segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Aventura 16: A Queda do Herói, Ano 491


Na primavera de 491, em todos os feudos de Logres, os nobres recebem em suas terras a visita dos mensageiros do Rei Uther.

Mensagem do Rei:

“Nobres de Logres! Como todos sabem, há alguns meses tive a hospitalidade oferecida ao Conde Gorlois desprezada e insultada. O que o Conde da Cornualha fez foi o mesmo que cuspir no rosto de seu Rei. Como de costume, o homem que se diz meu vassalo recusou-se a obedecer a minha vontade. Gorlois é um homem covarde e traidor. E como tal deve ser tratado como escória. Vocês estão convocados para se apresentarem dois dias depois do casamento de Sir Enrick Stanpid nas muralhas de Sarum com os seus exércitos pessoais. Marcharemos até a Cornualha e iremos buscar o que me é de direito e fazer justiça. Já que na primeira vez fui generoso demais. Está na hora de fazer o meu trabalho desta vez da forma correta e varrê-lo da Britânia como lixo que é. Essas são as palavras do rei. Que assim seja!”

Tishea, Feudo de Sir Amig:

No castelo de Sir Amig tudo está movimentado. O veterano cavaleiro anda de um lado para o outro ansioso com a cerimônia. Sir Dylan também está ali. As dezenas de empregados e serviçais correm pelos corredores do lugar preparando tudo que precisa ser levado para a viagem. Três carroças, quatro cavalos de carga e uma bonita carruagem com seis cavalos brancos estão sendo carregados com roupas para Marion e Dylan, armaduras de gala, comida, tendas para suprimentos, tendas para os cavalariços, bandeiras com brasões, espadas, martelos e machados para a guarda pessoal, taças e pratos de prata com o brasão do Cavaleiro. E quase uma centena de barris de cerveja e hidromel.

Sir Amig: “Cuidado com os barris seu inúteis! Se deixarem cair essa prataria vou torcer o pescoço de vocês."

Nervosos os servos derrubam alguns pratos de prata.

Sir Amig: “Eu estou falando, são uns burros!”

Sir Dylan: “Calma pai! Pare de gritar com os empregados eles estão fazendo tudo certo! Você que está os deixando nervosos. Tente acalmar o pai Marion. Eu desisto.”

Lady Marion: “Calma Paizinho! Vai dar tudo certo! Deixem os empregados, eles estão apenas fazendo o seu trabalho.”

Sir Amig: “Eu quero que tudo fique perfeito filhinha! É o seu casamento. Da minha princesinha!”

Depois de tudo pronto uma comitiva enorme deixa as terras de Tishea. Sir Amig, Sir Dylan e Lady Marion, escoltados por soldados do seu exército pessoal, as dezenas de pajens, damas de compania, cavalariços e carroças seguem para Sarum.

CASTELO DO CONDE RODERICK

Dois dias depois finalmente é chegado o grande dia. Lady Marion está no quarto da esposa do Conde Roderick, Condessa Ellen, no castelo em Sarum. As damas de compania ajudam Marion a se vestir.

Condessa Ellen: “Então Marion, está pronta para o grande dia? Está nervosa?”

Lady Marion: “Ansiosa, mas muito feliz!”

Condessa Ellen: “Se eu puder ter dar um conselho menina seria: O casamento dá certo quando aprendemos a entender os defeitos e não as virtudes de quem nós gostamos minha filha. Se fizer isso, tudo dará certo! O que pensas de Sir Enrick?”

Lady Marion: “Eu gosto muito dele! Um homem corajoso e humilde.”

Então Sir Amig entra no quarto da Condessa.

Sir Amig: “Oh, minha filha! Que linha! Se sua mãe estivesse aqui ela estaria orgulhosa de você! Tenho uma surpresa princesinha! Essa tiara de prata era de sua mãe, Lady Anne. Você não se lembra mas ela era uma verdadeira Santa, e antes a tiara era da sua vó e antes de sua bisavó. Enfim está na família há mais de uma centena de anos e ninguém sabe como e quando ela surgiu. É sua agora. Sua mãe sempre disse que essa tiara a protegeu e a partir de hoje fará o mesmo com você.”

Lady Marion: “Paizinho, muito obrigado! Mas esse presente só será completo se você a colocar em minha cabeça.”

Quando a tiara, representando a lua crescente, cheia e minguante, o aspecto tríplice da deusa é colocada por Sir Amig na cabeça de Marion, ela sente uma energia boa espalhar-se pelo corpo.

ACAMPAMENTO FORA DA MURALHA DE SARUM

Na tenda armada, no lado de fora da cidade de Sarum, estão Sir Enrick sendo vestido pelos seus cavalariços. Hoje, ele usa uma armadura de aço polida, com o seu brasão folhado a ouro no peito, presente do Príncipe Madoc. As placas são ajustadas e lustradas. Uma capa vermelha é presa nas costas da proteção e o elmo com a crina de cavalo é ajustado em seu rosto. O Barão Algar, Sir Dylan e Sir Bag estão presentes usando as suas melhores armas e armaduras.

Sir Dylan: “Vocês receberam a mensagem do rei?”

Barão Algar: “Recebi e não gostei! Agora teremos que marchar até a Cornualha atrás de uma B..., mulher?”

Sir Dylan: “Pois é Enrick, terás que casar e dois dias depois seguiremos para a Cornualha. O exército de Gorlois nos aguardará para comemorar seu casamento por lá!”

Sir Enrick: “Que droga!”

Sir Bag: “Rapaz! O pior que não poderei mais colocar uma gota de bebida na boca! Alguém me mate por favor!”

Depois de tudo pronto os cavalos são trazidos pelos cavalariços, cada um com o seu brasão.

Sir Bag: “Vamos! É hora de levar o homem para a forca!”

O grupo monta os cavalos e seguem para o portão oeste da cidade, o portão do Tolo. A ponte levadiça está abaixada. As bandeiras de Sir Enrick tremulam no alto das torres ao lado da do Conde Roderick. Os guardas estão com as suas roupas coloridas usadas em dias especiais. Os Cavaleiros entram na rua principal de paralelepípedos. Sarum está em festa. Bandeirolas em barbantes cruzam as ruas da cidade medieval. Centenas de guardas fazem cordões segurando as milhares de pessoas nas calçadas. Os plebeus prestam reverência e depois aplaudem a passagem do cortejo desejando ao herói de Logres felicidades. Sir Enrick parece muito feliz e lidera o grupo com Hefesto. Algar vai se exibindo com o peito estufado, vestido com a sua pele de urso e machado dourado na cintura. Todos os Cavaleiros da Cruz do Martelo tem um sorriso no rosto.

A esquerda está o mercado da águia. O grande castelo ergue-se imponente no centro da cidade. Eles seguem para a direita, passam pela abadia branca. Depois pelo quarterão dos visitantes e por último pela abadia de Josephe onde os monges os abençoam. A bonita catedral está lotada. A maioria dos lordes de Salisbury estão presentes. Os cavalos param na frente da catedral. O povo ao redor da igreja os aplaude. A mãe de Sir Enrick, o aguarda no alto na escada de pedra na entrada da igreja.

Sir Bag, Sir Dylan e o Barão Algar o seguem. Quando entram na igreja todos se ajoelham, menos os Lordes, padres e Cavaleiros presentes. Lá na frente está o Padre Carmelo. Ele sorri satisfeito.

Ao seu lado o Bispo Roger, com cara de poucos amigos. Gondrik Stanpid, pai de Sir Enrick, está ao lado do altar. A Baronesa Adwen está sentada com a Condessa Ellen. Os irmãos pequenos de Enrick correm pela igreja e os mais velhos olham com curiosidade. Sir Dalan e Sir Jakin estão num dos bancos da frente. O Príncipe Madoc representando seu Pai está em um trono elevado atrás do altar. Eles atravessam a nave da igreja no corredor com velas acesas iluminando o interior com os vitrais coloridos refletidos na parede. Enrick está emocionado, lembrando como a vida da voltas e de como ele era uma pessoa pobre. Agora tinha se tornado um nobre e um dos heróis mais conhecidos do reino. Melhor ainda, tinha achado um grande amor.

Lady Marion está no grande salão do castelo do Conde Roderick junto com o seu pai.

Sir Amig: “Bem filha! É chegada a hora! Vamos?” (dá o braço para a filha)

Pai e filha saem do grande salão no pátio do castelo e uma carruagem aberta, com seis corcéis brancos os aguardam. Sir Amig, usando uma armadura cor de chumbo com fios de ouro adornando, também sobe. Então a carruagem passa pelo grande portão em arco e chega na ponte levadiça, escoltada por dez cavaleiros do Conde. Lá embaixo se vê a cidade de Sarum. Milhares de pessoas os aplaudem. A medida que a carruagem vai descendo e chega nas ruas os plebeus jogam pétalas de flores e grãos de aveia. Há festa por toda a cidade. No mercado da Águia, Sir Amig mandou servir à todos os moradores de Sarum carne assada e litros de bebidas.

Sir Amig: “Estou muito feliz minha filha! Veja como o nosso povo gosta de você!”

Quando eles chegam à dois quilômetros da Catedral de Santa Maria a carruagem para e Marion e seu pai, Sir Amig, descem e continuam a pé. O povo contido por um cordão formado por guardas do Conde e de Sir Amig os chamam. E começam a dar flores, ervas e rosas das mais variadas cores para Marion. Cada uma representando pureza, prosperidade, alegria e saúde.

E, assim, quando chegam na porta da Catedral, aos pés da escadaria, Lady Marion tem um bonito bouquet de flores multi coloridos. Ela e seu pai sobem e aguardam na entrada da Catedral que está com a porta fechada. Lá fora o povo os saúdam alegres. Sir Amig e Marion acenam para eles. Dois monges os recebem.

Monge: “Está pronta?”

Lady Marion nervosa só concorda com um sinal positivo de cabeça.

Monge: “Então respire fundo e pode entrar.”

Lá dentro da Igreja Sir Enrick escuta o barulho do povo lá fora.

Sir Dylan: “Acho que Marion chegou!”

Então a porta se abre e Sir Amig entra sozinho.

Sir Amig: “Nobres de Sarum! Eu Sir Amig de Tishea, tenho a honra de apresentar minha filha: Lady Marion de Tishea.”

Então Marion surge na porta da Igreja. Ela está tão bonita que todos suspiram quando a vêem. Todos ficam de pé. Os casal se olha. Enrick em sua armadura reluzente. Um verdadeiro herói de Logres. E Marion bonita como a primavera. Sir Amig e Marion, caminham. O veterano Cavaleiro todo imponente e orgulhoso, até que os três se encontram na frente, próximo ao altar.

Sir Amig: “Sir Enrick Stanpid! Esta é minha filha! Lhe cedo Cavaleiro, meu maior tesouro, o qual cuidará com zelo e amor!”

Sir Enrick: “Eu aceito de todo coração!”

Sir Amig falando baixinho: “E se não zelar já sabe Flecha Ligeira!”

Então Enrick e Marion de braços dados sobe a pequena escada e se aproximam do altar onde está Padre Carmelo. Sir Amig fica ao lado do padre com Dylan. Do outro lado Dona Cerys e Gondrik Stanpid. Algar está sentado com os sua família na primeira filha junto com os Cavaleiros da Cruz do Martelo, Sir Elad, Conde Roderick e suas famílias.

Padre Carmelo: “Nobres de Logres. Estamos aqui reunidos hoje para unir um casal no sagrado matrimônio. Diante do Deus novo e dos Deuses antigos. (Bispo Roger olha indignado). Os senhores bem sabem que vivemos em uma época difícil. Onde temos que defender nossas crenças. Nossas famílias e terras. E nada como dois heróis se unirem para poderem formar uma família. Stanpid e Tishea, esses dois nomes tão importantes em nossa boa terra, que já deram para o reino e por nosso povo mais do que demos de volta à eles. Nestes tempos de invasões e conflitos só nos resta o amor para nos dar força e continuar enfrentando os tempos difíceis que vivemos. Sir Enrick Stanpid, você ingressa agora na família dos Tishea e eles na sua. Promete prestar assistência militar a Sir Amig de Tishea quando solicitado?”

Sir Enrick: “Sim, Prometo!”

Padre Carmelo: “Sir Amig de Tishea, promete prestar ajuda militar a Sir Enrick Stanpid?”

Sir Amig: “Sim!”

Padre Carmelo: “Sir Amig está pagando um dote de cem libras pelo casamento. E cede a posse de um de seus feudos aos Noivos.”

Então Padre Carmelo pega uma corda branca entrelaçada por uma vermelha e amarra a mão dos noivos.

Padre Carmelo: “Lady Marion de Tishea promete respeitar seu futuro marido Sir Enrick Stanpid e lhe amar até o final de suas vidas?”

Lady Marion: “Sim!”

Padre Carmelo: “Sir Enrick Stanpid amará a sua futura esposa e honrará os seus compromissos provendo sustento e proteção?

Sir Enrick: “Honrarei!”

Padre Carmelo: “Sobe a autoridade de Deus e de Vossa Majestade, Rei Uther hoje representada por nosso príncipe tão estimado Madoc, lhes declaro marido e mulher. Pode beijá-la Sir Enrick!”

