quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Aventura 13: A Guerra dos Herlews, ano 489, Parte Final


Depois da chegada dos barcos e o discurso do Barão Algar, os heróis se dirigem ao acampamento. Tudo começa a ficar movimentado. Os feridos vão sendo tirados dos barcos com macas de madeira. Lady Adwen orienta os servos do feudo, que estão ajudando a retirá-los e colocá-los em carroças e os levam para dentro dos muros das terras do Barão. Dos trinta homens, dez não resistiram a viagem de volta e morreram devido aos graves ferimentos. Os vinte e sete prisioneiros desembarcam, todos amarrados, só com as roupas de baixo, são escoltados pelos homens de Sir Warren. Os homens do exército aliado xingam, os atiram pedras e cospem neles.

Por entre as tendas a intensidade é máxima. Centenas de escudeiros caminham verificando equipamentos, pintando escudos, carregando flechas, lustrando com areia as armaduras, carregando quilos de cotas de malha e armaduras de ferro e couro. Sir Bag está partindo com os soldados do flanco esquerdo, já armados, e dez carroças cheias de lenha cortadas para preparar as barreiras e estacas de defesa.

Sir Bag: “Guri, Demônio, Mi Lady! Estava organizando e ajudando os homens a se prepararem para o combate. Levarei esses para prepararem as defesas. Conseguimos azeite com seus vizinhos, para a barreira de fogo e alguns homens, durante a madrugada, montando os cavalos do Sir Enrick foram até o feudo de Bellias e trouxeram mais alguns litros em barris. (fala baixinho). Os veteranos parecem bem, mas os servos estão um pouco assustados. A maioria não tem mais que dezessete anos. Tenho certeza que é só começarmos a mover nossas forças e preparar as defesas que seu irmão irá começar a se movimentar. Não vai querer ser visto como um covarde. A força de Odirsen II marchando levaria um dia para chegar até Figsbury. Se chegarem ao anoitecer duvido que tentariam um ataque cego na escuridão. Bem vou indo, espero vocês depois para conferirem se está tudo certo.”

Área da Cavalaria:

Na área de cavalaria os animais estão sendo escovados e selados. Os arreios colocados. Os cavalariços levantam cada pata dos animais e verificam suas ferraduras. Então são colocadas armaduras na cabeça, peito e traseiro do cavalo. Por cima são colocadas as cores do Barão Algar.

Área dos Arqueiros:

Logo a frente três carroças saem do interior de Winterbourne Gunnet cheias de flechas e são estacionadas ao lado das unidades de arqueiros. Os homens vestem seus elmos de ferro com proteção para o nariz. A maioria usam corseletes de couro amarrados e braceletes longos no braço que segura o arco. Um homem em cima de uma carroça distribui as flechas. Quinze para cada um que verificam as penas, ponta e o corpo do projétil e colocam em sua aljava.

Eles escutam os homens comentando e honrados com a presença deles. Então todos se curvam e ficam de joelhos e notam que alguns homens usam crucifixos e outros símbolos pagãos.

Enrick: “Sir Enrick, permita-me aproximar? O senhor tem sido uma inspiração para todos nós. Como quer que lutemos? Confiamos nossas vidas ao senhor.”

Sir Enrick: “Amigos! Preciso que lutem no dia de hoje com tudo que tem. Com toda a coragem e força. Dois deles. Matem dois deles cada um de vocês e teremos a glória de vencermos neste campo de Batalha.”

Os homens ficam empolgados.

Área dos Druidas:

Ao chegar na área dos Druidas, os heróis quando chegam atravessam o círculo feito com pó branco e os marcos de madeira com inscrições mágicas. Eles parecem estar calmos e os saúdam. Não usam mais seus mantos brancos. No dorso, eles não usam armaduras e nem elmos. Os homens não usam camisa e as mulheres vestem adereços de couro. Para alguma proteção usam braceletes, para evitar golpes no antebraço, botas e calças de couro. Tiras de ferros nas botas dão alguma proteção aos calcanhares caso houver uma parede de escudos. Na cintura usam um cinto, todo adornado no estilo celta, com uma gladius de um lado e um punhal no outro. Também levam na cintura uma corda para enforcar, se for preciso, seus inimigos. Arcos longos são carregados como arma principal e uma aljava bordada com runas penduradas nas costas cheio de flechas. Estão todos pintados de azul. Melion, irmão de Algar e Sir Dylan também estão ali. Enrick pinta seus braços e rosto com figuras celtas azuis. Algar faz o mesmo.

Melion: “Bom dia irmão! Estamos prontos. Que a deusa esteja em nossos corações e que o seu consorte guie as nossas armas. Apesar de nunca ter lutado, preciso fazer a minha parte. Farei o meu melhor meu senhor. Essas arcos e flechas foram trabalhados por Nínive e estão consagrados. ”

Sir Dylan: “Então Enrick, minha irmã. (meio constrangido) Meu pai, você sabe como ele é, disse que precisa conversar com você urgente depois de tudo isso acabar. Advinha sobre o que deve ser? O velho diz que a Catedral de Santa Maria já está reservada. Mas antes tenho um pedido a fazer pra você, traga Marion viva!”

Sir Enrick: “Farei isso Dylan! Quanto ao seu pai...Parece que teremos um casamento.”

Melion: “Irmão, eu e Lady Marion conversávamos, onde nós e os arqueiros de Avalon deveriam se posicionar. Gostaríamos de ficar nas ruínas de Figsbury. Do alto nossas flechas serão letais. O lugar é perfeito para lançarmos além das flechas, as nossas palavras sagradas ao vento. Lhe prometo que não vai se arrepender.”

Barão Algar: “Considere feito irmão! Você está pronta Marion? Será? ”

Marion: “É claro Algar, dúvida da força das mulheres de Avalon?”

Barão Algar: “Nunca! Bem... Claro que não!”

Sir Dylan:“Irmã! Talvez haja combate corpo a corpo. Fiquem alertas!”

Marion: “Ficarei!”

Área dos Cavaleiros:

Na área dos cavaleiros os homens vestem armaduras caras e pesadas. Três pagens e um escudeiro ajudam, cada um dos homens, a se vestirem. Primeiro usando uma roupa acolchoada por baixo. Depois vestindo uma cota de malha no dorso. Por fim uma toca de couro protege a cabeça onde o pesado elmo é colocado preso por tiras de couro. Os escudos, lanças, espadas, machados, manguás, martelos e massas de guerra estão todos enfileirados debaixo de cada brasão dos nobres. Os que já estão prontos pegam o seu escudo e trocam alguns golpes. Alguns não satisfeitos pedem para as armaduras serem reajustadas em alguns pontos. Um armeiro martela em uma bigorna e faz os últimos ajustes em cada arma.

Armeiro: “Sir Enrick, flecha ligeira! Poderia ver sua arma? Permite meu senhor ter a honra de fazer uma melhoria em seu martelo de guerra?”

Sir Enrick: “Claro, meu bom homem!”

O ferreiro é forte e usa um avental de couro comprido. Tem a cabeça raspada e barba trançada até o peito. Então ele prende o pesado martelo de guerra em cima da bigorna. Pega uma barra de ferro. Esquenta em uma forja próxima. Em alguns minutos o ferro está vermelho. Ele martela até obter o formato de cone ponte agudo. Então retira o cabo da arma e substitui pela barra. Usa tiras de couro para envolver o cabo. O ferreiro testa o martelo que agora no topo tem uma ponta perfurante. Ele percebe um desiquilíbrio e coloca uma peça quadrada na parte de baixo do cabo equilibrando melhor a arma.” (Skill Martelo: +1)

Armeiro: “Pronto senhor! Está perfeito para enfrentar armaduras e variar seus golpes!”

Enrick: “Ficou ótimo!” diz Enrick girando o martelo e testando alguns golpes.

Armeiro: “É uma honra senhor!”

Sir Alien: “Que o seu Deus e o meu Deus estejam unidos hoje primo. Pedi para o seu ferreiro colocar a cruz irlandesa, que me presenteou, na empunhadura de minha claymore. Gostaria da sua permissão para reunir os cristãos e fazermos uma oração juntos.”

Barão Algar: “Claro primo! Pode fazer!”

Sir Dalan vestido com sua armadura de couro com os braços descobertos treina com as duas espadas. Dois escudeiros tentam acertá-lo. Ele gira derruba um, depois escorrega a espada de seu adversário com a espada maior na direita para o lado de fora, ele segura o braço do garoto e finge cortar a sua garganta com a espada menor na esquerda. Ele enxuga a testa rindo, enquanto um escudeiro lhe dá um pano, e vem cumprimentar Marion, Enrick e Algar.

Sir Dalan: “Ufa! Esses garotos lutam bem. Mas são muito inexperientes. Algar, quando partiremos para guerra?”

Barão Algar: “O mais rápido possível primo! Temos que resolver isso logo.”

Sir Dalan: “E o que quer faça com os cretinos que estão na gaiola?”

Barão Algar: “Vamos amarrá-los em cruzes e ergue-los nas paliçadas vestidos de padres. Os arqueiros de Odirsen II pensarão duas vezes antes de atirar em nossos homens.”

Sir Dalan: “Eles merecem uma morte dolorosa e lenta e que assistiam suas entranhas se espalharem ainda vivos. Não acredito que esse covarde do Hervis, ficou tanto tempo ao nosso lado sem percebermos que era um judas.”

Área da infantaria:

A maior área do acampamento é destinada a infantaria. Os homens mais desequipados, menos instruídos e humildes. Mas seu número é fundamental em campo de batalha. Quando chegam ali os heróis vêem uma pilha de armas, alabardas, espadas e machados e elam vão sendo distribuídas uma a uma. Cada homem das unidades tentam se proteger como podem. Poucas cotas de malhas são vistas. E as que existem estão quebradas em alguns pontos. Usam elmos de todos os tipos. Alguns também avariados. Nem sempre do tamanho certo, pegos de algum inimigo tombado em outra batalha que participaram. Só vestem uma roupa de couro e abaixo da cintura a prendem com um cinto com bainhas para espada curta e do outro lado punhal. Mais da metade usam lorigas de couro. Os mais pobres, servos nas terras dos lordes que os apoiam não levam nada mais que a roupa do corpo e instrumentos de trabalhar no campo como foices e machados. Todos carregam escudos redondos de madeira. Todos se curvam com a chegada dos heróis.

Sir Enrick: “Não se curvem, não é necessário.”

Infante: “Senhor, com todo respeito! Não queremos morrer. Temos família. Quem cuidará dos campos e de quem amamos se formos mortos?”

Barão Algar: “Vocês mesmos! Lutem bravamente, acreditem no que estamos defendendo que iremos vencer. Só depende de nossa vontade e coragem homens! Essa chance é única. Nós mesmos fazermos nossos destinos!”

Sir Enrick: “E amigos! Sim chamo vocês de amigos! Esqueçam os títulos. Não acredito nisso. Acredito no valor de cada homem que vai estar no campo de batalha. Seja ele plebeu ou nobre. Estamos juntos por um bem maior, não esqueçam.”

Área dos Navios:

No pequeno porto de madeira os navios se empilham. Dois ficam atracados, um de cada lado do pier e os outros dois estão presos neles colocados no meio do rio. As tripulações já estão vestidas com cotas de malhas e testam os remos com pás de couro. As velas também são preparadas e presas nos velames do mastro.

Almirante Gwenwynwyn: “Seus cães sarnentos quantas vezes já disse que não é para levar barris de rum a bordo. Precisamos de velocidade. Vai ser fundamental! Tirem isso daí já e abram um para bebermos junto com a Lady Marion, o Barão e o Flecha ligeira. E não esqueçam as suas armas e escudos seus imprestáveis. Coloquem as bandeiras de Odirsen II! Iremos enganá-los de todos os jeitos! Barão, como vão sinalizar para os barcos a hora de zarparmos e fazermos o ataque surpresa?”

Barão Algar: “Montaremos um farol no alto das ruínas e Lady Marion o acenderá no momento certo.”

Marion: “Pode deixar comigo!”

Almirante Gwenwynwyn: “A correnteza do rio flui em velocidade para o sul. Chegaremos rápido na vila próxima a Figsbury quando der a ordem de ataque. Espero que aqueles moribundos e mortos tenham chegado aos portões de Laverstock. Vamos aguardar se o inimigo engoliu a isca.”

Logo depois do almoço o exército está ansioso. Os homens conversam. Alguns riem, outros ficam em silêncio total. Uns rezam, outros bebem. Cada lorde fala com os seus sargentos e conversam com os seus homens.

Arauto: “Meu Barão! Está tudo pronto! Todas as unidades estão armadas e a postos aguardando suas ordens.”

Barão Algar: “Reunir a força e preparar para partir!”

Quando todo o exército está reunido à frente das muralhas de Winterburne Gunnet o estandarte dos Pendragon surge vindo do oeste. Um cavaleiro solitário, sem armaduras, loiro de cabelos longos cavalga em velocidade. Ele diminui a marcha e se aproxima.

Arauto real: “Meu senhor! Trago uma mensagem do rei que tenho ordens de ler para os seus homens.”

