terça-feira, 3 de agosto de 2010

Aventura 12: A Guerra dos Herlews, ano 489, Parte III


Ano 489, final do inverno. Essa época não neva mais e as temperaturas estão em torno dos dez graus. As tensões dentro da Britânia cresceram até um ponto em que os nobres se dividiram. Os Herlews estão em guerra e os irmãos, Barão Algar e Sir Odirsen II, preparam-se para o embate final. Não trata-se mais de um conflito entre a nova e a velha religião, já que existem nobres de ambas as crenças, apoiando um lado ou outro. O Rei Uther não toma partido de nenhum dos irmãos, pois os dois homens são importantes para a segurança do reino. O problema é que o conflito está tomando grandes proporções e poderá enfraquecer Logres. Os reinos rivais como a Cornualha, Sussex, Terra dos Francos parecem movimentarem suas forças para as fronteiras esperando ter uma oportunidade de invadirem o reino de Uther enfraquecido pela guerra. As tropas reais e a de nobres como Sir Amig, Sir Bellias, Conde Roderick, Sir Elad, Sir Briant, Conde Ulfius são convocadas para deslocarem suas tropas para os lugares mais prováveis de um ataque estrangeiro. Saques rápidos e ataques, nas vilas na região fronteiriça do reino, tem aumentado e acontecido frequentemente. Correm boatos que na Cumbria, o Arcebispo está reunindo centenas de peregrinos cristãos, para converterem os pagãos quando forem derrotados e ainda pretende ordenar Odirsen II santo ainda em vida.

O Barão Algar, Sir Enrick, a Ordem dos Cavaleiros da Cruz do Martelo, Lady Adwen e Lady Marion chegam no feudo de Sir Bellias, cruzam a ponte que leva o portão principal e tomam a estrada de terra atravessando os pomares com as árvores sem folhas esta época. Uma subida leva ao castelo. Imediatamente os guardas reconhecem seus estandartes e descem a ponte levadiça. Todos entram no pátio da grande construção de pedra. Os heróis estão doloridos, feridos e cansados.

Após adentrarem o salão de banquete, uma porta dupla é aberta atrás do trono que leva ao grande salão do conselho de guerra. O lugar é cheio de tapeçarias. Existe uma mesa longa com mais de vinte cadeiras, o chão é de mármore romano em hexágonos bordôs descorados. Três nichos, com arcos góticos na parede da cabeceira da mesa, têm armaduras em seu interior. Acima deles várias alabardas em V e no centrou o escudo de Bellias, com duas espadas se cruzando, abaixo de um chifre de gamo enorme. Nas outras paredes, espadas, machados, armaduras e troféus de guerra compõe a decoração. As tochas iluminam o salão.

Sir Bellias está sentado lendo uns pergaminhos e escutando dois bardos seus tocando ao fundo. Quando o grupo entram ele se levanta. Os cortesões lhes prestam reverência. Sir Bellias vem os receber e abraça Barão Algar.

Sir Bellias: “Seja bem vindo aos meus salões sobrinho! Lady Adwen, fico muito aliviado e feliz por estar bem! Príncipe Madoc! É uma honra alteza! Mas vejo que estão em condições péssimas! Sir Enrick, parece que você foi mastigado e depois cuspido fora. Quem me dera ter dois braços novamente e poder combater como vocês. Mas, como conseguiram encontrar aqueles bárbaros animais?”

Barão Algar: “Com a ajuda do nosso Príncipe aqui. Parece que os bárbaros estão divididos em vários clãs e grupos. Uma coisa estranha!”

Sir Bellias: “Enrick, esse martelo em seu pescoço? Você é um pagão agora?”

Sir Enrick: “Não meu senhor, é um simbolo de guerra, uso pela conquista do forte que invadimos em Sussex.”

Sir Bellias: “Lembre-se sobrinho! Agora, você é um senhor da guerra! Um líder! É necessário saber tomar decisões que ninguém quer tomar e levar os seus homens para a morte desde que você mostre a eles que está disposto a morrer por todos. Você acha que está pronto?”

Barão Algar: “Sempre estive!”

Sir Bellias: “Não esqueça que se precisar fazer algo perigoso e essencial, faça você mesmo! No final, Roma caiu por falta de líderes que marchassem à frente de seus exércitos. Se banhem, comam algo quente, tratem os seus ferimentos e depois conversaremos”

Madoc, Algar, Enrick e Adwen vão se banhar. Em uma sala de banho existe uma tina grande de madeira. Ela é enchida com água quente com baldes pelos servos. Os quatro aguardam lá fora e um por um dirigem-se até sala de banho, se despem na frente dos serviçais, com a ajuda deles colocam um camisolão e entram na tina. Eles os ajudam esfregando com uma pedra porosa as costas. A água vai ficando turva. Dores e ardidos dos ferimentos são sentidos. Quando entra outro para se banhar os servos esvaziam a tina jogando a água suja em um ralo gradeado no canto do aposento e começam todo o processo novamente.

Após o banho em um dos quartos de vestir do castelo, Lady Marion se aproxima com panos de linho, ervas, linha feita de tripa de carneiro e uma agulha feita de osso.

Lady Marion: “Então rapazes, vamos tratar destes ferimentos? Vocês estão com a boca toda machucada do frio, queimados, tem hematomas, cortes. Por Deus Enrick você perdeu um dente. (Madoc ri) Não ria alteza, sua cara não é das melhores também. E você Barão, metade do rosto está chamuscado e a barba caiu deste lado. Andou brincando com fogo, né?”

Então ela começa a tratá-los com um emplastro feito de ervas e pão molhado. Limpa os ferimentos, costura outros. Usa uma faca quente para esterilizá-los. E no final enfaixa-os com linho. Algar com ferimentos menos graves se sente bem melhor. Enrick ainda está um pouco debilitado.

Após banharem-se, dormirem um pouco e comerem todos se reúnem no salão novamente. Já se passou metade do dia.

Sir Bellias: “Então Barão! Os Lordes que convoquei estão vindo o mais rápido que podem e acredito que ao anoitecer estarão aqui. Eu, senhores, espertamente fui convocado pelo próprio Rei Uther, coisa que também aconteceu com Sir Briant, meu irmão, para proteger nossas fronteiras. Fui retirado de maneira elegante do front por Vossa Majestade. Sendo assim convoquei dois cavaleiros vassalos, grandes amigos meus, Sir Robert e Sir Tomás, que vocês conhecem do Torneio de Logres. As tropas deste bons homens substituirão as minhas. O Rei Uther me pediu para que lhe peçam que se resolva o mais rápido possível esse embate. Se essa luta se estender, em breve, receberemos ataques dos reinos rivais e Logres pode deixar de existir.”

Então o primeiro Lorde chega e o guarda do salão bate a lança e anuncia.

Guarda: “Mestres! Gostaria de anunciar a presença do Almirante Gwenwynwyn!”

Almirante Gwenwynwyn: “Boa tarde senhores! Soube que precisam de ajuda? Estou a sua disposição Barão!”

“Tenho como dispor os homens da milícia do meu irmão, que ele me enviou e que lutarão por terra. Tenho quatro barcos escondidos atracados na entrada do rio Avon preparados para subir o Rio Bourne. Não os trouxe porque teria que passar pelas terras de Odirsen II e levantaria suspeitas. Há dez milhas de Laverstock tem uma corrente de um lado ao outro do Bourne, em uma vila, e os homens de seu irmão vistoriam tudo o que sobe para o norte. Vindo para cá vi que Odirsen II possui três barcos do tamanho do meu, subindo e descendo o rio até Figsbury patrulhando as águas.”

Mais alguns Lordes chegam e o guarda do salão bate a lança e anuncia.

Guarda: “Mestres! Gostaria de anunciar a presença de Sir Nerthaid, Sir Libiau e Sir Rhyrid!” (Vizinhos Pagãos)

Sir Nerthaid: “Olá vizinho! Já que tudo isso caiu em nosso quintal e não acredito que se Odirsen II vencê-lo vai parar de atacar somente suas terras Barão, já que estamos próximos e somos pagãos. Com certeza ele vai tentar tomar o que é nosso também. Seu irmão não tem misericórdia e mataria a todos, veja o que ele fez para a sua esposa. Então, temendo pela segurança de nossas famílias e da nossas crenças ,iremos lutar ao seu lado. Soube, pelo meu cunhado, Sir Bruce, que Odirsen II está movimentando uma grande força ao sul.”

Eles sentam à mesa com os heróis e logo o guarda anuncia novamente mais uma chegada.

Guarda: “Mestres! Gostaria de anunciar a presença de Sir Warren!”

O veterano cavaleiro de cabelos longos brancos entra vestindo sua armadura brilhante e capa vermelha. Por cima veste uma estola de lebre.

Sir Warren: “Senhores! Vim retribuir um favor a um amigo! O que precisar Barão para vencermos Odirsen II eu farei.”

Então Sir Bellias se retira por alguns minutos. As conversas enchem o salão enquanto eles aguardam. Então o tio de Algar retorna com mais dois cavaleiros, um mais jovem e outro mais velho.

Sir Bellias: “Senhores, devem conhecê-los do Torneio de Logres. Sir Robert e Sir Tomás. São meus Vassalos, lutarão em meu lugar, já que o Rei Uther conseguiu uma forma de me tirar do campo de batalha!”

Sir Tomás, mais velho fala: “É uma honra senhores! Estamos aqui para combater e vencer!”

“Soube dos rumores Barão? De que seu irmão tem planos de manter o apoio que o senhor tem através de suas terras. Dizem que ele quer lhe matar e derrotar seu exército e depois casar com Lady Adwen, pegando suas terras herdadas, seus homens e a Gungnir! Parece que o Arcebispo o apoia desde que todos os seus homens, Algar, se convertam sobe pena de morte se não o fizerem.”
Estão presentes na sala, Sir Dalan, Sir Alien, Sir Bag, Sir Jakin, Sir Hervis, Sir Dylan, Lady Marion, Sir Bellias, Sir Enrick, Barão Algar, Lady Adwen e o Príncipe Madoc.

