de escudeiro. Venha comigo até a estrebaria.”

Inocentemente o garoto vai até lá e Leide Kyna, a viúva de Sir Renly, transforma o garoto de 12 anos em um homem aquela noite. Cormak, não perde tempo, bebe muito e se põe a flertar com uma garota. Leide Erwana de cabelos negros, com 20 primaveras e pagã. Os dois conversam por algum tempo e saem da festa. As más línguas dizem que desapareceram em um beco escuro e retornaram quando o resto do banquete foi servido. Após algum tempo Cormak faz o mesmo com Leide Seva, uma garota com 18 primaveras e olhos verdes, ostentando jóias caras e uma beleza não muito apreciável. Como da outra vez o escudeiro leva a garota até um beco próximo a festa. Quando retorna Sir Bag o encontra enquanto a Leide se junta as suas aias.

Sir Bag: “Só matando Dragão, corvinho?”

No fundo do salão o Barão Brian conhece Leide Enora, uma linda garota loira, com as roupas e jóias mais caras do banquete. É paixão a primeira vista e aquela noite eles se entregam um ao outro. Brian parece nunca ter sentido tanto amor por uma garota. Quando ele vai pegar um caneco de hidromel, Sir Bag se aproxima dizendo.

Sir Bag: “Está de olho em Leide Enora, Pimenta? Realmente além de linda e rica parece ser uma moça bastante interessante. Mas você sabe o que dizem dela? Todos os prometidos da garota desapareceram e ninguém sabe como. Todo o cuidado é pouco.”

Brian tenta falar com o pai dela: Sir Aengus. Mas o cavaleiro veterano não lhe dá muita conversa. Nessa mesa, onde estão os cavaleiros veteranos, o Rei Leodegrance, Rei Alain, Sir Bag, Sir Brastias e Duque Enrick conversam e contam piadas animados. 

Duque Enrick: "Como se faz para não ter despesas com o seus filhos? Pede pra Merlim ir visitar a sua casa." 

Os velhos explodem de rir enquanto Merlim olha feio de longe. 

Merlim: "Eu ouvi isso, Stanpid!"  

Rei Arthur: "Cormak! É verdade que na Irlanda você aprendeu a tocar harpa celta?"

Cormak: “Sim, Majestade!”

Sir Bag: "Então toca uma pra mim, rapaz!"

Rei Arthur: "Deixa disso Bag, deixe o garoto fazer uma música em sua homenagem.”

Cormak: “Barão Brian e Breno me ajudem com isso!”

Música: Salve Bag: https://vimeo.com/69281905

Nobre Bag, guerreiro glutão
Valente e sagaz e gordão
Risonha baleia, aproveita a baderna
De tanto farrear perdeu a perna

O salão inteiro canta junto enquanto Bag fica sacudindo a cabeça em negação  apontando para os três.

Sir Bag: “Vocês irão ver seus fedelhos!”

No final explode de rir com todo o salão que os aplaudem entusiasmados. 

No meio da madrugada, todos dormem espalhados pelo chão, outros com a cara no prato do banquete. Os cachorros caminham em cima das mesas comendo as sobras e lambendo a cara dos nobres com a cabeça cheia de bebidas. 

Merlim (batendo com o cajado): “Bom dia, Majestade hora de levantar! Cavaleiros acordem! Escudeiros, preparem os cavalos de carga, os de viagem e os de batalha. Cotas, elmos, escudos, armas e estandartes de seus senhores. Estamos indo para Carlion. O Rei Leodegrance vai reunir o Supreme Collegium no reino do Rei Alain de Escavalion. Rei Arthur, é uma grande oportunidade, você pode tornar-se High king nas próximas luas.” 

Cormak Herlews e Breno Stanpid correm arrumar as coisas do Barão Brian. O cavalo é celado as ferraduras verificadas e os arreios postos com cuidado. As armas são afiadas, untadas com óleo e equilibradas. Cormak prepara as proteções de seu Senhor mas acaba esquecendo o elmo fechado, na estrebaria do Menestrel Dançarino. Breno pinta com cuidado o escudo e o estandarte do Barão fazendo com que o Cavaleiro seja visto com muito respeito pelos homens do novo Rei.