Mensagem do rei: “Que todos saibam que essas são as palavras do rei!”

“Digo a todo povo de Logres que formam o exército do Barão Algar que tem minha benção para lutar. Infelizmente a guerra justa foi determinada e os reis não podem intervir nos combates em nome dos Deuses. Que vocês, valentes guerreiros de Logres, possuam a força para libertar e que tenham a coragem para morrer se for preciso para manter suas tradições. Existem momentos na história em que podemos confiar apenas nos nossos braços e escrevermos por nós mesmos nossos destinos e o futuro que virá. A Ordem dos Cavaleiros do Martelo foi fundada nos alicerces da antiga e da nova religião. E acredito que ela poderá cumprir esses objetivos nas próximas horas onde o aço encontrará a carne levando vidas. Tentei de todas as maneiras, como bem sabem, evitar o pior. Só me resta rezar para os Deuses antigos e novos para lhe implorar a vitória do mais justo, do mais nobre, do mais corajoso e não do maior número de lanças. O coração do seu rei está com vocês meus leais súditos. Acabem logo com isso e imploro para o criador que proteja a todos em vida ou na morte. E Algar! Chute o traseiro petulante de seu irmão! Deus o proteja Demônio! Boa sorte!”

Todos os homens ficam com a energia renovada com a carta do rei e comemoram. Então, todo o exército está em formação do lado de fora da acampamento. As mulheres e filhos dos homens estão ali. É um momento de emoção e tensão já que não se sabe o que pode acontecer e nem se todos voltarão vivos para casa. Eles se abraçam e desejam o melhor. Algumas mulheres choram. Sir Dalan levanta o seu filho menor e lhe dá um beijo. Os barcos zarpam lentamente. É possível ver Almirante Gwenwynwyn no leme de um dos navios acenando com a mão e os capacetes pontudos dos homens e suas cotas de malha nos remos.

Então a força formada por mil homens se põe em formação e começa a marchar. O Barão Algar, Enrick flecha ligeira e Lady Marion seguem na frente como senhores da guerra. Atrás segue o flanco direito liderado por Dalan. O flanco esquerdo já partiu antes para preparar as defesas para o embate. Os pendões são carregados e levados na vanguarda. O batedor de Odirsen II, Sir Hervis, o traidor e seu Arauto são levados nas gaiolas em cima de uma carroça. Seguem em silêncio de cabeça baixa. Atrás vem, um grupo de mulheres, treinadas na arte da cura, adeptas da velha religião, para prestar socorros. Os aldeões de Winterbourne Gunnet param para assistir o exército passar levantando poeira. Algumas crianças correm juntas das fileiras. Os homens marcham orgulhosos olhando para frente. O dia é cinza e não muito frio. Para trás fica o acampamento com as famílias. Winterbourne Gunnet some no horizonte.

O exército marcha. Só se ouvem o som dos cavalos e dos passos dos homens. Tudo está deserto e calmo ao redor. Um bando de pássaros voa. Parece que todas as pessoas deixaram a região. Logo as ruínas de Figsbury surgem à frente. Os barcos se ocultam em uma curva do rio e não são mais vistos.

Duzentos homens trabalham incansavelmente nos dois quilômetros que separam o rio Bourne do antigo castelo. Sir Bag em sua armadura prateada caminha de um lado ao outro. Por vezes pega a marreta e ensina a colocar as estacas pontiagudas da maneira certa. Depois segue em frente, trás um pouco de hidromel para um grupo, da risada com outros. Um outro grupo de vinte homens cavam uma valeta na linha do morro onde estão as ruínas, em direção ao sul. Alguns destes homens rolam barris cheios de azeite para próximo dali. Uns outros na frente da área de estacas fixam sessões de paliçada pontiagudas feitas de tronco e amarradas uma nas outras, para a proteção contra flechas inimigas.

Sir Dylan: “Algar, posso mandar os escudeiros montarem a retaguarda? A tenda de socorro e suprimentos, a área dos feridos e a dos prisioneiros ficariam bem posicionadas aqui. Acredito que esta distância é bem segura e fora do alcance das flechas inimigas.”

Barão Algar: “Faça isso! Acho que aqui é um bom lugar”

Então várias carroças com grãos, bebida, flechas sobressalentes, armas e elmos que sobraram são levados para lá. O grupo formado por cinquenta mulheres com mantos azuis, preparadas para cuidar dos ferimentos, se dirigem para o mesmo local.

O restante do exército avança dois quilômetros e estaciona na área que se situa entre as estacas e a retaguarda. Os homens sentam ali em grupos. Acendem fogueiras para se esquentar. Alguns já tiram dados do bolso e começam a jogar. Outros treinam ataques em grupo. Outros deitam e tiram um cochilo. Um homem toca um alaúde entretendo um grupo. Os arqueiros de Avalon sentam em círculo e meditam silenciosos à uma certa distância do grupo principal. Os Cavaleiros da Ordem da Cruz do Martelo e os outros quatro cavaleiros, Sir Robert, Sir Tomás, Sir Rhyrid e Sir Warren descem dos seus cavalos e reúnem-se com os heróis. Em silêncio eles olham ao redor examinando o campo de batalha minunciosamente. Eles vêem na direita o rio, na esquerda uma alta colina rochosa de cem metros de altura com as ruínas no topo, com falcões circulando no céu. As estacas e paliçadas ao sul e uma grande trincheira à esquerda paralela ao redor saindo do pé da colina de Figsbury.

Dylan fala olhando ao redor: “O campo de batalha amigos. É aqui que o futuro de Logres será decidido. Acho que a tática que usaremos irá equilibrar um pouco as coisas. O que pensam?”

Barão Algar: “É o que temos! Teremos que fazer o melhor e também contar com a sorte!”

Barão Algar: “Escudeiros, montem o posto de comando nas ruínas, agora!”

Alein: “Amigos, se os números que o batedor de Odirsen II nos passou estiver certo, acredito que na retaguarda do inimigo eles terão pelo menos seiscentos cavaleiros! Depois os arqueiros estarão atirando em nós por cima dos obstáculos que darão alguma cobertura para nosso exército. Os seiscentos cavaleiros de Odirsen II estarão presos tentando repelir o ataque surpresa, aguardando a infantaria na frente agir para derrubar os obstáculos. Nossos arqueiros estarão minando as forças inimigas enquanto isso.”

Jakin: “Rompendo a retaguarda deles sairemos nas fileiras dos arqueiros. É aí que temos que mandá-los direto para o inferno. Depois o que sobrou do inimigo. Enrick, como será acesa a barreira de fogo? Terá que ser rápido. São dois quilômetros de foço cheio de azeite.”

Sir Enrick: “Usaremos dez arqueiros com flechas incendiárias! Pode deixar comigo! Em sincronia com o ataque surpresa com os barcos. A margem de erro é pequena aqui senhores.”

Sir Dalan: “Espero que o meu nariz saia inteiro dessa vez. Primo! Eu recomendo que dois de nós peguemos os cavalos velozes de Enrick e rumamos par o Sul para verificar a movimentação do inimigo. Qualquer sinal deles voltaríamos rapidamente. Eles nunca nos alcançariam montados nesses corcéis. O que acha Barão? Enrick e Lady Marion são os que fazem melhor esse trabalho de batedores.”

Enrick: “Vamos partir imediatamente!”

Marion: “Iremos agora! Nada escapará! Vamos!”

Então eles partem. Cavalgando, á frente, eles podem ver suaves colinas amareladas do fim do inverno e nuvens cinzas de frio no céu. Árvores esparsas preenchem a paisagem, enquanto os cavalos quase não fazem barulho enquanto trotam a relva baixa. Marion, para, observa e não detecta nenhum sinal do inimigo. Só vê alguns corvos voando no alto. Uma lebre cinza cheirar o ar e desaparecer em um buraco próximo a uma árvore. Continuando a cavalgar mais alguns quilômetros olhando para todos os lados e examinando a relva que se estende à frente algo lhes chama a atenção. Marion desce do cavalo toca no capim quebrado, sente a temperatura do solo, observa ao redor.

Marion: “Pegadas que se dirigem para Winterburne Gunnet e botas de combate usadas na infantaria e cavalos. Pelo menos três.”

Sir Enrick: “Será que deixamos escapar algo? Nos separamos?”

Marion: “Não, melhor seguirmos mais para o Sul.”

Cruzando o campo logo à frente existe uma vila. Eles vêem cabanas com paredes de pedra e telhados de palha preta mofada. A primeira vista parecem vazias. Acham um carneiro deixado queimando na fogueira no centro da vila ainda fumegante e pegadas de botas usadas por soldados de infantaria e rastros de três cavalos rumando para o sul.

Sir Enrick: “Parecem ser batedores! Seguimos em frente.”

Mais à frente, após três horas percorrendo a paisagem vazia, eles avistam a segunda vila. Adentram, em meio as cabanas de paredes de pedra e teto de palha. O lugar está vazio. Somente o gado foi deixado para trás. Nem os animais menores estão ali. Galinhas, gansos, cabras, foram todos levados e o casal detecta a continuação da mesma trilha, com ferradura de cavalos na terra, apontando para o sul.

Os dois decidem ir em frente. Seguindo mais uma hora cruzam a estrada real. As gigantesca muralhas de Sarum com as flâmulas do Conde Roderick é vista pequena no horizonte à leste. A cidade fica para trás e logo a terceira vila surge no horizonte, o local onde foi travada a luta na noite anterior. A fumaça suave sobe para o céu ao lado do cais e da pilha de corpos carbonizados. Alguns inimigos feridos deixados caídos no campo estão mortos. Uma meia duzia de cavalos pastam na relva abandonados. Dezenas de flechas fincadas nas paredes e no chão das casas ainda estão ali. São cinco da tarde.

Então uma nuvem de poeira é avistada ao sul. Primeiro um cavaleiro há quilômetros surge no horizonte. Depois dez, cem, quatrocentos, seiscentos. Depois centenas de cruzes de madeira aparecem carregadas por padres de túnicas na cor marrom. Na frente uma cruz enorme em uma carroça lidera a multidão que começa a surgir no horizonte. Milhares de lanças e cavaleiros marcham. E o estandarte parecido com o de Algar é carregado no centro. Um homem grande usando uma armadura completa de cavaleiro, com um penacho vermelho em seu elmo fechado, cavalgando um corcel negro, vem no centro. Pelo ritmo da marcha do inimigo os batedores percebem que o exército chegará entre duas e cinco da manhã.

Marion e Enrick retornam na mais alta velocidade com os cavalos Stanpid arrancando pedaços de terra do chão. Com o vento no rosto e as capas voando, no final da tarde, eles chegam em incríveis duas horas.

Na área de defesas já com dezenas de tapumes erguidos e estacas colocadas ao longo dos dois quilômetros. O som de conversas e marteladas se espalha por toda a planície. Algar encontra Sir Bag, comendo uma enorme coxa de peru, Sir Rhyrid e Sir Warren vistoriando o trabalho de seus homens.

Sir Bag: “Demônio! Você por aqui! Cadê o guri?”

Barão Algar: “Os namoradinhos foram fazer o trabalho de batedores!”

Sir Bag: “Eles são bons. Já é a terceira coxa de Peru que comi hoje. Essa é da boa. Minha mãe preparou! Você está servido?”

Ele aponta uma algibeira de couro parecida com uma lancheira infantil. Algar se serve.

Sir Rhyrid, um homem de meia idade, sem barbas, cabelo raspado e usando uma bonita armadura com fios de ouro se aproxima: “Vizinho! Acredito que o trabalho que esses homens estão fazendo deve estar pronto no início da madrugada. Estamos revezando entre a infantaria e os arqueiros. Assim teremos um bom ritmo de trabalho.”

Sir Warren, de cabelos brancos, usando sua pele de urso marrom nos ombros, capa vermelha e uma espada toda ornamentada com pedras preciosas fala: “Estão vendo aquelas trinta estacas e aquelas hastes de ferro como moinhos atrás dos obstáculos ao longo das muradas? É uma surpresinha para os nossos convidados. Homens! Construam uma plataforma elevada para os soldados que forem girar essas belezinhas.”

Lá na murada os homens de Warren vão colocando objetos de ferro em formato de cruzes de sete metros de envergadura com pontas grossas, parecidos com as de flechas, mas bem maior e cada corrente que as suspende são colocadas na ponta de cada haste. Existe uma alavanca para dois homens girarem atrás de cada mecanismo.

Arauto: “Senhor, Sir Robert e Sir Tomás lhe aguardam nas ruínas.”

No pé do morro das ruínas um corpo queimado em decomposição está caído. Era o batedor inimigo que Sir Enrick e Lady Marion tinham abatido há dois dias. Um caminho íngreme circulando o alto morro leva até o topo do castelo antigo. Leva pelo menos vinte minutos, com os cavalos de carga, para subir com segurança. Sir Enrick e Lady Marion chegam e se juntam à Algar lhe contando tudo que viram. Lá em cima, nas ruínas do antigo castelo o antigo foço está lotado de entulhos. Uma prancha de madeira foi colocada por cima para permitir a entrada. O que sobrou da muralha ainda é bem alta. O castelo era circulado por seis torres quadradas. Três desabaram com a ação do tempo. Pedras se espalham no pátio principal. Parte da muralha na face sul caiu permitindo uma visão privilegiada da planície lá embaixo. Mas todas as paredes tem pontos grandes de desabamento.