Sir Bellias: “Bem senhores, numa estimativa rápida eu diria que conseguiríamos reunir uma força com aproximadamente mil homens. Uma força considerável, eu diria. Não o ideal. Mas considerável. Na opinião de vocês, o que determinará a vitória neste combate?”

Barão Algar: “Fazermos o inimigo lutar onde nós quisermos e utilizarmos de vantagens como terreno e proteções. Acredito que nossos arqueiros serão importantes também!”

Sir Bellias: “Muito bem sobrinho! Em minha opinião, o que determinará a vitória neste combate será a estratégia que usarmos. Precisamos saber qual o número de homens que Odirsen II irá reunir, os tipos de unidade. E aí usaremos essas informações para atraí-los a um lugar que nos dê vantagem em combate. Teremos que esperar o momento que as forças inimigas se reúnam. Por hora senhores preparem seus exércitos e se reúnam daqui à cinco dias nos muros de Winterbourne Gunnet. Lá o Barão Algar discutirá com os senhores os planos de ataque. Obrigado por terem atendido o chamado.”

Sir Bellias chama o Barão Algar no canto enquanto os cortesões servem bebida e comida à todos.

Sir Bellias: “Sobrinho, agora é com você. Eu não poderei participar da campanha por ordem de Vossa Majestade. Espero que todos esses Lordes compareçam com os seus exércitos e que ninguém se acovarde pelo número reduzido de homens que temos. Resolva logo isso Barão e coloque seu irmão no devido lugar. Esteja preparado! Boa sorte!” (Então ele dá um abraço em Algar)

Barão Algar: “Farei o melhor que puder tio! Espero que tudo isso acabe logo.”

Neste momento guardas usando cotas de malha e o brasão do Rei Uther, um escudo azul e três coroas amarelas empilhadas amarelas entram. Eles são liderados por Sir Brastias, comandante da guarda pessoal do Rei.

Brastias: “Boa noite senhores! Príncipe Madoc! Em nome do Rei Uther, venho exigir que volte imediatamente à corte conosco. Se for preciso usaremos a força e aqueles que interferirem serão acusados de alta traição. Seu pai mandou dizer que basta de intransigência.”

Os homens tentam protestar e argumentar. Madoc se levanta e esmurra a mesa. Todos ficam quietos, inclusive os guardas do rei.

Príncipe Madoc: “Calma todos! Irei com eles! Infelizmente à partir deste momento poderei fazer pouco, meus amigos! Desculpem! Lealdade, força e honra!”

Então o príncipe se retira de cabeça baixa e vai embora com os guardas reais.

Após comerem e falarem de suas expectativas sobre a campanha todos dormem ali mesmo. São trazidas peles e acessa a lareira. No dia seguinte cada nobre retorna para as suas terras para prepararem suas milícias para a guerra.


Finalmente o Barão Algar e Lady Adwen chegam em Winterbourne Gunnet. Os soldados lhes prestam reverência quando os cavalos passam pelos muros e se dirigem a grande casa. O sargento da milícia os aguarda e segura a rédea de seu cavalo enquanto o Barão apeia.

Sargento: “Barão! Seja bem vindo, mi Lady, ficamos muito felizes que estás bem. Quais são suas ordens meu senhor?”

Barão Algar: “Mandem imediatamente um mensageiro para os outros feudos. Convoquem minhas as tropas. Nos encontraremos em Winterbourne Gunnet. Temos cinco dias sargento!”

Ainda não deu tempo de transformar o feudo de Sir Enrick em um lar. Mas o lugar tem uma casa de pedra grande, com telhado de palha cinza, construída em cima de um morro artificial que já não faz mais água quando chove. Ao lado existem as estrebarias com os animais de transporte e uma especial construída para Hefesto. A vila de servos, à frente, está cheia, uma pequena igreja cristã existe de um lado e do outro um círculo de pedras sagrado, há milhares de anos construído. Ele sempre está com oferendas, como flores e tigelas de mel. Os carneiros, cabras, o gado, porcos, galinhas e patos estão confinados em grandes construções de madeira devido ao frio ao norte. O moinho está parado e os celeiros cheios de cevada e aveia. Macieiras e as colmeias estão dispostas ao redor das áreas de confinamento dos animais onde estão as terras comunais, servis e a do senhor. Na área de alojamentos e treinamento militar estão as estrebarias dos cavalos de batalha, o estande de tiro com arco e treinamento com armas. A oeste existe a área de caça e outra estrebaria com os cavalos destinados a este fim. O canil com os cachorros de caça e os viveiros dos falcões foram construídos ali. Quando Sir Enrick chega o sargento de sua milícia aguarda com todos os seus homens em formação em frente a casa. As crianças correm para lhe receber.

Sargento Winston: “Meu senhor! Estes à direita, são os arqueiros enviados pelo rei para o senhor, são o prêmio por ter vencido o torneio de arco e flecha. Quais são as suas ordens mestre?”

Sir Enrick: “Arqueiros, estava ansioso com a sua chegada. Estejam prontos para lutar.”

Na vila dos servos próximo a igreja Enrick nota um padre usando uma túnica longa marrom amarrada por uma corda. Calça sandálias, está muito acima do peso. Seu cabelo é cortado em estilo franciscano preto e usa barba. Deve ter uns vinte e poucos anos. Os homens e mulheres que viviam no pântano estão sentados próximos aprendendo a fazer casacos para o inverno com pele de ovelha. O Padre os está ensinando.

Padre Carmelo: “Olá mestre! Permita me apresentar! Sou Padre Carmelo e é uma honra conhecer o novo senhor destas terras (nos seus braços existem cicatrizes e no lado do rosto esquerdo). O antigo morreu em combate no cerco em Bayeux. Esses homens e mulheres tem bastante potencial para o trabalho meu senhor. São resistentes e aprendem rápido.”

Sir Enrick: “São sim, tenho planos para eles e você poderia me ajudar. Principalmente porque venho de origem humilde e estou aprendendo a ser um cavaleiro.”

Padre Carmelo: “Eu também tenho uma estória de vida, digamos, diferente senhor. Era um soldado. Lutei na Batalha do Forte Vagon. Depois perdi minha esposa para a peste e como não tenho filhos decidi sair pelo mundo. Um belo dia tive uma visão quando estava em Glastonbury, no oeste, no mosteiro que o mestre José de Arimatéa fundou. Vi que tinha que ajudar as pessoas e me tornei padre. Decidi seguir o Cristo meu senhor. Mas não o Deus triste que andam ensinando por aí. O Deus da vida e do amor. Um pai que ama os seus filhos e os quer ver felizes. É verdade que teremos guerra senhor?”

Sir Enrick: “Sim, teremos! Os irmãos duelarão!”

Padre Carmelo: “Então farei uma missa para que tudo de certo e colocarei uma tigela com mel para os antigos deuses nas pedras sagradas. Nunca se sabe quando precisaremos dele! Se for preciso eu mesmo rezarei por eles. Todos os caminhos levam ao andar de cima. Mesmo o do homem do trovão e o outro do martelo.” (aponta para o céu)

Ao amanhecer do quinto dia no Feudo do Barão Algar o som de cavalos é ouvido. E os primeiros lordes começam a chegar. Lady Adwen acorda.

Lady Adwen: “Algar, acorde! Chegaram!”

Do alto da janela os dois podem ver de vários lados do feudo, além do muro de pedra, as tropas chegarem. O dia é ensolarado e o frio diminui um pouco. Os cavaleiros chegam à frente após os arqueiros e por último a infantaria. Os estandartes coloridos vem carregados junto à vanguarda. Sir Enrick montado em Hefesto e Lady Marion em seu corcel branco estão juntos e chegando neste momento, assim como os outros Cavaleiros da Cruz do Martelo. Sir Warren cavalga à frente de seus homens vestido com sua armadura completa e armas, assim como Sir Robert, Sir Tomás e Sir Rhyrid. Sir Nerthaid e Sir Libiau não são vistos e o Almirante Gwenwynwyn cavalga à frente de seus homens. As tropas estacionam ali e os escudeiros e serviçais começam erguer as tendas de campanha e a limpar o perímetro, cortar lenha e trazer água do rio Bourne. Logo centenas de tendas cobrem toda a parte da frente de Winterbourne Gunnet. Muitos cavalos de combate e de carga são agrupados e alimentados por fenos trazidos pelos servos do feudo. Várias fogueiras com panelas grandes de ferro e assados são colocados para a hora do almoço. A flâmula do Barão Algar é estendia e tremula ao vento em um mastro no centro do acampamento. Dezenas de carroças chegam com centenas de flechas e arcos, outras com lanças, espadas, machados, manguais e alabardas. O cheiro de comida e bosta de cavalo invade o ar. Enquanto quase um milhar de homens transitam por entre as tendas, conversando e trabalhando.

Algar vestido com a sua armadura de guerra, levando o seu machado de duas faces dourado, vestindo sua pele de urso negra e elmo vai até o acampamento.

Sir Dylan: “Como vão amigos? Você percebeu? Sir Nerthaid e Sir Libiau não vieram. Provavelmente ficaram com medo do número baixo de homens que se apresentaram. Covardes! Na contagem de meu escudeiro temos oitocentos homens.”

Sir Alien: “Primo! É melhor falar alguma coisa para os homens que compareceram. Parece que alguns estão com medo do deus cristão.”

Todos os homens acotovelam-se ao redor da tenda de comando. Alguns tentam ver sobe os ombros dos outros.

Sir Algar: “Homens! Venho aqui para lhes dizer que não temam. Sim, estamos protegendo as antigas tradições. Sim, estamos lutando sobe o pendão dos deuses de nossos antepassados. Mas o Deus cristão, se vocês acreditam nele, é infinito em sua grandeza e sabedoria. Seria cristão, como meu irmão fez, sequestrar uma mulher grávida e levá-la para Sussex? Acredito que não. Odirsen II está querendo me matar já faz algum tempo. É um homem mal e cruel. Vocês bem sabem o que ele fez nas minhas terras. Matou crianças e mulheres indefesas. Sigam-me bons homens e lhes mostrarei que o lado da verdade e do bem, bem como o do Deus cristão está conosco.”