Todos os presentes aplaudem. Sir Bag chora como uma criança e sua mãe lhe dá um lenço para enxugar as lágrimas. A mãe de Sir Enrick também chora emocionada. Então todos os Cavaleiros presentes fazem um corredor de espadas e os noivos passam sobe aplausos e votos de felicidade. Quando chegam lá fora o povo os saúdam com alegria enquanto os sinos da Catedral de Santa Maria tocam. Druidas do lado de fora os benzem, enquanto o povo joga uma chuva de grãos de trigo e aveia.

BANQUETE

Na carruagem, escoltada pelos Cavaleiros da Cruz do Martelo, os noivos desfilam pelas ruas, até que sobem o caminho que leva até o portão do Castelo do Conde Roderick. E entram no grande salão de banquetes.

O lugar está todo decorado com os brasões das duas famílias O Brasão de Sir Amig, com fundo preto e três carneiros amarelos com chifres enrolados. O de Sir Enrick, vermelho e verde com um cavalo empinado e uma flecha no centro cruzado por dois martelos de guerra. Várias mesas longas estão postas cheias de cálices e pratos de prata. Os recém casados sentam em um trono esperando os seus convidados. Ao redor estão, os pais de Enrick, Gondrik Stanpid e Dona Cerys, Sir Amig e Sir Dylan. Os irmãos de Sir Enrick correm pelo salão. Os mais velhos estão sentados conversando. O Barão Algar, a Baronesa Adwen com o seu bebê Brian no colo, chegam para lhes cumprimentar.

Barão Algar: “Seu plebeu nojento! Me dá um abraço rapaz! Minha Lady, parabéns! És uma santa. Terá que aguentar o Flechinha! Receba está meia lua de prata que tem uma cruz gravada atrás unindo nossas crenças, para usar ao redor do pescoço. E você Enrick faça bom uso desse martelo com runas do norte. Thor lhe protegerá se você esmagar algumas cabeças! Sejam felizes!”

Sir Dalan: “Parabéns ao casal! Que tenham muitos filhos! Grandes guerreiros como os pais e você Enrick que tenha uma só mulher amigo, porque as três que eu tenho me dão muito trabalho.”

Sir Jakin: “É muito bom ter vocês lutando ombro a ombro ao nosso lado e agora formando uma família. É um dia de alegria.”

Conde Roderick: “Lady Marion, filha de um dos melhores cavaleiros que conheci. Sir Enrick, homem que provou ser valoroso por seus próprios méritos e não por títulos herdados. Meus Parabéns!”

Sir Elad: “Rapaz! Como disse esses dias na saída da Catedral no funeral de Alein, deus o tenha, você é um Cavaleiro importante no reino. Lady Marion, todos sabem da sua coragem ao enfrentar dois Cavaleiros da Elite de Odirsen II. És uma heroína. E cá entre nós, quem disse que mulheres não sabem comandar. Digam isso aqueles arqueiros inimigos que correram pelo campo em pânico em Figsbury. Enfim, meus Parabéns.”

Sir Bag: “Menina de ouro! Por causa de você e da deusa, não ponho uma gota de bebida na boca faz um ano. Minha mãe está feliz! Eu não! Mas valeu a pena! Você e o Guri juntos serão muito felizes. Um dia acharei minha donzela se a Deusa assim permitir!”

Lady Carmine: “Parabéns meninos! Filho, você não precisa de nenhuma mulher se intrometendo em nossa vida. As Ladies de hoje mostram a canela para qualquer um. Enquanto você puder viver em nosso feudo e eu puder te alimentar direito, te colocar para dormir na hora certa eu vou estar ali sempre ao seu lado!”

Ele só concorda com a cabeça e respira fundo

Príncipe Madoc: “Meus parabéns amigos! Meu pai mandou felicitações. Infelizmente não pode vir porque está organizando a campanha, visitando aliados e convocando seus vassalos.”

Então o banquete é servido, vários pratos passam pelas mesas. Animais enormes inteiros são trazidos em estacas carregados por dois pagens. Aves todas decoradas com penas e peixes, trazidos das terras do norte, acompanhados de legumes. Frutas e Hidromel à vontade para todos, enquanto os cômicos da corte do Conde Roderick entretêm os nobres engolindo espadas, fazendo truques de mágica e palhaçadas.

Gondrik “Filho! Eu não te contei. Quase o Aras faliu ano passado. Mas nosso bom rei me enviou oitocentas libras. Só pediu para você enviar os Cavalos para ele. Por enquanto consigo me virar meu filho, mas depois do inverno vai ser difícil, viu? Preciso cruzar os animais e dar-lhes de comer até os potrinhos tornarem-se Cavalos adultos. Já tive que mandar quase todos os capatazes embora. ”

Sir Enrick: "Pode deixar Pai, fique tranquilo. As coisas vão melhorar, eu te prometo!"

Oswalt: “Irmão preciso te falar! Você não quis que eu fosse seu escudeiro quando esteve em Epona! Eu te imploro. Por favor! Eu quero essa vida! Ser um guerreiro!”

Gondrik “Você decide meu filho! A decisão é sua!”

Sir Enrick: “Depois conversamos irmão!”

Oswalt sai emburrado misturando-se aos convidados.

Sir Amig já meio bêbado: “Um brinde aos noivos! Sir Enrick, cuide dessa menina como uma jóia! Que seus filhos sejam grandes guerreiros. Que matem mais saxões que todos nós. Que tenham glória, ouro e vida longa! Que sejam leais, fortes e honrados! Saúde!”

Sir Dalan: “Eu sou mulherengo mas o Rei, hein? Puxa, o reino por uma, como disse Algar, vocês sabem o que. O que faremos a respeito? ”

Barão Algar: “Eu não sei o que faremos. Mas colocarmos todos esses homens em risco de vida. Não parece certo.”

Sir Enrick: “O Rei está exagerando! Ficou louco, está perdendo o bom senso.”

Sir Amig: “Escutem aqui! Nada de falar mal do Rei. Isso é alta traição. E além do mais os Cavaleiros veteranos estão todos do lado dele. Relaxem gurizada vou lhes contar uma piada que Roderick me ensinou hoje, antes do casamento: O Franco foi até o Druida e disse. Ó, nobre druida, eu acho que sou homossexual. O druida respondeu: Quem? Você Franco? De jeito nenhum. Veja só: o sanguinário Rei Octa é homossexual, o inesquecível Nero era homossexual, o traidor Espantalho era homossexual. Mas você Franco? Você não é de jeito nenhum. Você não passa de um viadinho de merda. Oh, oh, oh, muito boa essa!”

Sir Dylan: “Pô pai, que porcaria de piada! Irmã Regula o Hidromel do velho.”

Conde Roderick: “Eu sei que a hora é de alegria senhores mas quero aproveitar que todos estejam reunidos. Estejam preparados, daqui à dois dias temos trabalho a fazer, partiremos para o oeste. Se despeçam das suas famílias e deixem seus testamentos prontos. Iremos combater, é pra isso que o rei nos ordenou cavaleiros. Senhores!”

Barão Algar: “Primo Dalan! Se acontecer algo comigo cuide de Brian!”

Sir Dalan: “É claro Algar! Quem cria nove, cria dez!”

Príncipe Madoc: “Flecha Ligeiria e Lady Marion, como sabe o meu pai decidiu dar um presente à vocês. Ele soube que seu pai está em dificuldade e como você tem lutado em seu nome e por Logres enviou oitocentas libras como presente de casamento. A única coisa que ele pede é que sempre, ele foi bastante enfático, estejam do seu lado aconteça o que acontecer.”

Condessa Ellen: “Atenção Lordes de Logres! Está na hora da dança! Venham!”

Dança

Então irá ter início a dança. Todos os nobres dirigem-se ao centro do salão. São vinte e cinco lordes e vinte e cinco ladies. Cada um com o seu par. Se forma uma fila de frente para outra. E homens e mulheres se alternam em cada uma delas. A música tem início.

Primeiro movimento:

Os homens se curvam e as mulheres com os vestidos os cumprimentam. Três passos para frente, dois passos para trás, com as mãos dadas e levantadas. Viram um para o outro e batem duas palmas.

Segundo movimento:

Se anda três passos, volta-se dois e no último girasse-se a Lady e se troca de par em X com o da frente. A mulher vai para dentro do círculo e o homem fica no lado de fora alternadamente. Depois viram de frente para o outro e batem duas palmas. E por último trocam os pares neste movimento até que se chegue no primeiro.

Terceiro movimento:

Se anda três passos, volta-se dois e agora cada homem pega a mão da sua Lady e realiza um circulo com a sua dama com os braços esticados. E então todos vão trocando sua Lady em diagonal e realizando o mesmo movimento de círculo com as outras até que se chegue em seu par novamente.

Algar tropeça se confunde. Sir Amig se afoga com a cerveja de tanto rir. Alguns nobres esnobes o olham com desdém. A Baronesa conhecedora bem do marido ri e sai da dança com ele.

Quarto movimento:

Agora todos trazem a sua Lady para o seu lado direito e com os braço erguidos todos dão as mãos e giram para a direita quatro passos e três para a esquerda sempre tornando o círculo menor. Depois vão abrindo e a roda fica do tamanho que iniciou.

Quinto movimento:

Agora todos os movimentos são repetidos. Três passos para frente e dois para trás e duas palmas. Gira-se e troca-se a Lady em X, se viram e batem palmas, os homens realizam o circulo com as mulheres e vão trocando o par. Viram-se para o centro rodam para frente e para trás fecham e abrem o círculo até que o círculo se separa em duas filas uma para frente igual ao início, com homens e mulheres alternadamente. Se cumprimentam e encerram.

Todos os presentes aplaudem Sir Enrick e Lady Marion. Eles dançam se movendo graciosos e seguros. Todos ficam encantados com a leveza da dança de Marion.

Sir Amig: “Algar, faltou levar uma facada no final pra ficar mais emocionante! Pô você esqueceu Genro? Tínhamos combinado de tentar matar o Algar de novo.”

A noite passa com muita bebida e alegria e ao amanhecer quando todos estão muito bêbados, cada convidado arruma um lugar para se encostar no grande salão e dormir. Os pajens trazem peles de animais e todos deitam e adormecem. Sir Enrick e Lady Marion se retiram para um dos aposentos do castelo cedidos gentilmente pelo Conde Roderick e passam a sua noite de nupcias juntos.

TOTAL DE PRESENTES RECEBIDOS PELOS NOIVOS: 250 libras. Quilos de móveis, louças, peles de animais, cálices de ouro, pratos de prata, adagas, garfos e facas, símbolos religiosos pagãos e cristãos, tapeçarias, anéis, braceletes, colares, roupas. Corujas e falcões de caça, cachorros, Cavalos de carga, carroças.

No dia seguinte Sir Enrick e Lady Marion partem com seus cavalos e com a sua guarda pessoal, com dez carroças levando os presentes para Dinton.

Dois dias depois todos se reúnem em um grande acampamento nas muralhas de Sarum. Centenas de cavalos e homens de armaduras andam de um lado para o outro. Muitos os cumprimentam. Cavalariços, pagens, escudeiros trabalham cuidando dos animais, preparando as armas, polindo as armaduras e se certificando que ela não tem nenhuma falha de proteção na junção das articulações. Vendedores caminham por ali tentando vender tecido, comida, peças trabalhadas em metal. Mulheres vão de tenda em tenda oferecendo prazeres. Várias fogueiras estão acessas com panelas enormes com ensopados e assados sendo preparados em grande quantidade. A cidade está bastante agitada. Somente Cavaleiros tem acesso ao interior de Sarum para evitar confusões que os soldados tendem a causar bebendo e fazendo arruaças.

No interior da muralhas de Sarum o mercado da Águia está cheio. Cavaleiros andam de um lado ao outro comprando provisões e presentes para seus filhos e mulheres. As barraquinhas formam corredores com um mar de gente caminhando entre elas. Os mercadores tentam de qualquer modo atrair os visitantes para comprarem seus produtos. Próximo a grande escultura em pedra da águia no centro da feira os heróis se encontram.

Sir Briant se aproxima com outro cavaleiro da mesma idade deles: “Jovens heróis como vão? Olá sobrinho! Parece que finalmente conseguimos acabar com aqueles líderes saxões desgraçados. Dizem que a coisa foi dura lá em Lindsey?”

Barão Algar: “Foi! O desgraçado do Espantalho apareceu e quase matou Madoc e o Rei. Foi uma batalha cruel!”

Sir Briant: “Mas quando está tudo bem, sempre um imbecil mete os pés pelas mãos. Gorlois passou dos limites desta vez. Pode acreditar nisso, insultar um rei vitorioso como Uther, é um absurdo. A arrogância do Duque será o seu fim. Ah, desculpem-me. Deixem-me apresentar este Cavaleiro. Filho de um amigo meu. Este é Sir Léo de Silchester. Queria conhecê-los!”

Sir Léo se aproxima e os cumprimenta. Sempre com seus cabelos aparados ao estilo romano. Bem vestido, limpo e educadíssimo. Tem um simpático sorriso no rosto.