No interior, gigantesco, foram colocadas mesas de madeira, onde quatro arautos observam o campo lá embaixo e desenham os mapas em pergaminhos e atualizam as informações de logística, posicionamento e números. Dez tochas com suportes de ferro para iluminar estão acessas e dispostas em círculo. Um grande tapete vermelho quadrado foi colocado ali e cadeiras para os lordes se sentarem na mesa maior, com frutas e castanhas. Uma cobertura de pano, sustentada por quatro mastros protegem a área de comando do tempo. No alto das torres, que ainda estão de pé, foram postos o brasão de Algar. Uma tapeçaria enorme com todos os brasões dos lordes participantes desce da parede da face norte ,do lado de dentro da ruína. Sir Robert e Sir Tomás estão olhando os trabalhos dos homens lá de cima enquanto tomam hidromel.

Sir Robert um cavaleiro baixo, mais bem forte, com trinta e três anos, uma cicatriz no lado esquerdo do rosto, usando um tapa olho no mesmo lado. Veste uma cota de malha e sua espada possue o desenho de três leões na lâmina. Ele tem cabelos ruivos compridos e não usa barba, expondo o rosto cheio de sardas: “Barão! Acho que daqui do alto será perfeito para observarmos o que está acontecendo lá embaixo. Na pior das hipóteses poderemos nos retirar e nos proteger aqui dentro. Do alto teremos uma vantagem de ataque e defensiva. Arqueiros aqui não poderão ser atacados.”

Sir Tomás, homem do norte experiente, com cinquenta anos, manca um pouco. Tem cabelo curto preto, cortado no estilo romano. Usa uma armadura prateada, com dezenas de seu brasão, com o símbolo de uma harpia no centro, gravado por toda as placas de proteção: “Sem dúvida os homens terão muito trabalho no combate. Não vai ser fácil enfrentar uma força composta por dois mil homens. As baixas serão pesadas!”

Lá de cima, Algar consegue ver os barcos de Gwenwynwyn, pequenos, ao norte na curva do rio. Seus homens parecem terem derrubado algumas árvores e constroem balsas.

Barão Algar: “O que o Almirante está fazendo?”

Então cai à noite. O exército acende dezenas de fogueiras. Tochas iluminam a retaguarda e as ruínas no topo da colina. Os cavaleiros se reúnem em um círculo lá embaixo próximo as estacas. Barris de hidromel e cerveja são abertos por todos os lados. Os arqueiros de Avalon estão um pouco distantes. Estão assando um carneiro e dividindo a carne entre eles. As defesas estão ainda sendo erguidas. O foço revestido por couro e madeira é enchido com os barris de azeite. O céu está encoberto. Os heróis e seus cavaleiros estão reunidos ao redor de uma destas fogueiras. É servido costela de gamo assada em um grande panelão de ferro preto. Todos estão vestidos com a armadura completa. Os escudos ao lado. As armas ao alcance das mãos. Somente Sir Tomás não está presente. Está comandando os seus homens na tarefa de vigiar e observar movimentos ao redor do acampamento.

Dylan: “Irmãos de armas! Irmã! A noite será de espera. Mesmo que o inimigo chegue, um ataque noturno em vantagem numérica seria muita burrice. Não dá para enxergar as defesas do inimigo. Ainda mais com esse tempo encoberto sem a luz da lua. E nós em campo aberto na escuridão nos dispersaríamos mais ainda. Pelo jeito teremos que aguardar. O que você acham?”

Barão Algar: “Seria uma grande burrice! Se Odirsen II tentar um ataque noturno só mostrará que é um covarde e fraco pois estamos em menor número.”

Bag: “Bom, eu espero pegar Odirsen e fazê-lo andar de quatro até Winterbourne Gunnet. No guri aqui eu confio, vocês sabem que da última vez, ele mandou tanta flecha na cara dos Francos que eles correram da gente. Mas antes da batalha, à noite, como agora, ele tremia igual vara verde. Não é Sir Enrick?”

Sir Enrick: “Marion, o que Bag está falando é verdade! Enquanto os outros enchiam a cara eu estava em pânico conversando com o cavalo!”

(Todos os cavaleiros riem)

Bag: “Ficou conversando com o cavalo a noite inteira apavorado. Depois vou conversar com Hefesto vai que ele me aconselha a lutar melhor que você Barão.” (risada estranha)

Dalan: “E que estória é essa Algar que os homens andam falando. Dizem que esse seu elmo foi entregue pelo próprio Odim. Vocês parecem esses padres com as estórias deles de que água vira vinho. Onde conseguiu ele?”

Barão Algar: “Eu ganhei dele mesmo. Do Odim, em pessoa!”

(Todos os cavaleiros riem achando que Algar está brincando)

Alein: “Perdoem amigos. Mas o mestre, Jesus, realmente fez essa transformação. O problema é que estão contando a estória de forma errada. O certo é que o messias deveria ser um homem alegre e nós só conhecemos o deus pregado e sofrido na cruz. Ele com certeza num ato de amizade e até de brincadeira transformou água em vinho. Ainda bem que ninguém tem esse poder ou Sir Bag morreria de tanto encher a cara.”

Bag: “Minha mãe não deixaria!” (risada estranha)

Jakin: “Sua mãe não deixa nada Bag! Da última vez que ela me encontrou me puxou as bochechas e perguntou se eu era seu amiguinho.”

Bag: “É carinho Jakin! É carinho!”

Elein: “Um brinde irmãos de armas! Aos que sobreviverão e os que tombarão pelo aço e não estarão mais conosco! Lealdade, força e honra senhores!”

Então o sinal de aviso de alerta soa na planície do lado norte do acampamento. Ao redor da fogueira eles vêem acima das tendas brancas Sir Tomás manobrando com habilidade seu cavalo pelos caminhos estreitos por entre as barracas vindo da retaguarda.

Sir Tomás: “Rápido! Homens de Odirsen II se aproximam com velocidade pelo norte! Não sei como conseguiram. Vamos rápido, atacarão a retaguarda!”

Os cavaleiros sentados próximos, em outras fogueiras também se levantam rápido e se pões em alerta, colocam seus elmos e pegam as suas armas. Gritando para os escudeiros pelas armas e elmos.

Sir Tomás: “Não há tempo para os cavalos homens! Vamos! Protejam a retaguarda! Por Logres e pela Deusa!”

Pelo menos trezentos cavaleiros correm pelo acampamento desordenadamente. Tochas são vistas e surgem no horizonte. Já passa de meia noite e tudo pode acabar rápido. Eles se aproximam.

Sir Enrick: “O que? Eles parecem bêbados e cantando! Que estranho.”

Derrepente o grupo para há oitocentos metros. No escuro vêem as tochas. Um cavaleiro sozinho se aproxima e para no meio do caminho. Não é possível distingui-lo. A sua tocha ilumina parte do cavalo. Ele aguarda. Só ele e talvez somente mais dez homens estão montados.

Sir Dylan: “São duzentos homens!”

Enrick e Algar vão até ele, se aproximam e quando chegam bem perto o homem ilumina o próprio rosto.

Sir Bruce: “O Príncipe me contou que os Britânicos vão fazer uma festa e ninguém me chamou pra participar dela.” (E da uma risada roca)

Eles se deparam com um homem com dois metros e dez de altura, usando um xale escocês, kilte xadrez azul, branco e preto, com um cinto de couro com uma caveira na fivela. Existe uma algibeira preso nela e uma claymore do outro lado. Tem os cabelos avermelhados longos, olhos verdes. Forte como uma rocha. Tem braceletes de couro afivelados em seu pulso e braços cobertos de tatuagens. Enrick e Algar o reconhecem de imediato.

Sir Bruce: “Sir Bruce Macwell a sua disposição Demônio do Norte! E você guri? Ainda dando cabeças na cara dos outros?”

Ele desce do cavalo e os cumprimenta.

Bruce: “Que viajem! Marcha forçada de três dias depois que recebi a visita de Sir Amig e do Príncipe Madoc. Vai ser bom arrancar umas cabeças britânicas pra variar. Ah! Desculpe. Estamos honrados em lutar ao seu lado! Homens, nada de encrenca, levantem acampamento em algum lugar atrás destas barricadas. Quem mexer com as mulheres da retaguarda sentirá o peso da minha claymore. Vão e se divertam um pouco. Porque logo talvez estaremos celebrando nos salões do homem do corvo!”

Os duzentos homens de Bruce se dirigem para o acampamento enquanto com um aceno de cabeça ele saúda os outros lordes que não são muito simpáticos com ele.

Bruce: “Como vão? Pelo jeito estão com ciúmes. Calma tem amor pra todos vocês britânicos. Vamos até o posto de comando amigos? Preciso saber que pé estamos nessa briga de vocês.”

Lá em cima nas ruínas Bruce senta na mesa com os pés apoiados em cima dela. E com as mãos atrás da cabeça.

Bruce: “Então Algar e Enrick. Primeiro me sirvam bebida, depois, o que temos aqui?” (Depois de examinar os pergaminhos com os planos de ataque). Meus homens estão agitados precisando de ação. Foi um longo inverno rapaz.”

Barão Algar: “Foi mesmo meu amigo!”

Sir Dylan: “Algar, reforços sempre são bem vindos, mas esse sujeito vai ter que acatar nossas ordens.”

Bruce sacode a cabeça com desprezo.

Sir Bag: “Não lutaremos em linha, nos dividiremos certo? Para que nosso plano dê certo será necessário ordens fortes de comando e disciplina das tropas.”

Sir Dalan: “Quando o inimigo romper a barreira e tentar chegar na retaguarda ele tem que estar debilitado e é aí que vamos dar o golpe final!”

Bruce: “Pois então digo a vocês que quero lutar no lugar mais perigoso! Gostaria de lutar na infantaria Algar! Já falei com Gwenwynwyn e já estão fabricando balsas para levar meus homens. ”

Já é madrugada e tudo parece silencioso. Primeiro o som de tambores tocados pausadamente ecoam pela planície. Acordando muitos que já tinham adormecido depois do susto da chegada da milícia de Bruce. Quando os heróis olham lá de cima o horizonte começa a ficar iluminado com a luz vermelha refletindo nas nuvens baixas. As primeiras tochas começam a surgir no horizonte. Depois uma dezena...Uma centena... e milhares delas cobrem a planície. E o som de tambores não param. Uma cruz com quatro metros de altura surge em uma carroça toda enfeitada. Parece que existem dois homens amarrados nelas. Centenas de cruzes carregadas por padres na frente do exército inimigo formam um mar de pessoas. É ouvido o som dos cascos dos cavalos com seus cavaleiros carregando brasões com as cores de Odirsen II.

Os homens do exército de Algar levantam-se e sobem nas carroças, em parte no morro de Figsbury. Se acotovelam atrás da barricada observando por entre as brechas aquela grande multidão lentamente se aproximando. O exército está há dois quilômetros. Devido a escuridão, não dá para se distinguir a figura de Odirsen II. Um mar de cavalos e cavaleiros seguem na vanguarda, depois os arqueiros e por último a infantaria, como um espinheiro, carregando alabardas, javalins, machados longos com pontas afiadas para furar armaduras e lanças.

O exército de Algar começa a xingá-los. E do outro lado eles fazem o mesmo. A força, com um movimento só, para, longe do alcance das flechas do exército de Algar e os escudeiros e cavalariços começam a montar um acampamento. Usam as carroças para fazer uma proteção e os homens da infantaria mesclados com arqueiros ficam atrás delas para se protegerem de um ataque surpresa. Sir Dylan, Sir Bag e Sir Dalan se aproximam.

Sir Dylan: “Chegaram, ordens Algar?”

Barão Algar: “Formação de combate! Todos nossos sargentos e Lordes sabem exatamente como executar nossos planos. Deixe os homens em prontidão! Preparar para o combate!”

Um impasse se inicia na madrugada. As duas forças ficam paradas. Uma aguardando o movimento da outra. Todos ficam em alerta. Nenhum dos dois exércitos conseguem mais dormir. Lá do alto do posto avançado pode se ver o acampamento inimigo. No escuro os homens trabalham sem parar. As carroças cheias de madeiras trazidas do sul são usadas para se erguer torres de vigia. Uma trincheira circular ao redor do acampamento vai sendo aberta para evitar o ataque frontal de cavalos. Então eles apagam quase todas as tochas e poucas ficam acesas acompanhando os homens que estão trabalhando ali.

Warren: “Estão com medo de serem atacados de surpresa à noite.”

Dalan: “Ou estão tentando nos atrair para uma armadilha...”

Bruce: “Seu irmão é uma raposa traiçoeira Algar! Cuidado!”

Bag: “Algar, nossas barreiras estão erguidas, as estacas fixadas e o foço cheio de azeite.”