Os homens sorriem e concordam com o Barão. Após o discurso no meio da tarde os heróis vêem uma nuvem de poeira no horizonte. Depois um grupo a pé, liderados por um homem à cavalo, duzentos, se aproximando à oeste do acampamento. Todos estão encapuzados, levando arcos e adagas na cintura. A medida que chegam Enrick percebe que são druidas. Eles param na entrada do acampamento. Quando se aproximam o homem que lidera o grupo retira o capuz. Todos o reconhecem de imediato, é o grão mestre druida da Bretanha, Merlim.

Merlim: “Boa tarde Cavaleiros! Soube que estão precisando de ajuda. Esses homens são de Avalon e foram todos voluntários para lutarem ao lado de vocês. Lady Marion, a flor da Britânia mais querida, onde está?”

Lady Marion é chamada por Sir Enrick e se apresenta.

Merlim: “Lady Marion comandará esta unidade em combate. É o que Ninive, a sacerdotisa de Avalon ordenou. Essa luta não é somente uma disputa entre dois irmãos. Ela tomou proporções enormes. Está em jogo o futuro de Logres. As nossas raízes. Os nossos Deuses. Tudo isso está em suas mãos meus jovens. No final de tudo olhe para oeste Algar, algumas verdades serão ditas. É isso então Cavaleiros, boa sorte, que a deusa os proteja.” (Merlim gira o cavalo e sai em um galope rápido arrancando grama do chão).

Lady Marion: “Algum problema Algar? Não quer que eu comande os arqueiros druidas?”

Barão Algar: “Não, ah, bem, você sabe, Ninive falou, quem sou eu para discutir com ela?”

Os guerreiros druidas entram no acampamento, eles são extremamente silenciosos. Um deles se dirige a Algar. É Melion seu irmão.

Melion: “Olá irmão! Que a Deusa o proteja! Eu não poderia perder isto por nada. E é meu dever ajudar meu amado irmão. Você sabe. A nossa religião corre perigo. Odirsen II é um fanático e está incitando todos contra nós. Se conseguirmos vencê-lo, nossa religião sobreviverá e até que o Rei citado na profecia surja poderemos estar seguros. Precisamos manter Avalon protegida até esses dias vindouros. Qual o destino de nosso irmão, morte ou prisão?”

Barão Algar: “Se tiver a chance de capturá-lo, você sabe! Eu o baniria, mandaria para o exílio. Talvez a morte seria uma saída fácil demais para ele.”

Então todos os druidas erguem tendas e se estabelecem em um local do acampamento. Eles fazem um círculo de proteção ao redor usando uma espécie de pó e recitam um mantra mágico. Oferendas são colocadas ao redor do círculo e pequenas estacas de madeira. Quatro, uma para cada ponto cardeal, com fitas coloridas e runas inscritas. Alguns soldados cristãos ali presentes fazem o sinal da cruz.
Anoitece e as temperaturas caem para seis graus e o acampamento com mil homens está iluminado por dezenas de fogueiras. Música é ouvida por todos os cantos. Bebida é consumida em grande quantidade. Risadas e conversas estão por todos os lados. Algumas brigas acontecem, mas nada sério. Jogos de azar e lutas com apostas também é visto. Olhando para o horizonte em direção ao sul os homens podem ver o céu estrelado, colunas de fumaça e o brilho vermelho de fogueiras há quilômetros de distância.

Sir Jakin: “É Cavaleiros! Parece que Odirsen II também reuniu suas forças!”

Lady Marion: “Precisamos fazer algo! Enrick, acho que é hora de irmos ver o terreno onde ela deve ocorrer para pensarmos na estratégia.”

Sir Dylan: “Mesmo porque o combate deverá ser travado em algum lugar entre Winterbourne Gunnet e Laverstock. E de preferência no lugar que escolhermos.”

Sir Bag: “Amigos! Precisamos de informação sobre o número de tropas, unidades e estratégia. Assim teremos como preparar nossos homens.”

Sir Enrick: “Eu e Marion iremos!”

Então, trotando em velocidade usando a escuridão, o casal parte em direção às luzes das fogueiras e as colunas de fumaça ao sul. O caminho é uma grande planície pontuada por algumas colinas suaves. Dá sempre para se observar o horizonte. A leste fica o rio Bourne que corre para o sul. Há sete quilômetros das margens do rio, próximo a Winterbourne os dois podem ver, encima de um morro, as ruínas de Figsbury, o antigo castelo. E logo após as luzes das lanternas de uma vila camponesa.

Descendo mais para o Sul se vê somente o rio e o grande descampado amarelado devido ao inverno. Nenhum animal é visto. Somente o vento frio da noite é ouvido.

Então eles percebem uma luz iluminando o curso do rio vindo do norte. A medida que se aproxima pelo escudo pintado na vela, iluminado pela lanterna, Sir Enrick percebe ser uma embarcação que pertence a Odirsen II. O casal se esconde em umas das árvores, nas sombras, na barranca do rio. Eles parecem estar com a tripulação completa nos remos, as cotas de malhas e armaduras brilham com a luz da lua. O barco passa sem avistar os heróis.

Então eles seguem para o sul e após algumas horas chegam à estrada real que leva à oeste de Sarum para Du Plain. Ela parece vazia. Existe mais uma vila à frente na beira da estrada. As fumaças saem das chaminés e algumas pessoas andam por entre as casas. Alguns parecem cortar lenha, outros conversam sentados fora das pequenas cabanas de pedra de telhado baixo de palha, tomando alguma bebida quente. Sir Enrick e Lady Marion se aproximam.

Sir Enrick: “Boa noite meu senhor! Tem notícias de Laverstock?”

Aldeão: “Parece meu senhor que estão reunindo um grande exército no sul. Alguns vem até a aldeia, abrem um barril de cerveja, tomam conosco. Perguntam coisas.”

Sir Enrick: “Tome uma libra! Não fale para ninguém que estivemos aqui.”

Aldeão: “Os homens que cuidam da corrente que cruza o rio e vistoriam os barcos que vem para o norte estão na próxima vila ao sul meu senhor. Digamos que essa informação vale pelas minhas crenças pagãs. Se é que o senhor me entende. Boa noite.”

Então o casal decide retornar. Na volta observam as ruínas de Figsbury, no alto do paredão de rochas e decidem subir até lá. No alto enxergam uma fogueira no lado leste, no pé do morro. Lá distinguem dois homens. Eles estão sentados com suas espadas próximas deixadas no chão. Estão sem elmo, com os cabelos compridos à mostra, um moreno outro loiro, usando cotas de malha e no peito o brasão de Odirsen II. Usam por cima peles para se aquecer. Cada um come uma coxa de frango que está sendo assado pendente acima das chamas. Eles comem, conversam e por vezes riem. Marion e Enrick se esgueiram pelas pedras que antes formavam uma torre. Eles percebem a direção do vento. Então disparam. Marion acerta propositalmente na perna do homem que rola gritando de dor. Enrick acerta as costas do homem e o mata instantaneamente. O corpo cai em cima da fogueira espalhando brasas para todos os lados. O casal desce, pega o homem ferido. Enrick, retira a flecha, amarra o soldado inimigo em seu cavalo e retornam para Winterburne Gunnet.

Chegando no feudo, eles levam o soldado de Odirsen II para a tenda de comando. Passando pelo acampamento os homens cospem e atiram pedras nele. Sir Enrick, espertamente, pede para os homens da Ordem se retirarem. Algar amarra o homem em uma cadeira e primeiro tenta conversar. Marion quer que o torture. Mas o homem, um fanático religioso, se recusa. Algar pega o seu machado e descarna um pedaço do braço do homem. Ele grita e desmaia de dor. Enrick, tenta mantê-lo acordado. Algar repete a tortura até que ele fala.

Soldado de Odirsen II: “Dois mil soldados se apresentaram para o combate. Todos cristãos. Quatrocentos arqueiros seiscentos cavaleiros e mil infantes.”

Então o homem é levado por soldados para dentro de Winterbourne Gunnet e colocado em uma gaiola pendurado no centro da vila onde todos que passam ali possam humilhá-lo.

Sir Bag: “Vamos reunir os Lordes no conselho de guerra Barão?”

Barão Algar: “Imediatamente Sir Bag, pode os convocar!”

Então todos os Lordes atravessam o portão principal do feudo do Barão Algar e dirigem-se a colina onde está a grande casa no estilo nórdico. No grande salão com o fogo criptandro no centro existe uma mesa grande quadrada colocada pelos serviçais com um mapa grande de couro, desenhado pelo arauto do Barão Algar, com as informações coletadas. Todos se acotovelam ao redor da mesa. Estão presentes os heróis, Sir Dylan, Sir Hervis, Sir Alien, Sir Dalan, Sir Jakin, Lady Marion, Almirante Gwenwynwyn, Sir Bag, Sir Robert, Sir Tomás, Sir Warren e Sir Rhyrid.

Arauto Eidef: “Senhor permita-me passar essa informação. Temos a contagem das nossas tropas:

300 arqueiros
300 cavaleiros
400 infantes
4 barcos com capacidade de transporte para 50 homens cada um.”

Barão Algar: “Senhores! Gostaria de dizer que suspeitamos existir um traidor entre nós. E tudo que falarmos. Eu disse tudo, não deverá sair daqui. Enrick já posicionou seus arqueiros ao redor do acampamento e todos são proibidos de sair.”

Sir Dylan: “Em primeiro lugar queria dizer aos senhores que meu pai enviou uma mensagem dizendo que está profundamente emputecido por não poder lutar ao nosso lado. Mas que deseja toda sorte à todos nós! Enrick, ele disse que se algo acontecer com Lady Marion sentirá sua barba roçar em seu pescoço e uma dor insuportável em seu traseiro.” (Todos riem!)

Sir Bag: “É guri, parece que não é só Lady Marion que está apaixonada por você!”