Sir Léo: “É uma honra conhecê-los senhores! Cheguei hoje e o Conde Roderick já enviou uma parte de meus homens para o leste em seus castelos. Mais Saxons desembarcaram. O que esses homens querem? Já sentiram o peso de nossas espadas e sentirão novamente se precisar.”

Sir Bag com seu vozeirão e seus quase dois metros de altura, distribuídos em cento e trinta quilos de gordura e músculos, Sir Bag se aproxima lambendo os dedos depois de ter comido algo bem gordurento.

Sir Bag: “Salve Amigos! Adoro essa agitação na primavera. No inverno quase morro de comer e dormir. Adoro essa época. Dá pra ver os tornozelos das mulheres , as bebidas de graça na corte, matar os inimigos do rei sem piedade. Não tem coisa melhor na vida! E aí menina de ouro! Pronta pra vencer mais uma batalha pros molengas aqui?”

Lady Marion: “Pode deixar comigo! Se depender de mim já derrotamos Gorlois e a namoradinha do rei!”

Barraca de Armas de Caça:

Existem um suporte de madeira onde estão apoiadas as várias armas. Ao lado um Javali grande empalhado para testá-las. Um homem gordo, loiro de bigode e cabelo por cortar vestido de caçador tenta atrair seus fregueses.

Gunter: “Aproximem-se Cavaleiros! Os heróis que partirão para a Cornualha terão desconto. Armas para caça. Melhorem suas habilidades com elas. Não passem vergonha na frente de seus amigos. Venham todos!”

Barão Algar: “Este brinquedinho! Esta boleadeira, quero uma, vai ficar bonita em cima do berço do Brian!”

Barraca de Roupas e Joias:

Nesta barraca uma bonita moça de cabelos castanhos lisos. Com um vestido longo, azul claro, tem várias roupas e jóias expostas.

Catherine: “Senhores! Roupas para nobres, crianças e mulheres. Cavaleiros, comprem presentes para as suas donzelas antes de partirem para a guerra. Personalizem do jeito que quiserem as suas jóias. Milaidie estaria interessada?”

Lady Marion: “Sim, eu quero uma roupa destas! E estes braceletes de ouro com o símbolo celta, com essa espiral tripla.”

Sir Enrick: “Comprei pra você essa flecha de prata com a ponta de diamante meu amor!”

Lady Marion: “Obrigado Enrick!”

Barão Algar: “Eu quero esse gato de ouro com os olhos de rubi! Jóias nunca são demais! Ainda mais sendo um herói de Logres. Sou um herói não sou Enrick? Conte pra ela!”

Sir Enrick: “É sim... Pode ficar tranquilo seu ogro!”

Lady Marion: “Realmente Algar, você tem um gosto peculiar!”

Barão Algar: “Obrigado! Eu sei!”

Barraca de Tapeçarias e artigos de luxo:

Um velhinho cuida dessa barraca. Ele é magro e usa uma lente em um olho tentando enxergar as peças de ouro e prata que ele recebe dos compradores.

Gondolin: “Venham meus amigos! Jovens e Veteranos cavaleiros. Registrem as suas conquistas com tapeçarias encomendadas para adornar os seus castelos. Líquidos perfumados das terras dos francos, não passe frio no inverno e os use. Ele substitui perfeitamente o banho. Impressione os seus amigos com pratos e cálices de ouro e pedras preciosas. Espinhos da coroa de cristo. O dedo de Santo Antônio. E um pedaço de pão da santa ceia. Venham! Venham todos!”

Barão Algar: “Quero esse líquido que não precisa tomar banho! Que magia boa esses francos inventaram! Me vê dois de uma vez!”

Barraca de Tendas e Carroças:

Existem pavilhões e tendas para torneios e campanhas asteados. Carroças abertas e fechadas. Duas cortesãs estão ao lado demonstrando cada uma e um homem gordo e alto. Com os cabelos curtos e um sorriso falso fala.

Rordak: “Cavaleiros e Lordes! Na Cornualha chove muito essa época do ano! Não fiquem passando aperto nas cabanas pequenas e apertadas que os exércitos costumam usar. Tendas e Pavilhões de couro curtido. Um luxo trazido das terras frias do norte. Espaçosas e Confortáveis. Vocês se sentirão na corte em plena campanha. Seus amigos irão adorar! Aproximem-se! E para levar tudo isso e se quiser até a sua família. Uma carroça com cobertura e quatro rodas construídas por Sir Land Rover!”

Barão Algar: “Bela carroça! E eu quero este Pavilhão grande exótico, pinte um lobo atacando saxões. Um monte de sangue. Quero uma cor bem chamativa. Nada de miséria. Afinal eu sou um herói não sou?”

Rordak: “Claro meu senhor! Nosso maior herói!”

Barão Algar: “Isso mesmo! Nosso maior herói!”

Barraca de Comida:

Nesta área da feira o cheiro de comida abre o apetite. Barris de vinho, cerveja, hidromel existem aos montes. Espetinhos de gado e carneiro. E o popular estômago de ovelha recheado com feijões. Enguias fritas e assadas, galetos de codorna e kite são vendidos em grande quantidade em várias barraquinhas.

Vendedor: “Grandes homens precisam de grandes refeições! Pode ser a última comida quente que comerão nos próximos meses senhores!”

Sir Bag vai correndo lá.

Sir Bag: “Faz um preço na barraquinha tio!”

Vendedor: “Uma libra senhor!”

Sir Bag: “Fechado! Venham comer e beber cavaleiros! Pode embora, tire o resto do dia de folga senhor. Sirvam-se à vontade amigos! Mas, esperem um pouco!”

Ele grita para os heróis, com dois espetinhos em cada mão e com a boca cheia de gordura. Ele sai por um momento e volta com vários pães.

Sir Bag: “Não como nada sem pão. Comprei naquela barraca que vendia coisas exóticas. O homem disse que era de Jesus. Agora é meu! Oh, Oh, Oh, Oh!”

Uma hora passada Sir Elad, sobe no palco de pedra em formato de hexágono, com a estátua de águia com as asas abertas no centro do mercado, e seu arauto sopra um chifre de ouro.

Sir Elad: “Atenção Cavaleiros do Rei! O Conde nos chama no castelo.”

Todos os Cavaleiros, ao mesmo momento, se dirigem para lá. A sala de audiência está cheia. Todos aguardam pelo Conde. Ele entra e cumprimenta somente com um sinal positivo de cabeça. Parece sério.

Conde Roderick: “Deslealdade e desonra não são bem vindas nesse reino. É a obrigação de cada nobre servir com distinção e assegurar o noblesse oblige. Ou não teríamos reino ou rei. Apenas o caos. Todos que desobedecerem esta regra serão considerados traidores. E é por isso que Gorlois se tornou um. É bom que tenham isso em suas cabeças. Principalmente quem gosta de agir por conta própria. Ouviram bem?”

Alguns nobres concordam, outros não esboçam reação nenhuma.

Conde Roderick: “Preparem-se para partir pela manhã. O exército do rei já está há um dia de cavalgada de Sarum. Senhores, vamos a guerra e matar aquela Raposa Velha do Gorlois!”

E se retira do salão.

Lá fora, no pátio, eles vêem uma forca sendo montada na área próxima ao portão de entrada de Sarum. Ao lado do acampamento.

Sir Jakin: “Não estou gostando disso!”

À noite os homens conversam, jogam e bebem para passar o tempo. Infantes comandados por arqueiros fazem a segurança ao redor do acampamento. A cidade fecha seus portões até a manhã seguinte.

De manhã os Cavaleiros da Cruz do Martelo são acordados no castelo por Sir Amig.

Sir Amig: “Mexam esses traseiros branquelos! O Rei chegou!”

E lá do alto da construção, pelo portão gradeado da colina do castelo, eles podem ver um exército enorme com milhares de soldados e cavaleiros se aproximando. Uma nuvem de poeira acompanha a comitiva e na frente com sua guarda pessoal, em toda sua majestade, cavalga Uther em seu cavalo negro. Do lado direito vem o Príncipe Madoc e o Druida Merlim viaja ao lado esquerdo do rei. Sir Brastias comanda a escolta pessoal do Rei.

Tudo fica em silêncio para a passagem. O Rei Uther Pendragon adentra com seu secto os portões, deixando o seu exército e dirige-se aos salões do Conde. Todos os cavaleiros o seguem montados. Ele entra no salão e depois todos vão chegando. Com toda sua presença forte, austero e forte ele caminha de um lado ao outro enquanto os cavaleiros vão chegando. Sua armadura reluzente forjada em ferro e ouro parece brilhar com a sua força, bem com os anéis de esmeraldas e rubi em suas mãos. Com Excalibur na cintura e a coroa antiga toda cravejada de metais nobres e runas, com um dragão com olhos de rubis vermelhos cravejados, o homem é uma figura imponente. A tatuagem de dragão nos braços fortes pulsa. Ele olha quando todos estão presentes. O Conde Roderick e Merlim estão ao seu lado. Sir Elad se junta aos heróis. Príncipe Madoc, os cumprimenta discretamente e se coloca ao lado do pai. Todos parecem homens pequenos diante da imponência de Uther. Então ele fala. Em um tom agressivo, cheio de raiva e rancor.

Rei Uther: “Eu fui insultado profundamente e se nenhuma razão! O Duque da Cornualha quebrou sua palavra e violou a lei da hospitalidade. Sua saída repentina da minha corte no último inverno prova que ele é culpado. Pior ainda, seu seguidores mataram meus servos na fuga e ainda levaram parte do tesouro que havia no castelo. Gorlois é um abutre traidor.”

Em movimentos bruscos o rei se retira pela porta atrás do trono, batendo-a com força. Merlim abre novamente a porta e o segue.

Sir Enrick: “Isso eu não sabia!”

Barão Algar: “Aí a coisa muda de figura...”

Lady Marion: “Isso é o que o Rei diz. Mas, será verdade?”

Conde Roderick: “Estão dispensados e fiquem prontos para partir depois do almoço.”

Príncipe Madoc com o rosto preocupado se aproxima e abraça cada um.

Madoc: “Amigos! Muito bom ver vocês!”

Sir Enrick: “Deixe de formalidades Madoc. Dá um abraço rapaz!”

O Príncipe retribui animadamente.

Madoc: “O meu pai tem estado assim desde o acontecido. Não fala com ninguém. Preciso confidenciá-los algo. Vamos ao salão reservado.”

Barão Algar: “Vou lhe falar Madoc. Seu pai está perdendo o juízo. Tudo por uma B... Quer dizer, mulher!”

Madoc: “Eu sei! Eu penso o mesmo amigos. Mas, o que vou lhes contar, não pode vazar de jeito nenhum. Meu pai investiu com intenções de desposar Lady Igraine. Gorlois ficou ofendido. O Rei vai empregar toda essa gente em uma cruzada por essa mulher. Ele parece enfeitiçado! Já tentei falar mas ele está agressivo. Não será uma guerra contra rebelião e sim uma guerra de luxúria. Que os deuses não nos punam por isso.”

A marcha para Cornualha começa no início da tarde rumo a Dorchester a sudeste de Sarum na região de Dorset. Os Cavaleiros da Cruz do Martelo, integram a unidade de Sir Elad com mais vinte cavaleiros. Com dois mil e quinhentos homens reunidos o exército de Logres parte. Muitos dos Lordes não mandaram seus homens e nem compareceram. O Rei Uther está com pressa e não quer esperar. O ódio move suas ações. Poucas provisões são levadas. E poucos homens partem para a guerra.

Conde Roderick: “Homens! Nossos espiões descobriram que a estrada romana até Wells está bloqueada e possíveis emboscadas nos aguardam. O Rei quer surpreender o inimigo. Então marcharemos para o Sudoeste até Donchester e depois seguiremos pela costa próxima a Exeter. Contornaremos a floresta Morris até chegarmos em Tintagel. Portanto, olhos abertos!”

Primeiro dia:

A estrada real com os antigos paralelepípedos romanos, mesmo com alguns trechos tomados por grama permite uma marcha constante, rapidamente passam pelo forte Ebbe, onde as tropas são saudadas pelos homens destacados neste lugar. Ao anoitecer do primeiro dia o exército monta acampamento na borda da floresta de Modron, no sopé das montanhas. O acampamento é erguido em meio as árvores. Milhares de fogueiras são acessas em todo a área para afugentar os animais selvagens. Cavaleiros se revesam em turnos em cada unidade, para proteção.

De madrugada, enquanto dormem no pavilhão novo e espaçoso do Barão cada herói tem um sonho perturbador.

Sir Enrick tem um sonho ruim lutando bravamente ao lado de um Dragão contra criaturas que se ergueram do mar. Eles são como demônios feitos de corais e o levam para o fundo do mar escuro e somem em meio as ondas batendo nas pedras de uma encosta. Ele vê Stone Range. As Brumas cobrindo tudo e Merlim surgindo e unindo Três leões à um Dragão.

Lady Marion vê a Deusa abrindo as brumas e Santa Maria aparece para ela. Crianças correndo de um lado ao outro. O Deus pagão com chifres, consorte da Deusa aparece. Corre para uma mata próxima. Ela vê um Druida e um Padre. Eles se esfaqueiam e caem mortos. Em uma luz branca as divindades das duas religiões se fundem em uma só mulher que tem suas mãos sujas de sangue.