São três horas da manhã. Os homens se revezam. Ora vão até as barreiras e xingam amaldiçoando o inimigo. Ora voltam e se juntam as suas unidades. Os homens estão ansiosos de pé observando a escuridão. Presos atrás das barreiras os soldados ficam tensos e nervosos. Às vezes um arqueiro dispara para o escuro sobe o aplauso de todos aliviando a tensão. A maioria já entendeu que a luta vai ser perigosa e mortal. Às vezes se faz silêncio e se escuta rezas do outro lado. Então os homens vaiam. E logo depois alguns sons de flechas cortam o ar vindo do outro lado e atingindo a paliçada. Agora todas as tochas do outro lado foram apagadas. Algar observa desconfiado o inimigo.

Barão Algar: “Arqueiros! Flechas incendiárias. Disparar para o alto, vamos iluminar a noite!”

As flechas sobem e iluminam o acampamento inimigo. Algar percebe que o inimigo estava blefando e não estava construindo nada. Era uma armadilha de Odirsen II. As barreiras e torres que os homens de Odirsen II estavam construindo eram falsos, só fingiram começar. E assim a madrugada passa lenta.

Ao amanhecer dá para se perceber mais detalhes. Odirsen II está na retaguarda de seu exército, pelo menos parece ser ele, pois o elmo está fechado, montado e cercado por sua guarda pessoal formada por quinze cavaleiros. Existe uma barreira formada por homens. Temendo um ataque da Gungnir ele coloca cinco cavaleiros o protegendo com escudos e na frente dele parecem ter dois homens amarrados colocados na cruz gigantesca na carroça. Foram colocados chifres neles, estão nus e pintados de vermelho. Um ruivo outro moreno. Os dois têm barba. Parecem bastante feridos. Eles vêem dois homens da guarda pessoal de Odirsen II subirem na carroça, se aproximarem, o puxarem pelos cabelos e desferirem um soco no rosto, o outro com o cabo de uma lança leva um golpe na cabeça. Os homens ficam desacordados.

Sir Robert: “Querem nos intimidar! O espetáculo de crueldades do São Odirsen II começou!”

Sir Enrick e Algar reconhecem os homens de imediato. São os saxões Edwin e Wistan que ajudaram os heróis a salvarem Lady Adwen das mãos dos Jutos no forte Magouns em Sussex. Então o exército inimigo começa a se movimentar. O mar de cavaleiros que estava na vanguarda, vira e dirige-se para a retaguarda lentamente passando por entre as fileiras. À luz do sol eles conseguem ver mais detalhes. Todos tem penachos vermelhos e estão pesadamente armados com lanças ornamentadas com fitas azuis e vermelhas, cores de Odirsen II. Também carregam espadas grandes. Os cavalos estão todos protegidos com armaduras e os escudos tem um São Miguel Arcanjo pintado. Chegam lá atrás e param ali mesmo em linha e se viram para o norte novamente. A infantaria marcha para frente. Eles vestem gibão de couro vermelho. Luvas prestas. Capacetes de ferro pontudos abertos. Usam um cinto negro com uma adaga na direita e uma espada no lado esquerdo. São entregues para as duas primeiras fileiras machados curtos e para a proteção escudos redondos. As linhas de trás são os homens com alabardas e lanças sem escudos pois são armas de duas mãos por isso em suas pernas tem proteções de ferro e vestem cota de malha. Pelo menos cem padres carregando dezenas de cruzes de madeira vão à frente da infantaria. Os homens se ajoelham e eles benzem e beatificam os infantes.

Alein: “Jesus, são seiscentos cavaleiros pesadamente armados e protegidos. Armas simples não farão muito efeito.”

Jakin: “O desgraçado trouxe a elite de suas tropas. Sabem que não passarão pelos obstáculos e estacas com os cavalos. Terão que usar a infantaria para tentar derrubá-los.”

Eles vêem Odirsen II conversar com dois homens de sua guarda pessoal e o que parece ser um bispo vestido de roxo, montado. Eles manobram os seus cavalos para o lado oposto e saem da formação. Um escudeiro vêem correndo e os entrega ramos de carvalho.

Alein: “Pedem trégua. Querem falar. Quem vai conversar com esses fanáticos? Se derem a volta pelo lado do morro descobrirão o foço com azeite.”

Barão Algar: “Vamos Enrick?”

Enrick: “Sim! Vamos falar com esse cretino.”

O bispo no centro escoltado pelos dois guardas com armaduras de alta qualidade, brilhando. Com penachos vermelhos nos elmos fechados. Com arcanjos gravados por todas as placas prateadas da proteção. Eles dão a volta pelo exército pelo lado do rio, depois cruzam a frente do exército e param no centro, longe do alcance das flechas. O exército de Algar respira aliviado quando eles não vem pelo lado do foço cheio de azeite. Todo plano de ataque poderia dar errado neste momento. Então devagar o bispo e sua escolta se aproximam até o meio do caminho entre as barreiras e o exército de Odirsen. Eles aguardam. Enrick e Algar param à sua frente.

Bispo Julius: “Bom dia, sou bispo Julius, conselheiro de Odirsen II. Hoje está um bonito dia, não é? Então é esse o exército que apresenta diante de nós? Um bando de hereges em menor número e mal armados? Você estão em pecado aqui. Lutando contra Deus. Lutando contra um irmão. Querendo destruir um santo homem. Usando uma arma pagã bebedora de sangue! Mas, Odirsen II em sua misericórdia me enviou para lhes oferecer rendição e poupar as vidas de seus homens. O Barão Algar deve entregar a lança pagã Gungnir para ser destruída. Lady Adwen deverá ceder suas terras e casar com Odirsen II. Todos os homens terão que se renderem e deverão se converter sobe pena de morte. Algar e seus vassalos devem deixar imediatamente a Britânia e nunca mais retornar.”

Barão Algar: “Deixe me pensar, vamos ver... É claro que não seu imbecil!””

Algar com os cheios de ódio cospe no rosto do bispo. Que a limpa enojado.

Bispo Julius: “Claro! Não poderia ser diferente. Então deixaremos o corpo de vocês para os corvos se alimentarem no final do dia! Tenham uma boa morte infelizes!”

Os três homens giram noventa graus seus cavalos e se retiram sobe as vaias do exército do Barão Algar e seguem o mesmo caminho. Os homens de Algar aplaudem. Então quando o bispo ou um arauto chega na retaguarda com sua escolta Odirsen II escuta o que ele tem para contar, sacode a cabeça e ergue a sua mão direita.

O momento chega. As duas forças ficam em silêncio total. Dá para ouvir o som do vento neste momento. Uma águia pia no alto. Muitos tremem. O coração dispara. A boca seca. E a tensão deixa o ar carregado. Os dois lados quase não se vêem por causa das barreiras de madeira, e isso leva os nervos dos homens ao limite. Os homens tentam se olhar. Dá para se ver o medo nos olhos de cada um. O caos está para começar. Sobe uma bandeira com o símbolo das unidades de arqueiros e depois uma flecha apontando a frente. O comandante de Odirsen II, usando o seu elmo de anjo e armadura dourada, retira sua espada e a golpeia no ar gritando.

Comandante de Odirsen II: “Arqueiros! Avançar!”

Eles começam a marchar levando as suas flechas em aljavas. Vestem parcas vermelhas com capuzes e lorigas de couro. A maioria usa um elmo pontudo. Eles vem caminhando pela planície vazia. Das paliçadas, pelo vãos que existem entre elas, é possível observar os arqueiros inimigos marchando. Do alto dos cavalos pode se ter uma visão privilegiada do espetáculo que está por vir. Neste momento eles não poderão atacar. Pois marcham. E uma vez ao alcance dos arcos longos da tropa de Algar, o que significa que seus arcos também alcançaram seus inimigos, eles deverão parar, escutar as ordens de seu comandante e se prepararem para em um mesmo movimento disparar. Ordens estas dadas por um cavaleiro veterano, com barbas e cabelos brancos longos, forte como um touro, que anda por entre as fileiras gritando e incentivando seus homens a lutarem com suas flechas, prepararem-se e no momento certo dispararem contra o inimigo protegido por barreiras.

Algar e o seu exército estão atrás das barricadas, longe do alcance das flechas inimigas. Os arqueiros à frente deste grupo, preparados para lutar. O Barão está no centro de seu exército. Ao seu lado está Sir Enrick na esquerda e na direita Sir Dylan. Sir Robert, Sir Tomás mais ao lado. Sir Alein e Bruce estão com o Almirante Gwenwynwyn nos barcos. Melion e Marion estão nas ruínas. Bag, na mesma linha que o Barão, no flanco esquerdo e Dalan no direito. Sir Rhyrid e Warren estão próximo a paliçada com sessenta homens prontos a usar os mecanismos de proteção giratórios.
Algar está em cima de seu cavalo e observa o inimigo por cima da paliçada de proteção. Neste momento ele observa e analisa a movimentação de suas tropas, o terreno, a velocidade que o inimigo se desloca, as formações de suas unidades e começa a comandar os seus homens.

Barão Algar: “Atenção homens! Vamos combater! Todos já sabem o que devem fazer. Dêem o melhor! Honra, lealdade e força!”

Sir Dylan: “Chegou a hora amigos! Boa sorte à todos!”

Três cruzes com Sir Hervis, o cavaleiro traidor, seu Arauto e o batedor de Odirsen II capturado são erguidas e colocadas no centro, no topo da paliçada.
O comandante principal de Odirsen II, vestindo uma armadura dourada com o elmo representando a cabeça de um anjo ergue a mão fazendo um sinal com os dedos. Então uma bandeira é erguida. Nela tem o símbolo da cavalaria. Todos os homens desta unidade olham para ela. Depois sobe outra com uma flecha apontando o lado direito da formação. Então os comandantes de cada unidade erguem a mão esperando o comando. Que aponta para a lateral do morro com a sua espada.

Comandante de Odirsen II: “Cavalaria! Carga! Contornem a colina e matem à vontade.”

Odirsen II, o Bispo Julius e o Comandante gesticulam como se dissessem: “Mataremos todos.” E batendo no ombro de seu Comandante, Odirsen II mostra o punho, dizendo: “Vamos ganhar, pegamos eles”.

Então o exército do Barão Algar reage. Os fogareiros colocado próximos a cada arqueiro começam a serem usados. E as flechas ardem em chamas. E o comandante dos arqueiros, Sir Enrick Stanpid grita a palavra de comando para os seus homens. É ouvido o som de todos os arcos sendo levantados e as cordas sendo puxadas até atrás da orelha de cada arqueiro ao mesmo tempo. Então as cortas são soltas e as flechas assobiam em trajetória parabólica em alta velocidade fazendo sombra no chão da planície para sudeste. Os soldados inimigos acompanham assustados os projéteis que sobem em chamas e caem na região nordeste do campo de batalha, sumindo no terreno. Então uma explosão seguida por uma cortina de fogo subindo em meio a fumaça negra faz os homens de Algar comemorar. Os cavalos da tropa inimiga se assustam com o deslocamento de ar e o fogo se acendendo. Os animais empinam e dão coices. Vários infantes próximos são atingidos por eles e caem feridos com costelas e pernas quebradas.

Marion no alto das ruínas de Figsbury acende uma grande fogueira para sinalizar para os barcos o início do ataque. Então, ao mesmo tempo, os quatro barcos disfarçados com as bandeiras de Odirsen II surgem vindo do norte. Passam próximos a área das barricadas. Depois há quinhentos metros dos arqueiros de Odirsen II, depois pela infantaria inimiga. Então a tropa inimiga fica agitada achando que chegaram reforços. Os barcos encostam no barranco.

Almirante Gwenwynwyn: “Desembarcar! Rápido! Lutem, lutem! Façam o bloqueio, precisamos encurralá-los!”

Bruce e seus guerreiros são os primeiros a saltar pelas bordas do barco. Seus escudos são azuis e brancos e o rosto pintado na mesma cor. Usam somente o xale, nenhuma armadura e botas de pele de urso e urram como selvagens. Eles surgem como uma tempestade de machados e claymores. A visão daqueles duzentos bárbaros assustariam qualquer inimigo. Correndo com as armas em riste, Bruce vai na frente correndo como um louco.

Logo atrás a infantaria do exército de Algar desembarca gritando: “Avalon!”. Com as armas em punho, levando o estandarte de Sir Alein e se aproximando correndo pela planície os homens fazem o chão tremer e se atiram no combate com tamanha força que por um segundo todos assistindo de trás da barricada prendem a respiração esperando o estrondo do encontro. Enquanto isso os cavalos do inimigo se mantém virados para o lado da barricada. Odirsen II parece perceber a aproximação do inimigo na retaguarda de seu exército.

Odirsen II: “Meu deus! Virem! Virem! É uma armadilha!”

Todos juntos em uma formação fechada os cavaleiros inimigos tentam girar seus pesados cavalos, com armaduras. Eles trombam e os animais ficam assustados. Os homens tentar manobrar o mais rápido possível. As linhas da cavalaria pesada de Odirsen II se desorganizam e vira o caos.

