domingo, 7 de março de 2010

Aventura 2: Sanctu Gladius, ano 485



O verão quente na Britânia só pode significar uma coisa. Invasões saxônicas vindas do sul. Após vinte dias depois da escaramuça no forte Vagon, rumores chegam a Sarum. Um grande desembarque de Saxões em Sussex trás a guerra ao reino. A convocação para o Conde Roderick reunir seu exército e encontrar com o Rei Uther na encruzilhada a leste de Sarum chega através do arauto real.

Uma comitiva composta por vinte cavaleiros bem equipados, empunhando o estandarte dos Pendragons, chega as muralhas de Sarum, onde o exército do Conde está se preparando para partir. Na vanguarda da comitiva vêm cavalgando o príncipe Madoc, o filho do Rei. Sir Algar, Sir Edgar e Sir Geoffrey e seus escudeiros estão preparando seus cavalos de batalha, suas armas e pertences para partir em campanha. Todos os presentes curvam-se com a chegada de Madoc. Sir Geoffrey perdido em seus pensamentos não vê a chegada do príncipe e falha em sua cortesia permanecendo de pé. É chamado de insolente pelo filho do rei, enquanto seus amigos riem da situação à distância. Mas, devido a urgência dos assuntos tratados, o Príncipe ignora o jovem cavaleiro e discursa ao exército de Salisbury:

Príncipe Madoc: “Nobres cavaleiros! Convoco-os a irem a guerra em nome do Rei Uther, meu pai. Após o último ataque que sofremos no Forte Vagon os bastardos Saxões desembarcaram em suas próprias terras centenas de reforços. Nossos espiões nos informaram que eles estão em Mearcred Creek aguardando para se deslocar para leste e destruírem nossos lares.”

“O nome do bastardo que desembarcou é Aethelswith e nós não sabemos de seus planos. O meu pai, ordenou que o Duque Lucius da Cornualha atacasse, mas o covarde permaneceu imóvel. Então atacaremos em outro ponto, o rei saxão Ælle, mesmo sem a ajuda da Cornualha. Essas são as ordens do rei. Marcharemos o mais cedo possível. Tenho certeza que esses vassalos, que não nos apoiaram, estão também sobe ataque. Depois de suas terras devastadas irão correr para nos pedir ajuda.” Ele os cumprimenta a todos com a cabeça e encerra: “Senhores!”

E assim o príncipe parte com a sua comitiva.

Sir Geoffrey, Edgar e Algar são designados para integrar a unidade do experiente e grande guerreiro Sir Amig. A marcha se inicia com seiscentos e setenta homens, a unidade dos heróis é composta por dez cavaleiros. Ao anoitecer do primeiro dia, próximo a estrada real, o exército de Sarum acampa. Ele é disposto em círculo para evitar um ataque em formações dispersa. Sentados ao redor da fogueira Sir Amig confessa aos heróis que está preocupado pois Merlim que sempre esteve presente e ajudou o rei está desaparecido. Outro problema que atormenta o comandante é que os homens não tem confiança no príncipe. Correm rumores nas linhas que por Madoc ser bastardo e não ter demonstrado suas habilidades em combate não vai herdar a coroa de seu pai.

Assim a noite passa e ao amanhecer o exército levanta acampamento e continua a viajem. Ao anoitecer do segundo dia Sir Edgar, Sir Geoffrey e Sir Algar tem um debate acalorado com os outros homens da unidade sobre o que é ser um grande cavaleiro. Coração, habilidades com armas e honra são discutidos. No final decidem a conversa, acendendo um caminho com tochas, realizando uma disputa de Jousta. Sir Gaelavin desafia Sir Algar. Sir Geoffrey aposta suas manoplas acreditando na vitória de seu irmão de armas, Sir Algar. Infelizmente ele perde a disputa com a lança. Depois Sir Edgar entra na disputa e derrota Sir Gaelavin. As manoplas de Sir Geoffrey voltam para ele. Então ele desafia Sir Edgar que é derrotado. Por fim, Sir Amig manda seu escudeiro e aprendiz, o rapaz chamado Winhelm desafiar Sir Geoffrey, os dois se atacam simultaneamente com as lanças, e caem de seus cavalos. Sir Geoffrey rola sob seu ombro absorvendo o impacto e se levanta em um só movimento sem se ferir. Winhelm, inexperiente, não tem a mesma sorte machucando seu braço com a queda, enchendo-se de terra nos olhos e boca. Por fim Sir Geoffrey é declarado vencedor.