Viagem:

O grupo parte de Londres, no meio da tarde, em direção ao Reino de Cameliard no castelo de Carohaise. Grande parte da multidão segue em peregrinação, atrás da grande coluna, formada pelos Lordes que apoiam o novo rei. Pelo caminho as estradas estão lotadas. Aldeões que viviam escondidos embaixo de ruínas e buracos ressurgem. Pelo caminho mais de dois milhões de pessoas se reúnem. Barão Brian e seus escudeiros acompanham o jovem Rei Arthur na vanguarda. Ao redor os cavaleiros veteranos. Os Reis Alain de Escavalion, Merlim e o Rei Leodegrance de Cameliard seguem logo atrás de Arthur. Milhares de estandarte vão colorindo a paisagem. A princesa Gwenever e Arthur cavalgam lado à lado e dão risadas enquanto brincam um com outro. Nenhum saxão é visto nos 10 dias de viajem até o Castelo do Rei Alain. 

Merlim: “Está vendo, Majestade? Que honra! Quem lhe protege é o próprio povo Britânico.”

A força real chega em Escavalion cruzando a ponte do Rio Severn. O castelo, na cidade de Carlion, impressiona muito a todos. Ele é feito inteiro de pedra, como o antigo castelo de Tishea. Parece feito por gigantes e ter custado toda a fortuna do reino. Os olhos de Arthur brilham quando vê a construção.

Arthur: “Precisamos fazer com que todos os nossos castelos sejam assim. Agora temos libras pra isso. Pedras são muito mais resistente ao Bafo de Dragão e difícil de assaltar as muralhas.” 

High King:

Dois dias depois os lordes são reunidos, no salão principal do grande castelo de pedra de Carlion. E dessa vez o grande salão de audiências do rei de Escavalon não tem 16 Lordes para iniciar o Collegium. Os homens com mais glória do Reino se apresentam e somam mais de 300 deles. Todos estão sentados em cadeiras longas, abaixo do estrado, onde está Arthur sentado ao lado do Rei Leodegrance de Bedivere e do Rei Alain de Carlion.

Padre Carmelo: “Barão Brain, soube que os irmãos Reis Boors, da Gália e Rei Ban, de Benoic, foram convidados? O pai dos dois era aliado do Rei Uther na terra dos Francos e deveriam vir como testemunhas de seu povo. Mas não parecem terem se dado o trabalho de atravessarem o canal. Mau sinal!”

Rei Leodegrance: “Declaro mais uma vez instaurado o Supreme Collegium. O Grande Rei Uther, seu pai, infelizmente, nunca conseguiu reuní-lo; por isso nunca se tornou High King da Britânia. Há 15 anos essa ilha não possui um Rei para unir todos os nossos estandartes. ATENÇÃO LORDES DA BRITÂNIA! O DEVER NOS CHAMA! OS VELHOS DEUSES E O CRISTO OS CONVOCAM! Quem se declara a favor de que o Rei de Logres, Arthur Pendragon seja o High King, Imperador e Cesar; líder de todas as tribos britânicas, se levantem!”

Então todos os homens presentes, sem exceção nenhuma, se levantam ao mesmo tempo. Duque Enrick começa a golpear a mesa: “Pendragon!”, “Pendragon!”, “Pendragon!”.... E o coro começa a crescer enquanto lá fora, em total silêncio aguardando o resultado, as vozes chegam e todo o acampamento é tomado pelo couro de vozes. Arthur se levanta com os olhos cheios de emoção e recebe um manto com a cota de armas de seu pai e um estandarte com 7 coroas douradas ao fundo vermelho e a bandeira de fundo negro com um dragão pintado em cor púrpura. 