Algar sonha com sete gigantes lutando, até que somente um deles permanece de pé e tenta pisá-lo a todo custo, que pula de um lado ao outro. Algar erra o movimento e ele o esmaga. O gigante ri, pega o corpo do Cavaleiro e o leva para cima de uma montanha. Merlim surge ali e sussurra no ouvido dele: “Seja bem vindo Pagão!O caos chegou”.

Eles acordam assustados e suados e se encontram pela manhã ao redor da fogueira onde os escudeiros preparam o café da manhã. Ovos de pata com queijo e pão preto. E compartilham preocupados os sonhos que tiveram.

Segundo dia:

O exército continua a marcha para a cidade portuária de Dorchester. Eles cruzam as montanhas, primeiro em uma estrada que sobe e vai se afunilando até se tornar totalmente estreita e perigosa montanha abaixo.

Sir Elad: “Cuidado homens e escudeiros! A estrada não é estável! Não quero nenhum homem ou montaria feridos! Ouviram bem?”

A estrada é feita de cascalhos e terra amarelada. Ela serpenteia a montanha até lá embaixo atingido o sopé e adentrando a floresta Modron. A trilha é tão estreita que as patas dos cavalos lançam pedregulhos no abismo lá embaixo. Algar e Marion conduzem bem as montarias apesar de alguns tropeços. Enrick vem descendo a montanha com Hefesto em um trote rápido e seguro. Ele e a montaria são um só. O animal o acompanha em um mesmo movimento. O Cavalo parece até gostar da aventura. Os homens ficam impressionado com a habilidade de condução da montaria do Flecha Ligeira.

A montaria de Sir Dalan empaca com medo da altura e não quer ir para frente.

Sir Jakin: “Quem é o Cavaleiro quem é o Cavalo aí?”

Sir Dalan: “Vamos bicho medroso! Me ajude aqui Enrick, você conhece eles melhor do que eu.”

Sir Enrick: “Calma!”

Diz ele agradando a grande cara do cavalo, que parece se acalmar com o toque do arqueiro. O Flecha Ligeira vai puxando o animal pela rédea até chegarem lá embaixo. Os homens seguem em fila indiana. E no dique romano de Bokerly a tropa levanta acampamento. O pôr do sol no oeste ilumina de dourado as nuvens baixas. Está calor. Muitos mosquitos perturbam. Sir Amig tranquilo, sem camisa e só com as proteções das pernas da armadura pesca com minhocas.

Sir Amig: “Este é brigador! Olha a truta aí!”

Sir Algar junta-se ao veterano. E os dois divertem-se, aproveitando a pescaria, até a noite cair. Depois de comerem peixes e contarem estórias todos vão dormir. Não se vê o rei durante estes períodos. A noite passa tranquila. As centenas de fogueiras iluminam uma grande área da floresta.

Terceiro dia:

O príncipe Madoc cavalga ao lado dos heróis, no segundo pelotão, cansado da pouca atenção que o Rei lhe dá nestes dias. E lentamente aproximam-se do Reino do Conde Gorlois.

Madoc: “Mais uma vez na Cornualha! Não tenho boas recordações daqui. Se não fosse Excalibur teríamos sido abatidos como gansos ano passado.”

O príncipe parece preocupado e melancólico.

Madoc: “Tentei falar com meu pai novamente e nada! Ele quer lutar e teremos que fazê-lo. Ainda mais que os Cavaleiros mais velhos lhe deram razão. Os comandantes estão ameaçando todos. Estão com medo que comecem as deserções. Os nervos estão por um fio!”

A chegada a Dorchester acontece logo após ao anoitecer. O porto está cheio de navios mercantes. As muralhas erguem-se antes da saída do rio, dando uma certa proteção a cidade. Apenas um caminho estreito é usado para sair e entrar no porto da cidade. O pretor da cidade vestindo roupas romanas e com cara de poucos amigos recebe o Rei Uther, Sir Elad e o conde Roderick na entrada da cidade.

Conde Roderick: “Esperem aqui! Vamos conversar. Parece que não estão felizes com a nossa presença.”

Sir Enrick: “Romanos! Sempre com essas caras de que comeram e não gostaram!”

Eles entram em Dorchester e logo vem a ordem para o exército acampar. Após uma noite longa de espera no lado de fora da cidade. O Rei surge, pela manhã, com sua escolta e reúne no pavilhão real todos os seus comandantes. Os heróis aguardam no grande acampamento.

Sir Elad: “Apesar do Pretor reclamar da nossa presença, o Rei lhe pagou bem por passarmos a noite e nos alimentarmos aqui. O homem teme represálias de Gorlois mas no final da noite depois de muitos vinhos nos disse que o Duque está no castelo de Terrabill que fica na estratégica junção da estrada que leva a costa há cinco milhas de Tintagel.”

Sir Bar: “Ele quer nos deter antes de atingirmos sua principal fortaleza!”

Príncipe Madoc: “Ele quer que fiquemos enfraquecidos, é isso que Gorlois deseja.”

Sir Jakin: “Ele é um grande líder em batalha! Temo por todos nós!”

Sir Enrick: “Estamos sem homens suficientes, sem comida e vamos enfrentar esse homem que sabe tudo de estratégia e não tem medo de nada.”

Então o exército real atravessa a floresta até que passa em um descampado. Ao lado, em uma colina gravado está o Cerne Abbas. A representação pagão de um gigante com uma clava e suas vergonhas prontas para entrar em ação.

Sir Bag: “Cerne Abbas! Quanta fertilidade! Que os deuses o preservem para sempre!”

Barão Algar: “Esse é dos meus!”

Todos os pagãos passam prestando reverência.

Quarto dia:

Os dias passam lentos com a longa caminhada. Dias chuvosos começam a medida que o verão vai chegando. Entrando no reino de Devon na Cornualha, pela costa, o exército segue marchando aproximando-se dia após dia do inimigo. Agora fora da estrada o caminho cheio de lama é difícil de se transpor. A floresta é deixada para trás. Próximo a Exeter, dormindo ao relento, fazendo turnos de guarda e se alimentando mal os homens começam a se sentirem fracos. Alguns adoecem com diarréia, outros morrem. Os heróis vêem cinco homens discutindo com o seu comandante de unidade. Parados, enquanto o exército marcha.

Soldado: “Isso é loucura! Não trouxeram comida. Metade da nossa unidade está faminta e a outra doente. Alguns já morreram! Que glória existe nisso?”

Barão Algar: “Se acalmem homens! Vocês estão loucos? Quietos!”

Soldado: “Meu senhor! Temos famílias, os campos precisam ser colhidos. E tudo por uma mulher!”

Lady Marion: “Calma! Todos temos famílias e campos para serem cultivados.”

Barão Algar: “Não se contesta a vontade do Rei!”

Sargento: “Rebeldes! Motins não serão tolerados. Soldados detenham-os! Serão enforcados em momento oportuno.”

Soldado: “Desgraçados! Loucos! Vão para o inferno!”

Então os guardas trazem uma carroça com grades de ferro e os infantes rebeldes são jogados lá.

No final do quarto dia, na parada ao pôr do sol. Em uma árvore, próxima ao acampamento, os homens são amarrados com a mão para trás e em um galho de um salgueiro são colocadas cordas. Elas estão ao redor dos pescoços dos rebeldes. Todo o exército está reunido.

Conde Ulfius: “Que isso sirva de exemplo à todos vocês! Não se contesta a vontade Real. Se obedece! Estes homens foram fracos!”

Soldado: “Vocês irão morrer! Escutem o que estou falando! O Rei está louco! A morte os aguarda!”

Conde Ulfius: “Agora!”

Eles são empurrados e ficam se debatendo por vários minutos.

Sir Amig: “A dança do diabo!”

Barão Algar: “Dançando na ponta da corda!”

Alguns aliviam tudo que tem em sua bexiga. E após alguns minutos param de se mexer rodando dependurados na árvore.

Conde Ulfius: “Voltem todos ao acampamento! Que isso não se repita!”

A noite passa com astral ruim entre os homens. Muito silêncio e ressentimento.

Sir Jakin: “Silêncio nunca é um bom sinal para um exército!”

Quinto dia:

Pela manhã do quinto dia, a longa marcha para o oeste continua.

Sir Elad chama os Cavaleiros da Cruz do Martelo: “Cavaleiros do Rei. Temos ordens reais. Precisamos de provisões. A comida está acabando. Os homens tem adoecido e muitos estão descontentes. Precisamos fazer algo logo, para que mais deserções não ocorram. Não podemos enforcar todos. O moral já está baixo o suficiente. Se não tivermos como alimentar essas milhares de bocas não chegaremos vivos no campo de batalha. Lhes permitirei levar cinquenta homens da infantaria, todos voluntários, sobe o seu comando. Eles vão gostar de mudar a rotina. Procurem vilas, peçam, roubem, confisquem se for preciso. Sem comida não teremos chance nenhuma. Quero a maioria vivo quando voltarem! Partam agora. Não é preciso lhes lembrar que vocês tem um juramento com o seu rei. Podem ir.”

Cinquenta homens partem, vinte homens do pântano de Sir Enrick e trinta soldados de Algar. O sargento Wistan comanda os infantes. Enquanto o exército continua a sua marcha para a costa oeste. O grupo de infantes os segue com quatro carroças. Enquanto cavalgam procurando por uma cidade ou vila. Depois de algum tempo algo os chama a atenção. Eles vêem um homem com cabelos e barbas longas com os olhos vidrados olhando da mata. Sua armadura está em frangalhos e imunda. Algar o reconhece, é Sir Edgar. Algar deixa seu cavalo na beira da mata fechada e vai atrás dele que desaparece como surgiu, sem deixar pegadas ou vestígios.

Lady Marion: “O que foi? Viu algo Algar?”

Barão Algar: “Um velho amigo...Não sei se era um espectro ou um homem. O fato é que ele enlouqueceu. Tivemos uma experiência do outro lado do véu. Nos domínios de Hades. E sua mente não resistiu e ele desapareceu. A sua noiva prometida foi abandonada por ele e ela passou seus últimos dias em um convento onde tirou sua própria vida. Uma tragédia!”

Sir Bag: “Vocês andaram fumando muito a erva do Merlim amigos. Sigamos em frente que o Rei tem fome!”

Continuando Cavalgando pelos campos eles enxergam no horizonte uma pequena vila. A medida que se aproximam vêem um agrupamento com pelo menos vinte casas com paredes de pedra e teto de palha. Não aparenta ter ninguém acordado. Uns três cachorros vira latas, andando por entre as casas latem quando escutam os cavalos se aproximarem. O lugar tem uma pequena igreja e um celeiro. Cabras, galinhas e porcos, andam soltos por ali.

Sir Jakin: “Pessoal! Lembrem-se que estamos em terras de domínio de Gorlois. Não somos bem vindos aqui.”

Eles entram na vila em formação. Os Cavaleiros na frente e Sargento Winstan com os homens em alerta o seguindo. Um homem com os cabelos lisos, sem corte, com cavanhaque, usando uma roupa de dormir abre a porta da sua casa e os iluminam com uma lanterna. Ele parece bem assustado.

Aldeão: “Quem sois meu senhor?”

Barão Algar: “Quem sois você meu rapaz?”

Aldeão: “Sou William Smith, padeiro. O que querem?”

Ele diz lhes prestando reverência. Ele olha o brasão dos Pendragon.

Aldeão: “Somos servos de Gorlois meus bons Lordes! Não podemos ajudá-los ou seremos punidos. Mortos! Vão embora por favor! Eu lhes peço em nome de deus. Sua presença não é bem vinda aqui pelo Conde.”

Barão Algar: “Estamos aqui em nome do rei! Não interessa os domínios de um Conde traidor!”

Os aldeões acordam. Eles os olham com raiva. Três homens grandes são os mais insolentes e não prestam reverência, ao contrário dos outros. Ficam de braços cruzados observando tudo.

Aldeão: “Somos só lenhadores. Nunca aceitarei um homem que quer roubar a mulher de outro homem. O Rei deveria ter vergonha. E vocês também.”

O outro grandalhão concorda.

Sir Bag: “Por favor Algar! Me deixa dar uma porradinha nesse sujeito! Só uma!”

Barão Algar: “Calma Bag! Primeiro plebeus, só eu falo aqui! Isso, se quiserem continuarem com as cabeças acima do pescoço. Homens ao celeiro. Deixem uma pequena parte para eles.”

Sir Enrick: “Eu quero todos os homens da infantaria caçando enquanto caminhamos. Matem tudo comestível que puderem encontrar.”

Então eles vão té o celeiro e abrem as portas. Os ratos correm assustados com a luz da tocha. O lugar tem sacos de pano com aveia, cevada e milho. E uns trinta barris de cerveja.

Aldeã: “Por favor senhor! Iremos passar fome. Temos crianças aqui.”

Sir Dalan: “Primo contei umas trinta crianças. A vila tem cento e vinte moradores. Poucos velhos. O que faremos? Acho que toda essa comida dá pra alimentar por umas três semanas metade de nossos homens.”

Lady Marion: “Será que levamos tudo embora? Pobre senhora!”

Barão Algar: “Ordens do Rei. Deixem comida para dez dias para eles. Vamos! Tomem essas moedas de ouro plebeus!”