Os padres ali no meio só tem uma alternativa porque estão a pé e para não serem atropelados, não entendendo o que está acontecendo, sem rota de fuga com medo de ir ao encontro das flechas de Sir Enrick saem para o lado do ataque que os homens de Algar estão realizando sem saber o que estava acontecendo ali e ficam expostos, sozinhos, entre as duas forças inimigas. As unidades de Algar caem como lobos selvagens em cima da cavalaria inimiga. Desesperados a guarda pessoal de Odirsen II gritam um para o outro. Antes os homens de Alein, tomados pela loucura do ataque, atropelam a multidão de padres que carregavam as cruzes de madeira e os matam como moscas, sem piedade nenhuma. O sangue voa para todos os lados sujando suas cotas de malha enquanto os cavalos do inimigo entram em frenesi com o cheiro de morte.
Os arqueiros de Odirsen II vem marchando quando o grito de seu comandante manda um homem no centro atirar com o seu arco. A flecha cai há dez metros das barreiras. Então ele dá ordens para que não parem. Eles andam mais cem metros lentamente, tensos e receosos de receberem um ataque e um deles dispara novamente. Os heróis vêem a flecha passar por cima da paliçada e cair em meio aos arqueiros de Enrick. Estão no lugar certo para efetuar seu ataque. As tropas de arqueiros amigas e inimigas, uma está ao alcance das flechas da outra. O cavaleiro veterano, comandante inimigo, com barbas brancas, muito forte, com o brasão vermelho dos arqueiros por cima de sua cara armadura, olha desafiando e gesticulando e os chamando para a luta, enquanto seus homens avançam.

Então, no centro das barricadas, se ouve a voz de comando de Enrick, em cima de Hefesto, mais uma vez para os seus arqueiros. Cada arqueiro retira de sua aljava sua flecha de pena branca. Em um mesmo movimento todos os arqueiros apontam para o céu. Seus braços tremem de nervoso e da força que fazem. As cordas são soltas e as flechas sobem em trajetória em arco zunindo pelo ar, os arqueiros inimigos acompanham os projéteis até o último minuto prendendo a respiração, quando então se abaixam preparando-se para serem atingidos. Os projéteis caem e os primeiros gritos de dor e morte ecoam na grande planície. Quem olha os arqueiros no momento que são atingidos e as suas unidades tentando avançar, podem vem os corpos que vão sendo deixados para trás como uma trilha mórbida. Nem todos morrem na hora e ficam no chão estrebuchando de dor. O comandante sem elmo corre entre as fileiras incentivando e gritando com seus arqueiros impedindo-os de fugir, congelar de medo e serem mortos ali sem poderem atacar.

Lá do alto das ruínas os cinquenta arqueiros de Avalon observam a movimentação na grande planície abaixo. Como a maioria das paredes do castelo tem partes desabadas, eles tem dali de cima uma possibilidade de atacar em trezentos e sessenta graus. O inimigo mantendo o olhar fixo nas barricadas à frente e sendo atacado não percebe a posição privilegiada que os arqueiros estão posicionados. Inclusive eles levariam vinte minutos para subirem até lá, sobe uma chuva de flechas, tornando quase impossível um ataque de baixo para cima. Pela altura o alcance abrange toda área que os arqueiros inimigos estão. Marion organiza seus guerreiros celtas de Avalon. Melion, irmão de Algar está junto.

Melion: “Minha senhora! Estamos prontos!”

Então todos em um movimento determinado e coreografado preparam-se para matar. Entoando um cântico antigo, pedindo para proteger as almas daqueles que terão suas vidas interrompidas. Eles cantam devagar e começam a acelerar. Eles vão entrando em transe. Isso os deixa com os sentidos super sensíveis. Visão principalmente, aumentando sua precisão e letalidade.

“Morte e vida, gira a roca, o destino escreve assim
As fiandeiras vão tecendo os caminhos de carmim
Me perdoe meu irmão se te levo dessa vida
Que a deusa te receba e que cure sua ferida
Viveremos em outros tempos, tão perdidos na memória
E poderá cobrar de mim e escrevermos nova estória”

Então eles atiram as suas flechas em linha reta para baixo. Todos no mesmo exato segundo. Os projéteis duplicam de velocidade com os arcos sagrados da ilha e descem girando no próprio eixo. Por um momento parece que deixam um rastro de luz. E atingem o inimigo espalhando morte. O inimigo surpreso escuta o cântico ecoando trazido pelo vento por toda a planície e não entende da onde a chuva de flechas partiu. Os homens pegam os seus crucifixos e beijam enquanto vêem os seus irmãos de armas se espalharem mortos pelo chão. E gritam: “Magia negra!” “Demônio” “Belzebu”

No final da primeira hora de combate tudo está um caos. Os primeiros mortos e feridos jazem caídos entra as as fileiras. E os dois lados tentam enfraquecer o outro para lançar um ataque massivo. Nem um, nem outro parecem estar ganhando o combate. Pelo menos no meio das fileiras combatendo, só se percebe os gritos de dor, ódio e o medo da morte. Alguns se arrastam para a retaguarda procurando ajuda. Outros morrem na metade do caminho em poças de sangue tentando chegar lá.
E assim começa a segunda hora de combate. Os mortos vão se multiplicando a cada minuto de combate. Fumaça, flechas zunindo. O chão está coberto de cadáveres, já ficando lamacento de sangue e terra. Os lordes de Odirsen II correm de um lado para o outro dando ordens. O som do combate está em todos os lugares. Cruzes caídas no chão, homens desafiando o outro, gritos de pavor, dor e ódio. Vidas sendo tiradas aos montes. Isso é o caos da batalha. Alguns homens tomados pelo medo caminham a esmo. Assim como alguns feridos em choque andando como zumbis.
O exército de Odirsen II está preso entre a barricada e a infantaria de Algar ao Sul. Então, eles começam perceber isso, até que as centenas de homens começam a se olhar e a falar um com o outro. Pode se escutar eles gritando: “Estamos presos! Estamos presos!”

Sir Jakin: “Já perceberam que estão fazendo o que nós queríamos!”

Sir Dalan: “Vamos ver como seu irmão vai reagir Barão!”

Algar de cima de seu cavalo vê o pó levantando no fundo do campo de batalha onde a luta da unidade de Bruce e Sir Alein ocorre. A esquerda um muro de fogo arde com quatro metros de altura. E os barcos de Gwenwynwyn manobram para ficarem preparados pra retornar para o fronte amigo se for necessário. Neste momento os arqueiros inimigos e amigos trocarão flechas e um tentará dizimar a força do outro. A fumaça negra preenchendo todo o campo de batalha atrapalha a visão.
Nesse momento sobe uma bandeira com o brasão da infantaria. Os homens olham para ela. Logo após sobe a segunda bandeira com uma flecha para frente. E o som de uma corneta de comando libera uma tormenta de homens a pé em direção as barricadas. No meio da confusão a espada do comandante de Odirsen II surge em cima de seu cavalo apontando para frente.

Odirsen II: “Derrubem! Marchem para a guerra! Em nome deus! Arranque a pele desses hereges!”

E eles correm pela planície em direção a barricada gritando. Com machados e espadas e os escudos tentando os proteger de possíveis ataques com flechas. Eles gritam: “Odirsen!”. Nesta hora de combate eles saem do meio das fileiras correndo em velocidade pela planície, passam pelos arqueiros e adentram a área da terra de ninguém. Entre os arqueiros de Odirsen II e as barricadas.

A unidade de arqueiros, comandada aos berros pelo sargento que tenta mantê-los em formação, caminha em direção as barricadas e se posicionam em linha.

Cavaleiro Comandante dos Arqueiros inimigos: “Homens! Atenção! Vocês são os anjos da morte hoje! Vocês serão a mão de deus punindo os hereges! Preparar!”

Eles apontam seus arcos longos para o céu. Os heróis vêem aquela unidade vestida de vermelho se movimentar juntos.

Cavaleiro Comandante dos Arqueiros inimigos: “Disparar!”

As flechas voam passam por cima da paliçada e alcançam a área dos arqueiros amigos, atrás das barricadas. Lá atrás, fora do alcance dessas flechas, os heróis os assistem serem atingidos, posicionados à frente. Muitos tombam gritando. A maioria não morrem instantaneamente e vários homens caem no chão aos berros, gemendo de dor e pedindo socorro. Os homens com mais sorte morrem rápido.

Do alto olhando a planície lá embaixo, Marion pode ver o monte de corpos dos arqueiros inimigos. Ao fundo a infantaria de Algar ataca a cavalaria pesada. Os arqueiros de Avalon continuam em transe e o cântico ecoa lá de cima mais uma vez. O inimigo olha para todos os lados, para cima, procurando de onde vem a fonte do mantra.

Assustados com medo de serem atacados de surpresa novamente eles saem da formação. Até mesmo o cavaleiro, comandante da unidade parece assustado. Mais uma vez a voz de Marion se ergue forte e alta e os arqueiros de Avalon a obedecem. Em um movimento só, mais uma vez a milícia de Avalon mira para baixo e se prepara para disparar com os olhos vidrados do transe repetindo o mesmo mantra. As flechas voam tão rápidas que é quase impossível acompanhá-las em seu vôo até o alvo. Os projéteis são eficientes e em um piscar de olhos mais cadáveres e homens rolando em poças de sangue chamando por Deus e por suas mães surgem no campo de batalha. O inimigo atacado pelas flechas está apavorado por não saber de onde vêem as flechas e parece que o cântico dos druidas os deixou em um torpor confuso. Eles olham e parecem às vezes não entenderem o que está acontecendo. Muitos inimigos desta unidade já morreram. Na retaguarda, a infantaria avança sobre a cavalaria inimiga que desesperadamente tenta manobrar e se posicionar para o sul. Quando os homens de Algar se lançam sobre o inimigo com uma força e coragem acima do normal no meio do caos não se vê mais Odirsen. Os cavaleiros inimigos e a infantaria do exército de Algar pisoteiam os corpos dos padres caídos quebrando ossos e estourando barrigas.
Lá atrás o pó levanta, espadas e machados são levantados pela cavalaria pesada com os penachos vermelhos e as armaduras brilhando ao sol da manhã. Se ouve o som de armaduras sendo atingidas. Escudos se quebrando. Homens caindo aos berros. O cheiro de sangue permeia o ar. Muitos cavalos tem suas pernas cortadas e caem junto com os seus cavaleiros. Outros animais tem o ventre aberto e se debatem pelo chão. Muitos homens são extirpados quando caem.
As tropas de Bruce atacam em bandos como lobos, um homem corre na frente e atrai o inimigo. Quando um ou dois cavaleiros se aproximam deles. Os outros fecham uma meia lua em velocidade atingido o cavalo e depois dilacerando o cavaleiro no chão com dezenas de golpes de espadas longas e machados, abrindo armadura, quebrando ossos e rasgando a carne. A luta segue equilibrada naquela parte do campo de batalha. Alguns cavaleiros somem derrubados no meio do caos.
Então no final desta hora de combate existem dois frontes onde a batalha acontece. Um na retaguarda onde a cavalaria pesada inimiga enfrenta os infantes de Algar e os arqueiros inimigos e a infantaria de Odirsen II que lutam mais ao norte tentando romper as barricadas. Os homens de Odirsen II percebem que estão presos em uma armadilha. E que só rompendo as linhas inimigas para o norte ou sul é que poderão sobreviver.

A terceira hora de combate começa com o seguinte cenário. A planície é um lugar de morte. Os corvos já circulam à cima do campo de batalha. O chão onde ocorre o combate está todo revirado e molhado de sangue. A relva amarelada pelo inverno foi toda arrancada pela marcha dos cavalos e a infantaria pesada e o sangue das montarias e soldados transformaram o local em um lamaceiro onde é difícil estabelecer uma base com os pés no chão para lutar.

Os arqueiros de Odirsen II tentando manter uma posição fixa em meio aos corpos e feridos que se amontoam entre eles. O forte cavaleiro, comandante da unidade, anda por entre as fileiras pisando nos cadáveres gritando no ouvido de cada homem. Ele está com a sua espada nas mãos e a usa para dar os comandos de ataque e ameaçar quando algum homem demonstra cansaço, medo ou fraqueza.

Neste momento a infantaria inimiga correndo com o máximo de velocidade atravessam o vazio entre as duas forças, pisando no roseiral de flechas brancas e chegam nas barricadas. Na outra parte do combate onde os inimigos estão melhores protegidos o combate é duro e mortal. O cansaço de lutar com as armaduras pesadas, tanto de cavalo quanto de cavaleiro mina a resistência dos homens. O terreno também está escorregadio e todo o cuidado é pouco. Um cavalo pode pisar em um outro caído e tropeçar.

Sir Bag: “Até agora desse lado tudo bem, demônio!”

Sir Dylan: “A luta lá no fundo deve estar muito difícil. Que deus os ajudem.”

A primeira linha da infantaria chega neste momento as barricadas. As duas primeiras filas saem da visão dos arqueiros do exército de Algar pois estão atrás da paliçada. Desesperados, com machados eles começam a tentar por abaixo os obstáculos de madeira para passar e fazer um ataque direto as forças amigas protegidas ali. Um mar de soldados ficam atrás deles esperando as proteções caírem.

É neste momento que Sir Warren se aproxima da barricada e dá ordem para os seus homens.

Warren: “Vamos soldados! Girem o braço de Odim!”