Cormak está na muralha, já que não existe lugar no grande salão tomado por Lordes e Reis Britânicos. O escudeiro de 12 verões está observando o gigantesco acampamento e as pessoas se abraçando e comemorando enquanto gritam o nome do rei, por entre as ameias. No pátio do castelo, lotado, acontece o mesmo. Mas ele olha no horizonte e enxerga um exército parado ao norte. O pouco que percebe são as cores dos estandartes  e um em especial: O estandarte vermelho com as três conchas amarelas do Conde  Sanam de Bedegraine. O lorde que teve seu irmão e seus sobrinhos mortos pela resistência celta, pelas próprias mãos de Sir Enrick, se aproxima com um grande exército da cidade. Cormak sai correndo pelo passadiço da muralha passando pelos escudeiros e Lordes que se acotovelam ali. Ele adentra o salão forçando a passagem.

Cormak: “Atenção, Senhores!”

Lorde: “Lá vem o escudeiro sem educação do Duque Enrick.”

Cormak: “O exército do Duque Sanam de Bedivere está se aproximando do castelo! São milhares de soldados!”

O Cerco de Carlion: 

Rei Alain: “Guardas! Fechem os portões, rápido!”

Os aldeões, no acampamento, começam a correr dali em pânico, para o sul, achando se tratar de um ataque saxão. Um formigueiro formado por pessoas desesperadas. Todos  os lordes ficam em silêncio no grande salão. Dá para escutar o som de um pedaço de palha cair no chão. Merlim parece em choque. Arthur olha assustado para os seus cavaleiros. As mãos do Rei tremem. 

Rei Arthur: “Rei Alain, quanto temos de comida?”

Rei Alain: “O castelo está tomado por lordes e suas famílias, Majestade. Não resistiremos uma semana”

Rei Arthur: “Essa muralhas tem que aguentar! Fechem a cidade! Preparem-se para o cerco.” 

Arthur abaixa a sua cabeça com um olhar triste.

Carlion, uma semana 

Todos dormem empilhados. As necessidades são feitas em qualquer lugar. Todos os dias flechas se chocam contra as muralhas. O Rei Arthur olha para aquela situação terrível e reúne os nobres no salão do Rei Alain, novamente.

Arthur: “Já chega! Não posso aguentar... Quando lembro de Londres e tudo que vimos e passamos. Não... De novo, não...”

Arthur toca o cabo da Excalibur e começa a andar pelo salão. 

Rei Arthur: “Barão Brian Herlews! Está comigo?”

Barão Brian: “Sempre estarei, Majestade!”

Rei Arthur: “És o novo Marshall, dessa vez não só de Logres mas de toda Britânia. Reúna os 1500 homens dos Lordes que estão nesse castelo. Te autorizo a falar aos homens como a voz do rei, meu amigo. Conde Robert! Quero o Senhor comandando o meu flanco esquerdo, seja o mais agressivo que puder. Sir Kay, meu irmão! O flanco direito de nossas tropas terá a honra de ser comandado por você. Não temos arqueiros mas temos cavalos e disso você entende. Todos se reúnam no pátio o mais rápido possível! Preparem-se para a Batalha! Lealdade, Força e Honra!” 

Lordes: “Lealdade, Força e Honra!”

O Barão Brian vai até cada lorde falando em nome do rei. Explicando que não existe como resistir mais tempo dentro das muralhas. Convencendo cada Senhor a se sacrificar por um bem maior. Três horas depois o castelo vira um formigueiro de homens de armas se preparando para a guerra. 

Batalha de Carlion:

Quando as tropas estão reunidas no pátio, Arthur cavalga de um lado para o outro, ansioso, em frente ao grande portão de carvalho.

Sir Brastias: “Seria uma honra Majestade se eu, Duque Enrick, Sir Dalan e Arina, cavalgássemos ao seu lado, em campo de batalha.”

Arthur: “A honra será minha, Senhores. Homens! Saibam que estamos em desvantagem de 2:1! Isso só significa uma coisa." 

Soldado: “Que estamos mortos?”

Rei Arthur: “É verdade meu bom homem, alguns de nós não estarão conosco no final do dia. Mas, não... Significa que teremos mais glória e homens para matar. Também significa que, naquele campo, estão nos esperando para tomar nossas vidas. Mas lhes peço uma coisa... Todo homem que clame por misericórdia deverá ser poupado.”

Soldado: “Mas são rebeldes senhor!”