Sir Dylan: “Segundo! Cavaleiros, nosso inimigo tem superioridade numérica. Nós temos treinamento pesado em combate, experiência e somos bem equipados. Nossa infantaria não tem a mesma sorte. Acho que a questão aqui é a seguinte. Primeiro teremos que atrair nosso inimigo para o combate. Segundo precisamos fazê-lo lutar em um terreno e posição que faça-o perder a vantagem numérica e terceiro destruí-lo no lugar escolhido surpreendendo-o. O que acham?”

Barão Algar: “Teremos que traçar uma estratégia inteligente.”

Sir Bag: “Em campo aberto na planície, o nosso exército de frente com o outro se chocando e em desvantagem numérica seria aniquilado em poucas horas. Qual seria a solução tática?”

Barão Algar: “Usarmos o terreno ao nosso favor.”

Sir Dalan: “Vamos pensar senhores! Temos o rio Bourne e as ruínas de Figsbury. As matas estão muito longe e atrair o inimigo aos nossos muros seria uma loucura, poderíamos ficar presos dentro de Winterbourne Gunnet e não teríamos comida suficiente para mil homens nem por um mês. Se marchássemos para Laverstock seríamos trucidados. O seu irmão Barão conhece bem suas terras e sabe lutar como ninguém lá.”

Sir Tomás: “Permitam-me falar senhores. Qual é a forma mais segura de um exército lutar? Com a retaguarda protegida certo? Ninguém poderia dar a volta com a cavalaria por exemplo e atacá-la por trás. Poderíamos criar uma falsa sensação de segurança para o inimigo. Alguma idéia senhores?”


Almirante Gwenwynwyn: “Sim, é aí que os barcos poderão fazer a diferença. Podemos trazê-los até aqui, enchê-los com duzentos homens e desembarcá-los de surpresa pelas costas do exército de Odirsen! Estariam entre as nossas duas forças.Poucos sobreviveriam. Se fugirem para o norte sairão nas terras do Barão e serão mortos também... Mas com o nosso número reduzido teria que ser um ataque muito bem planejado. O que pensam?”

Sir Enrick: “Podemos usar as ruínas como um posto avançado. Observar e preparar as defesas ali.”

Sir Rhyrid: “Então para mim, tudo se resume em velocidade. Teremos que nos movimentar rápido quando os encontrarmos para o atrairmos. Não podemos expor nossos flancos. Seria fatal. ”

Barão Algar: “Usaremos uma barreira de fogo e estacas para barrar e atrapalhar o avanço das tropas inimigas.”

Sir Hervis: “Barão Algar precisamos organizar todas essas ações, se alguma delas não funcionar, morreremos. Será ousado, ousado até demais.”

Almirante Gwenwynwyn: “Mas, para conseguirmos todas essas ações teremos que realizar dois feitos. Primeiro, eliminar os barcos de Odirsen II que patrulham o Bourne. Depois trazer da boca do rio Avon os meus quatro barcos até Winterbourne Gunnet, passar pela corrente, passar pelas terras de Odirsen II sem ele perceber, para conseguirmos o fator surpresa quando formos fazer o ataque. Tudo isso tem que ser feito sem que o inimigo perceba.”

Lady Marion: “Por terra todas essas ações vão exigir velocidade superior a do inimigo. Alguém tem alguma uma idéia?”

Sir Enrick: “Cavalos Stanpid!”

Sir Bag: “Resumindo senhores! Precisamos resolver os problemas dos barcos. E ir até a terra dos Stanpid buscar cavalos!”

Almirante Gwenwynwyn: “Vejam senhores, que devemos neutralizar os barcos inimigos e retirar a corrente por último, pois uma vez que os destruirmos, logo o inimigo descobrirá que também temos navios. Então no momento que eu atracar com os meus barcos em Winterbourne Gunnet, devemos colocar a nossa máquina de guerra para funcionar imediatamente.”

Sir Enrick: “Irei então até a fazenda de meu pai. Levarei quarenta homens para montá-los.”

Barão Algar: “Por hora é isso senhores! Estão dispensados.”

Após o conselho de guerra que acaba ao anoitecer, depois de oito horas de reunião, todos vão deixando o salão conversando sobre as decisões. O Barão Algar vai acompanhando seu Lordes até lá fora e percebe que no meio do grupo dos Lordes, seus escudeiros, guardas pessoais e cavalos sendo trazidos (60 pessoas aproximadamente, mais uns trinta cavalos), Sir Hervis puxa um de seus homens de lado e cochicha, olha para um lado, depois para o outro. O homem concorda e os dois partem para o acampamento.

Algar percebendo algo estranho os segue por entre as tendas. No início ele passa despercebido mas alguns homens,caminhando pelos corredores estreitos do acampamento, cumprimentam Algar. Então Hervis entra na sua tenda de campanha. Duas sentinelas são colocadas do lado de fora na frente. Pelo outro lado, Algar se aproxima para ouvir e descobre a grande verdade.

Sir Hervis: “Arauto, anote essa mensagem e envie para Laverstock.”

CARTA: “Odirsen II, meu irmão, estou enviando essa mensagem ao senhor para lhe entregar as informações pedidas. Essa árdua missão que me confiou finalmente está chegando ao fim. Foram anos lhe passando os movimentos de nosso irmão e difícil manter a minha identidade oculta. Quando fui quase morto pela mão negra achei que tudo iria se acabar, mas o bom Deus me permitiu continuar viver para em seu nome cumprir essa missão. Tenho o orgulho de lhe mandar as informações vitais do grande combate em nome de Deus que iremos travar. Os homens de Algar tentarão atrair nossas forças para o norte. Depois lutarão com as forças santificadas e irão atacar-vos pelas costas. Depois virão barcos com mais homens que tentarão aniquilar seus exércitos, irmão. Realmente a minha primeira tentativa de assassinar Algar no Baile do torneio não foi eficiente e perdi a adaga que me deste com tanta honraria. Os arqueiros também não tiveram sucesso em matar aquele saxão maldito à margem do Test. Mas, não se preocupe, em nome de Deus, logo que começar o combate e tiver uma oportunidade tentarei mandá-lo direito para o inferno! Sem mais, Sir Hervis, seu meio irmão. E que a paz do senhor esteja convosco.”

Algar entra com o machado em riste na tenda de Hervis. Antes encara os guardas na entrada que não ousam impedi-lo.

Barão Algar: “Deixe-me ler esse pergaminho! AGORA!”

Hervis: “Não sei do que está falando!”

Barão Algar: “Eu escutei lá de fora bastardo!”

Hervis: “Malditos sejam! (o tom de voz de um homem seguro surge é substituída por orgulho e fanatismo). Eu sou os olhos da vontade de Deus, Algar, ou melhor, irmão!

Barão Algar: “Não sou seu irmão desgraçado!”

Hervis: “Sim você é, nosso pai teve um caso com uma mulher, uma Lady na Cumbria enquanto estava em campanha militar protegendo as fronteiras de Logres. Lady Sônia, minha mãe o recebeu em sua casa e ficaram assim por todo o verão. Nosso pai soube da gravidez no inverno quando retornou a Logres e para compensar sua ausência nos deu terras e títulos nos tornando nobres. Ele era um bom homem. Odirsen II sabia, porque nosso pai contou para ele, já que é o filho mais velho. E ordenou, caso morresse, que me ajudasse. Então Odirsen II me enviou um tutor. Um padre chamado George. Ele me ensinou a ler. As leis e a etiqueta dos nobres e por fim fui ensinado sobre Cristo e Deus. O Padre George, que considero um pai , veio um dia e disse que eu era um filho bastardo e que era fruto de pecado. Fiquei muito mal, pensei em me matar, até que nosso irmão me visitou e disse que eu tinha que redimir meus pecados. Então, eu podia fazer isso em uma missão que ele tinha para mim. Disse que queria espalhar a boa nova. Converter os pagãos. Transformar Logres em uma nova Jerusalém. Um novo reino de Deus. Vislumbrei a salvação e aceitei na hora. Aceitarei o meu destino, pois Deus está ao meu lado. A dor me purificará irmão, apesar de não ter conseguido cumprir minha missão. Então agora, só me resta a morte! E peço que acabe com essa dor logo!”

E lágrimas brotam dos olhos do Cavaleiro que abaixa a sua cabeça.

Barão Algar (nessa hora o Emídio tá putaço de verdade! Ahahahah, assim que é bom!):

“Sentinelas! Levem esse desgraçado para a gaiola junto com seu arauto! Depois decidirei o destino do desgraçado!”

Ao amanhecer Sir Enrick e quarenta homens partem para a terra dos Stanpid cavalgando. Destino: O haras e fazenda Epona. Ela fica à Nordeste entre a borda da floresta Chute e a Harewood no entrocamento entre a estrada de terra e a estrada real, há dez milhas de Levcomagus. Eles cavalgam e após a metade do dia entram na floresta. O lugar tem árvores altas de troncos largos. A umidade é alta e o barro enche os paralelepípedos da estrada real. Pouca luz entra, mas o grupo pode ver entre as copas o céu cinzento. Alguns gatos do mato passam correndo e um casal de alces quando escutam o trote dos cavalos correm para dentro da mata. Uma águia passa voando em velocidade no alto. A estrada serpenteia, sobe e desce em alguns trechos até que passa pelo riacho e deixa para trás a floresta. Aos poucos eles se aproximam e do alto de uma pequena colina vêem as cercas de madeira branca um campo enorme de grama, amarela essa época do ano. Estão lá as estrebarias dispostas em formato de U e a grande casa. Quase duzentos cavalos estão na área interior cercada. Uns correm outros pastam. Alguns homens estão no círculo de treinamento domando um deles. Os cachorros correm brincando de um lado ao outro. Então a tropa desce a colina, contorna a cerca e chega na porteira do Haras. Um arco de madeira com um escudo pendente, com um cavalo empinado escrito em baixo Stanpid, Haras Epona, delimita a entrada. Dois arqueiros se assustam quando se aproximam. Quando vêem Enrick de armadura e elmo com um penacho de crina de cavalo, armado com martelo e arco, vestido de senhor da guerra, levantam as mãos. Eles não o reconhecem .