No dia seguinte por volta da hora do almoço o exército de Salisbury chega a antiga cidade romana de Silchester. A visão do gigantesco acampamento composto por milhares de barracas coloridas que se espalham pela planície é impressionante. Cavalos, armaduras, armas de todos os tipos. Escudeiros afiam as espadas, preparam as lanças, massas, machados, lustram com areia as armaduras, pintam os escudos, limpam e alimentam os cavalos. Serviçais cozinham carne de coelho, gado e ovelha. Soldados e cavaleiros bebem vinho enquanto jogam cartas e dados. Poucos brigam rolando na terra. Alguns treinam suas habilidades. Ao redor do acampamento vários soldados fazem a guarda do lugar.

Sir Amig determina o sítio onde a unidade deve se estabelecer. No meio da tarde o bispo Roger, chefe da catedral de Santa Maria, da cidade de Salisbury chega ao acampamento com sua escolta de cavaleiros cristãos, junto com o grupo viaja o noviço Hanz de Duplain. Imediatamente ocorre uma audiência com o conde Roderick. Sir Edgar, Geoffrey e Algar são convocados a tenda. O bispo está preocupado com as crescentes destruições dos campos de cultivo pelos aldeões de Logre, para evitar que os invasores tenham previsões para se alimentarem e também algumas rebeliões em lugares onde os camponeses negociam suas vidas por grãos e carnes. Na primeira vila ao oeste de Salisbury os camponeses mataram o seu senhor e tem sistematicamente alimentado os invasores. Então, o conde Roderick envia os jovens heróis com mais quinze cavaleiros e cinco escudeiros armados para lutar.

Após um dia de cavalgada os homens chegam a vila guiados pelo noviço Hanz de Duplain que conhece bem a vila. O lugar tem cabanas com telhados de palha e paredes de pedra, com mais ou menos cinquenta habitações. Já anoiteceu e o lugar parece vazio. Exceto pela carroça carregada de milho e trigo e barris cheio de carnes salgadas. Então os Cavaleiros determinam que sua milícia aguarde e observe à distância. Ao adentrar no local Sir Edgar percebe que vem barulhos de uma casa próxima. Sir Algar e ele entram na cabana e na penumbra um homem tenta atacá-los com uma espada velha. Uma criança agarrada a uma mulher no canto gritam. Sir Edgar mostrando extrema habilidade contra ataca arremessando a espada do aldeão para longe de suas mãos. Os camponeses se ajoelham e imploram pela sua vida. Escoltado para fora de casa onde Geoffrey aguardava para fazer a cobertura junto com Winhelm, escudeiro designado para dar cobertura e auxiliar os cavaleiros, os homens exigem que o local denuncie onde está os saxões que visitam a aldeia regularmente e finalmente descobrem que alguns aldeões fugiram para a mata, outros estão escondidos em suas casas e um pequeno grupo de invasores está escondido na vila.

Ameaçando um ataque contra a aldeia chamando o restante de sua milícia, aproximadamente noventa camponeses se entregam entre crianças, homens e mulheres. Ao amanhecer, nas primeiras luzes do sol no horizonte, Winhelm avista um grupo de homens correndo para o norte saindo pelas portas dos fundos de uma casa. Vestindo armaduras de couro, com escudos redondos, armados e cabelos longos escuros tudo indica que são saxões. Rapidamente montando em seus cavalos os heróis partem em perseguição e com uma carga usando lanças, Sir Geoffrey e Winhelm acertam em cheio a um dos homens em fuga que voa alguns metros à frente com sua clavícula fraturada e sendo sumariamente atropelado por seus algozes. Sir Algar puxando seu machado de baixo para cima corta a armadura de couro do segundo saxão, lhe rasgando as costas de cima a baixo causando hemorragia intensa, levando o homem a cair desmaiado. Por fim Sir Edgar mata o terceiro homem com um movimento rápido e cortante fazendo o homem girar em seu próprio eixo quebrando seu pescoço e tombando já sem vida. Então, o saxão, atacado por Algar, muito ferido com pouca chance de viver é executado sem piedade. Após a luta os Cavaleiros retornam e mandam aos aldeões rebeldes colherem o que podem dos campos até ao meio dia, até que finalmente eles possam ser escoltados até a cidade de Silchester. Após, as plantações são queimadas para impedir que o invasor se utilizem delas e os camponeses tem a garantia de que suas vidas serão poupadas.