Então a milícia deixa o lugar e montam um acampamento uma hora dali. Os infantes dormem no chão mesmo, ao redor da fogueira. Os Cavaleiros da Cruz do Martelo todos no pavilhão do Barão Algar. Mas, algo perturba o sono de Sir Enrick lhe chamando a atenção. Ele desperta e vai até lá fora, armado com o seu arco. O arqueiro escuta passos ao redor do acampamento. Todos os infantes estão deitados dormindo. Inclusive os sentinelas. A claridade da fogueira o atrapalha a visão. Leva um tempo até ele se acostumar. Então Sir Enrick vê sombras movendo-se próximo as carroças de provisões na escuridão e uma fonte de luz, talvez uma tocha. Não há tempo de por armadura. Flecha Ligeira os reconhecem da vila. Eram os lenhadores. Um deles leva uma tocha e prepara-se para por fogo nos mantimentos. Cada um tem uma espada enferrujada nas mãos.

Aldeão: “Vamos meu senhor! Quer morrer? Não temos nada a perder! Lhe matamos e depois fugimos! Seremos heróis para Gorlois! E ganharemos uma gorda recompensa!”

Sir Enrick puxa uma flecha de sua alijava. Logo o homem com a tocha, se vira e tomba atingido no peito. Os outros dois vem em direção do arqueiro. Mais duas flechas alçam vôo e em um piscar de olhos também estão mortos.

Sir Dylan: “O que aconteceu?”

Sir Enrick: “Idiotas! Morreram sem precisar!”

Barão Algar: “Podíamos ter sido impiedosos na aldeia. Droga! Sentinelas imbecis dormindo em serviço! Vamos descansar com o pouco de noite que ainda resta. Dêem um fim nos corpos. Deveria ter deixado Bag acabar com eles quando tivemos oportunidade.”

Sexto dia:

Sir Dalan: “Noite agitada primo! O povo está hostil aqui. Todos sabem o que o Rei Uther fez. Seremos mais agressivos ou continuaremos pedindo?”

Sir Bag: “Agressivo eu sempre sou! É mais rápido!”

Sir Jakin: “Falou o arremessador de anões! Bag vai se meter com alguém de seu tamanho! Você viu o que aconteceu com o gigante Eosa!”

Então eles cavalgam pelo campo novamente. Não vêem uma alma viva. Nenhuma aldeia. Só capim e algumas árvores. Sobem e descem colinas e não há nada . Ocasionalmente alguns animais como esquilos, lebres e raposas passam. Até que anoitece e na beira de um lago eles montam acampamento.

Sir Dylan: “Não achamos nada Enrick! Que droga de perda de tempo. Temos só mais amanhã e depois temos que voltar.”

Sir Bag: “Se falharmos é derrota certa. Fracos os nossos homens começarão a desertar, a roubar. Vocês sabem como funciona um exército. Homens com medo, desnutridos, significa motim.”

Lady Marion: “Temos que achar algo amanhã.”

Sétimo dia:

O sétimo dia amanhece garoando. Todos parecem de mau humor. O grupo parte para mais uma busca. Na verdade eles cobrem uma extensão de terra pequena por dia já que tem o grupo da infantaria os acompanhando e as carroças. Até que depois do almoço finalmente eles vêem em cima de uma colina, um convento cercado por um muro de pedra.

Sir Dylan: “Pelo menos umas duzentas pessoas devem morar aí. Significa que deve ter bastante provisões! Não há nada próximo! Devem ter que se manter sozinhos. E então o que faremos?”

Barão Algar: “Homens esperem aqui. Lady Marion, Sir Enrick e Sir Bag venham.”

A medida que sobem a colina vêem os muros de pedra do convento. No alto dele, duas freiras vestindo hábitos negros os observam. A mais nova está assustada. Outra mais velha os olham séria. Ela faz o sinal da cruz e manda fechar o grande portão de madeira antes da chegarem. O sargento dos infantes fala.

Sargento Wistan: “Homens! Teremos uma grande festa cheia de mulheres hoje!”

A Freira mais velha os encara sem medo. Parece ser uma mulher forte.

Abadessa Aldyth: “Quem são vocês que carregam o brasão do Rei de Logres nessas terras?”

Barão Algar: “Precisamos de provisões para o exército real! Ordens de Uther!”

Abadessa Aldyth: “Você não é o tal do Demônio do Norte? Toda a Cristandade conhece esse seu brasão sujo de sangue. E só temos provisões para nós! Vocês deixariam pobre mulheres servas de Deus passarem fome?”

Lady Marion: “Vocês tem bastante comida aí! E a riqueza que deve existir dentro destes muros não as tornam pobres, velha!”

Abadessa Aldyth: “Menina insolente. Vejo muitos pagãos entre vocês! Qual a garantia de que não seremos violadas?”

Sir Bag: “Com certeza você não será velhota!”

Os homens riem. Ela fica muito braba e desce do muro.

Barão Algar: “Bag! Estávamos indo bem!”

Sir Bag: “Poxa foi só uma piadinha!”

Sir Jakin: “E agora? Como entraremos no covil dos morcegos?”

Sir Enrick: “Estão vendo aquela árvore lá embaixo? Estão pensando o mesmo que eu?”

Lady Marion: “Aríete!”

Então Algar vai até lá e com o seu machado pões abaixo a única árvore no sopé do morro.

Então os Cavaleiros da Cruz do Martelo, depois de algumas horas, pegam o aríete construído por Algar e correm em direção ao portão duplo de madeira do Convento. As duas investidas parecem terem abalado a estrutura mas nada ainda de entrarem. Derrepente duas freiras surgem no alto da muralha.

Sir Dylan: “Corram elas vão jogar na gente!”

E água fervente é despejada de um panelão de ferro preto. Eles saltam cada um para um lado desesperados. Os outros Cavaleiros conseguem escapar, só o pesado Sir Bag não consegue. A Abadessa aparece e ri deles.

Sir Bag: “Ai meu braço! Desgraçadas! Sabe voar irmã?”

Tomando coragem novamente eles fazem mais duas investidas até que o batente do portão começa a se deslocar.

Mas aí eles olham novamente para cima e cinco freiras e a Abadessa aparecem novamente rezando o Pai Nosso e jogando pedras.

Sir Dalan: “Lá vem elas de novo!”

Elas erram. E uma delas, a mais nova, escorrega lá de cima e despenca aos pés de Algar. Ela parece ter quebrado o braço. Algar pega o seu machado e se prepara. Pensa duas vezes. E balança a cabeça em sinal de desprezo deixando a mulher em paz.

Barão Algar: “Deixem essa aí! Vamos acabar logo com isso!”

Sir Bag: “Pô Algar, elas são agressivas! Grandes heróis! Mortos por um bando de Freirinhas!”

Eles tentam novamente até que o portão cede caindo para o lado de dentro. Eles entram no pátio de grama antes da Abadia que está cheio de freiras rezando de mãos dadas. Então começa um corre corre de um lado para o outro. A infantaria entra tranquilamente rindo, logo atrás dos heróis e de Sir Dylan, Dalan, Bag e Jakin.

Sir Bag: “Corram Freirinhas! Corram! Na verdade era para nós estarmos fugindo de vocês!”

Somente a Abadessa está ali na frente da porta do lugar. Ela continua impassível.

Sir Bag: “Ah, Bom dia irmã!”

Abadessa Aldyth: “Lordes! Quero a garantia de que viveremos! Vocês estão violando a casa de Deus, Pecadores!”

Sir Dalan: “Mulherada mais braba! Lição número um Cavaleiros: Mantenham-se longe de freiras!”

Sargento: “Quais as ordens senhores? Matamos todas? E o que fazemos com essa aí?”

Barão Algar: “Não, deixem-nas. Não quero nenhuma mulher violada, nem morta!”

Lady Marion: “Essa aí é comigo!”

Marion pega a Abadessa pelo hábito e lhe dá uma cusparada e a joga na relva. A freira fica em silêncio humilhada com a cabeça baixa.

Sir Dalan: “Que isso lhe dê mais humildade sua velha louca!”

Eles entram na Abadia. Um grande salão de pedras com mesas longas para as refeições existe ali. Imagens de santos, cruzes, cálices e pratos de estanho que são divididos devidamente entre os Cavaleiros.

Sir Dalan: “Mando os homens recolherem tudo? Essas Abadias sempre tem um tesouro que eles enterram quando alguém estranho chega.”

Barão Algar: “Deixem-nas com o seu tesouro!”

Sargento Wistan: “Senhores, vocês precisa ver isto! Sigam-me!”

Eles dão a volta na Abadia chegam em uma construção grande, também de pedra, na parte de trás do lugar. Quando entram existe muita comida. Pilhas de sacos com legumes, grãos, frutas, vinho, cerveja e carne salgada em barris com o selo com o brasão de Gorlois. Sir Bag já vai comendo um pedaço de carne.

Sir Jakin: “Deve ter comida aqui pra sustentar nossos homens por dois meses!”

Sargento Wistan: “Quais as ordens senhores?”

Barão Algar: “Preparem tudo! Vamos voltar ao acampamento! Carreguem o que puderem. Nosso trabalho está feito senhores!”

Lady Marion: "Mande em segredo para aquela senhora e crianças na vila, em meu nome, um pouco desta comida. Com o meu marido eu me viro."

Sargento Wistan: "Sim minha Senhora!"

Finalmente ao anoitecer do nono dia de viagem eles encontram o exército de Logres a meio dia do Castelo de Terrabill. A terras estão vazias. Algumas casas ao longo do Feudo estão abandonadas. As plantações estão destruídas para o exército real não as usarem e os animais estão mortos. A chegada ao acampamento com tantas provisões é comemorada.

Sir Amig: “E então rapazes? Passearam bastante?”

Sir Enrick: “Missão cumprida Paizão!”

Sir Amig: “Muito bem! Vou avisar o Conde Roderick. O Rei vai ficar muito satisfeito de que a campanha pode continuar. O humor do patrão está terrível.”

Sir Elad: “Parabéns homens! Agora vão descansar! Amanhã chegaremos no castelo do inimigo. Gorlois deve estar ansioso nos esperando.”

Pela manhã todo o exército acorda e marcha em direção ao oeste. Ao meio dia com o sol a pino, eles avistam no horizonte, o Castelo de Terrabill. No alto de um monte, protegido por um foço largo, cercado por uma alta muralha, está o castelo de quatro torres quadradas. O estandarte preto com o V invertido vermelho e as três cabeças de leão tremulam no alto de cada uma delas.

Príncipe Madoc: “Olha a altura dessa colina! Os arcos serão inúteis. A Cavalaria também. Eles estão em uma posição impossível de ser atacada.”

Rei Uther: “Calma filho! Existem outras maneiras de tirarmos aquele desgraçado de lá de dentro. Os Cavaleiros da Cruz do Martelo acharam o deposito de comida desses desgraçados. Atenção comandantes! Levantar cerco.”

Seguindo a ordem do Rei, do Comandante do Batalhão e depois do Comandante de cada unidade as diversas facções se acomodam a uma distância segura circulando a colina. Eles escutam o som de flechas zunindo. Várias delas vem em direção ao exército. Mas felizmente caem bem antes de onde os Cavaleiros estão aguardando os escudeiros montarem suas tendas. Todos vaiam os arqueiros inimigos.

Os dias vão passando e se alternam entre chuvosos e ensolarados. As provisões continuam sendo trazidas da Abadia há quatro horas dali. No quinto dia os engenheiros, junto com os homens do pântano e Padre Carmelo montam a “Fazedora de Viúva” na borda do acampamento, na retaguarda.

Padre Carmelo: “Sir Enrick, está pronta. Agora que a chuva nos deu uma trégua e as cordas não estão encharcadas podemos atirar.”

Sir Amig e Madoc curiosos, se aproximam.

Sir Amig olhando para cima: “É isso que eu chamo de diversão!”

Madoc: “Chamei o pai para dar uma olhada nessa geringonça mas ele está de mau humor. Ele e Merlim estão sempre cochichando. Estão tramando algo.”

Neste momento uma carroça com várias rochas muito pesadas chega. Os homens do Pântano carregam o trebuchet e entram nas grandes rodas para armá-lo. Várias cabecinhas pequenas são vistas na murada dentada do castelo lá em cima.

Padre Carmelo: “Quais dos senhores terá a honra?”

Barão Algar: “Eu, eu, eu, eu!”

Sir Enrick: “Vai então Barão!”

Algar senta em uma cadeira e puxa a alavanca. Então, o grande braço do trebuchet sobe veloz assobiando. O deslocamento de ar balança os cabelos das pessoas mais próximas. Quando o gigantesco braço trava lá em cima a pesada pedra voa. Passa por cima das tropas que acompanham a sua trajetória e finalmente se choca com o pesado muro de pedra fazendo barulho e levantando poeira. Neste momento todos os inimigos atrás da muralha se escondem. Todos aplaudem.

Padre Carmelo: “O muro é bem grosso e de cima para baixo as rochas não chegam a toda velocidade meus Senhores. Os dias de chuva aqui na Cornualha também não ajudam. Estimo um mês para conseguirmos derrubá-lo. Mas é possível fazê-lo. Eu e os homens trabalharemos nisso dia e noite.”