Guarda: “Calma senhores! O que querem?”

Quando o cavaleiro retira seu elmo.

Quando reconhecem Enrick, os homens se aproximam para cumprimentá-lo.

Guarda: “Mestre Enrick, já faz um ano! Quer dizer, Sir Enrick, seja bem vindo ao lar! Meu deus você é um cavaleiro! É uma honra senhor!” (E prestam reverência).

Eles ficam muito impressionados com o garoto que tinha deixado a fazenda e voltou transformado em um nobre. Entrando pela estradinha de terra o grupo chega a grande casa. O cheiro de mato e bosta de cavalo trás lembranças de sua infância. Os cachorros correm ao redor dos cavalos. Gondrik Stanpid, pai de Enrick, um homem de meia idade forte como um touro, de barba castanha e cabelo curto no estilo romano, usando botas com esporas, calças de montaria e loriga de couro sai de dentro da casa. Ele olha Hefesto com os olhos espantados e se aproxima. Faz uma reverência com a cabeça e fala.

Gondrik Stanpid: “Boa tarde Ilustríssimos! (com pesar e cabeça baixa) Permita-me perguntar onde senhor conseguiu o cavalo? (Hefesto se aproxima e esfrega a cabeça nele)”

Sir Enrick: “Sou eu, pai!”

Gondrik Stanpid:“Por Deus Enrick! É você meu filho! Eu pensei que tivesse sido morto! Seja bem vindo ao lar novamente! Dona Cerys, venha mulher! Enrick está aqui!”

Então os nove irmãos vem correndo e mãe de Enrick, quando ele apeia do cavalo todos o abraçam. As crianças, mexem no martelo e tocam a armadura. Hefesto passa a cabeça nelas que o rodeiam. Elas abraçam Enrick todas juntas.

Gondrik Stanpid: “Olha o respeito crianças! Deixem o seu irmão em paz!”

Dona Cerys: “Eu tenho um filho que é cavaleiro! Meu deus! Estou muito orgulhosa!”

Gondrik Stanpid: “Vamos entrar por favor! É uma honra recebê-lo em minha humilde casa, filho.”

A casa é grande. As colunas de madeira tem entalhes dos cavalos empinados com motivos de arte celta. Dentro, na sala principal, os lustres com velas são feitos de rodas de cavalo. Celas, esporas e ferraduras preenchem as paredes feitas de madeira amarela. Eles sentam na mesa cumprida. Os irmãos ficam ao redor e a mãe Dona Cerys, trás canecos de madeira com cerveja e pedaços de carne esquentados em um lúmen acesso no interior de um forno de pedra.

Gondrik Stanpid: “Dona Cerys e crianças, se retirem, Oswalt (irmão de Enrick com nove anos) fique e aprenda. Os homens irão conversar agora!”

E todos saem por uma porta que leva aos quartos olhando para o irmão fascinado.

Gondrik Stanpid: “Mas me conte filho! Como conseguiu se sagrar cavaleiro?”

Enrick: “Pai, estou um pouco com pressa. É uma longa estória. Mas posso te garantir que foi por mérito meu.”

Gondrik Stanpid:“E o rei como é?”

Enrick: “Um homem bom e justo! Um soberano digno da coroa de Logres!”

Gondrik Stanpid:“Esse martelo? É pagão meu filho?

Enrick: “Não pai, eu prometo que depois de resolver todo esse conflito eu irei me voltar ao deus único. Esse martelo é um souvenir de guerra, Pai. Ganhei de um corajoso guerreiro que lutei ao lado.”

Gondrik Stanpid:““Não deixe sua mãe saber.”

Oswalt: “E irmão, você já esteve em algum combate? E como é?”

Enrick: “Sim irmão! É horrível e violento! Não quera estar dentro de um!”

Gondrik Stanpid: “Pois bem! Filho, o que o trás ao nosso Haras?”

Enrick: “Pai, de acordo com estratégia do Barão nós precisaremos de seus cavalos. Estamos em menor número e somente a velocidade nos dará uma certa vantagem para equilibrar as coisas.”

Gondrik Stanpid: “Nossa! Cada montaria me vale vinte libras meu filho! Se algo acontecer a essas montarias poderei perder tudo o que tenho. Posso lhe ceder cem cavalos Barão. Ficarei com cem. Se cada aliado do senhor pudesse me ajudar com o valor dessas montarias, poderia lhes dar os melhores.”

Enrick: “Perfeito pai, muito mais do que eu esperava!”

Gondrik Stanpid: “Tenho um pedido! Poderia levar Oswalt para ser treinado no ofício e servir como escudeiro de Enrick?”

Enrick: “Não é o momento! Não tenho garantia que Oswalt volte vivo! Ele ficará!”

O irmão de Sir Enrick que fica indignado com a decisão do cavaleiro, mas tem que aceitar sem discussão. Então, Enrick dorme algumas horas e próximo do meio dia se prepara para partir. A tropa formada pelos cem cavalos estão prontos para a viagem de volta.

Dona Cerys: “Pegue esse crucifixo de madeira meu filho. Jesus lhe protegerá. Ele morreu por nós.”

Enrick: “Obrigado mãe!”

Gondrik Stanpid: “Pastoreiem direito esses cavalos senhores! Não se dêem ao luxo de perderem nenhum! Cada vez que um cavalo foge é um feudo que se perde.”

Enrick: “Sim pai, vou fazer o máximo!”

Na despedida, como de costume, a mãe de Enrick , Dona Cerys se emociona. O pai lhe dá um abraço e as crianças e os cachorros correm atrás das montarias quando o grupo parte para Winterbourne Gunnet.

Então retornando pela estrada real cheia de lama eles seguem tentando manter as montarias unidas. Elas parecem um pouco assustadas principalmente quando adentram a floresta. Enrick, os capatazes que o acompanham e os cachorros pastores se movimentam rapidamente por toda a extensão da tropa mostrando habilidade e agilidade no pastoreio. Quarenta homens montam e os sessenta cavalos restantes viajam sendo pastoreados.

Estrada de terra:

O grupo e a tropa com cem cavalos seguem em frente. Na estrada de terra com tempo bom a grande quantidade de animais trota cavalgando com o som alto de seus cascos. Uma nuvem de poeira se ergue por onde passa. Os viajantes abrem caminho para os animais passarem e ficam impressionados com a imponência dos animais.

Estrada Real:

Então o grupo chega no entroncamento das duas estradas e vêem guiando os animais até que eles entrem na estrada de paralelepípedo romana.

Contornando a floresta Chute:

Então à esquerda eles podem ver a borda da floresta Harewood. As grandes árvores fechadas em conjunto com as folhagem espeças não permitem a visão do interior da mata.

Entrada da floresta:

A tropa adentra a floresta e a antiga estrada romana segue bem no meio da fronteira entre a Chute e a Harewood. Muitas folhas secas no chão, a pouca luz e o cheiro da floresta misturado ao de outros animais deixam os cavalos estressados. Um tronco de árvore enorme caído no meio do caminho surge. Enrick habilidosamente consegue saltar com Hefesto, dá a volta, mas é tarde, um deles desaparece em disparada assustado no meio da floresta.

Travessia do Rio na ponte de arco de pedra:

Eles chegam à uma ponte de pedra. Só uma montaria passa de cada vez. Eles organizam a travessia um por um. Com os tropeiros evitando que os animais olhem a água lá embaixo. O rio é relativamente largo. Suas águas são escuras e não dá para se ver o fundo. Todos os animais conseguem atravessar seguros.

Floresta:

Deixando a ponte para trás a estrada adentra mais a fundo no interior da floresta. A luminosidade vai diminuindo, no meio da tarde, dificultando a condução das montarias. Os animais vão ficando cansados e tensos.

Planície:

Finalmente no final da tarde todos aqueles cavalos adentram a grande planície. Um grande sol vermelho se pões no oeste. Os pelos marrons brilhantes dos animais se iluminam com os raios de sol que vem do horizonte. Os cavalos ficam mais tranquilos enquanto trotam pelos campos de relva amarela no inverno que está acabando. Mas um bando de pássaros, escondidos na relva, voam assustando alguns animais que empinam, coiceiam e disparam em pânico. Quatro animais são perdidos.

Finalmente ao anoitecer eles chegam ao acampamento nas muralhas de Winterbourne Gunnet. As fogueiras já estão acesas. E o som dos cem cavalos assusta o exército, fazendo todos acharem ser um ataque surpresa vindo do leste. As cornetas soam por todo o local. E muitos, sem tempo de se armar adequadamente, tentam pegar qualquer coisa como arma. Eles só se tranquilizam quando vêem Enrick chegando, conduzindo todas aquelas montarias sem celas. E a marca do cavalo Stanpid no lombo dos animais. No caminho central do acampamento eles passam imponentes e todos os homens se ajoelham e a medida que passam se levantam e gritam: “Flecha Ligeira!”, comemorando.

O chefe dos estábulos, sargento Sylin os recebe. Ele examina um dos cavalos e bate de leve na musculatura do animal.

Sylin: “Bem vindos Lordes! São lindos senhor! Serão muito bem tratados!”

Os Lordes vão receber Enrick no centro do acampamento, próximo à grande tenda de comando. Estão ali com os rostos orgulhosos e satisfeitos Sir Dylan, Sir Alien, Sir Dalan, Sir Jakin, Lady Marion, Almirante Gwenwynwyn, Sir Bag, Sir Robert, Sir Tomás, Sir Rhyrid Lady Adwen e Sir Warren.

Sir Robert: “Muito bom! Isso sim são cavalos de verdade!”

Sir Jakin: “Com certeza agora teremos a velocidade que precisamos!”

Almirante Gwenwynwyn: “Vamos à tenda de comando? Acho que está na hora de colocarmos a segunda parte do plano em movimento senhores!”