Um rapaz jovem em meio a população capturada chama a atenção dos heróis. Usando armadura romana e manto vermelho, o cavaleiro parece ter sido ferido durante a captura dos rebeldes. Na verdade o rapaz explica que estava em uma missão atrás de seu pai desaparecido, um cavaleiro romano cristão, considerado um santo por seu povo. E por acaso passava a noite na vila quando ela foi invadida pelos homens do Conde Roderick. O noviço Hanz de Duplain que ficou todo o tempo muito assustado e escondido aparece e reconhece o cavaleiro. Trata-se de Sir Gaius, filho de Sir Julius de Camelot. Pela bondade e fé demonstrada o cavaleiro romano é muito conhecido pelo Bispo, seu tutor. Então Sir Gaius explica que seu pai empunha uma espada que protegia o apóstolo Paulo chamada Sanctu Gladius e que nas mãos de um guerreiro romano cristão teria um grande poder em combate. Imediatamente retornando ao acampamento em Silchester escoltando os camponeses e na compania de Sir Gaius os cavaleiros chegam ao acampamento. Imediatamente Bispo Roger reconhece o jovem romano e lhes oferecem toda ajuda para achar o pai do garoto. Inclusive Conde Roderick redige uma carta de recomendação para os Cavaleiros poderem adentrar os salões do pretor Conde Ulfius, na cidade outrora romana de Silchester, e tentar obter alguma pista, já que tudo indica que Sir Julius passou pela cidade.

Adentrando a antiga cidade romana decadente Sir Edgar, Algar, Geoffrey e o escudeiro Winhelm, designado por Sir Amig para fiscalizar os heróis já que ele está cansado de liberar os homens para saírem para passear, segundo ele, tentam ter acesso ao Duque Ulfius, braço direito de Rei Uther. Na porta da sede do poder local, como de costume, Sir Algar derruba um imenso vaso romano quebrando-o, deixando os soldados que guardam a porta principal desconfiados. Mas Sir Edgar, declarando sua linhagem consegue adentrar os corredores de mármore decorados com obras de arte decadentes da época romana. Eles esperam horas até que conseguem serem recebidos por um arauto que convencido por seus feitos e por dois cavaleiros integrantes da comitiva virem de linhagens romanas, abre os salões de Ulfius. Sir Algar, sempre mostrando pouca intimidade em cortes e ambientes nobres, olhando curioso e mexendo em todos os objetos de valor, desequilibra Sir Geoffrey que tromba com uma armadura que enfeitava o salão desmontando-a por inteira. O Conde ultrajado com tamanha má educação já não quer receber os heróis, mas Edgar consegue controlar a situação enquanto mais uma vez Sir Algar se serve de uma maçã sem pensar duas vezes. Finalmente o Duque, mais calmo, conta que recebeu Sir Julius, pai de Gaius e seus cavaleiros e os enviou como voluntário a aldeia de Sarlat para prevenir ataques dos invasores do sul, mas o bom homem nunca mais apareceu.

Imediatamente os Cavaleiros montam em seus cavalos e partem para a vila a leste. Após apenas três horas de cavalgada o pequeno grupo chega ao local. O lugar é bem desenvolvido, com grandes extensões de terra cultivada, casas com jardins bonitos e animais bem criados. Na taverna Cornwell os Cavaleiros juntam-se a população local. Depois de muitas cervejas e demonstrações excessivas, movidas pelo álcool, de carinho. Sir Algard até tentou uma aventura amorosa com a bonita garçonete, sem conseguir nada, até que finalmente só restou o celeiro de uma casa local para passar a noite. Mas a pista contada pelos locais, de que o pai de Gaius se embrenhou na mata próxima, ao norte da vila, para caçar um líder saxão, que vestia uma pele de urso negro e usava um cajado com duas serpentes de prata curvadas na ponta, com olhos feitos de rubi vermelho, e seu secto, que tentavam invadir Sarlat os leva a ficar alerta novamente. Os inimigos foram mortos pelo cavaleiro romano e sua espada milagrosa, mas o estranho homem se esgueirou para dentro da mata. Sir Julius e seus homens foram atrás, mas nunca retornaram.

Pela manhã os Cavaleiros adentram a mata guiados por Sir Edgar. Eles encontram os corpos em avançado estado de putrefação e em estado irreconhecível de dois cavaleiros de Julius. Sir Gaius começa a ficar preocupado. Após duas horas de caminhada finalmente os Cavaleiros acham o corpo de Sir Julius. Desmembrado, coberto por moscas e somente com a parte do tronco e rosto reconhecível o cavaleiro infelizmente foi assassinado. Sir Julius se ajoelha diante do corpo do pai e grita de tristeza. Ele parece estar totalmente em choque.