Rei Arthur: “Eles ainda não abriram os olhos para o novo tempo. Todos os outros que oferecerem resistência, deverão ser mortos sem piedade. Homens! Abram os portões.”

Os portões vão abrindo lentamente. Dali, misturados a cavalaria, eles podem ver o enorme acampamento, abandonado, ao redor do castelo do Rei Leodegrance. Ao fundo o exército do Duque Sanam se posiciona em uma linha formada por três mil homens, ao sons dos cornos de guerra, anunciando a chegada do exército de Arthur ao campo de batalha. A ponte levadiça desce e o Rei Arthur segue na vanguarda. O exército se posiciona à frente do castelo que fecha seus portões novamente. O som dos portões sendo bloqueados, por dentro, gela o coração de todos. O exército do Duque Sanam, carregando os estandartes dos Reis do Norte, se aproxima e para há 300 metros de distância.

Primeira Hora:

Rei Arthur: “Cavalaria! Fechar elmos! Apresentar lanças! Comigo!”

A Cavalaria começa a trotar lentamente, seguindo o rei, por 100 metros. Arthur vai aumentando a velocidade e a grande linha formada por Cavaleiros estremece o chão. Eles respiram alto, dentro do elmo, enquanto o mundo sacode e treme. Do outro lado  a cavalaria de Bedegraine se aproxima em velocidade, com as lanças à frente e escudos levantados. Ao mesmo tempo eles avistam algo brilhando no céu azul. São milhares de flechas que começam a cair em direção à cavalaria. 

Rei Arthur: “Flechas! Escudos ao alto!” 

O novo Rei vê a sua linha de cavaleiros se espalhar e não manter a unidade quando as flechas caem. O cavalo do Barão Brian fica crivado de flechas e o animal dispara de dor e tropeça, quebrando o pescoço, e lançando o Herlews no chão em meio a cavalaria que passa por todos os lados quase o atropelando. Ao lado dele o cavalo de Cormak leva flechas e para a carga desviando em uma trajetória em arco deixando o flanco direito de seu cavalo vulnerável as lanças inimigas. Breno olha para os lados e não vê mais o seu Senhor e nem seu amigo irlandês. Ele continua a carga em direção ao inimigo.

Ao seu redor centenas de cavaleiros caem das selas crivados de flechas. Outros ficam presos ao estribo, flechados, tendo seus ossos quebrados enquanto o cavalo dispara para fora do campo de batalha. Cavalos caem mortos enquanto seus Cavaleiros são atirados longe. Breno vê o inimigo se aproximando. Tudo treme no caos da batalha quando em uma explosão de sons de madeira, ossos e sangue as duas cavalarias se encontram. A última coisa que o garoto vê é uma mancha passar por ele. Logo depois sente o raspão forte de um impacto de lança. Quando olha para trás, Breno vê que seu inimigo errou o golpe e quebrou a lança ferindo gravemente o rebelde que passava por ele. Um homem cavalga em toda velocidade contra Brian que está a pé. O Barão se joga para trás golpeando com a espada abrindo um corte na perna do inimigo, que grita dentro do seu elmo fechado. O Barão Brian Herlews não consegue mais ver os escudeiros. Cormak se prepara para ser atingido na lateral de sua montaria mas ele espora o seu animal, que salta, fazendo o inimigo passar no vazio.

Nesse momento em meio ao caos de cavalos caídos, cadáveres contorcidos e feridos se arrastando com as tripas no chãos, as infantarias dos dois lados correm ao campo de batalha pisando nos cadáveres e feridos. As forças de misturam. 

Segunda Hora de Combate:

Os Cavaleiros inimigos de Bedegraine continuam ao redor. Eles sacam as suas espadas e gritam: “Pelo Rei Lot! Pelo Rei Lot! Pelo Rei Lot!”