A tenda é do tamanho de três das normais de campanha. Próxima a ela um bando de pessoas formado por aldeões, padres e soldados estão ali. Ao redor deles guardas tomam conta. A entrada tem um tapete vermelho que leva até o interior. Um toldo sustentado por duas estacas ornam a parte exterior. Lá dentro a bandeira com o brasão de Algar e suas cores fazem uma segunda parede dentro da tenda. Um trono de madeira foi posto e ao redor da mesa quadrada um mapa de couro, pergaminhos com informações e castiçais iluminam. Um falcão está em um poleiro e martelo e trovão estão deitados no chão macio vermelho que cobre a terra. Servos servem frutas e bebidas quando os nobres entram. Cinco arautos trabalham fazendo o registro da logística do exército. Escrevem apoiados em pequenas mesas de madeira calculando a quantidade de comida e bebida necessária para cada unidade. Preparando a logística da alimentação dos cavalos. Quantidade de flechas e preparação das armas e armaduras. As informações coletadas por batedores e alguns espiões são atualizadas a cada hora.

Arauto: “Senhor temos alguns problemas que precisam de sua resolução. Irei ler cada caso e peço para que o senhor ordene o que deve ser feito. Podem entrar””

Então aquele grupo que estava ali fora são ordenados e colocados em linha. Quatro guardas ficam ao lado deles os escoltando com lanças.

Três aldeões se aproximam e quatro soldados.

Arauto: “Alguns aldeões da vila próxima reclamaram de arruaças e vandalismo em suas terras e pedem sua atenção Barão. Tiveram prejuízos porque foram quebradas ferramentas de trabalho no campo e alguns soldados escreveram num burro de carga o nome de Odirsen (os homens dão uma risadinha) e o soltaram perto da margem do rio, ao sul para os homens de seu irmão vê-lo. O burro foi morto e comido pelo inimigo. Os aldeões disseram ser seu único animal de trabalho.”

Barão Algar: “O que vocês pensam seus idiotas? Agora esses homens não tem como trabalhar. Irão ajudá-los na vila como burros que são! E arautos! Paguem o valor do animal para os aldeões.

Quatro padres se aproximam junto com dois escudeiros jovens.

Arauto: “Padres reclamaram e querem compensação. Detivemos dois escudeiros que foram pegos bêbados dormindo dentro de uma igreja abraçados com uma imagem de São Patrick. Eles encheram o coxo dos cavalos da igreja da vila de Hidromel e os pôneis de carga dos padres estavam caídos ao lado deles alcoolizados. Os animais estão imprestáveis para o trabalho e só saem do celeiro quando bebem. ”

Barão Algar: “Vocês eram os homens de Hervis, não é? Querem ficar como o seu ex senhor? Em uma gaiola? Pois bem, são escudeiros e novos e terão mais uma chance. Da próxima vez não terão tanta sorte. Que isto não se repita! Arautos, paguem os padres e mande esses garotos catar bosta de cavalo na área da cavalaria.”

Um servo mais velho e barrigudo com cara de poucos amigos ao lado de uma jovem aldeã de uns treze anos e um arqueiro de uns dezessete ao lado deles.

Arauto: “Foram pegos um arqueiro fornicando no celeiro de Winterbourne Gunnet com uma serva e o pai da garota exige reparação financeira e o casamento dos dois.”

Barão Algar: “Estão apaixonados, então? Dêem um jeito de casar esses dois. Essa é a pior punição que determinei hoje!” (todos riem)

Um aldeão de meia idade e uma mulher de mãos dadas com ele, chorando entram e quatro soldados, com os pulsos amarrados, são colocados de joelho na frente dos nobres.

Arauto: “Quanto as violações mais graves: Quatro homens da infantaria foram presos por cavaleiros de Sir Robert porque estavam totalmente alcoolizados e abusaram de uma serva.”

Barão Algar: “Animais, se não precisa-se de números neste combate seriam enforcados. Quero todo o soldo de vocês. Será entregue ao marido da mulher. Vocês estão sendo observados seus fanfarrões!”

Dois arqueiros são colocados prostrados e amarrados aos pés dos nobres e um velho usando uma roupa de servo com pele de carneiro está ao lado.

Arauto: “Dois arqueiros foram pegos pela sua milícia roubando três carneiros da vila próxima há Figsbury.”

Sir Enrick: “Estes são meus arqueiros. A fome não permite tais atos. Se todo o exército decidisse roubar porque está com fome nos tornaríamos um bando de ladrões. Vão trabalhar para o homem, ajudar na vila, concertar as casas e ajudá-los com os animais idiotas!”

Dois homens usando armaduras caras com o brasão de Sir Hervis são colocados de pé à frente dos Lordes. Como todo cavaleiro são imponentes e orgulhosos. Fazem uma reverência aos presentes. Não estão amarrados. “Como estamos sem líder meu Barão os homens se dispersaram pelas várias unidades, como não conhecemos todos, acabamos bebendo com um rapaz, jogando com ele e depois descobrimos que ele tinha roubado no jogo de cartas. Já que ganhava todas as partidas. Brigamos e infelizmente me excedi e o matei com uma adaga.”

Barão Algar: “Isso não te permite matar! Poderia ter reclamado com o sargento dele. Mas nunca tirar uma vida. Precisamos nos unir homens e não nos matar. Por hora vocês estarão detidos e sem armas na área de cavalaria.”

Arauto: “Senhores por fim! Tenho as informações da logística de nossas forças. Mil soldados senhor, duas refeições por dia. Meio quilo de comida por refeição meu senhor. Os campos estão descongelando ainda. Temos quinhentos quilos de comida para prover por dia senhor e dois mil litros de água. São 500 cavalos, mil quilos de feno, já que os pastos, por causa do clima, ainda não estão em condições de alimentar as montarias e os animais para a caça são poucos. Os lordes tem mandado de suas terras o máximo que podem e os nossos celeiros estão esvaziando rapidamente. Estamos conseguindo fornecer oitenta por cento disso senhor e os sargentos estão reclamando de que os homens estão comendo pouco e dormindo mal devido a lama e o frio e temem que alguns podem ficar doentes. Quanto a água, alguns soldados tiveram disenteria pois fazem suas necessidades no rio e estamos tomando água de lá. Quais são suas ordens meu Barão? ”

Barão Algar: “Arauto, convoque todos os Lordes para que enviem seus estoques de comida para cá. Aliás, já deveriam ter feito isso. Os homens que façam suas necessidades em barris que serão fechados e levados para a floresta. Ainda não aprenderam como um exército deve se portar em campanha?”

Sir Bag: Algar, quem comandará o flanco esquerdo e o direito?”

Barão Algar: “No centro Sir Dylan, no flanco esquerdo Sir Bag e no direito o primo Dalan.”

Almirante Gwenwynwyn: “Senhores, há dias minha tripulação aguarda ordens. Eles estão escondidos próximos a foz do Avon. São quatro navios grandes e não podem ficar ali muito tempo sem serem descobertos e quase sem provisões.”

Então o Arauto entrega a Algar um pergaminho. Nele tem um desenho das condições e informações da região.

Pergaminho: O Rio Bourne corre para o Sul. Existem três vilas ao longo da margem até Laverstock. A corrente está um pouco antes das terras de Odirsen II. Dois barcos estão sempre no entroncamento dos dois rios bem ao sul, longe do feudo inimigo. Sem visão do castelos de Odirsen II. Outro barco fica em qualquer lugar entre Laverstock e Figsbury. Dois dias para chegar nos barcos aliados.

Na despedida todos se abraçam e desejam sorte. O clima é tenso e de ansiedade.

Dia 1:

Os heróis partem para o Sul em direção aos barcos. O caminho está deserto e todos os servos e passantes parecem terem desaparecidos. Provavelmente vendo a movimentação dos exércitos e as centenas de fogueiras acesas no norte e no sul, levaram muitos a saírem das vilas somente com as suas carroças e roupas do corpo. A medida que se movimentam para o Sul, Sir Enrick e o Barão Algar vêem ao longe algumas pequenas caravanas de aldeões rumando para o oeste. Então eles adentram a floresta. Está tudo em silêncio. A noite cai e tudo fica escuro.

No meio da madrugada enquanto Enrick e Gwenwynwyn dormem, Algar está de sentinela e vê uns filhotes de veado correrem da esquerda para a direita. Ele olha ao redor e se vê em uma parte da mata com folhagens diferentes. A temperatura parece amena e agradável. A lua entra por entre as copas das árvores e flores azuis existem por entre os arbustos. O som de água fluindo de uma fonte é ouvido. Dois corvos passam voando por entre as árvores. Eles se empoleiram em um ramo de uma árvore cheia de enfeites coloridos. E o observa emitindo alguns piados. Sons de cascos de cavalo são ouvidos e Algar vê por entre as folhagens, saindo de sua visão periférica, da direita para a esquerda as oito patas de um cavalo enorme e negro. Algar, ouve sussurros vindo de todos os lados.

Ele desaparece por entre as árvores à frente. Então quando o Demônio do Norte olha novamente, percebe que está dentro de um círculo de pedras sagrado e que abaixo dos corvos pousados na árvore existe um trono esculpido na pedra, cheio de runas inscritas. Saindo atrás de uma pedra surge um velho de barbas longas e brancas. Dá para perceber que é forte e possui ombros largos. Usa um chapéu cobrindo um dos olhos e veste um manto cobrindo os pés na cor escura. Ele senta no trono e sua voz emana uma força e vibração retumbante. Olhando ao redor, Algar não parece estar mais na terra dos homens. Algar sente que não pode se aproximar do homem. Como se existisse uma barreira mística entre eles.

Gagnarad: “Seja bem vindo guerreiro! Nos salões tem se falado muito de você! Os homens dizem que eu sou aquele que determina a vitória. Então, como acontece em todas as eras desde o início dos tempos, eu venho lhe oferecer a pergunta primordial do guerreiro. Uma questão que não se trata de como ele é feito e sim do que ele é constituído. Da sua essência. Farei o questionamento e veremos para que lado a balança irá pender. Não existe uma só resposta, mas sim uma verdade. (Então em uma voz épica) “Guerreiro Algar para você! Qual é o enigma do aço?”