Derrepente vindo do fundo da mata um homem usando uma pele de urso negro e seu cajado surge. O homem de pele morena, barba, cabelos e barbas longos negros com unhas da mesma cor começa a entoar palavras estranhas. Incrivelmente seu corpo começa a se transformar até que o homem vira uma gigantesca serpente, maior que um cavalo. Uma voz tenebrosa penetra na mente dos heróis.

“Eu sou Swefred, aquele que rasteja e vocês estão mortos como os outros que vieram. A espada sagrada está nas mãos do meu povo e nos levará a vitória contra Uther. Morram malditos!”

Rapidamente o terrível ser ataca Gaius, que leva uma mordida com dentes maiores que espadas, inutilizando o cavaleiro que rola de dor. Sir Algar recua, por saber tratar-se de magia negra do norte, enquanto Sir Edgar ataca com força, o animal mítico desvia do golpe derrubando a espada do cavaleiro e desiquilibrando-o. Sir Geoffrey consegue acertar o animal de raspão mas a criatura lança o cavaleiro por entre as árvores. Então Winhelm tenta atacar e consegue desferir alguns golpes por entre as escamas. Algar com seu machado perfura a garganta do animal que jorra sangue negro em sua armadura. O ser mágico ataca novamente Gaius, jogando-o através da floresta e arremessando o jovem romano em uma árvore quebrando-a e levando o corpo do romano a sumir entre os arbustos próximos. Sir Edgar se levanta e se aproxima corajosamente, sacando sua arma secundária, uma gladius, mas erra o golpe. Aproveitando-se da situação a imensa serpente morde o cavaleiro abocanhando seu lado esquerdo perfurando os músculos e jogando o bravo guerreiro longe, que de dor imensa desmaia. Desesperado e tremendo por ver seu amigo tombar, Geoffrey levanta-se e ataca, mas o animal recua sua cabeça, ruge como mil leões e ataca Winhelm ferindo o escudeiro que se afasta com cortes no rosto. Então, Algar crava o machado ao lado da cabeça da criatura inutilizando seu olho esquerdo, em um movimento rápido Sir Geoffrey abre com sua espada a lateral do corpo do animal que expele suas estranhas em meio à um cheiro horrível e sangue negro. O corpo do feiticeiro saxão vira humano novamente. O corpo nu está aberto pelo dorso lateral da cintura ao ombro.

Enquanto os cavaleiros ficam ao redor de Sir Edgar, ferido e delirando, Sir Algar toma o cajado do feiticeiro para si. O escudeiro de Algar administra algumas ervas levadas em um bornel e tenta costurar o ferimento estancando o sangue do cavaleiro com linha e agulha. Bem sucedido e enfaixando o braço do jovem herói, ele é sentado e obrigado a tomar uma mistura de plantas que combatem a inflamação. Aos poucos sua consciência volta. Ele se levanta com dificuldade e caminha procurando o corpo de Julius. Perto da árvore quebrada o jovem agoniza de bruços respirando com dificuldade em meio à um arbusto. Sir Edgar tenta ajudá-lo e com muita dor consegue desvirar o romano. Com a coluna provavelmente quebrada cego e com a respiração irregular Gaius diz:

“Amigo, não enxergo nada. E não sinto mais o meu corpo. Acho que estou partindo para o paraíso. Ao lado de nosso senhor Jesus. Dê minha espada para que morra em minhas mãos." Sir Edgar oferece sua própria gladiu e coloca entre as mãos do jovem romano moribundo que fala: "Você é um cristão como eu. Peço-te perdão por meus pecados. Você tem sangue romano e é digno dos antigos salões de outrora. Se resgatar a espada de meu pai quero que você a empunhe em nome da honra e da verdade e fique com ela pelo amor de nosso senhor. Sou o único herdeiro e aqui acaba minha linhagem.”

Então, ele tosse, sangue saem de seu nariz e boca e morre com os olhos abertos vidrados.

Com muito pesar os Cavaleiros retornam com os corpos de pai e filho coberto pelo pendão do anjo empunhando uma gladius, o estandarte de Sir Julius. Uma pequena comoção atinge a todos os presentes na unidade em Silchester enquanto Bispo Roger conduz os corpos para Camelot com seus Cavaleiros de escolta. Sir Amig repreende os Cavaleiros por sempre estarem fora do acampamento prestes a marcharem para a guerra e terem sido ferido gravemente, o que pode atrapalhar o combate em sua unidade. Agora só resta aos Cavaleiros de Sir Roderick aguardar para partir à terras saxônicas e destruir o inimigo em seu próprio reino, antes que atinjam a boa terra de Logres, mesmo que o inimigo tenha vantagem e empunhe a espada milagrosa romana.

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