Durante os dias que se seguem o fazedor de viúvas atira pedras contra o castelo que permanece inviolável. Uma rachadura já pode ser vista dali debaixo. Às vezes devido a umidade, as cordas arrebentam e levam pelo menos vinte e quatro horas para serem trocadas. O tempo passa devagar e nada acontece.

No décimo quinto dia de campanha eles recebem a visita de dois cavaleiros. O veterano Sir Warren, que lutou ao lado dos heróis na Batalha de Figsbury e Sir Léo, que conheceram em Sarum no mercado da Águia. Uma carroça levando as carcaças de cinco ovelhas chega ali. O cheiro é forte. Os heróis estão sentados ao redor da fogueira com Sir Bag, Sir Amig, Sir Dylan, Sir Dalan e Sir Jakin.

Sir Warren: “Dizem que tem uns cavaleiros frouxos por aqui que só comem e bebem dia e noite! É isso mesmo. Como vão Cavaleiros da Cruz do Martelo?”

Barão Algar: “Oh Sir Warren! Como vai?”

Sir Warren: “Quer dizer Sir Enrick que o seu brinquedinho lá atrás no acampamento é a nossa única esperança de vitória?”

Sir Enrick: “Mas parece que vai levar tempo!”

Sir Léo “Como vão senhores? Parece que alguns homens de Gorlois não aguentaram o cerco e se entregaram ontem de madrugada. Estavam magros e doentes. Dizem que a fome está assolando os homens dentro de Terrabill. Senhores! Trago um pedido do Rei. Ele quer que nós subamos a colina e dêem um jeito de envenenar a água deles. Os desertores de Gorlois contaram que lá no alto tem uma nascente que entra no castelo. Na parte de trás. É essa água que abastece todo a fortaleza. Consegui cinco carcaças de ovelhas podres para jogarmos no poço.”

Barão Algar: “Vamos homens! Mexam-se! o Rei pediu nós fazemos. Cinco de vocês amarrem essas carcaças nas costas. Peguem cordas. Vistam armaduras de couro. Subiremos a Terrabill.”

Então os Cavaleiros da Cruz do Martelo partem dali em mais uma missão. Vão caminhando. A noite está escura e sem lua. Na parte de trás do castelo antes da colina entram em um bosque. Na mata escura eles ouvem os sons da noite e se guiam pelas tochas acesas na muralha lá em cima. Está calor. Eles suam por causa da umidade e de tensão. Após se moverem por vinte minutos por entre a mata escutam um som de madeira quebrando.

Sir Bag: “Ops!”

Os Cavaleiros vêem Sir Bag congelado e branco em um movimento com as pernas como se fosse dar um passo para frente.

“Acho que pisei em uma armadilha!”

Sir Léo: “Não se mexa! Se não todos morreremos!”

Sir Bag: “Droga!”

Na copa de uma árvore existe uma placa quadrada de madeira presa na horizontal. Ela está cheia de espinhos de ferro de um metro e meio. Um braço sai dela, também na horizontal e passa por cima das cabeças dos heróis e se prende em uma árvore. A corda no chão está conectada à duas lâminas de machado presas por seus cabos em tendões de boi nas laterais do quadrado. Bag sem enxergar o fio camuflado no chão armou o mecanismo. Se ele tirar o pé os dois lados serão disparados. As lâminas estão distantes. É impossível alcançá-las. Notando que a única maneira de desarmar o mecanismo são duas pessoas cortarem os dois fios ao mesmo tempo Sir Enrick e Lady Marion preparam os seus arcos.

Sir Jakin: “Cuidado vocês aí! Se um dos dois errarem! Bye, Bye, Bag!

Sir Bag: “Ai guri! Eu não quero bater as botas! Tirem a minha armadura para me dar mais agilidade. A proteção da perna terá que ficar!”

Então Sir Enrick e Lady Marion disparam e as duas cordas são cortadas cirurgicamente ao mesmo tempo. Os tendões são disparados. Mas não dão velocidade as lâminas. Elas batem na corda e voltam. A armadilha está desarmada. Os Cavaleiros vem abraçar Bag.

Sir Bag: “Obrigado meus amigos! (se ajoelha) Obrigado deusa! O Bag lhe agradece!”

Sir Dalan: “Chega de frescura gordão! Vamos em frente!”

Então eles caminham e chegam ao foço no sopé do morro. Com a noite escura eles se movimentam sem serem notados. Logo percebem vultos de algo no fundo da vala. Quando eles tentam focar a visão no escuro vêem que existem estacas ponte agudas. Algar usando uma corda desce até o fundo do fosso escorrega e machuca seu braço. Seguindo Algar, Enrick desce e o ajuda subir para o outro lado. Usando a corda atada de ambos os lados o Barão a amarra em uma rocha e um por um eles vão descendo na vala e passando para o outro lado. Então começam a subir o monte. Existem muitas pedras brotando da parede de capim permitindo uma subida com relativa segurança. Se escondendo da borda do platô acima, onde recuada foi construída a muralha, os heróis escutam dois sentinelas conversarem.

Guarda: “O que você acha Dyfir? Fome por todos os lados. Só o Conde e sua guarda pessoal se alimenta direito. Eu já perdi dez quilos! Não sei se ele está preocupado conosco?”

Guarda: “O Conde está preocupado sim! Ele disse ainda ontem para o sargento que dividiu sua força em duas frentes de batalha. Uma protegendo o castelo de Terrabill e outra próxima as falésias protegendo o castelo de Tintagel. Ele é esperto, Gorlois está no primeiro castelo e sua Lady Igraine e o tesouro na costa.”

Rapidamente Lady Marion e Sir Enrick matam os dois guardas que nem percebem as flechas vindas disparadas de baixo para cima na escuridão. Então, finalmente, eles chegam no estreito rio que nasce de uma rocha e corre para dentro da fortaleza por uma abertura em arco gradeada. E atiram as carcaças ali.

Na volta Enrick escorrega e cai nas estacas no fundo da vala se ferindo gravemente e desmaiando de dor. Rapidamente com a ajuda de todos ele é retirado do fosso e carregado. Marion e seus amigos ficam preocupados. Eles atravessam o bosque, contornam na escuridão a colina. Vêem o acampamento e as centenas de fogueiras. Longe do alcance das flechas eles podem escutar as risadas de alguns homens que bebem e conversam animadamente. Os heróis chegam na área de acampamento e encontram Sir Amig enquanto os cavalariços carregam o arqueiro desmaiado para a tenda de socorro acompanhados por Marion, sua esposa.

Sir Amig: “E então? Conseguiram contaminar a água?”

Barão Algar: “Sim! Missão cumprida! Gorlois está tramando algo. Escutamos que Igraine está em Tintagel.”

Sir Amig: Droga Gorlois sabe o que faz! Ele é uma raposa velha esperta! Quer dividir nossas forças! Muito bem. Estão dispensados. Bom trabalho garotos! Irei avisar o Conde Roderick e depois nos encontramos na tenda de socorro para ver como Enrick está.”

Então eles aguardam mais vinte e cinco dias. O tempo passa lento e os dias quentes de verão se arrastam enquanto Sir Enrick se recupera dos ferimentos e os movimentos de seu braço e pernas vão voltando naturalmente. Quase cinquenta dias depois do início do cerco, lá pelo meio dia, eles estão sentados do lado de fora das tendas sentados em círculo comendo um guizado de carne com cenoura. É um dia de sol. O exército inteiro começa a apontar lá para cima da colina. E darem risadas. Eles vêem uns quatro homens lá no alto do castelo. E eles começam a jogar corpos. Os cadáveres rolam colina abaixo. Uns vinte são atirados.

Sir Elad: “Parece que vocês conseguiram! Doenças são mais poderosas que a espada em um cerco como este garotos!”

Os dias continuam a passar. O verão já passou da metade. E quase que diariamente os corpos são atirados pela murada. Já totalizam uns noventa ao pé do morro. O cheiro de decomposição deixa todos enjoados. E os corvos se banqueteiam. Moscas e mosquitos atrapalham na hora de comer e dormir. Os homens parecem entediados. Já foram registrados dez assassinatos. O rei proibiu bebida. Eles passam o tempo jogando, conversando e treinando na companhia do príncipe Madoc. Ele parece mais calmo e confiante nos últimos dias. O Rei Uther nunca é visto.

No dia seguinte eles vêem uma movimentação grande. Homens da infantaria se preparando. Arqueiros e muitos Cavaleiros. O Conde Roderick e Ulfius, Sir Amig e Sir Elad assistem tudo de braços cruzados e com uma cara de poucos amigos. Os heróis vêem na saída do acampamento mil homens de Logres se prepararem com as suas armas e equipamentos. Na frente e na retaguarda Cavaleiros, no centro arqueiros e infantes. Merlim e o Rei Uther muito sérios passam por eles. Uther só olha para frente e parece cheio de fúria. Sir Brastias e seus homens da guarda real estão juntos e os acena a distância. Ulfius se retira e vai falar com os seus soldados. Roderick e Elad vem falar com os Cavaleiros da Cruz do Martelo

Sir Amig: “Lá vai metade do nosso exército senhores! Sobrou nós, Ulfius e os seus romanos de nariz empinado.”

Conde Roderick: “Merlim e Uther estão partindo para Tintagel.”

Sir Elad: “Agora é conosco Cavaleiros. O Rei fez exatamente o que Gorlois queria. Enfraqueceu nosso exército! Jogou os mortos aqui na frente para nos importunar com esse cheiro insuportável. Isso aqui está virando um inferno.”

Sir Enrick: “O Rei está louco! Que droga! Que os Deuses tenham piedade de nós!”

Alguns dias depois Lady Marion, Barão Algar e Sir Enrick estão relaxando e conversando junto com o Príncipe Madoc na tenda real. Eles bebem e comem finalmente algo decente. Há semanas não comiam um pernil com legumes regado a Hidromel à vontade. Os outros Cavaleiros estão cada um em uma unidade conversando com os seus amigos.

Madoc: “E então meus amigos! O que estão achando de tudo que está acontecendo. Confio somente em vocês. Podem falar livremente. Considero vocês iguais. Irmãos de armas.”

Barão Algar: “Com todo o respeito Madoc. Seu pai perdeu o juízo!”

Sir Enrick: “O pior que enfrentaremos um homem corajoso e estrategista. E estamos fazendo tudo o que ele quer!”

Madoc: “Eu também acho. Mas quem somos nós para contestarmos as decisões de um rei. Mas é difícil como filho aceitar uma coisa dessas. Falemos de amenidades então. Vocês já pensaram que se meu pai não tivesse ordenado Enrick talvez o Rei estivesse morto uma hora dessas? Ele me disse que isso confirmou que a decisão que tomou foi correta. Mesmo você e o doido do seu Pai Marion, o enganando no torneio. Por falar nisso Marion, quer dizer que é uma mulher que comanda homens? Gosto disso. O valor de cada um se mede pelo seus feitos e pela sua glória. Avalon gosta muito de você. O que pensa da nova religião?”

Lady Marion: “Príncipe! Existem boas pessoas na nova crença. O problema é que as más ações são as que se destacam.”

Madoc: “E Brian? Está com um ano já? Como é ter um filho Algar?”

Barão Algar: “É maravilhoso ver aquela coisinha crescer a cada estação!”

Madoc: “Deve ser indescritível! O meu Pai sempre fala de você como exemplo de cumpridor de seus deveres. Apesar das suas excentricidades. Quero lhe tornar comandante de minha guarda pessoal quando eu tiver a coroa. Você aceitaria?”

Barão Algar: “Seria uma honra meu Príncipe!”

Barão Algar: “Que tal jogarmos um pouco de gamão?”

Enquanto jogam e se divertem. Então o Príncipe fica sério e fala.

Madoc: “Então amigos, gostaria de confidenciar algo muito importante à vocês!”

Derrepentemente o som de cornetas soa por todo o lugar. O gritos dos soldados e dos cavalos assustados surgem ao redor das tendas. Sons de homens morrendo, gritos, pânico e caos!

Madoc: “São os nossos? Eu não dei ordem nenhuma! Meu deus, o inimigo está nos atacando de surpresa! Que a Deusa tenha piedade de nós!”

Eles ouvem o som da batalha se aproximar cada vez mais.

Príncipe Madoc: “Rápido! Vamos homens! É chegada a hora. Não há tempo para nada. Lutem ao meu lado! Vida longa ao rei! Logreeeees!”

Eles saem da tenda e dão de cara com a pior das cenas. Milhares de soldados e cavaleiros tomando os corredores do acampamento. Percebem que os homens de Logres foram pegos de surpresa. Eles tentam lutar. Mas muitos estão sem armas ou escudos. Alguns só vestem a roupa do corpo. E montados não se vê ninguém, somente o inimigo. As tendas brancas são borrifadas com as gotas de sangue dos homens do exército real. O caos e o pânico toma conta de tudo e de todos. O príncipe grita tentando se fazer ouvir entre os gemidos de dor e morte dos seus homens sendo assassinados como moscas.

Madoc: “Reúnam-se na bandeira! Reúnam-se na bandeira! Corram todos para lá!”