Barão Algar: “O enigma do aço está na alma do guerreiro e na sua vontade!”

Gagnarad: “Não esqueça que só podemos confiar no aço. Ele corta sempre. Diferente de vocês humanos que nos divertem com as suas ambições traiçoeiras. A mente é mais perigosa que a espada. A força do aço reside nos braços e na alma de quem o empunha. O que se faz de errado ecoa pela estória e um dia será pago. Não esqueça disso! Use minha lança com inteligência Algar! Fico satisfeito com a sua resposta. Que assim seja! ”

Então os homens mortos por Algar surgem no círculo de pedra. Eles o cumprimentam com um aceno de cabeça.

Os dois corvos levantam vôo e passam rentes ao seu rosto. Em um piscar de olhos ele se vê na área da floresta que estava, é de manhã, mas sem as pedras, trono, corvos ou folhagens exóticas. Um elmo com asas repousa em cima da relva. Gwenwynwyn acorda assustado com a espada na mão.

Gwenwynwyn: “O que foi isso? O que aconteceu?”

Barão Algar: “Tive uma visita! Uma estória longa!”

Dia 2:

Amanhece e eles continuam a atravessar a mata. O dia vai passando. Às vezes precisam contornar uma pedra. Outras atravessar um pequeno riacho. Algumas vezes uma coruja sai de seu ninho em um buraco no tronco da árvore. Por outras uma lebre cinza da neve corre cruzando o caminho. Logo escutam o som do Avon. E finalmente ao cair da noite eles estão próximos da foz. Enrick escutam ao redor gravetos no chão estalando e respirações. Do escuro da mata uma voz fala.

Sentinela: “Parados! Vocês estão cercados!”

Gwenwynwyn: “Os filhos de Netuno estão prontos para lutar?”

Sentinela: “Só se eles beberem rum. Seja bem vindo Almirante!”

Tochas são acessas ao redor deles . Uns dez guerreiros com cotas de malhas e alguns com armaduras, usando escudos redondos e elmos abertos na frente com proteção para os maxilares e narizes surgem. Alguns portam machados de uma face pequenos e outros espadas curtas, perfeitas para lutar em um espaço apertado como o barco. Eles os cumprimenta. Um deles fala.

Todos caminham até a margem da foz do rio Avon. E não vêem nada apesar das tochas. Mas o que parecia a continuação do barranco se mexe e a cobertura feita de grandes estrados de troncos cobertos com folhagens e barro imitando o barranco do rio são retirados e é possível ver o interior dos quatro barcos grandes com os bancos para a tripulação remar. Eles estão cheios de guerreiros. Rapidamente eles encaixam o mastro e martelam estacas de madeira travando-os. As velas são amarradas e as cordas puxadas. Os homens então começam a ajustar e vestir suas cotas de malhas, outros suas armaduras. Alguns afiam suas espadas. Um ajuda o outro iluminando com tochas o interior das embarcações.

Sentinela: “A espera foi longa. Ficamos dentro dos barcos cobertos pelo disfarce e do outro lado, para quem passasse pela outra margem ou estivesse de barco e os cascos dos navios não fossem vistos, colocamos também um estrado imitando a mata do barranco. Só saíamos em duplas. E um grupo ficou de sentinela mais à frente. Tivemos que matar ontem alguns homens curiosos que vieram pescar e nos descobriram. Caçávamos e comíamos peixe ou algum animal cru, para não fazer fumaça, debaixo da cobertura. Cinco dos nossos adoeceram de desinteira. Depois dez. Os isolamos em outro barco, mas acabaram morrendo também. Graças a Netuno finalmente vamos zarpar depois de quinze dias aqui.”

Então com as velas recolhidas e os remos sendo impulsionados em sincronia os homens zarpam em direção ao norte subindo o rio contra a corrente. Os homens nos remos estão sem as armaduras para terem mais mobilidade já tem que fazer um esforço maior para seguirem sem velas. Os escudos que costumam colocar no costado dos navios, sempre em maior número do que o real de homens à bordo, são dessa vez guardados no interior da embarcação. É noite e somente uma lanterna na proa brilha amarela na água preta do rio. Um homem da tripulação se debruça na frente do barco guiando o timoneiro com sinais de mão. Os outros barcos se guiam pelo que lidera e não acendem nenhuma outra luz.

Os homens só ouvem o som de alguns peixes pulando. Insetos voam ao redor da lanterna enquanto os barcos serpenteiam pelo Avon. A floresta de Camelot fechada dos dois lados da margem formam uma barreira escura. Na noite encoberta e fria não se vê nada ao redor. E as horas vão passando. Os homens se revezam nos remos. Os outros ficam em silêncio. Alguns fecham os olhos rezando para o seu deus. Enquanto outros observam tranquilamente a escuridão. Seis horas depois, por volta de meia noite, eles vêem luz de fogueira vindo de trás da mata, antes de uma curva a direita. Logo à frente está o outro rio que se une com o Avon, o rio Bourne.

Gwenwynwyn fala baixo: “Estamos na junção dos rios. O cais dos barcos de Odirsen II deve estar depois daquela curva.”

Então ele faz sinas para que os comandantes dos outros três barcos se posicionem dois a dois.

Barão Algar: “Vamos atracar nesta margem e seguiremos a pé por dentro da mata.”

Então um pouco antes de contornar a curva à direita, a lanterna da proa é apagada e os barcos deslizam tentando fazer o mínimo barulho possível, se guiando pela luz da fogueira que vêem do outro lado da curva. Encostam os quatro barcos e quase todos desembarcam com a exceção dos timoneiros. Empunhando seus escudos e com as armas em riste todos se agrupam. Os heróis e mais duzentos homens. Eles caminham por dentro da floresta, paralelos ao rio e se aproximam devagar e silenciosos. Logo à frente podem ver um cais de madeira iluminado por uma fogueira próxima. Existem umas vinte tendas brancas dispostas na área logo após o cais no barranco. No centro um mastro com o pendão de Odirsen II. Dois barcos de batalha estão atracados um de cada lado do cais. Então eles se aproximam. Os heróis não vêem muitos homens circulando. Somente uns seis, que provavelmente estão de sentinelas, eles parecem estar despreocupados. Pelo número de tendas o inimigo deve ter uns cem homens ali. Algar e seus homens pelo menos o dobro disso. Enrick abate dois deles com flechas.

Logo o pequeno exército encontra um homem, que está urinando, desarmado na beira do rio. Ele olha e despreocupadamente continua a se aliviar.

Soldado: “Olha! Quantas vezes disse para vocês que só temos lugar para atracar dois barcos e que é para fazerem a ronda até a corrente cinco vezes antes de retornar ao cais. Pelo menos se lembraram dessa vez de acenar com a lanterna para a torre do castelo?” (Então ele percebe que não são os seus aliados).

Ele diz com os olhos arregalados: “Meu deus!” (Ele se ajoelha) “Tenha piedade de nós!”

Algar não tem piedade e com o pesado machado de guerra abate o homem cortando lhe a cabeça.

Então seguem em frente, o acampamento está silencioso. Poucos movimento é visto. Os soldados parecem estar dormindo. Existem quatro homens andando por ali. Estão sem escudos usando suas armaduras e tem espadas na cintura. Estão dispostos em T pela área do acampamento. Dois juntos à frente. Um na entrada do cais, e outro no extremo leste na borda do acampamento. Existe uma fogueira no centro do acampamento inimigo. Enrick abate dois deles com flechas.

Gwenwynwyn: “Eles não esperavam que viéssemos tão longe pegá-los. Iniciar a invasão?”

Barão Algar: “Ataquem! Matem todos!”

Então começa a invasão. Os homens correm e entram nas tendas. Gritos são ouvidos por todos os lados. Alguns soldados inimigos são arrastados para fora, colocados de joelhos e sacrificados. Uns fogem desesperados por entre os corredores do acampamento e são mortos quando encontram outros homens do exército do Barão. Os homens de Gwenwynwyn parecem formigas enchendo os caminhos por entre as tendas matando aquele bando de soldados que nem tem tempo de se armar ou reagir.

Enrick acerta um homem com a sua flecha e Algar prontamente abate outro com o seu machado e em menos de uma hora todos os inimigos estão mortos. Nenhum soldado é perdido na ação. A cena é de devastação. Parece que uma tempestade passou pelo lugar. A maioria das tendas estão rasgadas. Corpos estão caídos por todos os lados com expressões de dor e medo. Um dos soldados corta com o seu machado o mastro com o pendão de Odirsen II que cai imediatamente e todos comemoram. Enrick vasculha uma tenda e acha um baú no interior com seis bandeiras com o brasão de Odirsen II pintado.

Gwenwynwyn: “E agora, o que faremos com o cais e os barcos senhores?”

Enrick: “Tirem os uniformes ainda intactos dos homens de Odirsen II, coloquem as bandeiras nos barcos e sabotemos os navios inimigos.”

Gwenwynwyn: “Ordens cumpridas senhores! Hora de partir. Preparar para zarpar homens!”

Então os barcos zarpam e deixam o acampamento agora sem vida para trás. Novamente se acende a lanterna e a pequena esquadra vira para oeste contornando o rio Bourne. Refletido no céu cinza eles já vêem a luz de centenas de fogueiras acesas refletidas na neblina da madrugada que cai atrapalhando a visão para navegar. Finalmente os barcos manobram para o norte deixando a floresta para trás. Dos dois lados existem planícies com algumas árvores esparsas. No horizonte já se pode ver, por entre as brumas, a silhueta do castelo de Odirsen II com as suas janelas iluminadas próximo a margem do rio. Nem sinal do outro barco inimigo. A esquadra se aproxima cada vez mais. Já dá para se distinguir as muralhas com os seus dentes de pedra. As bandeiras tremulando em cima de cada torre quadrada. A silhueta de alguns homens no topo. E sinos de alerta em cada uma delas. Navegando, eles passam pelo moinho e ao lado dele reconhecem um homem ali de pé com seu manto branco, suas runas tatuadas nos braços. É Merlim. Ele está sozinho com o cajado nas mãos, virado para o castelo. Seus cabelos e barbas brancas longas estão à mostra, o homem parece ser uma forma etérea.