O Barão Brian consegue recuar até a retaguarda e respira por um momento, enquanto observa os milhares de soldados da infantaria se misturarem a cavalaria e a luta se tornar caótica. Um cavalo corre sem seu condutor. O Barão se aproxima dele e o monta esporando o animal, sacando sua espada e se jogando na ação novamente. Cormak luta com a sua espada desviando da lâmina que o ataca na horizontal e inclinando seu corpo para trás. Ele aplica um contra golpe no inimigo enfiando sua espada na barriga de seu adversário. Breno com a sua espada, Quebra Gigantes, pega um cavaleiro inimigo desprevenido e penetra a lâmina debaixo da axila do Cavaleiro do Conde Sanam, que sai pelo lado direito do peito do homem. Quando ele retira a lâmina o sangue jorra enquanto o corpo do homem cai de seu cavalo que corre sem o dono.

O combate continua pesado. Cormak olha para o lado e vê Sagramor girar, desmontado, com a sua grande massa de batalha, explodindo a cabeça de um cavaleiro jovem que cai com o cérebro escorrendo por um dos olhos. O Barão Brian vê no flanco direito Sir Kay, irmão de Arthur, fazer seu cavalo desviar do golpe de uma lança, de um homem desmontado e o golpear. A jugular do rebelde, dilacerada, bombeia o sangue para fora, imediatamente e com muita pressão. Um golpe do outro lado derruba o irmão do Rei Arthur de seu cavalo.

Terceira Hora de Combate:

Breno e Cormak procuram o Barão Brian e o acham na retaguarda. Nesse momento eles escutam o som do corno de guerra enchendo o campo de batalha. Ele vêem o centro da luta. Flechas caem ali, no meio da formação da infantaria, repelindo o seu ataque. Duque Sanam rompe a linha inimiga enfraquecida pelos arqueiros e seus homens e sua guarda pessoal, seguidos por dezenas de cavaleiros, entram em uma carga forte derrubando os primeiros cavalos e empurrando o rei, a sua guarda pessoal e todos os homens que estão ali para serem encurralados na beirada do foço, cheio de água, do castelo do Rei Alain. 

Onde Brian Herlews, Cormak e Breno estão, um bando de lanceiros, usando escudos como proteção, muito ágeis, matam os cavalos ao redor enfiando direto no coração das montarias uma lança longa e quando os cavaleiros caem com o seu cavalo estrebuchando, eles são mortos por machados curtos. Um desses lanceiros tenta acertar o peito do cavalo de Brian. Ele puxa as rédeas desviando o golpe, enquanto ele baixa a espada afundando com o peso do cavalo a espada pela clavícula até a metade do peito do inimigo que se esvai em sangue. Cormak corta o braço de um outro lanceiro que tenta atacar o seu animal. Um machado de arremesso voa em direção à Breno que desvia a arma com o seu escudo.

Quando eles se livram do inimigo vêem o centro do exército desmoronar. O Rei Arthur foi derrubado, de seu cavalo, com o impacto da carga. O Duque Enrick luta enfurecido enquanto ajuda o irmão do rei, Sir Kay se levantar. Ele grita Horsa, enquanto se põe à frente do Rei Arthur, matando um Cavalo com seu martelo de guerra e depois trucidando seu cavaleiro. Arina também luta selvagemente usando seu machado. A guerreira está desmontada. Mas um cavalo morde a norueguesa no rosto arrancando o seu elmo e parte de sua face. Enquanto isso, Sir Brastias é atingido na barriga por uma espada. 

Quarta Hora de Combate:

Arthur e seus homens estão encurralados na beira do foço. O jovem Rei vê seus protetores caírem. O Duque Enrick mata mais dois cavaleiros tentando manter o rapaz atrás dele. Arina cega, sangrando, é decapitada por um dos homens do Duque. Então Arthur, vê a cena chocado, olha para a Excalibur e fala: “Pelos deuses antigos! Excalibur, mostre-me o caminho da vitória!” Nesse momento as nuvens deixam o sol surgir, o reflexo prateado da Excalibur reflete nos rostos, tanto dos homens do Duque Sanam como nos Britânicos. A vontade de lutar e a sensação de que devem batalhar pelo jovem rei enche o coração de todos. Parte dos homens do Duque passam a lutar ao lado do exército de Arthur. 

O Barão Brian se sente inspirado bem como os escudeiros. Então guerreiros enormes, que não tiveram a visão da Excalibur, a elite do exército do Duque, se aproximam desmontados, usando cotas de malha pesadas, elmos fechados, escudos e armados com espadas grandes, capazes de cortar um homem ao meio com um golpe.