Eles começam a rodar os engenhos, que ele tinha instalado e as pontas pesadas de ferro e sustentadas por correntes a acertar o inimigo mais próximo arrancando cabeças, braços e cortando troncos, espalhando sangue e entranhas para todos os lados.

Sir Warren: “Isso deve atrapalhar esses excrementos por pelo menos uma hora!”

Isso não impede que os homens tentem se aproximar. E atirar machados nos mecanismos. Alguns são avariados em algumas hastes permitindo que um grupo de infantes inimigos desçam com força o machado tentando abrir uma brecha para passarem.
Já é a terceira hora de combate, os arqueiros de Enrick estão com os músculos exaustos e doloridos. Os dedos que puxam as cordas do arco estão sangrando e cheio de bolhas. Alguns homens respiram aceleradamente, fatigados de tantas flechas disparadas. Enrick dá ordens e desloca seus arqueiros para trás da linha da cavalaria saindo do alcance das flechas inimigas.

Sem poder ver o que está acontecendo do outro lado os arqueiros inimigos estão apreensivos e estressados. Ali na planície, em frente à barricada, a infantaria passa correndo e gritando por eles. Pisoteando os homens que já estão mortos ou matando os feridos que agonizavam ali no chão. Tremendo, sem chance de seu sargento ordenar o recuo e poupar mais homens, os arqueiros inimigos estão tensos e são ordenados a avançar.

Comandante de arqueiros de Odirsen II: “Avancem! Deus está do nosso lado! Cubram a infantaria! Cobertura! Disparar! Disparar!”

Com os arqueiros de Sir Enrick longe, a unidade inimiga vê a oportunidade de avançar e ter a cavalaria e infantaria ao alcance de suas flechas. Mas quando pela terceira vez ouvem o cântico dos druidas eles não aguentam mais de tensão porque sabem que as flechas cairão impiedosamente sem errar. Os arqueiros inimigos acham tratar-se de magia. Mais um enxame de flechas é lançado das ruínas por Marion e os Druidas matam mais cinquenta deles. Entram, então, a maioria em pânico e abandonam as suas posições correndo em disparada na direção de sua cavalaria, não tendo mais alcance para disparar para trás das barricadas. O único que fica ali parado olhando para cima é o cavaleiro comandante da unidade de arqueiros inimigos com a sua espada nas mãos. Marion dispara acertando o homem no alto da clavícula. Ele cai de quatro rastejando e desaparece em meio a fuga de seus homens.

Sir Bag: “Olhem como correm! É até bonito de ver! Essa menina é de ouro!”

Sem líder os arqueiros tentam achar uma rota para fuga e se dispersam. Um grupo corre para o rio e pula nadando para longe. Outros em frenesi, totalmente em choque tentam pular pela barreira de fogo contorcendo-se em chamas do outro lado. Outros se metem por entre a cavalaria pesada e são pisoteados pelos cavalos ou encontram as lâminas dos soldados de Algar.

Ainda resta a infantaria inimiga tentando passar pelas barricadas para serem alvejadas.

De cima de seus cavalos Algar, Enrick e Lady Marion do alto das ruínas, vêem o combate se desenvolvendo lá atrás. Sir Elein atacando no flanco esquerdo e no do direito Bruce e seus homens, do sul para o norte. As linhas se misturam em alguns momentos e eles se perdem em meio a cavalaria pesada inimiga. Eles também percebem cavalos e cavaleiros caindo e sumindo, provavelmente sendo mortos pelos homens de Algar.

Mas é aí que Odirsen II mostra que não é um lorde qualquer, e porque conquistou a posição que ocupa. Depois de um primeiro ataque bem sucedido de Sir Alein, a cavalaria pesada de elite decide contra atacar com força. Eles gesticulam as suas espadas e comandante manda os flanco abrirem.

Comandante de Odirsen II: “Abrir posição! Abrir posição!”

Isso vai criando uma meia lua. Usando a força dos cavalos a meia lua vai fechando e se transformando em um círculo cercando os homens de Alein que começam a ficar acuados. Então aqueles trezentos e sessenta homens ficam no centro dos quinhentos e quarenta cavaleiros com os escudos e espadas erguidas. E então o cavaleiro que parece ser Odirsen II vira o cavalo e faz o gesto de morte, passando a mão horizontalmente no pescoço. Então todos os cavaleiros lentamente se aproximam e descem suas pesadas armas de guerra. E o círculo vai fechando e os heróis assistem tudo sem poder fazer nada. E vêem seus homens sumirem no meio da cavalaria pesada inimiga. Sendo atacados sem piedade. Isso leva um tempo e eles ficam com um nó na garganta e chocados aguardando um milagre. Simplesmente não se vê mais os homens de seu exército.
Pode se ver a cavalaria pesada de Odirsen II brandindo suas armas e um grito de comemoração. Então, ao que parece ser palavras de comando, eles entram em formação e começam a dirigir-se para o sul, já que não existe mais resistência inimiga ali, com o intuito de contornar a barreira de fogo e empreender um ataque pelo lado nordeste do morro, onde o restante do exército do Barão está.

Derrepente no fundo da planície, pequenos, quase há um quilômetro, um bando misturado com as cores de Algar cobertos de sangue, com as armaduras destruídas, a maioria sem elmos, armas ou escudos, correm para os barcos. Os homens de Odirsen II não os perseguem. Dominados pelo ódio parecem querer chegar atrás das barricadas o mais rápido possível.

Sir Tomás: “São pelo menos noventa Barão! Vamos torcer para que pelo menos eles, consigam se retirar.”

Sir Dylan: “Que tragédia!”

Os homens chegam a dois barcos, pulam aos remos e zarpam contra a corrente remando desesperadamente. Gwenwynwyn usa um lúmen aceso no convés de seu barco e queima as outras duas embarcações para impedir que o inimigo as use. Os outros dois barcos com os sobreviventes à bordo zarpam em direção as barricadas.

No final da terceira hora de combate todos os arqueiros de Odirsen II se dispersaram. Corpos cobrem todo o campo de batalha. Os feridos rastejam por entre os cadáveres em meio a fumaça preta que inunda a planície. Lá atrás se pode ver a cavalaria pesada de vermelho, as armaduras prateadas brilhando e se deslocando em alto velocidade. Onde estava sendo travada a batalha ao sul, pelo menos uns duzentos e vinte mortos entre os pictus e os homens de Sir Alein estão caídos na planície. A bandeira do paladino não é mais vista e um grupo de uns setenta prisioneiros estão sendo escoltados por um grupo de quinze cavaleiros inimigos com lanças e desaparece na retaguarda ao sul. Uns vinte e poucos cavalos do inimigo, caídos mortos e seus cavaleiros com o ventre aberto, outros sem cabeça, membros decepados e quase cem feridos se arrastam e são ajudados pelos escudeiros do exército de Odirsen II que vem da retaguarda para lhes prestar auxílio.

A quarta hora de combate começa com a infantaria inimiga presa entre as barricadas tentando botar tudo abaixo, tudo indica que conseguiram uma brecha na direita na próxima hora. E a cavalaria de Odirsen II vai começar a dar a volta no morro. Quase que todas as chamas que formavam a barreira de fogo já estão se apagando. E os barcos deixados para trás ardem na margem do Bourne. Instantaneamente o centro e os flancos giram preparando-se para trombarem com a cavalaria de Odirsen II que em breve chegará ali.

Então os barcos de Gwenwynwyn chegam e ocorre o desembarque dos noventa sobreviventes. Eles estão totalmente cheios de ferimentos com hematomas, cortes e concussões. Suas cotas de malha todas quebradas e sem armas ou escudos. Descem em choque, muito assustados. Bruce está entre eles. Ele salta do barco e tenta os incentivar. Muitos estão em choque, alguns choram e outros estão congelados de medo. Talvez somente meia duzia de pictus sobreviveram e o restante eram homens de Sir Elein. Sir Bruce fala para eles.

Bruce: “Vocês fizeram o melhor que podiam. O inimigo estava muito bem armado e protegido. Vamos homens! Vocês devem continuar! Ergam as cabeça porque não são todos que tem o privilégio de morrer pelo aço!”

O pictu se aproxima do Barão Algar.

Bruce: “Foi o inferno amigos! O primeiro ataque que lançamos foi perfeito, mas eles usam armaduras e seus cavalos também. São a elite. Ficamos em desvantagem a pé. Foi difícil. Depois de uma hora conseguimos matar e ferir mais de cem deles. Quando vimos estávamos cercados e a carnificina começou. Infelizmente tenho mas notícias, Barão! Alein está morto. Quando os cavaleiros de Odirsen reconheceram seu brasão caíram como aves de rapina em cima dele e o mutilaram sem piedade. Isso enfraqueceu o ânimo de nossos homens e derrepente tudo desmoronou.”

Lá de cima das ruínas os druidas arqueiros vêem a cavalaria pesada de Odirsen II se aproximando vindo do sul e preparando-se para contornar o morro. Eles já estão ao alcance dor arcos. A medida que eles se aproximam o chão treme. O som dos quinhentos e quarenta cavalos e o tilintar do mesmo número de armaduras vai aumentando a medida que se aproximam. Eles não escutam o mantra com toda aquela quantidade de sons. Então a voz de Marion se ergue no meio daquela mistura de sons e comanda seus cinquenta arqueiros. Os arcos vão acompanhando o ritmo do trote dos animais e então as flechas voam em direção a eles com tanta velocidade que furam armadura, cota de malha e tiram a vida de muitos deles que caem de suas montarias e são atropelados pelos outros que vêem atrás. Quebrando ossos e abrindo armaduras.

De cima de Hefesto Sir Enrick, flecha ligeira, observa agora de baixo a mesma cena. A Cavalaria pesada do lado esquerdo levantando pó e em breve irá surgir de atrás do morro. Todos os arqueiros estão tensos com os braços tremendo de exaustão e não tiram os olhos de seu líder. Enrick Stanpid. Aguardando a voz de comando. Os homens se enfileiram e se colocam lateralmente, observando a mão de Enrick que consegue ver o inimigo. A pé, encobertos pela cavalaria de Algar eles só tem o Flecha Ligeira como referência. Quando surge a cavalaria de Odirsen II Enrick dá a ordem para disparar. Gritando de dor eles puxam as cordas dos arcos e uma chuva de flechas em linha reta atinge de frente a tropa que avança de trás do morro. Nenhum arqueiro erra. Mais cavaleiros despencam de suas montarias, alguns cavalos quebram as patas, outros levantam-se e disparam para a planície arrastando pelo estribo seus cavaleiros quebrando sua espinha, crânio e costelas. Sir Bag grita.

Sir Bag: “Lanceiros, atrás da cavalaria, formação! Matem os cavalos inimigos que passarem.”

Sir Dylan: “Atenção infantaria abrir formação! Paredes de escudos! sigam-nos, precisamos fazer número! Avalon!”

Sir Dalan: “Atenção homens! É o momento de darmos o máximo de nós. Estamos chegando ao fim de tudo. Somente uma das forças sairá andando desta planície, se quiserem que sejam vocês tratem de matar dois deles cada um e estaremos tomando hidromel sentados ali no meio contando nossos feitos! Estão prontos?”

Os homens erguem suas armas gritando.

A medida que o inimigo ganha terreno ele consegue emparelhar seus cavalos em linha e cavalgam com toda velocidade. As armas cortando o ar, o grito de ódio e o frenesi invadem seus músculos. As antigas e novas tradições tentando escrever o seu nome na história. Algar e seus Lordes entram na formação de sua cavalaria, na esquerda já está formada, uma parede de escudos. Os Cavaleiros da Cruz do Martelo se olham e se cumprimentam com um aceno de cabeça. O chão começa a tremer com a proximidade do inimigo. O combate corpo a corpo irá começar. Então Algar, sopra o chifre de ouro, e sua voz se ergue como o senhor da guerra, protetor de Avalon.

Barão Algar: “Atacar! Lealdade, força e honra!”

Gritando a plenos pulmões os homens se lançam contra as linhas inimigas e ao encontrar o outro lado o estrondo é como se estivesse ocorrido uma explosão. Logo atrás o céu cinza fica escuro e um trovão cai no horizonte e ruge estremecendo toda a planície. Marion corre para a parede leste, seus arqueiros vão até ali e eles vêem o combate feroz ocorrendo lá embaixo.

Enrick e Algar e seus homens duelam com os Cavaleiros de Odirsen que atacam com fúria e sede de sangue. Dois cavaleiros, lado a lado, se aproximam e engajam na luta contra eles. Os dois portam espadas longas e escudos. Sua armadura bem como a dos cavalos são fechadas e pesadas. Eles tem penachos vermelhos e golpeiam forte tentando usar o impulso dos cavalos. Cruzando em velocidade Algar, com a lança Gungnir, estoca o homem no rosto. A lança sai pela nuca do homem atravessando quase sem a resistência o elmo. Enrick desvia o golpe com seu escudo e depois com o martelo quebra a clavícula de seu inimigo e suas costelas o tirando de combate.