Eles vêem a bandeira próxima a tenda e as carroças cheias de suprimentos pegando fogo. Os heróis correm ao lado de Madoc até que encontram o inimigo entre as tendas do acampamento.

Descalços, vestindo uma túnica longa, verde com motivos celtas, barbudos e sujos eles atiram com arcos contra Enrick, Marion e Algar. São Irlandeses Kerns. Eles gritam com sotaque carregado em gálico.

Irlandês: “Morram desgraçados! Que vocês e suas famílias apodreçam debaixo da terra!”

Fazem caretas e mostram a língua enquanto disparam seus arcos. Os heróis vão encurtando a distância. Marion usa o seu arco e erra os disparos. Os Irlandeses também. Um deles se fere e fica sem arma. Finalmente Algar e Enrick os atacam. Com a lança Gungnir o Barão transpassa a garganta de seu oponente matando-o afogado em seu próprio sangue. Enrick desce o seu martelo, primeiro partindo as costelas do inimigo que já caído tem a cabeça transformada em uma massa de miolos, sangue e ossos quebrados. Marion dispara a curta distância no olho do Irlandês que com a língua pra fora e com a ponta transpassando o seu crânio cai morto à seus pés.

A morte está por todos os lados. Nos corredores os corpos dos homens de Logres se acumulam. Mortos e feridos caem um sobre os outros e são pisoteados por outros em fuga e cavalos dos inimigos. Um som ensurdecedor de gritos e o cheiro forte de sangue e o dos corpos em decomposição caídos no pé da montanha faz muitos vomitarem. Há fogo se espalhando por entra as outras tendas.

SEGUNDA HORA:

A batalha continua violenta e muitos homens tentam achar coragem para reagir. Até mesmo os animais foram sacrificados. Alguns cavalos escapam e correm com medo do fogo para os campos. Nem sinal de Hefesto, Sir Enrick fica preocupado. Eles não conseguem identificar alguém conhecido. Madoc, lutando com habilidade, usando a lâmina escondida na empunhadura de sua espada e desferindo golpes em arcos mata vários inimigos. Ele some no meio da confusão. Os heróis rompem a linha inicial formada pelos Irlandeses e dão de cara com a infantaria pesada de Gorlois. Eles usam lanças longas e estão protegidos com armaduras. Três deles, ombro a ombro em guarda, marcham com o elmo fechado contra Marion, Enrick e Algar.

Um dos inimigos acerta a armadura de Algar fazendo um som de metal contra metal. O Barão sente o impacto e um hematoma se forma na região atingida. No contra golpe Algar gira a lança em suas mãos e salta. O homem de Gorlois com a armadura pesada tenta erguer o escudo mas é tarde e a lança entra pelo topo de seu crânio e sai pelas costas vazando líquido espinhal. Lady Marion dispara rápido enquanto o inimigo se aproxima. Algumas flechas atingem as armaduras sem muito efeito. Até que uma delas acerta a virilha do seu oponente que cambaleia. Sir Enrick golpeia de um lado arrebentando o ombro de um deles que tem uma fratura exposta de seu antebraço e urra de dor segurando o membro pendurado pelos tendões. E logo depois golpeia girando o martelo de guerra para o outro lado de cima par baixo. A arma acerta o meio do elmo do homem que lutava com Lady Marion. A proteção se abre e o rosto do inimigo surge com o impacto quebrando seus dentes e partindo o seu crânio ao meio. Em espasmos ele treme no chão sujo de sangue e morre.

A matança continua. Dezenas de soldados de Logres começam a correr em pânico deixando o acampamento, mas os Cavaleiros de Gorlois cercam o lugar e cada homem que tenta sair é trucidado sem piedade.

TERCEIRA HORA:

Os heróis olham para a esquerda e vêem a distância de uns cinquenta metros, no centro do acampamento, o príncipe Madoc com a antiga e bonita espada de seu pai, com a lâmina gravada um galho de carvalho, sem escudo e nem elmo e em posição de guarda. E vêem também o estandarte de Gorlois. Logo surge o Duque com sua armadura prateada com o elmo aberto, com a sua espada em riste e montado em seu cavalo de batalha empinando e gritando.

Gorlois: “Fique de lado nessa luta garoto! Eu quero o seu pai, não você! Saia seu tolo idiota!”

Mas quatro homens da infantaria de Gorlois com seus escudos longos, espadas e lanças, cobertos com as suas cotas de malha se aproximam. Eles vem em formação um ao lado do outro fazendo uma pequena parede de escudos. Algar vê o Príncipe em apuros e se expõe aos ataques dos infantes que o acertam nas costas enquanto corre em direção à Gorlois e ao Príncipe. Mas a forte armadura e a cota de malha o protege deixando apenas ferimentos leves.

Sir Enrick e Lady Marion, um de costas para o outro, enfrentam os quatro inimigos. Com flechas e marteladas os dois matam três deles. Até que o último tenta um golpe contra a guerreira que se defende do golpe com o seu bracelete e salta nas costas do oponente lhe quebrando o pescoço.

Três horas após o ataque surpresa o cenário não poderia ser pior. Metade das tendas pegam fogo. Muitas baixas do lado do Exército Real. Homens em fuga sendo dizimados. A Cavalaria de Gorlois trota por cima daqueles que ainda tentam lutar quebrando ossos e tirando vidas.

QUARTA HORA:

No início da quarta hora Algar está correndo em direção ao centro do acampamento pisando em um tapete de cadáveres. Algo brilha sendo lançado no ar fazendo um som cortando o ar. Ele vê voando a espada de Madoc. E as mão do Príncipe estão vazias. A arma cai longe entre o caos da batalha se perdendo de vista. Madoc olha assustado enquanto Gorlois empina o cavalo e desfere um golpe certeiro e forte na junção da armadura do Príncipe entre o pescoço e o ombro. Sangue e suor espirram enquanto seus longos cabelos se espalham. Algar vê a lâmina parar no meio das costas de seu amigo cortando-o profundamente O príncipe olha assustado para o seu algoz com os olhos vidrados e em choque. O sangue jorra de sua boca, nariz e da sua ferida profunda. E ele cai de joelhos levando a mão até o ferimento. Na contra luz das chamas das barracas ardendo Madoc agoniza.

Gorlois: “Eu quero o Rei!!! Mandem-me o rei! Covardes!”

Neste momento o Barão Algar pega Gungnir e prepara para lançá-la. Ele vê do outro lado do véu que separa os dois mundos a aura vermelha de Gorlois, dominado pelo ódio, se expandindo e a do Príncipe se extinguindo. E Algar atira a lança sagrada de Odim que vêm girando por cima do tapete de cadáveres. O golpe da arma é forte abrindo o homem na altura das costelas, no dorso. Rasgando a sua proteção metálica, a cota de malha e carne. Gorlois cai de seu cavalo, com o impacto e muito ferido tenta ficar de pé. O lado que foi golpeado está com a armadura em frangalhos e pode-se ver sangue jorrando como uma fonte de dentro do seu corpo e suas tripas saindo. Ele tenta pegá-las em suas mãos. Muito fraco cai de joelhos. Vira os olhos em espasmos. Vomita sangue e sua respiração assobia. Provavelmente teve junto o pulmão perfurado. Ele tenta se levantar novamente e se afastar dali. Mas então seu corpo não aguenta mais e Gorlois cai morto de bruços em meio aos outros corpos que forram o chão.

Três infantes aparecem no meio do caos da batalha acompanhados por um Cavaleiro de Gorlois. O Cavaleiro abre seu elmo e grita para Algar.

Sir Luc: “Lembra de mim Barão? Comandante da guarda da fronteira da Cornualha? Seu amigo Romano não está junto para te salvar. Agora chegou a hora, vou estripá-lo! O Demônio é meu, peguem os outros!”

Os heróis com a visão de Madoc seriamente ferido ficam possuídos de fúria e ódio. Um frenesi os invade o corpo. As mãos tremem os olhos ficam fixos. A ira daquela cena saída de seus piores pesadelos os deixa loucos. Não escutam sons, não sentem o peso das armas. Somente uma vontade incontrolável de matar.

Então, Sir Enrick, Algar e Marion atacam sem piedade. Os infantes não tem a mínima chance. Uma chuva de flechas certeiras saem de seus arcos matando e ferindo-os. Sir Enrick acerta um elmo da esquerda para a direita com o seu martelo quebrando maxilares. Acerta outro homem no dorso que rola cuspindo sangue se contorcendo no chão. Outro cai de joelhos segurando uma flecha enterrada até as penas transpassando o peito na altura do coração.

O Barão Algar lutam desmontado com Sir Luc. Os dois se golpeiam e o Comandante da fronteira da Cornualha em vantagem o desarma e ri ironicamente. Algar rola e cai em meio a centenas de corpos e encontra a espada de Madoc. Ele se levanta enquanto o Cavaleiro inimigo galopa no espaço curto no centro do acampamento. Algar se abaixa desviando do golpe de espada e acerta Luc nas costas que se desequilibra e cai de seu cavalo ferindo seu ombro. Sem perceber Marion caem sobe ele pelas costas. Uma martelada de Enrick é suficiente para tornar inútil o braço que segurava a espada. E uma flechada na omoplata arranca um grito de dor no homem que cambaleia.

Algar: “Ao contrário de você Luc eu tenho o mais importante. Amigos leais!”

E Algar sacrifica Sir Luc com um golpe da espada enterrando-a no topo da cabeça do cavaleiro que vira os olhos enquanto a lâmina afiada sai pela base de seu crânio. Quando retira a arma do corpo sem vida o sangue banha o rosto e a armadura do Barão.

QUINTA HORA:

Derrepente eles vêem o inimigo vindo de todos os lados do acampamento os cercando. Os homens do Rei Uther estão praticamente dizimados. Então os Cavaleiros da Cruz do Martelo surgem. Sir Bag, Sir Dylan, Sir Jakin e Sir Dalan surgem liderados por Sir Amig, Sir Warren, Sir Léo, Conde Roderick e Sir Elad. Eles vem abrindo caminho cortando cabeças, abrindo barrigas, quebrando ossos e usando tudo que podem como armas. Desde a empunhadura de suas armas, escudos, mordidas, cabeças, elmos, membros decepados e golpes certeiros de suas armas. Eles se posicionam ombro a ombro.

Sir Amig: “Parede de escudos dupla!”

Não há esperança. Mais da metade dos homens de Logres foram mortos. Trucidados pelos infantes, Cavaleiros e os Irlandeses mercenários de Gorlois. Uma tragédia para o Reino de Logres e o reinado de Uther. Não se vê o corpo de Madoc em meio aos milhares de mortos que enchem o chão escorregadio.

Cavaleiro de Gorlois vê o corpo do Conde: “O conde está morto! O Conde está morto! Recuar, recuar, recuar!”

Ao mesmo tempo uma corneta soa, depois várias outras. Os cavaleiros e infantes inimigos começam a se retirar em alta velocidade rumando para o castelo. O fogo toma conta das tendas, o caos deixado para trás é uma imagem infernal. Os corpos dos escudeiros, soldados, cavaleiros e cavalos estão por todos os lados.O pior ainda são os que estão aleijados, com os membros amputados se arrastando e chorando. Alguns chamam pela mãe. Outros rezam. Uns clamam por ajuda enquanto morrem. Os heróis respiram aliviados.

Eles vêem correndo pela escuridão uma unidade de Ulfius, formada por cavaleiros sobreviventes, usando os cavalos que alguns inimigos deixaram para trás. Eles perseguem os cavaleiros de Gorlois até o castelo, sobem o alto morro e invadem o castelo. No alto de uma colina, Sir Enrick vê Hefesto, seu cavalo. Lá de fora todos podem escutar os gritos de pavor vindo de dentro das muralhas de Terrabill. Derrepente o fogo começa a tomar conta da construção e Ulfius e seus cavaleiros saem lá de dentro e se põe ao lado da ponte levadiça. Todo aquele que tenta escapar do interior do castelo é imediatamente assassinado a golpes de lanças, espadas e machados e atirados, pelos poucos infantes sobreviventes de Logres, que se juntam ao grupo, na vala ao redor da colina lá do alto.

A maior parte do exército Real está morta ou ferida. E no meio dos mortos, banhado em sangue, com a espada de Gorlois enterrada em seu corpo, está o Príncipe Madoc ainda respirando.

Conde Roderick chama Sir Warren e Sir Léo.

Conde Roderick: “Acabou! Cabe a nós resolvermos os problemas. Quero que levem o corpo deste maldito Gorlois imediatamente para Tintagel e avisem sua mulher que ele não caminha mais entre os vivos. Avisem o Rei também sobre o seu filho.”

Sir Warren: “Sim senhor!”

E partem imediatamente colocando o corpo de Gorlois em uma carroça e indo em direção a Tintagel.

Sir Elad: “Homens, carreguem o Príncipe com cuidado para a tenda real.”

O dia amanhece levando as últimas estrelas do céu no campo coberto de neblina. Pouco sobrou do acampamento e do castelo. Os corpos são recolhidos e queimados em uma pira coletiva. Os animais também são incinerados. A fumaça levanta lentamente até o céu. É um dia triste onde muitas vidas foram perdidas.