Soldado: “Vocês vão morrer! Um Rei sem barba no rosto é o mesmo que seguir um carneiro para o abate!”

Barão Brian: “Venham, carga! Me Sigam! Por Arthur!”

Cormak e Breno: “Por Arthur!”

O Barão consegue enxergar um corredor em meio a batalha e eles realizam uma carga contra homens da infantaria pesada inimiga. Um deles, com quase dois metros de altura, golpeia e acerta o meio do peito de Brian. A cota absorve o corte, mas o choque racha uma costela e causa um hematoma enorme no peito do Barão. Cormak passa próximo a outro inimigo. A lâmina da grande espada bastarda passa raspando pelo seu rosto, mas o irlandês é mais rápido e arranca a cabeça do homem. Breno erra o golpe e o soldado faz um movimento e a lâmina corta o vazio no ar enquanto os garotos e o Barão Brian se afastam.

O inimigo empurra finalmente Arthur e todos os homens que estão ali para dentro do foço. Eles caem e ficam com água na altura do peito. Os cavaleiros inimigos montados saltam atrás deles e os cercam. O Duque Sanam pula de seu cavalo e começa a lutar com o jovem Rei. A luta fica dura enquanto a maioria dos Cavaleiros que tentam proteger o Pendragon vão sendo massacrados. Arthur mata muitos inimigos com a Excalibur, tentando se proteger. Duque Enrick é ferido gravemente no peito e some no foço em meio à um bando de inimigos que entram na água marrom para matar o novo Rei. Sir Brastias é esfaqueado no ombro com uma adaga e capturado. Três cavaleiros inimigos o arrastam para longe dali.

Quinta Hora de Combate:

Sir Bag, em cima da muralha e desesperado por não poder fazer nada, coloca as mãos na cabeça em sinal de desespero. Merlim em cima das ameias assiste incrédulo o que está acontecendo. Então o Arquidruida olha para o Arthur, cercado, prestes a ser morto ou capturado. Ele fecha os seus olhos. Por um instante tem-se a impressão de que palavras sussurradas são trazidas pelo vento. Uma lufada de vento sopra tão forte que o portão do castelo começa a tremer até que é arrancado do batente. Arthur ergue Excalibur para golpear o Duque. Os dois duelam cansados e feridos. O brilho dela atinge o povo que se protege dentro do castelo. Então, eles também se inspiram com a presença da espada sagrada. Eles correm lá de dentro, usando como armas os próprios punhos, pedras, pedaços de madeira do acampamento abandonado, armas caídas em campo de batalha, panelas, facas de cozinha e tudo que possa ser usado para matar. Mil deles enchem o poço tentando salvar o Rei Arthur.

Brian, Cormak e Breno avistam uma nova tropa pela primeira vez em campo de batalha na Britânia: Os besteiros. Eles caminham em linha e disparam matando todos que estão a sua frente. Correm rapidamente para longe. Recarregam e retornam matando mais inimigos. Agora eles vem na direção da unidade do Barão. 

Barão Brian: “Esporem seus cavalos, rápido! Vamos ajudar o Rei! Ponta de lança!”

Os besteiros tentam recarregar as suas armas enquanto os três cavaleiros se aproximam.  Um deles treme tentando puxar a corda e colocar o virote. Um outro dispara e o virote passa por cima da cabeça de Cormak. O terceiro besteiro atira mas o projétil para no escudo de Breno. O que carregava a arma, no último momento antes de ser atropelado, fecha os olhos. Os três besteiros são mortos quase que instantaneamente sobe o peso dos corcéis de guerra.

O Barão Brian vê Sir Accolon e Bedivere lutando. O belo escudeiro tem a sua mão de ferro afundada no chão por um golpe de martelo. Enquanto um cavaleiro desmontado com uma armadura toda fechada, se aproxima para matá-lo. Ele ergue um machado mas uma grande pedra lançada por Bag, lá de cima, acerta o seu elmo derrubando-o. Tempo suficiente para que Sir Ector, o pai de Arthur, mate o homem cortando a sua garganta com a espada de uma mão. No mesmo momento que o Barão Brian e os escudeiros, chegam próximos ao Arthur que duela com o Conde Sanam.