Sir Bag no flanco esquerdo usa uma maça de guerra. Golpeia abrindo cabeças, soca o rosto de outro homem. Agarra um terceiro pelo pescoço de seu cavalo que tenta o golpear, achando uma brecha debaixo da axila do inimigo e ele joga a massa pega sua adaga e esfaqueia o homem. Retira sua espada da bainha e grita se atirando em mais uma luta.

Três inimigos vêem em socorro de seus aliados . Os homem dos flancos atacam Algar, o da direita usa uma massa de guerra e um segundo, da esquerda, tenta o cercar do outro lado e atingi-lo com uma espada, visando sua nunca e matá-lo instantaneamente. O do centro ataca Enrick empunhando um machado curto. O inimigo de Sir Enrick tenta arrancar seu escudo com o machado, mas ele é mais rápido e golpeia o braço do homem quebrando-o com uma fratura exposta. Marion de cima das ruínas atira e mata com uma flechada no meio do crânio um dos homens e Algar acerta com a bossa do seu escudo o rosto de seu inimigo que cai do cavalo e desaparece em meio ao caos.

Por todos os lados o combate ocorre, já existem cavaleiros amigos e inimigos com os cavalos já mortos lutando a pé. Nem um dos lados quer perder e com o equilíbrio de armas, armaduras e os dois lados sendo a elite dos dois exércitos. O combate parece que não acabará nunca, ou pior, os dois lados irão se anular até que poucos sobrevivam sem vitória de ambos.

Finalmente as forças principais se encontram e lutam com tudo que tem, tentando vencer o conflito. As barricadas se mostraram eficientes mas parece que não estão mais resistindo. Quase um milhar de cadáveres e feridos cobrem o solo. O grande momento da vitória ainda não chega para nenhum dos lados.

E a quinta hora começa de uma forma épica. Os exército combatendo homem a homem. Tudo vira uma confusão com o combate se espalhando por toda a parte. Infantaria e cavaleiros trocam golpes. Alguns vivem outros morrem. E neste momento uma sessão das barricadas de quinze metros de largura cai pelo machado e a infantaria inimiga também invade essa área. A passagem permite uma parede de escudos deste comprimento e centenas de homens ficam do lado de fora esperando a sua vez de entrar. A primeira linha deve ter em torno de trinta homens.

Bruce grita para parte da infantaria: “Homens, comigo, ajudem a bloquear! Parede de escudos, cuidado com os golpes por baixo! Marchem!”

A madeira de tília vai encaixando uma na outra. O lado esquerdo do escudo fica diante do direito e o inimigo, a maioria destros tem que lutar entre duas camadas de madeira. E a luta começa ali também com Bruce tentando defender a retaguarda das forças aliadas.

Na quinta hora de combate, quando a retaguarda vira um caos e todas as fileiras se misturam e não existe mais unidade. É impossível escutar a ordem dos comandantes, os arqueiros sacam suas espadas e começam a lutar como infantes.

Agora é cada homem por si vencendo a exaustão. Nesse momento os soldados não tem mais medo, nem dor, nem cansaço. Só se defendem e depois golpeiam. Nada lhes vem a cabeça. O que importa é sobreviver no meio da tempestade de aço.

Sem poder medir a extensão dos danos infligidos ao inimigo a luta continua. À frente, há uns quarenta metros, dois cavaleiros vem perpendicular a Sir Enrick e ao Barão Algar e viram as suas montarias na direção deles quando percebem suas presenças.

Estavam cavalgando entre a infantaria, mas buscavam glória, e nada como matar nobres famosos para consegui-la. Eles fecham os elmos com um sorriso irônico ajeitam-se no estribo, se escondem atrás do escudo. Os dois portam lanças e preparam uma carga. Sir Dylan grita a distância.

Sir Dylan: “A infantaria inimiga está atacando a retaguarda! Saquem suas espadas e sigam-me arqueiros vamos!”

Sir Dylan e os arqueiros desaparecem no meio da multidão.

Quando os heróis olham ao redor todos os homens em campo de batalha lutam. Existe morte por todos os lados. As forças estão se anulando. Bruce com soldados da infantaria tentam barrar, como uma rolha, o vazamento de inimigos pela paliçada. Lá atrás na retaguarda a luta também está intensa. Parece não haver esperança. Todos estarão mortos ao anoitecer.

Nesse momento as palavras de Merlim vem a mente de Algar.

Merlim: “Olhe para o Oeste e algumas verdades serão reveladas!”

Algo chama atenção no oeste. Um cavaleiro surge em uma armadura negra. Ele vem de atrás de uma colina e corre em marcha forçada em alta velocidade. Parece ter o rosto todo preto.Surgindo de trás da mesma colina, surgem pelo menos trezentos cavaleiros. Não portam estandartes. E se aproximam em velocidade. Eles chegam de surpresa e vem fazendo uma curva em direção a Figsbury. O Cavaleiro da dianteira salta o fosso esfumaçado seguido pelos outros trezentos. Eles caem como aves de rapina em cima dos homens de Odirsen II e abrem caminho até Algar e Enrick. O homem da armadura negra cruza em zigue e zague a área onde os heróis lutam, desvia de um golpe de espada de um cavaleiro de Odirsen II. Um infante lhe atira um machado, ele se abaixa e passa por cima de sua cabeça. Ele empina o cavalo enquanto corta o braço de um homem da infantaria inimiga. Com o elmo aberto na frente e o rosto todo enfaixado com bandagens pretas como um leproso e a espada com o carvalho gravado na lâmina ele passa pelos cavaleiros. Todos os seus homens também estão com os rostos enfaixados com bandagens negras. Os inimigos, fazem o sinal da cruz.

Madoc: “Alguém pediu a ajuda de um príncipe leproso Algar? Vislumbrem o melhor da cavalaria real de Logres enviada por meu pai. Hoje somos os cavaleiros negros de Algar. Vamos! Chegou a hora de acabar com esses fanáticos! Formação de ponta da lança!(Empinando o Cavalo) Vamos! Cargaaaaa!”

Então Sir Enrick e o Barão Algar e mais trezentos cavaleiros que chegam até ali, depois de abrir caminho entre os inimigos, se unem e começam uma formação de ataque.
Com Madoc, O Príncipe Valente, Enrick Flecha Ligeira e Algar, o Demônio do Norte lutando ombro a ombro na ponta da formação, cavalgando em alta velocidade em direção a paliçada.

Madoc: “Direita homens, curva aberta, pegar velocidade!”

Começam a fazer uma curva para a direita, atropelam muito infantes, alguns tentam atingir mas o peitoral das armaduras dos animais os repelem e manobram os animais e viram para a cavalaria inimiga, que está vindo contra em velocidade baixa, temendo que os cavaleiros sejam sobrenaturais. Assim eles se lançam em um último ataque contra os cavaleiros inimigos.

Madoc: “Lealdade, força e honra! Fechar formação, apertem, não deixem nada passar!”

Vindo, no centro, do outro lado vêem o comandante, segundo homem no exército de Odirsen. Com o seu elmo de anjo e armadura dourada. E ele reconhece Sir Enrick e ergue sua espada cumprimentando-o e o chamando para o combate. Outro homem da tropa de Elite de Odirsen II ataca Algar com um mangual.

Comandante de Odirsen II: “Quero o seu coração em uma bandeja maldito!”

Eles vão se aproximando, o mundo tremendo, o som dos cascos de cavalos e o impacto. As duas formações se chocam com uma força incrível. Algar, com a Gungnir erra o primeiro golpe, seu inimigo faz o mesmo. Depois o Mangual acerta o seu ombro, causando um pequeno ferimento com os espinhos da arma. Mas quando seu adversário tenta um golpe por cima, Algar se abaixa e estoca com sua lança furando por entre as costelas dele e o matando.

Já Enrick, enfrentando o Comandante de Odirsen II, golpeia com tanto ódio seu martelo que quase erra seu inimigo, que assustado tenta manobrar seu cavalo que se assusta e vai em direção ao Cavaleiro de Algar. O Comandante leva um golpe tão forte que o derruba de sua montaria. Enrick desce de Hefesto o pega pelo pescoço e diz mostrando o seu martelo:

Enrick: “É aqui que está o meu coração!”

E golpeia o homem no rosto lhe quebrando os ossos e arrebentando o seu elmo em forma de cabeça de anjo, matando-o.

O ataque empreendido, deixa uma pilha de corpos de cavalos e cavaleiros inimigos dizimados. Todos mortos. Nenhum homem de Madoc foi perdido e finalmente rompem suas fileiras, seguindo em frente até a lateral norte do morro de Figsbury. Alguns inimigos sobreviventes da carga, fogem para o oeste para salvar suas vidas.
O Comandante do Batalhão da Cavalaria de Odirsen II morre em campo de batalha pelas mãos do Flecha Ligeira e os homens do exército do Barão comemoram.

O inimigo fica sem líder já que ninguém vê Odirsen II desde que liderava suas tropas na carga em direção a Figsbury. E os Cavaleiros e a Infantaria inimiga, assustados e bastante enfraquecidos pela carga realizada, ficam sem comando e começam a se dispersar. Os infantes inimigos e cavaleiros olham cobertos de sangue. Algar e seus homens estão em frenesi, com o olhar em fúria, acompanhados por uma cavalaria que parece ter saído de outro mundo. E parece que é isso que a estória irá contar. O inimigo joga as armas e começam a correr. O fanatismo foi o ponto fraco deles.
Então eles olham ao redor e vêem outros grupos fazerem o mesmo, correrem de um lado ao outro tentando escapar da fúria dos homens de Madoc. Já não existem mais unidades e comandantes. Somente um bando de soldados com o brasão de Odirsen II correndo para todos os lados tentando sobreviver.

Sir Bag, Sir Dalan e Sir Jakin apeiam e lado a lado a pé começam a caminhar por entre a infantaria inimiga. E encontram o inimigo e matam sem piedade. Sir Bag com cabeçadas, quebrando pescoços e estocando com sua espada caminha confiante. Sir Dalan com suas duas espadas vai girando, cortando pescoços, vai para o chão dando rasteiras e golpeia o inimigo um na frente e outro atrás com as duas armas simultaneamente. Sir Jakin com seus dois manguais arranca as armas da mão do inimigo com a corrente depois acerta o da esquerda no olho, se abaixa de um golpe e acerta atrás do joelho de outro que cai se contorcendo no chão. Sir Warren e Dylan seguem montados com seus cavaleiros em linha, dizimando o inimigo pelas costas, atropelando e matando que tentam correr para o sul. Toda a Cavalaria de Algar parte para longe atrás do inimigo que se dispersa pela planície e retaguarda do exército de Odirsen II.

Bruce, finca sua claymore no chão, senta bem ferido e cansado, ao lado, com as costas nas barricadas, no meio dos corpos, abre a sua algibeira, tira uma bebida amarela e a toma de um gole só, limpando a boca em seguida com o olhar triste e olhos lacrimejando. Ali o combate já acabou. Cadáveres de infantes amigos e inimigos cobrem todo o chão atrás da barricada. Sir Rhyrid e Gwenwynwyn andam por entre os corpos dos homens do ataque surpresa, provavelmente procurando o corpo de Sir Alein. Os reféns Edwin e Wistan estão mortos presos na grande cruz que agora arde em chamas. E o traidor Sir Hervis, seu arauto e o batedor de Odirsen II amarrados nas cruzes em cima da paliçada jazem cobertos de flechas.

Príncipe Madoc: “Amigos, terei que me retirar rápido, ninguém pode saber que estive neste campo de batalha! Depois conversamos! Vamos homens! Sigam me! Retirada!”
Barão Algar: “Vão e obrigado cavaleiros da Sombra da Morte!”

Madoc e os cavaleiros negros partem em velocidade para o oeste e somem do mesmo jeito que apareceram.

Ao redor eles vêem alguns focos de luta, mas chama a atenção à esquerda uns vinte cavaleiros de Odirsen II deixando o campo de batalha e no cavalo negro, à frente, parece ser ele, no meio do grupo com o elmo fechado e aos seu lado o bispo Julius. Na verdade vê que eles já estão chegando no topo subindo em direção as ruínas de Figsbury pela estrada curva.

Algar e Enrick partem em perseguição e encontram no meio do caminho próximo ao início da estrada de terra, que leva até lá em cima, Sir Robert e Sir Tomás caídos contorcidos. Sir Robert decapitado e Sir Tomás com os membros torcidos e quebrados com a armadura toda amaçada pelas patas dos cavalos inimigos, saindo sangue pelas articulações da proteção. As suas montarias correm soltas ao redor da colina. Provavelmente tentaram barrar os inimigos na subida do morro.

Lá em cima dentro das ruínas de Figsbury estão os cinquenta arqueiros de Avalon. Eles atiram nos soldados inimigos que correm em pânico pela planície. Quando derrepente entrando pela porta, vinte cavaleiros invadem o castelo antigo. Eles entram e derrubam a cobertura que tinha sido construída, puxam as tapeçarias. E quando vê Marion, Melion e os outros arqueiros juntam-se e realizam uma carga para cima deles.

Bispo Julius: “Deixem Melion e Marion vivos! Matem os outros!”