Os Cavaleiros da Cruz do Martelo estão na tenda real, Madoc está deitado em cima de uma mesa. Seu sangue está no chão, nas mãos de seus amigos e por todo o caminho que foi levado. Marion se aproxima e percebe que não é possível tirar a espada. A consciência do Príncipe às vezes volta. Ele sofre muito e geme de dor. Então perde os sentidos novamente.

Príncipe Madoc: “Amigos! Se aproximem! A dor que sinto não se compara a dor que sentirei em não vê-los mais. Nunca pensei que o meu fim chegasse tão cedo.

Ele tosse e fica imóvel depois acorda novamente e geme de dor.

Príncipe Madoc: “Sei que a história esquecerá de mim. Mas não importa, nós não esqueceremos de nossas conquistas. Lembram de Bayeux? Quando os homens me olharam a primeira vez com a admiração de um herói, de um Príncipe de verdade. Nunca poderia esquecer. E Figsbury onde pude ver a alegria no rosto de vocês quando chegamos para salvá-los. Preciso lhes pedir uma coisa meus nobres amigos. Os únicos que tive de verdade. Não abandonem meu pai neste momento difícil. É só o que peço! Ela está perdido. Se fui feliz um dia foi nos momentos que estivemos juntos, como iguais.”

Ele tosse, os seus olhos parecem pequenos

Príncipe Madoc: “Ajoelhem-se homens! Cavaleiros da Cruz do Martelo nunca abaixem as suas cabeças em tempos difíceis, nunca. Vocês são a força que mantém o nosso reino vivo. Pela última vez juntos. Força, Lealdade e Honr...!”

E o Príncipe dá um suspiro e para de respirar com os olhos abertos. Madoc está morto. Os Cavaleiros da Cruz do Martelo estão em prantos.

Sir Amig: “Preciso de um trago! Mais do que nunca precisei. Merda!”

Conde Roderick: “Eu também! Vamos Elad!”

E os três saem de dentro da tenda enquanto Marion fecha os olhos do Príncipe.

No meio da tarde. Seis horas depois da morte de Madoc. O Rei Uther, Merlim e Igraine, vestida toda de preto, chegam cavalgando pelo campo junto com a guarda real. Merlim permanece sem emoção e parece extremamente exausto. Seu rosto meio coberto pelo capuz, tem olheiras e o Druida parece ter envelhecido trinta anos.

Com lágrimas nos olhos Uther desce de seu cavalo e se aproxima do corpo do filho. Ele se ajoelha pegando suas mãos que repousam sobre o peito, com a camisa branca usada abaixo da armadura ensopada de sangue. A tenda se fecha e o rei fica sozinho com sua culpa e dor.

A noite transcorre em luto. Nenhuma música é ouvida no campo de batalha. Somente orações. O clima é triste e a chuva que cai próxima a costa deixa tudo mais lúgubre. Os Cavaleiros da Cruz do Martelo estão sentados na frente da tenda real em pedras trazidas pelos escudeiros bebendo um barril de hidromel.

Sir Amig: “Hoje perdemos um grande homem amigos! Gostaria que lembrássemos os bons momentos que tivemos com Madoc. Eu o vi pequeno, depois virar um jovem que até mesmo eu não confiava e depois um grande homem que nunca teve medo de lutar, nem de cumprir o que lhe foi determinado. Nunca desobedeceu o Rei! Era um grande Príncipe! Temo termos perdido um grande líder.”

Sir Dalan: “Então em nome desses grandes homens! Heróis! Cavaleiros do Rei! Que estão celebrando juntos com os seus antepassados nesta noite! Um brinde a vida heróica do nosso Príncipe!”

Ao amanhecer as unidades são dispensadas e começam a retornar para suas terras.

Rei Uther se aproxima dos heróis: “Ele gostava muito de vocês. Tão jovem. Mas morreu como um herói deve morrer. Gostaria que vocês estivessem no funeral de meu filho. Faremos a última homenagem para ele em Stone Range. Sigam comigo e o corpo dele até Sarum.”

Sir Enrick é um dos que mais sofrem e permanece sempre em silêncio. As carroças, cavalos e homens começam a longa viagem de dez dias de volta. Tomando o caminho para Dorchester. Os mensageiros já foram enviados para contar as notícias da vitória e da morte do príncipe. Atravessando o rio onde os engenheiros do rei construíram pontes finalmente a comitiva real parte para o leste. Sempre em silêncio todos cavalgam. Rei Uther nunca sai do lado da carroça que leva o corpo vestido com uma nova armadura e limpo de ferimentos. O estandarte sempre vai à frente. Merlim lidera a comitiva. Sir Briant chega até eles com seu cavalo.

Sir Briant: “Triste sobrinho! Que perda para todos nós! Como sabe estive com o Rei em Tintagel. Testemunhei coisas estranhas por lá. Estávamos todos entediados! Cansados. O Rei mandou construir umas catapultas, jogou uma tonelada de pedras nos muros da fortaleza e nada. O humor de Uther estava azedo. Numa tarde ele e Merlim se juntaram na tenda e ao anoitecer os dois partiram sem dizer nada. Brastias ficou enlouquecido. Chefe da guarda pessoal do Rei, temia que Vossa Majestade fosse morto. Eles foram num círculo de pedras sagrado próximo. Diante do mar, no alto da falésia, Merlim fazia gestos enquanto o Rei se ajoelhava perante ele. Depois uma bruma estranha veio do mar se movimentando e cobriu tudo. Então Merlim e Uther se dirigiram até o castelo. Foi uma noite longa de espera. E os dois retornaram um pouco antes da alvorada. O Rei Uther parecia feliz e Merlim completamente esgotado. De manhã chegou o corpo de Gorlois em uma carroça. E pudemos ouvir os lamentos dos moradores do Castelo e de seus filhos. Logo o Rei mandou Sir Brastias com uma bandeira de paz até o castelo e logo ele retornou dizendo que a duquesa tinha se rendido. Igraine apareceu e Uther jurou protegê-la. Disse que tinha feito justiça e que o traidor merecia estar morto. Até que lhe contaram da morte de Madoc e aquele homem duro como aço desabou. E foi até a sua tenda chorar sozinho. Enfim, o Rei Uther designou Sir Warren como temporário lorde de Terrabill para tomar conta do castelo em seu nome.”

Igraine sempre em silêncio exerce seu fascínio à todos. As noites transcorrem tranquilamente e depois de quatro dias eles chegam a cidade de Dorchester. O pretor abraça o rei na entrada da cidade.

Pretor: “Meus sentimentos Rei Uther! Saiba que estou a disposição para lhe fornecer tudo o que precisar.”

Ele empresta um de seus maiores barcos que parte auxiliado por quarenta remadores. Dois dias depois de costearem a ilha com tempo bom a comitiva real atraca em Hantonne. O resto da comitiva formado pelos soldados, carroças e espólios foram por terra protegidos pelo duque Ulfius e seus homens. Na cidade os moradores estão nas ruas. Muitos oram. Até mesmo os marujos mal encarados e as prostitutas da taverna tem a cabeça baixa enquanto o cortejo passa. Uma mulher com uma criança de um ano de idade em seu colo olha para Sir Enrick e lhe acena. O arqueiro a ignora.

O rei cavalga atrás da carroça agradecendo aos moradores. Velas são acessas pelas ruas e quando a comitiva toma a estrada para o norte até Stone Range. Os moradores vão se juntando ao longo do caminho.

Passando por Duplain os camponeses também se juntam ao anoitecer do primeiro dia. Um cortejo com mais de trinta mil pessoas acompanha o Rei e seu filho.

Os camponeses oferecem comida ao longo do caminho, até que finalmente depois de três dias de viagem acompanhados pelo grupo formado por milhares de pessoas chegam ao círculo sagrado. Os heróis, o Conde Roderick, Sir Elad, Sir Bag, Sir Amig, Duque Ulfius, Merlim, Padre Wiliam, Sir Dylan, Lady Adwen, Sir Léo, Lady Igraine. Sir Warren, Sir Brastias, Almirante Gwenwynwyn e toda a nobreza da ilha estão ali.

Uma sacerdotisa de Avalon canta acompanhada por um harpista. Em Stone Range ao lado de seu tio Aurelius Ambrosius, o Príncipe Madoc é enterrado. O príncipe está vestindo uma armadura nova e está com sua espada entre as mãos. O seu rosto está bastante pálido e roxo devido ao tempo de viagem até o dia do funeral. Finalmente a sepultura é fechada. Choro e lamentos são ouvidos. Ao lado da sepultura existe uma outra, vazia. Trata-se da que Uther reservou para quando chegar a sua hora.

O rei ergue Excalibur.

Uther: “Empunhem as suas armas também, Heróis de Logres!”

Uther com lágrimas nos olhos fala: “Aos salões bravo guerreiro, seus ancestrais o aguardam. As pobres almas que ainda caminham sobre a terra lhes saúdam. Feliz é aquele que morre com a espada e pela espada. Filho, você tombou em combate mas nunca lhe faltou coragem e bravura e nem amor por seu pai e rei. Agora você está livre Madoc. Entre nos salões como um verdadeiro Pendragon. Voando rápido, forte e imponente. Todos te amamos! E este sempre será o grito daqueles que te amam e nunca o esquecerão: Força, Lealdade e Honra!”

O Rei então enxuga suas lágrimas e sobe imponente em seu cavalo. Ao seu lado Merlim e Igraine.

Uther: “Estão dispensados! Todos cumpriram as suas obrigações com Logres e com o seu Rei! Vão em paz!”

E foi a última vez que eles viram o Príncipe Madoc.

O funeral acaba e todos se retiram quando uma chuva forte começa a cair. Finalmente todos podem voltar para suas terras.

Alguns meses depois no início do inverno eles se reúnem, no salão de banquetes do novo castelo de madeira de Sir Enrick e Lady Marion, para um almoço. Estão presentes Sir Amig e Sir Dylan.

Sir Amig: “Viemos fazer essa visita minha filha porque logo virão as grandes nevascas e as estradas ficarão impraticáveis. Nos veremos somente na primavera.”

Padre Carmelo entra no salão de banquetes.

Padre Carmelo: “Lady Marion! Minha Senhora, tem um rapaz meio estranho aí na frente. Diz que trás algo que talvez lhes interesse.”

Um homem baixo com roupas exóticas entra no salão. Está vestindo botas de montaria com calças roxas brilhantes. Uma camisa branca bufante e um grande chapéu, da mesma cor da calça, com uma pena de faisão. Ele tem cabelo preto enrolado e usa bigode.

Adrien: “Adrien de Calé ao seu dispor meus senhores! Maidemoiselle!”

Ele beija a mão de Marion.

Sir Amig fala baixo: “Esse escorrega!”

Dylan: “Quieto pai!”

Barão Algar: “E como escorrega!”

Adrien: “Heróis de Logres! É uma honra conhecê-los! Notícias, boatos e rumores são a minha especialidade! E venho os oferecer! Como uma peça rara e única! Um tesouro inestimá...”

Sir Amig: “Desembucha franco! Você andou falando com algum Druida sobre assuntos pessoais nos últimos tempos? Oh, Oh, Oh! Você é muito alegre pro meu gosto rapaz.”

Adrien: “Ah! Vocês Britânicos são muito engraçados mesmo! Por uma libra meus senhores, lhes contarei tudo sobre o que está acontecendo com o Rei e também no leste. Tudo parece de pernas pro ar. Estive há dois meses em Tintagel, depois fui para o outro lado da ilha, em Pevensey. Chegando lá tive que correr, tudo estava um caos. E temi por perder minha cabeça por lá. Mas me desculpem, estou me adiantando. Gostariam de comprar essas notícias tão valiosas?”

Barão Algar: “Tome algumas moedas seu v... Quer dizer, Franco!”

Adrien: “Ah, Bem! Enquanto o Rei Uther e seu exército estava em Campanha na Cornualha o Rei Ælle reforçado pelos germânicos de seu filho Cissa. Juntos montaram cerco no antigo castelo romano de Pevensey deixaram a população faminta e atacaram as muralhas escravizaram muitos e sacrificaram mulheres e crianças em nome do deus Wotan, o Deus saxão sangrento da guerra. Eu vi quase tudo e não foi algo bom de presenciar. E a outra notícia é a que as pessoas mais estão comentando por toda a Cornualha. O Rei Uther se casou com Igraine em cerimônia particular. Subornei um guarda real para ele me contar. Um excelente investimento. Só os Condes sabem disso, hein? Apesar de pouco tempo após a morte de seu marido a Condessa Igraine agora é a consorte do rei. É isso então! Muito obrigado senhores, au revoir!”

Faz um movimento com as mãos e uma pomba branca sai voando delas. Ele vai saindo de costas e vai embora acenando com o chapéu.

Sir Dylan: “E então, parece que Logres tem uma nova rainha!”

Sir Amig: “É mesmo, este tal de Adrien dá a maior bandeira mesmo!”

Sir Dylan: “Não pai estou falando de Igraine!”

Sir Amig: “Ah sim! Essa é uma bela rainha! Mas quem sabe o que será de Uther nas mãos dela, não é mesmo? Chega de falar do Rei e vamos comer! Vai um pedaço de gamo saltitante aí Genro?”

E todos riem com o Veterano Cavaleiro !

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