Sexta Hora de Combate:

A pressão que os plebeus começam a fazer faz com que o exército inimigo não consiga chegar perto do rei. Um dos aldeões ergue Sir Enrick que ferido, começava a se afogar  no foço. Aquela cena, à distância, incentiva muitos que fugiram para as colinas próximas e assistiam a Batalha a retornar. Eles descem pegando desprevenidos o flanco inimigo. Milhares, que tinham abandonado o acampamento, se espalham pelo flanco inimigo esquerdo, depois o centro e por último o direito. Então os cornos de guerra sinalizam o recuo e os homens do Duque se põe em formação e começam a recuar sobre uma chuva de pedras, panelas e troncos. 

Ali no foço, com os corpos dos homens do exército de Arthur boiando, cercado pelo seu povo, está o jovem Rei encharcado; cheio de cortes no rosto e braços; com a sua cota de malha destruída. O jovem Rei está de pé, com água no peito, com o Duque Sanam desarmado, o segurando pela gola da cota e ele da mesma maneira com a ponta da Excalibur na garganta do Duque. Arthur treme de ódio.

Arthur: “Olhe meus homens mortos; Vamos! Olhe homem! Sei que é vassalo do Rei Lot e ele o enviou para me matar! Sei que não teve escolha quando o seu Lorde o chamou ao dever. Vamos! Se submeta a mim Duque Sanam de Bedegraine e poderei oferecer a minha misericórdia.”

Duque Sanam: “Jamais! Nunca me submeterei à um escudeiro!”

Arthur: “Você tem razão, Duque.”

Arthur se ajoelha diante do Duque Sanam e lhe entrega a Excalibur.

Merlim fica congelado. A multidão fica em silêncio. O Duque olha para a espada sagrada que vibra em suas mãos. Então ele gira a espada no ar e diz.

Duque Sanam: “Pelos Deuses Antigos e por Cristo. Eu lhe dou o direito de se armar e o poder de defender a justiça.”

Arthur: “Este dever eu solenemente irei obedecer como Cavaleiro e Rei.”

Duque Sanam: “Levante-se Rei Arthur Pendragon.”

Arthur se levanta recebendo a Excalibur e quem se ajoelha agora é o Duque Sanam. Os seus homens que não conseguiram recuar também se ajoelham.

Merlim: “Eu nunca vi isso.”

Duque Sanam: “Eu serei seu humilde cavaleiro, Majestade. Eu juro lealdade pela coragem que correm em suas veias. Pois tão forte ela é! Tão força só poderia vir de Uther Pendragon. Jamais, enquanto eu caminhar sobe esse céu, duvidarei do Senhor  novamente, Majestade!”

Arthur: “Assim será!”

Naquela noite, o povo voltou ao acampamento. O exército do Duque Sanam se uniu ao do Rei Arthur. Os filhos do Rei Lot que combatiam, irmãos de Gawaine, fogem com as notícias para o norte. Todos comemoraram aquela noite, apesar da morte da guerreira Arina e os ferimentos de Sir Enrick. Sir Brastias permanece desaparecido. No grande salão enquanto o hidromel e o banquete de comemoração é servido, Duque Sanam, com os olhos abertos aos novos tempos fala à todos.

Duque Sanam: “O Rei Lot está com um exército enorme na floresta de Bedegraine, próximo ao meu castelo. Ele está disposto a matar até o último homem de Vossa Majestade para ter a coroa de High King da Britânia.”

Rei Arthur: “Ouviram, homens? Ele não vai precisar vir até mim para tentar pegá-la! Nós iremos atrás ele. Barão Brian!”

Barão Brian: “Sim, Majestade?”

Rei Arthur: “Prepare nossos homens. Lordes, reportem-se ao Barão. Mandem um pássaro para Dinton e convoquem Sir Bernard para vir o mais rápido possível. Preciso de todos os homens de confiança ao meu lado. Amanhã partiremos para Bedegraine.”



FIM