A tripulação do barco olha fascinada e com medo para o Druida que parece entoar um cântico, faz gestos com os braços e suga o ar lentamente. Ele não olha para os barcos em nenhum momento. Aos poucos as brumas parecem se deslocar para a direção da esquadra. Elas envolvem o castelo. Não o suficiente para não serem vistos ou não verem nada. Merlim, então, some enquanto os navios passam pelas terras de Odirsen II.

Os barcos viajam lentamente e os homens de Odirsen II acenam acenam lá de cima. Um deles que parece ser o sargento manda os barcos pararem. Ele grita tentando os distinguir por entre as brumas. Algar sacode a lanterna sinalizando para as torres.

Sargento: “Quem vocês estão pensando que são. Não aprenderam ainda seus estúpidos. O barco que tinha ido para o sul passou por aqui e nem o vimos com toda essa neblina. Qual de vocês era o que passou?”

Enrick: “O Barco de trás!”

Sargento: “Vou reclamar novamente com o sargento de vocês seus imprestáveis! Agora estão navegando juntos?”

Barão Algar: “Sim, reforçamos a patrulha! Parece que há perigo no norte!”

Sargento: “Dizem que o exército dos pagãos está parado lá no norte. Devem estar se cagando de medo. Bem, tratem de manter essa merda dessa lanterna acesa e sempre, eu disse sempre, acenar quando passar. Com essa bruma desgraçada fica difícil de ver vocês navegarem por aqui. Podem ir!”

Quando eles olham para trás. O quarto barco não teve coragem de passar, com medo de estragar o disfarce, e se sacrificou desaparecendo na escuridão com cinquenta homens à bordo. Então a esquadra continua a navegar para o norte, após três horas. A bruma se dissipa e fica para trás. Uma ponte em arco de pedra surge logo à frente. Os navios passam por baixo dela. O Bourne hora vira para direita, outras vezes para a esquerda. Logo passam a vila próximo de Sarum. Parece vazia e deserta. Nem os animais são vistos. Seguindo mais à frente, passam por mais uma vila deserta e um ponto de luz indica que existe uma fogueira acesa próximo à um cais.

Gwenwynwyn: “Apaguem a lanterna!”

Enrick percebe a ponta da proa de um navio, igual aos que eles tinham visto no cais de Odirsen II. Parece estar atracado à frente da vila no meio de umas folhagens que se lançam da margem para o rio. Aproximando-se mais eles vêem também a corrente e próximo a ela uma fogueira com três homens em volta dela. Os sentinelas avistam os bracos, vêem as bandeiras e os uniformes de Odirsen II e parecem ter engolido a isca. Até que pedem para os barcos encostarem e os homens descerem para os barcos serem revistados. Quando todos desembarcam Enrick vê pontas de flechas na penumbra da janela de uma casa e uma sombra passar correndo atrás de uma das cabanas. Derrepente, quebrando aquela calmaria ouvem-se gritos por todos os lados. Saindo das casas, de buracos cavados no chão, do barranco da margem do rio surgem soldados de Odirsen II por todos os lados. Junto com eles vêem flechas zunindo pela escuridão.

Gwenwynwyn: “Preparem-se! Lutem! É uma armadilha!”

Gwenwynwyn: “Estamos dispersos, não temos como organizar uma parede de escudos. É cada um por si. Lutem pelas suas vidas homens! Logreeees!”

Uma trincheira camuflada no chão de terra se abre e arqueiros se levantam tentando atingir o Barão Algar e Sir Enrick. Enrick acerta uma flechada no pescoço de um deles. Algar, é atingido mas sua armadura absorve o impacto do projétil. A luta está caótica. Por toda a vila os homens combatem. A superioridade numérica, apesar dos seus soldados serem surpreendidos, prevaleceu. Mas as unidades sofreram mais baixas. Alguns homens foram mortos pelas costas pelos arqueiros inimigos. Outros foram cercados por soldados inimigos saídos das casas. Gwenwynwyn ataca seu inimigo com a empunhadura de sua espada curva, desferindo dois socos, o homem fica tonto e dá dois passos para trás, na sequência leva uma rasteira e cai de costas. A ponta da espada atravessa o peito do inimigo bem no coração.

No início da segunda hora de combate, passado o susto os homens de Algar começam a se organizar e se posicionar de forma mais disciplinada. Agora a força inimiga está em desvantagem e percebe que a surpresa não foi suficiente para equilibrar a luta. Um soldado usando o brasão de Odirsen II no peito está acuado na parede de uma casa. Algar e Enrick chegam até ele e o desmembram e quebram seus ossos. Eles fazem parecer fácil o confronto.

Os inimigos começam a ficar cercados, muitos são empurrados para a margem do rio. E lá só resta pular na água e se afogar com o peso das armaduras e cotas de malhas. A maioria prefere ter a honra de lutar até o fim. Mais da metade da força de Odirsen II situada ali na vila foi neutralizada. Os primeiros prisioneiros são feitos. Os homens vislumbrando seu fim se ajoelham e imploram por suas vidas. Alguns corpos jazem pelo chão com os anéis das cotas quebrados em poças de sangue. Um grande número de ferido de ambos os lados agonizam ali no chão barrento. Alguns estão aleijados, outros mutilados, outros tem ossos quebrados. Gwenwynwyn sofre um corte no ombro desferido por um machado que fica preso em sua armadura. Sem mobilidade e podendo ser atingido por outro inimigo ele puxa forçando o machado a feri-lo. A sua cota é quebrada fazendo brotar o seu sangue. Com os dentes cerrados de dor antes de desmaiar ele amputa a perna do homem, que cai para frente com o peso do machado, na altura do joelho. Enrick tenta ajudá-lo a todo custo, prestando lhe auxílio e pressionando com a mão o ferimento que verte sangue.

Neste momento o inimigo percebe que está praticamente derrotado. Existem pequenos grupos espalhados e cercados por três vezes a quantidade deles. Dá para se ver nos olhos o medo de serem mortos. Eles olham para os lados e não encontram saída. Estão apavorados recuando. Um cavaleiro usando armadura corre gritando para os homens de Odirsen II.

Cavaleiro inimigo: “Lutem! Vocês querem morrer? Morte aos infiéis! Deus está do nosso lado!”

Vários soldados de Odirsen II tentam atacar. Mesmo com o combate em 3 para 1 desfavorável à eles. O Cavaleiro vê os heróis, bate no ombro de um de seus soldados e fala.

Cavaleiro: “Vocês são meus desgraçados! Posso dar fim nessa guerra agora mesmo! A sua cabeça é minha Demônio!”

Algar dá um passo à frente, o homem o acerta. Um pequeno ferimento no rosto faz o Demônio do Norte corar e girar o seu machado com tanta força que corta metade do tronco do inimigo. Enrick quebras as costelas de seu oponente que se ajoelha e leva mais dois golpes, causando ferimentos mortais.

O dia começa a amanhecer e aos poucos os soldados inimigos vão tombando. E outros se entregando. Muitos feridos estão espalhados por todos os lados. Muitos se renderam jogando suas armas e implorando para não serem mortos. Os feridos gemem se arrastando em poças de sangue. Alguns choram chamando pela mãe. Gwenwynwyn acorda com um cachorro lambendo o seu rosto. Perdeu algum sangue mas parece estancado. Ele tinha desmaiado devido a dor. Ele se senta lentamente ajudado por Sir Enrick.

Gwenwynwyn: “Dor maldita! Mas acho que ficarei bem! O inimigo demonstrou força amigos, não será uma luta fácil.”

Soldado amigo: “O que faremos com os corpos, feridos e homens capturados meu senhor?”

Barão Algar: “Queimem os mortos! Coloquem os feridos no barco do inimigo que iremos levar. Os prisioneiros irão conosco. Temos quatro barcos novamente. Levantar âncora. Vamos para Winterbourne Gunnet!”

Então eles tiram a corrente que cruza o rio Bourne, sobem a bordo de um dos navios e cansados e feridos zarpam para Winterbourne Gunnet. As ruínas de Figsbury são deixadas para trás. Exaustos adormecem. Estão sujos de terra e sangue. Os feridos gemem caídos entre os bancos.

Com o som de aplausos e gritos os heróis acordam. Os barcos estão chegando em Winterbourne Gunnet. O sol que acaba de surgir no horizonte ilumina o rosto dos guerreiros. Quando olham o exército inteiro está na margem do rio próximo ao feudo. Estão celebrando o êxito da missão. Bradam suas espadas, machados e lanças. E gritam palavras de entusiasmo. Gwenwynwyn conduz os barcos como uma figura heroica. E sua tripulação retribui aos homens a saudação. Os Cavaleiros da Ordem do Martelo, Lady Adwen e Marion os aplaudem. Os barcos atracam no cais improvisado construído as pressas. Enrick e Algar desembarcam, na frente, com o Almirante. Lady Adwen beija Algar e Lady Marion, Sir Enrick. Os Cavaleiros da Ordem os cumprimentam:

Sir Bag: “Que bom que estão vivos”

Sir Dalan: “A noite de espera foi longa amigos!”

Sir Alein: “Finalmente teremos uma chance senhores”.

Os outros os cumprimentam com tapas nos ombros e abraços.

Alguns soldados gritam: “Discurso Barão!” “Queremos ouvi-lo!”, “Será uma honra senhor!”

Barão Algar: “Homens corajosos de Logres! Chegou o momento tão esperado. O momento de enfrentarmos o inimigo e defender as nossas convicções. A hora é agora e o campo de batalha nos aguarda aqui próximo. No final de tudo nem todos estarão vivos, mas garanto que vai valer a pena. Faremos valer a pena quando o nosso inimigo, que já provou muitas vezes não ter honra, tombar diante de nós. Nossos Deuses e tradições fazem parte de Logres e pelo reino lutamos! Força, Lealdade e Honra!"

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