Os inimigos se juntam no pátio e protegem-se atrás de seus escudos, preparando-se para levar uma chuva de flechas. Eles estão todos com espadas longas e cavalgam com velocidade em perpendicular, dentro da ruína. As cadeiras e mesas voam, algumas tochas caem e eles cavalgam, contra as flechas, seguindo em direção aos arqueiros de Avalon. Um deles acerta o rosto de Marion com a parte de dentro de um machado grande de guerra.

Cavaleiro inimigo: “Isso é para dar um jeito em seu rostinho lindo!”

Quando acaba tudo. E Marion olha. Melion, irmão de Algar, está acabando de estrangular, com a sua corda um dos inimigos. Somente seis cavaleiros inimigos sobreviveram, mas dos arqueiros de Avalon, só Marion e Melion estão vivos. Eles vêem fechando um círculo. Não se sabe quem é Odirsen II. Estão todos vestidos como a tropa de Elite do Cavaleiro cristão. Eles descem dos cavalos. O bispo Julius está logo atrás.

Bispo Julius: “Vocês dois, joguem as armas no chão! Ou morrerão agora!”

Marion e Melion se rendem. Neste momento estram pela porta Sir Enrick e o Barão Algar. O primeiro que encontram de costas é o bispo Julius. Eles vêem no chão de pedra da ruína, alguns cavalos caídos gemendo de dor e corpos dos druidas, todos retalhados, e dos inimigos cheio de flechas. O restante dos cavalos dos homens de Odirsen II correram para o outro lado do enorme pátio e estão sem seus cavaleiros.

O Bispo vira para eles sem perder a calma. Está na frente e próximo ao círculo com os reféns.

Bispo Julius: “Bem vindo hereges! A santa igreja romana os saúda! Desçam dos seus cavalos e juntem-se a festa. Ou mandarei matar agora mesmo esses dois!”

O Bispo bate no traseiro dos animais dos heróis que correm para fora.

Bispo Julius: “Saibam que sempre existe lugar no coração de deus se vocês arrependerem-se agora e se renderem!”

Ele acena com a cabeça para um dos cavaleiros inimigos que gira um mecanismo com correntes na parede que aciona o portão gradeado que se fecha logo atrás de Enrick e Algar.

Então, antes de Algar ter tempo para responder o corpo do bispo se estremesse todo. Ele, tremendo, retira um punhal que tinha transpassado suas costas. Olha para a arma e cai morto de bruço aos pés dos heróis.

Melion está com os olhos em transe ainda com as mãos em posição de ataque. Um dos cavaleiros colocados atrás de Melion o pega pelo pescoço e o quebra matando-o como um coelho. O corpo do menino relaxa sem vida com a língua para fora. Os heróis ficam sem ação e abaixam a cabeça chocados.

Os seis Cavaleiros, todos iguais, com as suas armaduras reluzentes prateadas, com o escudo de São Miguel Arcanjo, com os penachos e cobertura com o brasão pintado vermelho. Se preparam e vêem caminhando. O silêncio é total e somente o tilintar das armaduras é ouvido. Três atacam, Sir Enrick ,que gira o martelo tentando manter uma zona de proteção enquanto Algar faz o mesmo com o seu machado quando vê mais três homens que se aproximam lentamente em sua direção. Os outros dois que estavam a esquerda de Marion deixam-na achando que está desarmada. Então ela retira da bota uma pequena adaga salta nas costas de um deles prendendo-se com as pernas e o degola . O homem ao lado com uma espada longa acerta a heroína no pescoço jogando-a cinco metros dali. Neste momento Lady Marion fica entre a vida e a morte.

Algar toca o chifre de ouro que imobiliza um dos dois cavaleiros que o ataca e o arranca a cabeça. Sir Enrick roda o martelo e degola, com a parte pontiaguda de seu martelo, um dos seus adversários. Restam três inimigos. Então Algar acerta o queixo de seu oponente de baixo pra cima e o elmo com o penacho arrebenta as tiras e voa da cabeça de seu adversário, batendo na parede atrás dele. O homem tonteia, mas consegue manter o equilíbrio. O Barão olha bem em seus olhos e o homem atingido é Odirsen II. De seu nariz escorre um filite de sangue. Ele fala enquanto recua de frente para Algar lá para fora, com a espada e o escudo levantados, passando por uma parte desabada do muro da antiga ruína.

Odirsen II:“Chega homens! Cansei de me esconder! Cavaleiros parem de lutar imediatamente! Algar mande Enrick fazer o mesmo.”

Os homens de Odirsen II e Algar param de lutar. Se afastam e abrem o elmo guardando suas espadas.

Odirsen II: “Você sempre quis estar nesta situação não é irmão? Sempre quis fazer o que teve vontade, sempre quis me desafiar. Até que ponto isso valeu a pena? Olhe lá embaixo, quantas vidas foram tiradas por causa de sua vaidade!”

Barão Algar: “Vaidade a sua que nunca respeitou ninguém! Desonrado! Se dependesse de você eu e minha família já estaríamos mortos numa hora dessa!”

Odirsen II: “Sempre quis ser o herdeiro principal de tudo! Pois bem, eu te darei essa chance. Pode ter me vencido em um combate onde nossas vidas não estavam em jogo! Lhe asseguro que dessa vez será bem diferente. Chegou a hora do irmão mais velho lhe dar uma lição e surrar o seu traseiro pagão!”

Então ele gira sua pesada espada tentando acertar o meio do rosto de seu irmão. Algar, saca a sua lança presa nas costas e apara o golpe em seu escudo e contra ataca atingindo o seu irmão que sente o impacto do golpe. Eles estão na área de grama estreita entre os muros da ruína e o abismo de cem metros. Então Algar ataca novamente, seu irmão dá um passo atrás desviando e de cima para baixo com toda força golpeia. O golpe foi tão forte que Odirsen II se inclina para frente, tropeça em uma pedra e cai, sumindo ao lado no abismo de rocha. Algar olha neste momento e pode ver Odirsen II se sustentando em um galho ao alcance de sua mão logo abaixo da borda do morro.

Odirsen II: “Ajude-me, por favor! Não me deixe cair irmão! Tenha piedade! Socorro! Socorro!”

Algar estende a sua mão para Odirsen II que a agarra forte. Neste momento eles se encaram bem nos olhos. E os dois irmãos parecem ver a mesma cena. Os dois brincando juntos no feudo de seu pai. Brigas de criança. Alguns poucos momentos bons que tiveram quando Odirsen II o ajudou quando caiu da árvore e quebrou o braço. Momentos familiares alegres quando o pai dos dois chegava das campanhas militares trazendo presentes. Os dois pregando peças nos outros irmãos. Rindo juntos. Pescando. Odirsen II lhe ensinado os primeiros golpes na espada. E Algar o carregando quando torceu o pé caçando no feudo de seu pai.

Odirsen II: “O que foi que eu fiz! O que foi que eu fiz! (Ele olha para baixo) Deus tenha piedade de minha alma! Nem sempre as coisas saem do jeito que esperamos. O medo Algar! O medo foi mais forte que eu! Perdão irmão! Perdão!”

Então Odirsen II com lágrimas nos olhos, os fecha e deixa o peso do seu corpo o levar. Ele cai do alto do rochedo em velocidade e vem batendo no paredão de rochas, arrancando galhos, pedaços de pedra e arrancando placas de sua armadura, vem se aproximando do solo rapidamente até que cai em cima da paliçada, derrubando parte dela com o grande impacto e levantando barro e pó. Odirsen II está morto.
(NOTA DO MESTRE: Todos estávamos emocionados com lágrimas nos olhos, foi o melhor momento que tive até hoje em um jogo de RPG)

O cavaleiros do irmão de Algar que estavam ali se ajoelham, tiram seus elmos e entregam as suas espadas para Sir Enrick que com impropérios os ignora.
Lá de cima Algar e Enrick, com Marion desmaiada e sangrando em seus braços, podem ver a destruição na vasta planície. Fumaça e um mar de corpos que cobrem o campo até o horizonte. O sol se põe inundando a planície de vermelho. Centenas de pessoas, servos e moradores de Salisbury de ambas as religiões caminham lentamente até o campo de batalha e chegam de todos os lados. Todas carregam velas. Milhares de pontinhos de luz são vistos do alto das ruínas. Muitos circulam por entre os corpos, familiares dos mortos por vezes os acham, os abraçam e choram. Muitos ajudam os feridos dos dois exércitos. Carroças empilham os mortos e levam os feridos mais graves para os feudos e mosteiros próximos. Ao redor de Sir Alien está sua mulher em lágrimas e seus filhos. Ele está deitado no centro do campo de batalha no colo dela. A cena é tão forte que nem os homens e mulheres acostumados a saquear os corpos dos mortos em batalha ousam tocá-los. A cruz imensa perto de Sir Alein arde em chamas, levará quatro dias até se apagar. Neste momento lá de cima eles vêem o estandarte dos Pendragon e o príncipe Madoc, o Rei Uther, Conde Roderick, Sir Bellias, Sir Brastias, Sir Elad e Sir Amig se aproximando, com os cinquenta homens de sua guarda pessoal.
Quando eles descem Sir Bag, Jakin, Rhyrid, Dalan, Dylan, Gwenwynwyn, Warren os esperam e quando os vêem os abraçam. Sir Enrick monta Hefesto, coloca Lady Marion em seu colo e parte desesperadamente em busca de ajuda.

Sir Bag: “Que tragédia. Mas, acabou Algar! Acabou! Foi uma jornada longa!”

Dylan: “Sobraram poucos da ordem agora!”

Dalan: “Sobreviveram duzentos soldados nossos. O resto ou está inválido ou estão nos salões de Odim celebrando. O inimigo, se tiverem cinquenta homens vivos já é muito.”

Todos que estão no campo de batalha se ajoelham com a chegada do rei. Ele faz um gesto negativo recusando a reverência. Madoc tem os olhos cheio de lágrimas. Uther desce de seu cavalo e Madoc também.

Rei Uther: “Levantem bons súditos!”

Madoc: “Irmãos! É bom ver vocês vivos!” E os abraça.

Sir Brastias desce do cavalo e vê lá longe o corpo de seu filho.

Sir Brastias: “Não!!!! Meus deus, não!”

E vai até lá correndo. Quando chega se abaixa no corpo do filho e chora desesperadamente.

Uther: “Deixem-os a sós! Nesse momento só nos resta pedir para que os deuses os confortem! Daremos todas as honrarias que ele merece como herói e cavaleiro.”

Sir Amig desce do cavalo, olha para a planície passando sua espora de prata na relva.

Sir Amig: “Que estrago! Isso deve ter sido o inferno Algar! Infelizmente já vi muito disso na minha vida.”

E vai embora. O Rei Uther então sobe em uma carroça, ainda com algumas flechas no fundo. E faz um gesto para Algar subir também. Milhares de pessoas ficam ao redor e se aproximam com as velas acessas.

Rei Uther: “Se aproximem bons súditos! Venham todos! Hoje meu bom povo é um dia muito triste para Logres. Olhem ao redor e vejam o que a guerra pode trazer. Leias súditos de Logres! Depois da tempestade de aço que varreu essa planície levando vidas e boas almas, nesta tarde escura. Venho diante de vocês tentar trazer palavras de esperança. Não esqueçam que luz e escuridão não existem uma sem a outra. Bem e mal são forças complementares. Mas quem é mal? O homem que invade uma terra inimiga e mata inocentes para fazer o seu trabalho ou aquele que quer proteger as suas crenças e leva isso até as últimas consequências. Dois homens lutaram nesse campo de batalha defendendo o que acreditavam. Quis as fiandeiras que fossem irmãos. Quis os deuses que o homem que manteve a sua honra intacta até o final vencesse. Barão Algar, quanta coragem leva esse guerreiro da Britânia! (todos concordam) Heróis! Vocês trouxeram hoje para Logres, o que muitos homens tentaram fazer outras vezes e falharam. Estes bravos homens diante de mim, através do aço, construíram hoje uma nova era para a estória de nosso reino. O início do convívio da nova e da velha religião e a preparação para esperarmos o Rei que cumprirá a profecia e unirá toda a Bretanha sobe um só estandarte. (Ele olha com orgulho pra Madoc) Trazendo a única coisa boa que a guerra pode nos dar em sua brutalidade e derramamento de sangue. A paz! Gostaria de falar Barão?”

Barão Algar: “Que hoje, irmãos de armas e povo de Logres, seja o início de uma nova era de tolerância e compreensão. Onde as nossas antigas tradições vivam. E que possamos acreditar no que quisermos sem temermos por nossas vidas! Unam-se homens e mulheres de Logres para que possamos viver em paz e sem medo!”

Rei Uther: “Hoje não quis que se curvassem diante de mim fiéis súditos. Hoje quero que todos nós, rei e seu povo unidos, se curvem diante destes homens que padeceram na Batalha de Figsbury e que entregaram as suas almas por um bem maior! Povo de Logres!Que Avalon esteja viva em nossos corações. Um rei, uma terra, um reino!”

E todos se ajoelham. Eles vêem no pôr do sol a silhueta de Merlim e Nineve, grãos sacerdotes de Avalon em seus cavalos brancos, olharem satisfeitos e sumirem do outro lado do rio atrás das colinas.

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